Fiscalização flagra festa com 800 pessoas aglomeradas e sem máscaras em Feira
Cerca de 800 pessoas se divertiam, aglomeradas em sem máscaras, em uma festa que era realizada em uma chácara, na cidade de Feira de Santana, quando foram flagradas durante uma fiscalização. O evento, que acontecia em uma chácara particular na avenida Noide Cerqueira foi interrompido e as pessoas obrigadas a deixarem o local.
Em nota, a Prefeitura de Feira informou que vai identificar e responsabilizar os autores que promoveram uma festa clandestina realizada no último sábado, 10, descumprindo as determinações legais sanitárias estabelecidas pelo poder público no enfrentamento ao coronavírus.
"As equipes da FPI (Fiscalização Preventiva Integrada) e da Polícia Militar encontraram, pelo menos, 800 pessoas, sem máscaras e aglomeradas, em uma chácara particular na avenida Noide Cerqueira", informou a prefeitura.
O superintendente do Procon de Feira de Santana, Maurício Carvalho, que também é integrante da FPI, informou que quando as equipes chegaram ao local todos organizadores evadiram da chácara.
O superintendente afirma que serão feitas mobilizações para identificar os autores e sancionar as medidas punitivas, tanto para o proprietário da área quanto para quem promoveu irregularmente o evento.
“A situação configura crime de desobediência e vamos punir com todas as medidas legais, explica. Ainda de acordo com Maurício Carvalho, a evacuação ordenada durou em torno de uma hora.
Outras fiscalizações ocorreram no final de semana, com fechamento de outros estabelecimentos, principalmente na praça de alimentação da avenida Getúlio Vargas. Os comerciantes descumpriam o horário de funcionamento do decreto municipal.
Isolamento social rigoroso caiu quase pela metade na BA em cinco meses
Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o isolamento social rigoroso na Bahia caiu quase pela metade entre os meses de julho e novembro. Os dados fazem parte da PNAD Covid-19 e foram divulgados nesta quarta-feira (23).
Segundo o IBGE, em novembro, 2,307 milhões de pessoas informaram estar rigorosamente isoladas na Bahia (15,4% da população), enquanto outras 6,206 milhões disseram ter ficado em casa e só saído por necessidade básica (41,6%). Somando esses dois grupos, havia, na última rodada da PNAD COVID19, 8,512 milhões de pessoas no estado mantendo algum grau de isolamento social (57,0% da população, ou quase 6 em cada 10).
Esse grupo era bastante representativo na comparação com os demais estados e com o Brasil como um todo. A Bahia tinha o segundo maior percentual de isolamento social do país (57,0%), abaixo apenas do Piauí (57,8% da população em algum grau de isolamento). No Brasil 48,6% estavam nessa condição.
Entretanto, assim como ocorreu no país como um todo, a adesão ao isolamento na Bahia também caiu progressivamente. Frente a outubro, o número de pessoas de alguma forma isoladas (rigorosamente ou só saindo por necessidade) caiu 3,6% (menos 314 mil). Na comparação com julho, quando essa questão começou a ser investigada, a queda foi de 21,4%, o que representou menos 2,3 milhões de pessoas em algum grau de isolamento no estado, em quatro meses.
Ainda de acordo com a pesquisa, o recuo foi bastante concentrado entre os que estavam em isolamento rigoroso. Esse grupo caiu quase pela metade, entre julho (4,217 milhões) e novembro (2,307 milhões), o que representou menos 1,911 milhão de pessoas rigorosamente isoladas no período (-45,3%).
Por outro lado, em novembro, na Bahia, 6,099 milhões haviam flexibilizado o isolamento (40,9% da população) e 305 mil não faziam nenhuma restrição ao contato (2,0%), somando 6,404 milhões (43,0% da população).
Esse grupo cresceu 5,4% frente a outubro (mais 329 mil pessoas) e 58,0% na comparação com julho (mais 2,351 milhões, dos quais 2,211 milhões são pessoas que flexibilizaram o isolamento).
Baianos nas ruas: IBGE revela que 780 mil deixaram isolamento no estado em outubro
São oito meses e meio de pandemia do novo coronavírus na Bahia e, seja por motivo de trabalho, necessidade ou para rever os amigos, os baianos estão indo mais às ruas na medida em que algumas atividades são flexibilizadas pelas autoridades públicas e de saúde. De setembro para outubro, 780 mil pessoas deixaram o isolamento social na Bahia, de acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Covid-19, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (1).
A pesquisa aponta que é o segundo mês consecutivo que a queda entre quem estava rigorosamente isolado foi mais expressiva. Esse grupo reduziu 17,8% e passou de 3,214 milhões para 2,642 milhões de pessoas. Os que só saíam por necessidade também estão em menor número - de 6,396 milhões para 6,184 milhões. Com isso, a quantidade de baianos que flexibilizou o isolamento cresceu 12,5%, passando de 5,071 milhões em setembro para 5,705 milhões em outubro, isto é, mais 634 mil pessoas.
O mesmo acontece com aqueles que não fazem mais restrições. Estes somam agora 371 mil pessoas, frente a 214 mil em setembro - um aumento de 73,4%. Agora, a parcela que não cumpre o isolamento social soma 40,7%, percentual de 35,4% em agosto. Mesmo assim, a Bahia ainda é o segundo maior estado do Brasil com a maior proporção da população em algum nível de isolamento: são 59,1%, dentre os rigorosos e os que só saem por necessidade básicas. O maior percentual de isolamento é o de Sergipe, com 61,4%.
Enquanto isso, a curva de crescimento de novos casos da covid-19 voltou a subir no estado, após certo período de estabilidade. De acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), a Bahia registrou 3.118 novos casos e 25 mortes de covid-19 nas últimas 24h, com uma taxa de crescimento de 0,8%. Desde o início da pandemia, são 8.293 óbitos, 406.189 casos confirmados, sendo 386.676 curados.
Segundo especialistas de saúde ouvidas pela reportagem, o aumento do número de casos está diretamente ligado com a quebra do isolamento e das recomendações, decretos e protocolos sanitários, que foram frequentes, por exemplo, nas campanhas políticas das eleições municipais de 2020. Aliado a isso, o comportamento da população face a flexibilização é de que “liberou geral”. Contudo, na visão das especialistas, a melhor prevenção ainda é se manter em isolado o máximo que possível e distante de aglomerações, além de sempre usar a máscara.
Cansada de ficar em casa
Foi em outubro que Cláudia Lima**, 26 anos, moradora de Feira de Santana, parou de ficar trancada em casa. Ela só saía por conta do trabalho, pois é psicóloga hospitalar, e inclusive foi infectada pelo novo coronavírus em julho deste ano. Mas, a ausência de vida social já estava no limite. "Cumpri a quarentena o máximo que pude. Pratiquei o isolamento social até os infernos mesmo não sendo risco. Mas eu cansei. Já ultrapassei o ponto de não interagir presencialmente", desabafou pelo Twitter.
A partir daí, Cláudia** começou a sair com as amigas aos domingos para tomar um café. “A gente reparou que não aguentava mais ficar isolada. A gente está em casa e sempre vê alguém numa festinha, na praia, e fica só aqui sacrificando nossa saúde mental e ninguém ligando”, reclamou a psicóloga. Nas saídas, ela pondera que evita aglomerações e mudam de rota quando o estabelecimento está cheio.
Já a estudante de geografia, Monique Silva, 26, saiu do isolamento social entre o final de outubro e início de novembro por motivos de saúde, para fazer exames. Ela mora em Salvador, no bairro Arenoso, mas passava a quarentena em Feira de Santana, no sítio da avó, onde só saía para o supermercado.
“Precisei quebrar o isolamento para fazer alguns exames e preferi ficar com meus pais em Salvador, estava sentindo falta”, contou a estudante. O pai dela, que é vendedor ambulante de sucos e refrescos, também precisou voltar à rotina de trabalho em outubro.
Apesar de os pais não serem grupo de risco, ela tem receio de sair de casa ou de contrair a covid-19 na rua. “Ainda está sendo uma paranoia, fico muito ansiosa, com medo de ser assintomática. São muitas coisas que passam na cabeça quando você sai, principalmente aqui no bairro que circula muito mais pessoas que no sítio e, agora que está aumentando o número de casos. A gente fica apreensiva, mas tentando se adaptar”, narrou Monique. Assim que acabar as consulta médicas, ela diz que voltará para o sítio em Feira.
No caso da jornalista Ingrid Aquilino, 27 anos, o isolamento nunca pôde ser cumprido com tanto rigor, justamente por conta do trabalho. “Sempre precisei sair pelo menos uma ou duas vezes por semana. Nunca consegui cumprir 100%”, afirma Ingrid. Em setembro, ela voltou ao trabalho presencial no escritório, onde é responsável pelo setor de marketing, todos os dias da semana.
Uma das suas principais dificuldades no retorno foi voltar a usar o transporte público. “No começo foi bem puxado. O baque maior foi quando a gente precisou voltar a enfrentar o ônibus e metrô, porque a vida parecia estar normal dentro dos transportes públicos. Hoje está mais tranquilo”, afirma. A jornalista também conta que tem saído por outros motivos, como para shopping centers e casas de amigos próximos, e raramente vai a restaurantes: “Ou você se acostuma ou vive no surto, então precisamos nos acostumar”.
Proteção efetiva
Para a diretora da vigilância epidemiológica da Sesab, Márcia São Pedro, o isolamento social é uma das medidas mais efetivas para conter a transmissão do novo coronavírus. “Quando a gente reduz o isolamento, as pessoas passam a circular em mais ambientes e pode aumentar o número de transmissão, tem uma probabilidade maior de uma pessoa contaminar outras pessoas”, pontuou a diretora. Além disso, ela ressalta que o problema não é descumprir o isolamento, e sim sair de casa sem cumprir os protocolos sanitários: “O cuidado e a responsabilidade precisam ser mantidos, porque a pandemia não passou”.
Ainda segundo Márcia, o crescimento do número de casos visto na Bahia é fruto das aglomerações e desrespeito às normas de saúde, principalmente durante o período eleitoral. “Nossos casos continuam acontecendo e agora está tendo um crescimento, que é reflexo das campanhas eleitorais. Alguns municípios não estavam fazendo teste, estavam fazendo aglomerações, passeata, carreatas, sem uso de máscara. Estamos sentindo um reflexo de um padrão comportamental que aconteceu há 15 dias”, explicou.
Já a médica infectologista da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, Adielma Nizarala, aponta que a flexibilização e a retomada das atividades comerciais foi entendida pela população de forma errada. “A flexibilização não foi entendida como uma flexibilização pela população. Flexibilizar não quer dizer liberar as pessoas para se aglomerarem, não usarem máscara. Ela acabou achando que estava tudo ok”, avaliou a especialista.
Adielma diz ainda que mesmo com a vacina, é preciso contar com o apoio dos cidadãos até que todos sejam imunizados. “Não temos como passar o resto da vida com as coisas fechadas e mesmo com a vacina, precisamos saber a imunidade que podemos ter, se ela vai ser duradoura”, analisou a infectologista. Até lá, ela pede que as pessoas tenham consciência. “Essa responsabilidade é compartilhada. O gestor tem o cuidado de oferecer as condições de saúde, mas sou eu que tenho que me prevenir e fazer a minha parte”, aconselha. As principais precauções ainda são o distanciamento social de pelo menos 1,5 metro, lavagem das mãos, uso de álcool em gel e máscara.
Outros dados da pesquisa
O levantamento do IBGE também mostrou que o número de estudantes sem atividades reduziu na Bahia, principalmente por conta do ensino fundamental e superior. Já no ensino médio, metade não teve atividades em outubro. Entre setembro e outubro, o percentual de estudantes que não tiveram nenhuma atividade escolar passou de segundo a quarto maior do país. Ainda assim, sete meses após o fechamento das escolas, 29,6% não tiveram nenhuma tarefa escolar, totalizando 1,044 milhão de alunos e alunas.
Além disso, a pesquisa constatou que, até outubro, 12,1% da população baiana (1,806 milhão) tinham sido testados para covid-19, o que representou 1,806 milhão de habitantes. O número cresceu em relação ao último mês, com mais 280 mil testes realizados - um aumento de 18,3% em relação a setembro. Dentre os testados, 1 em cada 5 pessoas testou positivo, isto é, 344 mil baianos.
Outro dado foi que a Bahia foi o estado com maior percentual da população com ao menos um sintoma de gripe no mês de outubro. Foram 754 mil pessoas na Bahia, o que representa 5% da população do estado.
**O nome foi alterado a pedido da fonte
Na festa da democracia, eleitores celebram comendo água e aglomerando
As crianças nascidas em uma democracia aprendem, ainda durante o primário, o que são direitos e deveres. Crescidos e com título de eleitor na mão, alguns votantes de Salvador acharam por bem realizar uma pequena mudança no aforismo e, após exercerem o direito do voto, partiram direto pro beberes.
E olha que nem foi difícil para o eleitor tomar tal caminho. A multidão já tava lá por motivos cívicos, faltava apenas um isopor com “piriguete 2 por 5” escrito na frente e um som tocando pagodão para profanizar o momento. O ambulante Lucas Silva, 22, provou seu espírito empreendedor e logo os dois.
“Não dizem que a eleição é a festa da democracia? Então. Estamos aqui para celebrar”, resumiu ele, que estava ocupado fornecendo cerveja para a aglomeração que se formou ao lado de seu isopor, instalado nas proximidades das escolas estaduais Manoel Vitorino e Luiz Viana, dois dos maiores colégios eleitorais da capital baiana.
Mas qual seria o motivo do fuzuê? Militantes celebrando o bom desempenho de seu candidato? “Não. Apenas me encontrei com alguns amigos e parentes aqui na hora da votação e aí não teve jeito. Todo mundo começou a beber”, justificou a engenheira ambiental Daiane Brito, que ainda estava na terceira cerveja quando conversou com a reportagem.
O reencontro de pessoas, aliás, foi um dos maiores gatilhos para a bebedeira exagerada. “Eu estou respeitando a quarentena, não estou saindo de casa e vim aqui apenas para votar. Mas acabei encontrando, por acaso, alguns amigos que não via há meses. Aí não teve como, paramos para beber e colocar o papo em dia”, contextualiza Marcelo Souza, 27, que votou no Colégio Estadual David Mendes Pereira, em São Marcos.
Corona? Nunca nem vi
Já na Universidade Católica do Salvador, unidade da Federação, um grupo de devassos rebolava em cima dos santinhos que inundavam o chão. Dentre eles estava o engenheiro civil Anderson Tavares, 31, que não tinha vergonha de admitir que colocou as eleições em segundo plano.
“A única candidata que confio é a minha lôra (disse apontando para a cerveja) que não me abandona em nenhum momento da vida”, declarou-se.
Apesar disso, Anderson votou antes da algazarra. “Durante, na verdade. ‘Tô’ bebendo desde de manhã cedo”, corrige. Mas ao sair de seu colégio eleitoral, ele colocou no bolso a identidade, título de eleitor e também a máscara, visto que eles e seus amigos e estavam com o rosto pelado durante o reggae.
Questionado se não tinha medo de ficar desprotegido em meio à aglomeração, o engenheiro respondeu citando um hit do cantor Tierry: “não tenho medo do coronavírus, já peguei coisa pior e ainda chamei de meu amor.”
Mas a Polícia Militar (PM-BA) - e autoridades de saúde também - não concorda com o ponto de vista de Anderson. Em comunicado, a corporação disse que agiu durante todo o domingo de votação para evitar aglomerações em Salvador e no interior.
Mesmo com as rondas, diversas aglomerações foram registradas em todo o estado. Na capital, um paredão reuniu centenas de pessoas em frente à Escola Estadual Teodoro Sampaio, em Santa Cruz. “Mas ali nem precisa de eleição ou data comemorativa. Tem essas festas aqui no bairro toda semana”, revelou uma moradora que não quis se identificar.
Já no interior alguns internautas postaram vídeos mostrando comemorações e festas em cidades como Dom Macedo Costa e Riachão do Jacuípe.
Igual a Carnaval
Em meio a eleitores e candidatos que tentavam angariar alguns votos de última hora estavam os ambulantes. Com a proibição de eventos com mais de 200 pessoas vigente em Salvador desde março, as eleições foram o primeiro evento desde o Carnaval que renderam algum lucro aos vendedores.
“Esse tem sido um ano muito difícil, mas hoje valeu a pena ter vindo trabalhar. Esgotei toda a cerveja ainda às 14h30 tamanho o movimento. Como ninguém tá respeitando a quarentena, todo mundo sem máscara e bebendo, isso aqui tá igual uma festa. Tô vendendo tanta cerveja quanto no carnaval”, comemorou a ambulante Taiane Santos de Almeida, 17, que posicionou seu isopor em frente à Ucsal.
Já o gerente de um bar em Brotas, que não quis se identificar, também celebrou o movimento acima do normal. “Acredito que nenhuma classe sofreu tanto com essa pandemia como nós. O movimento de hoje está muito bom e a gente espera que isso seja um sinal de que as coisas vão melhorar daqui pra frente, pois só um dia de bar cheio não cobre todos os prejuízos que tivemos”, pondera.