Quinta, 07 Novembro 2024 | Login

Foi o "tribunal do tráfico" que raptou, julgou e condenou à morte Bruno Barros e Yan Barros, tio e sobrinho, no último dia 26 de abril. A conclusão foi tomada pelos investigadores da Polícia Civil, que encerraram o inquérito do caso nesta quarta-feira.

Ao total, 23 pessoas foram indiciadas pelo crime. 10 foram presas, incluindo 4 funcionários do mercado, e outras 13 estão foragidas. 17 dos indiciados são suspeitos de terem ligação com o tráfico na região do Nordeste de Amaralina, onde fica o Atakarejo, local de onde as vítimas furtaram pedaços de carne para consumo próprio.

Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (7), a diretora do DHPP, delegada Andréa Ribeiro, e a presidente do inquérito, a delegada Zaira Pimentel, afirmaram que a grande dúvida é quem teria acionado os traficantes.

"A única coisa que temos claro é que a polícia não foi acionada para atender a denúncia de furto. Alguém teria entrado em contato com os traficantes, ainda não sabemos quem", afirmam as investigadoras.

Após serem contactados, os traficantes teriam ido até o local para buscar Bruno e Yan, que foram levados até o Nordeste de Amaralina, onde foram executados. "Realizar assaltos e furtos na região sob o controle do tráfico não é algo tolerado pelas facções", apontam as investigadoras.

Os suspeitos do crime estão, agora, à disposição da Justiça. Eles devem responder por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e omissão de socorro qualificada.

Responsabilização do Atakarejo
Quatro funcionários do mercado estão presos e outro está foragido há um mês. Eles são suspeitos de omissão e complacência no caso.

Durante as investigações, foi descoberto um novo caso envolvendo a morte de um adolescente que também teria sido morto após furtar produtos do Atakarejo. As investigações sobre esse caso ainda não foram concluídas.

No entanto, a polícia não avançou para saber se a execução de acusados de furto era uma prática recorrente na rede de mercados. "Não há mais dados concretos para avançarmos neste sentido", aponta a delegada.

Apesar da não responsabilização criminal, o mercado pode ser alvo na esfera cívil por parte de ações movidas por familiares das vítimas.

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A polícia deflagrou a terceira fase da Operação Retomada nesta quarta-feira (7) para cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão de envolvidos nas mortes do tio e sobrinho Bruno Barros e Yan Barros, no Atakarejo. Nessa terça-feira (6), Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) concluiu inquérito policial sobre o caso.

Os envolvidos foram indiciados por homicídio qualificado, omissão de socorro e ocultação de cadáver. Entre os indiciados estão suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas no Nordeste de Amaralina e seguranças do Atakarejo. Além das prisões, mandados de busca e apreensão também foram cumpridos - um deles, na sede do supermercado, onde foram recolhidos livros de ocorrências administrativas, computadores e aparelhos celulares.

“Essa terceira fase acontece após a chegada de laudos do Departamento de Polícia Técnica (DPT), nos quais foram verificados novos integrantes, em razão da análise do circuito de câmeras de segurança do supermercado”, explicou a presidente do inquérito, delegada Zaira Pimentel.

A partir da abertura do inquérito, nasceram novas investigações. “Estou apurando também um crime de tortura, um falso testemunho e um furto. Esse inquérito não só versa sobre o homicídio de tio e sobrinho, mas também sobre outros crimes”, finalizou a delegada.

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A Polícia Civil apura outro caso em que pessoas suspeitas de cometer furto na loja do Atakarejo de Amaralina foram entregues por seguranças a traficantes do Nordeste de Amaralina. Em outubro do ano passado, duas jovens que foram flagradas furtando na loja e entregues a traficantes do Nordeste – uma morreu e a outra permaneceu internada no Hospital Geral do Estado. A revelação foi feita em coletiva nesta segunda-feira (10) para falar da prisão de suspeitos pela morte de tio e sobrinho após furto no mesmo mercado.

“Em relação a outras vítimas, o que nós temos é um outro inquérito, uma outra investigação, em que uma das vítimas teria sido uma adolescente que teria sido vitimada em outubro do ano passado. Essa investigação também está em curso e o que a gente conseguiu apurar é que muitos dos indivíduos que teriam participado dessa ação mais recente, teriam participado da ação do ano passado. Isso pra a gente está confirmado. Nós estamos correndo com a investigação desse outro inquérito policial que deverá somar à investigação desse duplo homicídio da Polêmica”, declarou a delegada Andréa Ribeiro diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Diante das mortes de tio e sobrinho mortos, o Atakarejo poderá ser responsabilizado criminalmente, diz delegada. “Nesse primeiro momento, estamos procurando a responsabilização diretamente com o crime, com o fato investigado, com os homicídios, mas se a gente conseguir trazer nos autos os elementos que nos permitam imputar essa responsabilidade à rede de supermercado, isso será feito, não tenha dúvida disso”, declarou a delegada.

No dia do crime, Bruno Barros da Silva e Yan Barros da Silva estavam com outros dois rapazes. Tio e sobrinho e o terceiro rapaz entraram na loja e furtaram, mas foram descobertos. Só Bruno e Yan foram pegos pelos seguranças. O terceiro rapaz conseguiu fugir e avisou o quarto rapaz que estava no estacionamento. Bruno já tinha passagem por furto.

A delegada disse também que a participação de um gerente no crime é investigada, mas que há indícios de que isso realmente aconteceu. “Em relação à participação do gerente da segurança, vamos ouvir mais pessoas hoje, mas tudo indica que sim, de que haveria uma ação por parte da gerência dos seguranças no sentido de entregar as vítimas aos traficantes. A gente já havia tido uma sinalização prévia disso, mas no segundo desdobramento da operação a gente consegue ter isso de forma mais contundente”, afirmou..

Mãe diz que justiça está sendo feita
A mãe de Yan, Eleine Costa Silva, 37 anos, comentou a operação da polícia, que prendeu seis suspeitos de envolvimento com o crime. “Pedindo a Deus que eles permaneçam presos. Não vai trazer meu filho e o tio dele de volta, mas a justiça está sendo feita”, declarou ela, na manhã desta segunda (10), pouco antes de ser ouvida na Defensoria Pública.

Em nota, a Defensoria Pública da Bahia informou que, nesta segunda, prestou atendimento a familiares de Bruno e Yan. “A Defensoria ainda vai analisar o caso para propor as melhores estratégias de condução”, diz nota.

Em nota, o Atakarejo disse que não comena decisões judiciais "e vai continuar colaborando com as autoridades competentes para que o fato policial seja esclarecido o mais rapidamente possível. O Atakarejo reitera a solidariedade aos familiares das vítimas de um fato brutal e lamentável. A empresa não tolera qualquer tipo de violência".

Moradores disseram que por volta 5h30 viaturas da Polícia Civil chegaram ao supermercado e rapidamente os agentes se posicionaram. Enquanto um grupo estava na lateral do supermercado, de frente para a localidade do Nordeste conhecida como Alagados, outros agentes entraram no estabelecimento. "Uma parte cuidava da retaguarda, enquanto os demais faziam as buscas. Tudo terminou umas 8h30. A loja estava aberta, mas os clientes não entraram com medo. Mesmo depois com a saída da polícia, as pessoas que chegaram naquele momento desistiram de fazer a compra", contou uma moradora do local.

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