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O atentado frustrado contra a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, foi planejando de maneira prévia pelo agressor e a namorada, diz documento de indiciamento da Justiça divulgado na quarta (7).

O brasileiro Fernando Sabag Montiel foi preso no dia do crime, depois de apontar uma arma a curta distância para Cristina e tentar atirar. A namorada dele, Brenda Uliarte, foi detida dias depois. Ambos foram indiciados por tentarem matar Cristina Kirchner, com "planejamento e acordo prévio entre ambos", diz a juíza Maria Eugenia Capuchetti.

Cristina estava cercada de simpatizantes em frente a sua casa em Buenos Aires quando sofreu o ataque. A arma não disparou.

Até agora, foram ouvidos cinco amigos dos detidos, todos vendedores ambulantes. Eles entregaram os celulares para ajudar na investigação.

Montiel foi convidado a ampliar o depoimento que deu à polícia, mas se negou a falar nas duas audiências que aconteceram até agora. Ele disse somente que a namorada não teve "nada a ver" com o caso.

Registrada por câmeras de segurança perto do local do crime, Brenda disse que estava só acompanhando o namorado e nega envolvimento. Em entrevista à imprensa argentina, ela chegou a dizer que não via Montiel desde dois dias antes do ataque, o que as imagens mostraram não ser verdade.

A polícia ainda não esclareceu porque a arma, uma Bersa calibre 38, não disparou. Montiel apontou a arma para a cabeça de Cristina. A juíza diz que ele se aproveitou do "estado de indefensabilidade" gerado pela multidão.

A confusão foi tanta que em um primeiro momento Cristina nem notou a situação. Ela continuou no local autografando livros mais um pouco antes de entrar em casa. Apoiadores conseguiram conter Montiel até a chegada da polícia. A arma foi apreendida.

O indiciamento é provisório, com prazo de dez dias para a Justiça decidir se os acusados serão processados pelo crime.

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Em uma carta publicada em seu site na manhã desta quinta-feira, a presidente argentina, Cristina Kirchner, rebateu as acusações do promotor Alberto Nisman no suposto encobrimento de agentes iranianos no caso Amia. Ela afirma que, após ler a denúncia na íntegra, soube que o promotor seguiu pistas erradas. Ela acusa o ex-diretor de contrainteligência da Secretaria de Inteligência, Antonio Stiusso, de fornecer pistas erradas a Nisman, e surpreendemente muda o discurso e põe em dúvida a tese do suicídio do promotor, admitindo que ele teria sido forjado.

Com base em um relato da Interpol, Cristina nega que a organização tenha levantado seu alerta vermelho aos suspeitos iranianos do atentado mais letal da Argentina, que matou 85 pessoas na associação israelita em 1994. Ele diz que todas as acusações "são falsas" e "constituem um verdadeiro escândalo político e jurídico".
Cristina afirma que, no geral, Nisman foi vítima de um projeto que buscava atingir o governo e o inundou de pistas falsas. O principal acusado por ela de fornecer contrainformações seria Stiusso, que teria dito que supostos agentes no caso de encobrimento faziam parte da Secretaria de Inteligência.
"O promotor Nisman não sabia que os agentes de inteligência que ele denunciava na verdade não o eram. Muito menos que um deles fora denunciado pelo próprio Stiusso por tráfico de influência anteriormente", diz.

Diante de uma série de alegações, ela afirma que a suposta conspiração que teria utilizado Nisman foi responsável por matá-lo, já que ele se tornaria testemunha um "complô" que buscaria atingir o governo. Entre os pontos que a fazem declarar-se convencida de que ele teria sido morto, está o fato de que morreu com um tiro de uma arma com calibre bem menor do que a que ele possuía.

"O teor da denúncia acabou sepultado pela morte do promotor. Sob a forma de um aparente suicídio. Recurso que foi utilizado em muitos casos tristemente célebres. Por que ele iria se suicidar se não sabia que era falsa a informação que foi entregue a ele? Essas repostas seguramente só poderão dar aqueles que o convenceram de que ele tinha em suas mãos ‘a denúncia do século’ com dados falsos", escreve. "Quando um jornal afirma que ‘queriam usá-lo vivo e agora usá-lo morto’, estavam equivocados. Usaram-no vivo e precisavam dele morto."

Nesta quarta-feira, o secretário-geral da presidência, Aníbal Fernández, já havia afirmado que Stiusso "vendeu uma relação que nunca existiu", alegando que os supostos agentes Allan Bogado e Héctor Yrimia nunca haviam feito parte da Secretaria de Inteligência. Oscar Parrilli, atual titular do órgão, também apontara que os dois nunca fizeram parte — a acusação era uma das questões levantadas por Nisman.

O juiz Ariel Lijo, a quem Nisman reportaria a denúncia, ordenou a proteção de Bogado e Yrimia.

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