Debate da ABI tem ‘fogo amigo’ e críticas ao governo federal
O último debate entre os candidatos que disputam a prefeitura de Salvador foi realizado ontem à noite no auditório da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), em parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil na Bahia (OAB-BA). Faltando menos de duas semanas para o primeiro turno das eleições municipais, oito dos nove concorrentes a prefeito estiveram presentes, respondendo perguntas de jornalistas baianos, sob a mediação da também jornalista Suely Temporal.
Líder nas pesquisas eleitorais, o candidato do DEM, Bruno Reis, justificou a ausência a conflito de sua agenda de campanha. Transmitido pela TVE, o debate apresentou falhas técnicas, o que gerou insatisfação e reclamações. Até então, somente dois outros debates haviam sido realizados pelas emissoras de TV em Salvador, Band Bahia e TVE. Participaram Bacelar (Podemos), Celsinho Cotrim (Pros), Cézar Leite (PRTB), Hilton Coelho (Psol), Major Denice (PT), Olivia Santana (PCdoB), Pastor Sargento Isidório (Avante) e Rodrigo Pereira (PCO).
Em termos gerais, os candidatos trataram principalmente de temas como geração de emprego e renda, combate à pandemia do novo coronavírus, segurança pública e redução de IPTU. A maioria dos postulantes dirigiu ataques contra às políticas adotadas pelo presidente Jair Bolsonaro.
Criadora da Ronda Maria da Penha, Major Denice defendeu que a culpa da violência nunca é da vítima e afirmou sua posição contrária à sentença de “estupro culposo” referindo-se ao caso da digital influencer Mariana Ferrer. A petista disse que planeja criar em Salvador a Casa Maria da Penha e a Ronda Cidadã da Guarda Civil para garantir apoio às mulheres vítimas de violência sexual e doméstica.
Membro do PCdoB, Olivia Santana afirmou seu descontentamento com o fato do governador Rui Costa, do qual o partido dela integra base de apoio, não ter sido tão presente em sua campanha, mas, mesmo assim, reafirmou a parceria. A candidata disse que, se eleita, implantará o que chamou de Cred Salvador, um projeto de financiamento com o objetivo de alavancar pequenos empreendimentos.
“Também vamos colocar em pauta o programa Favela Importa para garantir a requalificação das favelas e abrir frente de trabalho na construção civil”, acrescentou. Olivia garantiu ainda criar um hub de confecções na Cidade Baixa em colaboração com o polo têxtil da cidade.
Rodrigo Pereira reforçou, a todo momento, que sua candidatura não tem esperança de vencer o pleito e que colocou o nome em disputa para poder convocar a população a derrubar o governo do presidente Jair Bolsonaro.
Já Bacelar criticou o abandono do Parque Metropolitano do Abaeté e seu atual formato de administração. Ele prometeu que, se eleito, fará com que o parque saia da gestão do governo estadual para ser gerido pela prefeitura.
Cézar Leite garantiu que cuidará da construção de infraestrutura das comunidades pobres, com a implementação de acessibilidade, iluminação, macrodrenagem e saneamento básico. “Isso nunca foi feito de forma planejada. Agora, com o Marco do Saneamento, temos a oportunidade de fazer isso. A gente tem que melhorar o local onde a pessoa mora, onde ela vive as suas relações”, disse Leite.
Hilton Coelho prometeu ir “para cima da especulação imobiliária” e assegurou que acabará com a grande quantidade de imóveis abandonados no Centro Histórico. Segundo ele, sua gestão transformará estes espaços sem uso em moradia para a população em situação de vulnerabilidade social.
O Pastor Sargento Isidório acusou alguns dos demais candidatos de copiarem parte do seu programa de governo no quesito de geração de renda. “A moratória que faremos, do ambulante ao maior, para levantá-los será ouvindo eles, contando que eles retomem os empregados que foram colocados para fora. Nós estamos planejando que todo empreendedor vai ter seu incentivo fiscal, vai ficar livre de ITIV, IPTU e outras taxas”, afirmou.
"Tivemos pane no link dedicado e num dos computadores que faziam a coordenação máster. Isso comprometeu a qualidade do início do debate. As falhas são da estrutura contratada pela organização e não da TVE, que só retransmite", justificou Ernesto Marques, presidente da ABI.