Esposa de Lázaro Barbosa diz que policiais a torturaram por localização do marido
A esposa de Lázaro Barbosa, 32, suspeito de matar uma família em Ceilândia (DF) e de cometer uma série de crimes em fuga, revelou que foi agredida por policiais que queriam saber o paradeiro dele. O homem está foragido há 13 dias.
"O policial deu três, quatro tapas no meu rosto. Ele quebrou o rodo da minha tia e ia me bater com o cabo. Eu pensei comigo: Senhor, eu não acho justo eu apanhar com esse cabo de vassoura. O Senhor sabe que eu não sei onde ele está", contou em entrevista ao "Domingo Espetacular", da TV Record.
Ainda segundo a mulher, um policial ameaçou afogá-la se ela não desse informações sobre a localização de Lázaro. "Isso é um abuso, eles não podem bater na gente assim", completou.
Além da esposa do fugitivo, líderes religiosos de espaços tradicionais de matriz africana em Goiás também denunciam abusos de autoridade por parte da Polícia durante as buscas a Lázaro.
Procurada pelo "Domingo Espetacular", a Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás afirmou que a polícia age de acordo com protocolos, e que as denúncias serão apuradas.
A mulher de Lázaro também relatou ameaças de civis que acreditam que ela tenha informações sobre o marido.
"Muitos estão falando que eu era cúmplice, que eu sabia de tudo, que eu tinha que morrer. Hoje mesmo uma mulher me falou para eu não ficar andando na rua, porque tem muita gente comentando: por que não mata a mulher dele? Corta o pescoço dela para ver se atinge ele, se ele se entrega", disse.
'Espero que ele se entregue', diz esposa de Lázaro, o 'serial killer do DF'
A esposa de Lázaro Barbosa, o serial killer de Brasília, está chocada com a saga e os crimes praticados pelo seu amado. Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, a jovem de 19 anos, que não quis se identificar, pediu que o marido se entregasse.
A mulher afirmou ainda estar em estado de choque e contou que a família está sofrendo ameaças. Ela teme pelo desfecho da história. "Temos medo de receber a notícia de que ele morreu", afirma.
O casal está junto há 4 anos. Além disso, os dois têm uma filha de 2 anos, que seria o xodó dele. "É um bebê que quase todos os dias chama por ele. Isso me corta tanto. Ela é muito apegada. É a vida dele. Está todo mundo arrasado", diz.
O maníaco também tem outro filho, de 4 anos, com uma ex-companheira.
Ainda de acordo com o Correio Braziliense, o casal se conheceu através da tia do criminoso, que é amiga da família da jovem.
A esposa se diz decepcionada com o comportamento de Lázaro, que segundo ela, já tentou largar o crime. "Se a gente tivesse a oportunidade de ir com a polícia para o meio do mato, para convencê-lo a se entregar. A gente não sabe o que aconteceu na mente e no coração dele. A ficha não caiu", ressalta.
A mulher também rebate as acusações de que Lázaro estaria envolvido em rituais macabros. Ela disse que a família é alvo de fake news e preconceito por onde passa.
"Não acredito em nenhum ritual. Ele tinha uma fé em Deus muito grande, foi até pregador da palavra no presídio. Eu só vou acreditar que ele se envolveu mesmo nisso quando ele for pego e falar", declarou.
Lázaro é caçado pela polícia desde o dia 9 de junho, quando assassinou quatro integrantes de uma mesma família. Desde então, na fuga, ele invadiu casas, roubou carros ameaçou e sequestrou inocentes.
'É um monstro', diz pai de Lázaro Barbosa, o 'serial killer de Brasília'
O pai de Lázaro Barbosa, ao aposentado Edenaldo Barbosa, de 57 anos, disse que considera o filho um "monstro". Nascido na Bahia, Lázaro ficou conhecido como o "serial killer de Brasília" após matar quatro pessoas, balear outras três, além de roubar e invadir casas no Distrito Federal.
Em entrevista ao Correio Braziliense, Edenaldo conta que é pai de outros três filhos: de 16, 13 e 1 ano. Ele deixou a Bahia há alguns anos e mora na cidade de Girassol (GO) e é aposentado por invalidez, após um acidente cardiovascular (AVC) e dois infartos.
Edenaldo se casou com a mãe de Lázaro, Eva Maria Sousa, quando tinha apenas 17 anos, no município de Barra do Mendes (BA). De acordo com o ele, relacionamento dos dois foi conturbado, marcado por brigas, agressões e acusações de traição de ambas as partes. Quando o casal se separou, Lázaro Barbosa e o irmão mais novo, Deusdete, ainda eram crianças.
O irmão mais novo de Lázaro também era envolvido com a criminalidade e morreu há cinco anos durante um acerto de contas em Goiás. Ele também teria se envolvido em roubos e homicídios.
Já Lázaro só viu o pai apenas uma vez, há cerca de seis anos, durante uma visita. "Só me visitou e foi embora. Foi quando ele teve uma fuga aí. E eu com o coração na mão, doente. Só não morri ainda porque acho que Deus não quis", disse o homem, que se declara evangélico. "O demônio se apoderou dele", acredita.
Ele chama o filho de monstro e diz ter vergonha da repercussão dos fatos. "Esse monstro, eu registrei, mas quando as pessoas falam 'o seu filho', aquilo me estremece todo. Não dá vontade nem de ficar mais na Terra. Eu estou arrasado. Se eu vê-lo por aí, eu nem conheço mais", lamenta.
Sobre a chacina de Ceilândia, onde quatro pessoas foram brutalmente assassinadas por Lázaro, o aposentado se diz arrasado e chocado com a violência do próprio filho. "O que mais me dói é o desespero que aquela família sentiu e o que ele fez com aquela pobre mulher. Isso não é gente. Isso é um monstro da pior espécie", disse ao Correio Braziliense.
Infância Lázaro Barbosa na Bahia
Lázaro cresceu no povoado de Melancia, a cinco quilômetros do centro de Barra do Mendes. A região é formada por serras, onde há muitas grutas. Desde pequeno se isolou das pessoas a partir da separação de seus pais.
“Sempre foi uma criança fechada. Não gosta de rir. Não interagia com os meninos. Vivia só com a mãe e não aceitava a separação dos pais. O pai dele foi embora para Goiás quando ele era bem pequeno e isso mexeu com ele na infância”, contou uma moradora de Barra do Mendes que preferiu não se identificar.
À medida que foi se desenvolvendo fisicamente, Lázaro foi se isolando, ao ponto de abandonar a escola na adolescência e se dedicando ao trabalho. “Não era de falar com ninguém. Era sisudo. Só vivia na roça. Pegava todo o trabalho pesado que tivesse. Por ser calado, não reclamava e era tão ágil quanto forte. Quando não estava na enxada, estava caçando com a sua espingarda de soca”, contou a moradora.
Crime no DF
200 policiais, oito dias de perseguição e um rastro de sangue pelo caminho. A caçada pelo baiano Lázaro mobiliza a polícia do Distrito Federal após a chacina de uma família em Ceilândia no ultimo dia 9 de junho.
Naquele dia, o suspeito invadiu uma chácara - segundo a investigação, a ideia era roubar a família, mas o crime virou algo muito mais sanguinolento. A empresária Cleonice Marques, 43, teria percebido a ação do bandido e avisado aos familiares. Lázaro então matou o marido e os filhos dela, Cláudio Vidal, 48, e Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15. Após o triplo homicídio, ele fugiu levando a empresária, que foi feita refém. A mulher ainda conseguiu ligar para o irmão, que chegou à casa e encontrou os três corpos, mas já não achou Cleonice.
A empresária foi encontrada morta três dias depois, no sábado (12). O corpo estava em um córrego próximo a Sol Nascente, também no Distrito Federal. O cadáver estava sem roupa e com diversos cortes. Exames vão determinar se houve violência sexual.
Desde então, já são seis dias de buscas intensas da polícia do DF por Lázaro. Dois esconderijos onde ele se escondia para cometer crimes em propriedades da região do Incra 9 foram descobertos pela polícia. Todos são em região de mata, comprovando a fama de "mateiro" experiente de Lázaro. Foram encontrados lona, colchões, roupas, calçados e garrafas de água. Ele costumava ficar nesses pontos antes dos crimes. O corpo de Cleonice estava a cerca de 10 minutos de um dos esconderijos.
Lázaro também praticou outros crimes no DF antes. Segundo a polícia, ele é acusado por roubo, estupro e porte ilegal de arma de fogo no DF e em chácaras do estado de Goiás. Ele chegou aser preso em 8 março de 2018, pelo Grupo de Investigações de Homicídios de Águas Lindas, mas fugiu do presídio quatro meses depois, no dia 23 de julho. Desde então, Lázaro estava foragido também no DF.