Fiéis apelam a arcebispo de Salvador e pedem volta de padre afastado de igreja em Catu
Fiéis do Movimento Somos Todos Padre Fernando convocaram, pela segunda vez, uma audiência com o Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Sergio da Rocha, para pedir a volta do padre Fernando de Almeida Silva à Paróquia Senhora Santana de Catu, de onde foi afastado por permitir que fiéis leigos (aqueles que não são padres, bispos ou o próprio papa) fizessem a oração eucarística. A atitude é considerada uma falha grave pelos dogmas católicos.
Uma carta já havia sido enviada no dia 16 de setembro, sinalizando um caráter de urgência no pedido. De acordo com o movimento, o afastamento de padre Fernando não foi levado ao Conselho Paroquial e, portanto, sem direito de defesa. O padre entregou um pedido de renúncia após acordo junto à Diocese de Alagoinhas, responsável pela paróquia.
Dom Sergio da Rocha recebeu a carta do movimento e respondeu na tarde desta quinta (7), através da Chancelaria da Arquidiocese de Salvador. Na resposta, o Arcebispo afirmou que situações referentes a padres deverão ser tratadas diretamente com o respectivo Bispo ou Administrador Diocesano. Portanto, de acordo com o Arcebispo, ele não tem autoridade para a nomeação ou transferências de padres em outras Dioceses senão a de Salvador.
A Diocese de Alagoinhas se manifestou em nota assinada por seu administrador Diocesano, o padre Antônio Ederaldo de Santana. No ofício, afirma que aceitou a carta de renúncia do Pe. Fernando por precaução e negou as acusações de induzir ou obrigá-lo a pedir sua saída da Paróquia. A Diocese também diz que não faltou com misericórdia com o padre, alegando que ele segue recebendo um "honesto sustento, conforme a realidade econômica da nossa Diocese".
"Aceitamos assim, a sua saída da Paróquia por ad cautelam (como precaução), a fim de averiguar melhor a situação na qual se envolveu, oferecendo-lhe o devido acompanhamento e dando-lhe a chance de apresentar a sua defesa no momento oportuno, conforme o procedimento estabelecido pelo ordenamento canônico nestes casos", diz a nota.
Segundo a Diocese, o ato do Pe. Fernando em permitir que leigos assumissem a Liturgia Eucarística transgrediu o teor do cânon 1384 do Código de Direito Canônico e causou "escândalo à comunidade católica em sua universalidade, visto que tal atitudo do referido Sacerdote, foi transmitida em rede social".
A versão é contestada por fiéis e o fato é que o afastamento de padre Fernando acabou afastando fiéis, como a publicitária Juliana Góes. Ela relatou que se reaproximou da Igreja com a chegada de padre Fernando a Catu. De acordo com fiel, ele a fez sentir-se abraçada novamente.
“Eu e minha família estávamos afastados da igreja e após a sua chegada fomos acolhidos novamente. Tudo mudou, as missas eram bem cantadas, a sua homilia sentia o Espírito Santo me envolvendo e minha fé que estava apagada, ela ficou inabalável com suas palavras. Com a saída dele, me revoltei tanto que me vejo agora do mesmo modo de antes", disse a publicitária.
Segundo Juliana, ainda está mal explicada a condução do caso. "Ele saiu de uma forma inexplicável, como se cometesse um crime e dentro da igreja se prega tanto o perdão, o amor ao próximo e porque isso não foi feito com ele? Espero uma atitude da igreja, do arcebispo, o que estou vendo é tentando abafar o sol com a peneira. A comunidade catuense quer a volta do padre, pedimos uma resolução positiva com a volta dele à nossa paróquia. Se ele não voltar, eu não faço questão nenhuma de voltar ao catolicismo”, disse.
O processo administrativo segue acontecendo. Algumas pessoas foram ouvidas pela Diocese em Catu, dando prosseguimento ao processo de investigação. Para Augusto Gomes, o Guga, toda a situação aconteceu porque o padre Fernando mobilizou a Igreja e quebrou "panelas" que havia em Catu. Medidas como parar de alugar equipamentos de som ou contratação de banda para tocar nas missas, por exemplo, contribuíram para que a denúncia contra ele fosse formalizada.