Eduardo Suplicy revela que tem Parkinson e faz tratamento com cannabis
O deputado estadual de São Paulo Eduardo Suplicy revelou que foi diagnosticado com Parkinson e que está fazendo tratamento com cannabis medicional.
Ao jornal Folha de S. Paulo, o petista de 82 anos disse que a doença foi diagnosticada no final do ano passado, na fase de sintomas leves.
Ele contou que foi o geriatra que o acompanha quem percebeu sinais de Parkinson nele. Suplicy então se consultou com especialistas, que fecharam o diagnóstico. A doença é degenerativa e afeta progressivamente o sistema nervoso central do paciente.
"Eu estava com certos tremores nas mãos, especificamente na hora de comer, de segurar os talheres, de tomar uma sopa. Tremia um pouco", contou Suplicy. Ele também relata dores na perna esquerda e um desequilíbrio que causava tropeços.
Suplicy revelou que se reuniu com os filhos, João e Supla, para contar que iria tornar seu diagnóstico público.
Tratamento
Suplicy diz que resolveu também vir a público para defender a regulamentação da distribuição da cannabis medicional para o público brasileiro.
O medicamento não está disponível pelo SUS e pacientes sêm condições financeiras precisam de ajuda de associações terapêuticas, que costumam ir à Justiça para garantir o tratamento.
Suplicy contou que importou em fevereiro um vidro de cannabis industrial para seu tratamento. Ele toma cinco gotas do remédio no café, cinco à tarde e cinco à noite. O tratamento conta ainda com o medicamento Prolopa, indicado por seu médico.
"Tudo melhorou bastante", diz Suplicy. A dor na perna sumiu. O tremor, na hora de comer, melhorou. Tenho caminhado com firmeza".
O deputado vai participar nesta terça de uma audiência pública na Câmara dos Deputados para tratar de uma proposta para regulamentação de cultivo e distribuição da cannabis no Brasil. Ele pretende compartilhar sua experiência.
Relatório da OMS aponta aumento no número de mortes por Parkinson
O último relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde), publicado em junho de 2022, mostrou que a incapacidade e a morte devido à doença de Parkinson aumentou mais rápido do que qualquer outro distúrbio neurológico no mundo As estimativas da OMS sugerem que, em 2019, a doença resultou em 5,8 milhões de anos de vida afetados por incapacidade e que causou 329.000 mortes, um aumento de mais de 100% desde 2000.
Especialistas mostram como a dificuldade e a inconsistência dos dados ainda dificultam uma estimativa exata da prevalência da doença. Isso porque, em países de baixa renda, ainda é difícil se ter um diagnóstico e um tratamento específico para esses pacientes, devido a barreiras financeiras, geográficas e até mesmo de consciência sobre Parkinson.
O número de pessoas que sofrem dessa condição deve aumentar com o atual processo de envelhecimento da população e, até mesmo, por fatores externos, como os ambientais. Estima-se que mais de 8 milhões de pessoas sofram com a doença ao redor do globo. No Brasil, são 200 mil pessoas acometidas - números que dobraram nos últimos 25 anos, conforme divulgado pela OMS.
A doença de Parkinson é uma condição degenerativa que afeta o sistema nervoso central de forma crônica e progressiva - e atinge predominantemente os neurônios produtores de dopamina, substância que auxilia na realização dos movimentos voluntários do corpo de forma automática. Os principais sintomas envolvem desde o mais conhecido tremor até a lentidão motora, rigidez entre as articulações e desequilíbrio, entre outras consequências mais graves.
Parkinson é uma doença progressiva, portanto, a detecção precoce é essencial para o tratamento. Os pacientes requerem cuidados prolongados, ou seja, quanto antes a detecção maior a qualidade de vida do paciente.
A doença possui tratamento e, curiosamente, algumas das técnicas mais recomendadas ainda são desconhecidas pela população em geral. Na fase inicial da doença, são ofertados medicamentos que suprem a deficiência de dopamina e controlam os principais sintomas. Nos casos mais avançados e refratários, é realizada uma cirurgia para estimulação cerebral profunda.
“A detecção precoce é fundamental. Nos primeiros anos, os sintomas são controlados com o uso de medicamentos adequados. Com a progressão da doença, infelizmente, alguns sintomas como tremor e a lentidão se tornam refratários e extremamente debilitantes. Por isso, ao apresentar qualquer um dos sintomas, procure um médico e converse sobre o assunto. Cada dia mais, pacientes mostram como é possível viver com Parkinson com resgate da qualidade de vida”, explica o Dr. Alexandre Novicki, neurocirurgião especialista nesse tratamento.