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A Estação da Lapa já está sob nova direção. Ontem, o prefeito ACM Neto assinou a ordem de serviço para a requalificação do terminal, que agora é de responsabilidade da iniciativa privada. Mais precisamente das empresas Socicam, Axxo e Participa, que formam o consórcio Nova Lapa. As obras já começaram e os 152 ambulantes que trabalham no local terão que deixar o espaço.

Os 400 mil usuários que – em média – passam pelo terminal diariamente vão precisar conviver com os canteiros de obras que se instalarão em toda a estação — que não fechará durante a reforma, com previsão para durar 12 meses no espaço do terminal e 30 meses para a construção do centro comercial que será erguido sobre a estação.

“Se trata de um espaço que há 40 anos não tem uma manutenção tão grande. Isso (o fechamento da estação) só vai ocorrer se for preciso uma demolição maior do que estamos prevendo”, explica o secretário de Mobilidade Urbana, Fábio Mota. A prefeitura garante, porém, que, se for preciso o fechamento da estação, já há todo um plano definido, mas que isso só será divulgado em caso de necessidade.

Entre as 260 linhas do terminal, apenas 10 devem sofrer alterações de imediato. “São linhas que vêm da região da Cidade Baixa e do Comércio e passam pela Bonocô. Elas devem agora ter passagem na Barroquinha e no Aquidabã. Isso é parte do acordo que fizemos com os ambulantes para aquecer o comércio (nas regiões para as quais serão remanejados)”, detalha Fábio Mota.
Só amanhã, as dez linhas que serão modificadas devem ser anunciadas. Ele antecipou que nove delas terão parada no Aquidabã e uma na Barroquinha. O final de linha dessas linhas, no entanto, continua sendo a Estação da Lapa. O secretário sustenta que essa alteração não deve ampliar substancialmente o tempo de viagem dos usuários.

O prefeito prometeu que as mudanças serão sentidas pelos usuários do terminal que, oficialmente se chama Estação de Transbordo Clériston Andrade. “A Estação da Lapa integra a vida das pessoas e agora ela vai deixar de estar no noticiário por causa das justas queixas da população e passar a ser uma referência de terminal urbano para todo o país”, afirmou Neto.

Ambulantes
Amanhã, será o último dia de vendas para os ambulantes da estação na estação. Eles serão deslocados para pelo menos seis pontos da cidade: Aquidabã, Rua J. J. Seabra, Barroquinha, os muros dos Barris na saída do terminal, e em pontos das avenidas Sete de Setembro e Joana Angélica. “Por mais que os locais para onde vamos não tenham grande atrativo, temos a esperança do retorno”, afirma Marcos Luiz Almeida, o Cazuza, diretor da Associação dos Vendedores Ambulantes em Feiras Livre (Asfaerp).

A Secretaria Municipal de Ordem Pública vai ordenar as mudanças. “Vamos dar todo o apoio para o deslocamento dos ambulantes da Estação da Lapa”, garantiu a secretária Rosemma Maluf. Na sexta-feira, dois caminhões da própria Semop serão enviados para a estação para a mudança dos postos de trabalho.

Atualmente, são 152 ambulantes credenciados trabalhando na estação. No novo prédio, não será possível o comércio informal. O prefeito, porém, garantiu, ontem, a construção de um espaço integrado ao terminal. “A Lapa não tem ponto morto, qualquer lugar que reservem aqui a gente vende. Se já vendemos hoje com tanta desorganização, imagine organizado”, diz Paulo Marques, também da Asfaerp.

Os ambulantes chegaram a protestar quando souberam da saída da Lapa, mas contam que têm ocorrido negociações. “Estamos mudando uma mentalidade, e estamos mudando esse terminal de padrão. Os ambulantes e os permissionários que tiverem a capacidade de enxergar e se adaptar a esse novo momento serão muito bem recebidos”, afirmou Altair Moreira, diretor-presidente da Socicam.

Mudanças e compras
A acessibilidade deve ter atenção na nova estação, que terá, além de 11 novas escadas rolantes, um elevador. Tudo será monitorado por câmeras e os usuários terão acesso a uma rede de internet Wi-Fi. As redes elétrica, hidráulica e de esgoto serão reformuladas. O piso e a pintura serão também recuperados.

Embora as projeções mostrem o térreo do terminal aberto nas laterais, há previsão de climatização. A concessão que a prefeitura está realizando é de 35 anos. Às empresas caberá o custo da reforma (R$ 13 milhões) e a manutenção do terminal (prefeitura gastava R$ 350 mil por mês).

“Estamos garantindo que até 2050 as pessoas terão um serviço de qualidade. O consórcio acreditou e se mobilizou para garantir os investimentos para essa forma criativa que a prefeitura arranjou de transformar essa na mais moderna estação do Brasil”, afirmou o prefeito ACM Neto.

Os empresários devem lucrar com a exploração comercial do espaço, por 35 anos, principalmente com o centro de compras que ficará pronto em 30 meses e será construído sobre o terminal. “Esse terminal que vocês conhecem hoje vai ser completamente diferente, com conforto e com uma operação mais eficiente”, garante ele.

Publicado em Bahia