Bem-estar: como tirar o plástico do dia a dia
A humanidade produz anualmente cerca de 460 milhões de toneladas de resíduos plásticos e, sem medidas urgentes, o número poderá triplicar até 2060, segundo levantamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. A projeção é alarmante, e questionar como o problema pode ser resolvido é quase que uma resposta imediata, já que a matéria-prima é uma das maiores causas da poluição ambiental, mas também está presente na maioria dos nossos hábitos diários.
A engenheira ambiental Rosemary Mascarenhas, que integra o quando funcional da Empresa de Limpeza Urbana em Salvador (Limpurb), alerta que “a redução de resíduos é um esforço coletivo e, por isso, cada pequena ação já faz a diferença”. Então, nada de achar que “só eu fazendo não terá efeito algum”.
No Brasil, somente em 2022, a geração de resíduos plásticos chegou a 13,7 milhões de toneladas, cerca de 64 quilos por pessoa, conforme a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). O ciclo de decomposição do plástico no planeta pode variar entre 20 e 600 anos.
Clichê ou não, dizer que a mudança começa por você é, sem dúvida, uma das respostas certas para a pergunta. Sabe o copinho descartável do cafezinho que você eventualmente toma ao longo do dia, o canudinho do suco, as sacolinhas que você traz do supermercado com as compras do mês, as dezenas de embalagens de cosméticos? Tudo isso pode ser evitado ou ganhar novos usos. Por isso, neste Dia Mundial do Meio Ambiente, o CORREIO traz uma lista ações simples que podem ajudar a reduzir o impacto ambiental causado pelo descarte de resíduos plásticos.
Como podemos contribuir:
Prefira produtos e embalagens recicláveis e/ou reutilizáveis; uma boa pedida é adotar xampu e condicionador em barra, por exemplo;
Fuja dos saquinhos do supermercado. Use sacolas retornáveis de tecido tipo lona para ser mais durável;
Tenha sempre à mão uma garrafa d’água e/ou copo reutilizável para ir recarregando sempre que precisar;
No trabalho, ‘adote’ um copo e/ou xícara fixa para a água, o café ou o chá;
Privilegie a aquisição de produtos cujas embalagens sejam feitas de vidro, papel e papelão. Produtos que podem ser reabastecidos com refil de embalagens recicláveis também é uma boa opção; várias marcas de cosméticos, por exemplo, já vendem seus produtos com esse propósito;
No caso de pessoas que menstruam, busque opções aos absorventes descartáveis, a exemplo de coletores ou calcinhas absorventes;
Se tiver condições substitua as fraldas descartáveis por fraldas de pano ou aquelas feitas de fibra de bambu que são de longa duração para serem usadas na ‘calça enxuta’;
Se o consumo de plástico for inevitável e não houve possibilidade de reutilização, faça o descarte correto. Em Salvador, os locais adequados podem ser consultados na página oficial da Limpurb;
Garrafas pet, por exemplo, podem se transformar numa hortinha suspensa muito legal num lugar da área de serviço que bata sol;
Por falar em plantas, que tal utilizar as cascas de frutas/ verduras/ovos e pó de café para fazer adubo natural? Basta juntar num pote na geladeira e, num caco grande, ir colocando e cobrindo com uma camada de terra e folhas para não atrair insetos; quando encher o vasilhame, deixe passar algumas semanas e verifique se a textura está uniforme. Se estiver, está na hora de usar;
Num país em que tanta gente passa fome, tente não desperdiçar comida. Só coloque no prato o que aguentar comer e reaproveite as sobras para novas preparações;
Por fim, tão importante quanto reduzir o uso de plásticos é tentar reduzir também o uso de água e energia. Procure aproveitar água da lavagem de roupas para lavar o chão, por exemplo.
Setor de delivery enfrenta falta de plástico no mercado baiano
Depois que o delivery se tornou uma saída viável para a sobrevivência de bares, restaurantes e pizzarias na pandemia, um elemento básico desse tipo de serviço tem se tornado motivo de preocupação para os empresários. Isso porque a demanda é tanta que os fornecedores de embalagem descartáveis não têm conseguido suprir as necessidades, gerando mudanças importantes de preço e prazo de entrega.
O aumento nos preços ultrapassou 60% e a entrega ficou pelo menos 20 dias mais longa. “É uma resposta natural a esse incremento do delivery que ocorreu por conta do isolamento. De imediato, esse impacto é sentido porque as embalagens são fundamentais para esse tipo de serviço”, comenta Luiz Henrique do Amaral, presidente executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes na Bahia. Segundo a Associação, o número de empresas que recorrem ao delivery quase dobrou: antes da pandemia, eram 25% dos associados; hoje, 43%.
A dificuldade tem sido verificada até por quem não incrementou a modalidade de entrega. É o caso da empresária Karla Baqueiro, responsável pelo boteco Bagacinho, na Barra: “Para o tamanho do meu negócio, eu tenho até um volume considerável de delivery, mas não é tão volumoso quanto outros estabelecimentos. E, mesmo assim, os fornecedores, realmente, não estão conseguindo acompanhar a demanda. Já estou precisando pesquisar fornecedores fora do estado para conseguir atender”.
Karla, que opera o delivery somente nos fins de semana, explica que conta com apenas um fornecedor e que, na impossibilidade de ser atendida por ele, recorre a lojas de embalagem próximas ao bar. Para os pedidos da última semana, ela chegou a procurar as embalagens em duas lojas, sem conseguir tudo que queria. “A preocupação é que chegue uma segunda onda e a demanda aumente de novo”, destaca a empresária.
Mesmo quem trabalha com pedidos agendados tem sentido dificuldade. É o caso do restaurante Caminho de Casa, com unidades no Rio Vermelho e no Itaigara. “Estamos tendo muito aumento de preços por parte dos fornecedores, que diminuíram o prazo de pagamento. Como estamos com poucos clientes, a gente não consegue repassar o preço para não impactar ainda mais no movimento do restaurante”, explica Marcelo Góes Lerner, sócio do estabelecimento.
“É lógico que a demanda cresceu, com muitos restaurantes e bares precisando atender por delivery, e isso aconteceu numa escala global”, diz Diógenes Antunes, da DOA Soluções e Embalagens, um dos principais fornecedores de embalagens para alimentos prontos - as conhecidas marmitas de papel - do estado. Na DOA, pedidos enviados a partir do último dia 10 só têm previsão de entrega para a segunda semana de janeiro. Antunes explica que a mudança nos hábitos de consumo e aumento dos pedidos de entrega começou a ser sentido pelo setor em maio e que desde setembro passou a refletir em mudança nos preços. “O aumento na demanda gera falta de matéria prima de vários tipos”, diz ele, que também precisou alterar seu prazo de produção de 15, para 35 dias úteis.
Pizzarias
Um dos setores que mais tem sofrido com a falta das embalagens, as pizzarias não estão encontrando os produtos tão necessários para fazer as entregas. A Pizza 15, na Boca do Rio, é uma das que enfrenta as dificuldades. O restaurante trabalha com as caixas mais baratas do mercado (aquelas sem marca da empresa) e mesmo assim já percebe mudança no valor do insumo.
“Desde o início da pandemia, estamos enfrentando dificuldades com insumos. Antes era o queijo, agora são as embalagens que subiram absurdamente de preço ”, diz o empresário Luã Reis, que usa 210 caixas de pizza, em média, num final de semana. Cada pacote com 25 caixas, que antes saia por R$ 16, agora sai por R$ 26, um aumento de 62,5%. “A gente não consegue passar esse aumento para o cliente”, explica Reis.
Outra preocupação dos donos de pizzaria é no que diz respeito ao prazo de entrega. Quem trabalha com as caixas personalizadas viu o tempo de espera aumentar muito, gerando a necessidade de uma estocagem maior. “As pizzarias são muito pequenas e comprar caixa com tanta antecedência acaba gerando uma questão de estoque também”, garante Gustavo Candotta, da Pizza Santa Fé, em Lauro de Freitas, que a cada pedido estoca 2 mil caixas. Entre o último e o penúltimo pedido, ele diz que identificou um aumento de mais de R$ 1 mil: “Vai chegar o momento de ter que repassar o valor para o cliente”.
Novo app
Com tanto aumento da demanda, Salvador ganhou mais um aplicativo de entrega de comida. Na última quarta, o 99Food começou a operar com mais de mil entregadores e restaurantes. Para o diretor executivo da 99Food, Danilo Mansano, o início das operações em Salvador é uma conquista dupla por ser um marco profissional e pessoal: “Como plataforma, nós temos a estratégia de refletir a cozinha local. Além dos mais, sou filho de baiana e passei muitas férias no Rio Vermelho”.
Salvador é a 10ª cidade a receber o serviço no Brasil. Em cada local, busca entender o consumo dos usuários. A empresa ainda não possui dados dos soteropolitanos, mas sabe que um dos desafios na capital da Bahia é o transporte de pratos mais líquidos, como moqueca e caruru. Nesses primeiros dias de operação, o cliente terá taxa de entrega grátis e promoções. Resta saber se terá embalagem.