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O presidente eleito Lula (PT) afirmou nesta quinta-feira (10) que o vice eleito Geraldo Alckmin (PSB) não será ministro do futuro governo.

Ex-governador de São Paulo, Alckmin é o coordenador da equipe de transição.

"Eu fiz questão de colocar o Alckmin como coordenador para que ninguém pensasse que o coordenador vai ser ministro. Ele não disputa vaga de ministro porque é o vice-presidente", declarou Lula nesta quinta.

Lula deu a declaração em reunião com aliados no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em Brasília, onde funciona a transição. Alckmin estava entre os presentes.

Durante o discurso, Lula chorou ao dizer que mantém o compromisso com o combate à fome no país e disse que os "perdedores" da disputa eleitoral vão ter o direito de "escrever" a história do país em conjunto com o novo governo.

"A gente costuma dizer que quem conta a história de uma nação são os vencedores, os perdedores não têm o direito de escrever. Nesse caso eu queria dizer pra vocês: os perdedores vão ter o direito de escrever e vão ter o direito de participar desse processo de transição e desta governança", afirmou o presidente eleito.

"Se quando eu terminar este mandato, cada brasileiro estiver tomando café, estiver almoçando e estiver jantando, outra vez eu terei cumprido a missão da vida", acrescentou.

Entre os integrantes da equipe de transição estão a senadora Simone Tebet, os economistas Pérsio Arida e André Lara Resende, e os ex-ministros Alexandre Padilha, Humberto Costa, Aloizio Mercadante e Nelson Barbosa.

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O número de baianos que não se alimenta como deveria, com qualidade e em quantidade suficiente, cresceu ainda mais depois da pandemia do novo coronavírus. Segundo o secretário de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS), Carlos Martins, 1,9 milhões de pessoas cadastradas no CadÚnico vivem com entre R$ 89 e R$ 150 por mês.

"Nós temos o Cadastro Único com 3.450 milhões famílias. O CadÚnico já lhe dá uma ideia da pobreza na Bahia, porque 1,2 milhões vivem com até R$ 89 por mês, 1,9 milhões vivem com entre R$ 89 e R$ 150", explicou o secretário da SJDHDS, Carlos Martins.
"Então a gente já sabe o número mais ou menos, e onde estão localizados, que é basicamente na região do semiárido da Bahia, que temos boa parte do nosso território. Com o CadÚnico nós temos a noção exata de onde estão a extrema pobreza, a fome".

Essas consequências da fome agravam ainda mais a vulnerabilidade à Covid-19. Os dados da última pesquisa divulgada pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) sobre segurança alimentar, em 2018, revelavam o seguinte cenário.

Segurança Alimentar: 59,01%
Insegurança Alimentar Leve: 22,09%
Insegurança Alimentar Moderada: 14,6%
Insegurança Alimentar Grave: 3,4%

Em entrevista ao G1, o secretário da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS), Carlos Martins, afirmou que a maior parte das pessoas que vivem em extrema pobreza e convivem mais perto com a insegurança alimentar moram no semiárido.

“A Bahia é um estado de 14 milhões de habitantes, a maior economia do Nordeste, mas também tem uma boa parte da população no semiárido e vivendo em extrema pobreza. Segundo os dados do CadÚnico, a Bahia é o estado que mais recebe Bolsa Família, isso quer dizer que a questão da fome é uma preocupação muito forte", disse o secretário.

Segundo a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS), desde o início da pandemia, o orçamento do órgão foi direcionado às ações de enfrentamento à fome e à vulnerabilidade social, que aumentaram sensivelmente desde março de 2020.

A situação preocupa já que os níveis de insegurança alimentar podem causar impactos à saúde, como a perda de energia até a morte. E a falta de dados recentes prejudica a criação de políticas públicas para atender a população.

A pesquisa da SEI foi feita em 3.956 casas em Salvador a partir de 218 setores censitários e 18 distritos entre setembro e novembro de 2017.

Mesmo com a falta de dados mais recentes, o secretário de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer de Salvador (Sempre), Kiki Bispo, é taxativo ao revelar que o número de pessoas em insegurança alimentar, que já vinha em crescimento, aumentou ainda mais durante a pandemia.

“A gente percebe pelos nossos equipamentos. Nós temos 28 CRAS [Centro de Referência da Assistência Social], sete CREAS [Centro de Referência Especializado de Assistência Social], e temos quatro centros voltados a população de rua. Então, naturalmente a gente percebe que a procura pelos nossos equipamentos tem crescido. Isso é um índice muito claro de que a pobreza tem aumentado”, disse o secretário.

Segundo o secretário da Sempre, outro aspecto que precisa ser levado em conta é a segunda onda da Covid-19 e a suspensão do auxílio emergencial do governo federal nos últimos meses.

“Na verdade, assim, o primeiro fato que devemos levar em conta é que nós estamos já em uma segunda onda da Covid-19, que voltou mais agressiva e que trouxe novamente as medidas restritivas. Essas medidas fecham comércio, elas pedem para que as pessoas fiquem em casa, então isso impacta diretamente na economia”, disse Kiki Bispo.

“Quando você tem esses indicadores, você acaba afetando também a parte social. É por isso que o número da pobreza e da extrema pobreza tem aumentado no nosso país, porque as empresas estão fechando, as lojas estão fechando e os impactos são vistos a olho nu pelas pessoas”, afirmou.

“Você percebe o aumento das pessoas em situação de rua, o aumento de desempregados, você percebe o aumento de pessoas em estado de vulnerabilidade social. Então isso traz impactos diretos”.
Segundo a Sempre, dados revelados pelo Cadastro Único da prefeitura mostram que a situação de pobreza e extrema pobreza da população também são usados para verificar a situação de segurança alimentar, já que informam a condição das famílias de adquirir e consumir os alimentos em quantidades necessárias e suficientes.

Os números apontam que mais de 170 mil pessoas vivem em situação de extrema pobreza. Já mais de 36 mil estão cadastrados como pobres em Salvador.
CadÚnico extrema pobreza - 170.174
CadÚnico pobreza - 36.736

Para tentar amenizar o sofrimento dessas pessoas, a prefeitura de Salvador, que antes cobrava R$ 1 em uma quentinha nos dois restaurantes populares, passou a ofertar a alimentação de graça.

“Além disso, nós aumentamos a oferta, porque percebemos que a procura aumentou muito nesse período. Ela pulou de 700 para 1.000 quentinhas entregues por dia”, contou Kiki Bispo.

De acordo com a prefeitura, as duas unidades, que ficam em Pau da Lima e São Tomé de Paripe, têm nutricionistas permanentes, cardápios variados com balanceamento das refeições.

"Então existe todo um critério, eu posso garantir que é uma estrutura de qualidade e quem fala isso são nossos assistidos que estão lá. Em muitos casos é a única refeição deles no dia”.

Salvador ainda conta com outros dois restaurantes populares, administrados pelo governo do estado, que ficam no bairro do Comércio e da Liberdade, e também cobram R$ 1 no prato de comida. Crianças com menos de cinco anos têm a refeição gratuita.

O secretário de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia, Carlos Martins, revelou ao G1 que uma pesquisa feita com os assistidos apontou que 74% das pessoas fazem a única refeição do dia no local.

"Nós fizemos uma pesquisa com os usuários do Restaurante Popular e 74% deles só tem uma refeição por dia. Então nós temos muitas pessoas com insegurança alimentar", apontou.

Ausência de dados recentes

A última pesquisa relacionada ao tema realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi feita em 2017-2018, e mostrou que na Bahia, 2,221 milhões de domicílios (45,3% do total), onde viviam 7,4 milhões de pessoas (50% do total), sofriam algum grau de insegurança alimentar.

O dado alarmante preocupava ainda mais, porque o total de residências com insegurança alimentar tinha crescido 21,8% no estado, entre 2013 e 2018, o que significou mais 397 mil domicílios nessa condição, no período.

Apesar de significativo, o crescimento da insegurança alimentar na Bahia no período ficou entre os mais baixos do país, por isso o estado tinha melhorado nesse ranking. Em 2013, tinha o maior número absoluto de domicílios com insegurança alimentar (1,823 milhão) e o 5° maior percentual (37,8%). Em 2017-2018, ficou com o terceiro maior número absoluto (2,221 milhões) e apenas o 14° percentual (45,3%).

Segundo o IBGE, o aumento da insegurança alimentar na Bahia, entre 2013 e 2018, foi puxado por casos leves, que afetavam 1,299 milhão de domicílios (26,5% do total de residências no estado) e 4,4 milhões de pessoas (29,8% da população).

Entretanto, em 2017-2018, faltou comida em quase um de cada cinco lares baianos (18,8% ou 922 mil), onde viviam cerca de 3 milhões de pessoas. Dentre esses, existia a estimativa de 310 mil domicílios (6,3% do total), onde moravam 987 mil pessoas, que podem ter convivido com a fome.

Entre 2013 e 2018, a Bahia foi o único estado do país em que se reduziu o número absoluto de domicílios em insegurança alimentar grave, onde pode haver fome (menos 7 mil residências nessa situação).

Ainda assim, em 2017-2018, o estado era o segundo com mais lares ameaçados pela fome (310 mil), atrás apenas de São Paulo, que tinha 381 mil domicílios em insegurança alimentar grave.

A realidade, que já era preocupante, parece ter aumentado ainda mais. Segundo um novo estudo, divulgado pelo Fantástico, no início de abril deste ano, quase 117 milhões de brasileiros não se alimentam como deveriam, com qualidade e em quantidade suficiente. Destes, 19 milhões não tem nem o que comer.

No Norte e Nordeste estão os maiores percentuais de perda de emprego, redução de rendimento familiar e corte de despesas. Quase quase 60% dos entrevistados dessas regiões contaram com auxilio emergencial. A pesquisa não foi destrinchada por estados.

Os secretários da SJDHDS e da Semps garantem que os números apontados nas pesquisas mais recentes do IBGE estão ainda maiores e que a situação ficou ainda mais agravada.

"A situação pandêmica que nós temos nos deixa preocupado. Mesmo com a solidariedade das ONGs, sociedade civil, organizações religiosas, que também fazem esse trabalho de fornecimento de alimentação para as pessoas, O quadro de insegurança alimentar é muito grave", disse o secretario do órgão estadual, Carlos Martins.

Pessoas pobres e extremamente pobres

No último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, divulgado em novembro de 2020, apontou que, em 2019, a Bahia possuía, em números absolutos, a maior quantidade de pessoas extremamente pobres e a segunda maior de pobres.

Segundo a pesquisa, em 2019, quatro em cada 10 moradores do estado (40,4% da população) estavam abaixo da linha da pobreza monetária, com renda domiciliar per capita menor que R$ 428. Além disso, pouco mais de um em cada 10 (12,5%) estava abaixo da linha de extrema pobreza, com renda domiciliar per capita menor que R$ 148.

O instituto explica que o Brasil não tem uma linha oficial de pobreza. Considerando o critério definido pelo Banco Mundial para países de renda média, adotado no acompanhamento das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a linha oficial de pobreza é de US$ 1,90 por dia em paridade de poder de compra.

De acordo com a SJDHDS, uma série de serviços e ações de enfrentamento à fome, diretos e indiretos, são ofertados com o objetivo de diminuir os efeitos da falta de alimentação adequada.

"Nesse momento é fundamental a união das três esferas do governo (federal, estadual e municipal) e ao mesmo tempo a união da sociedade civil, que também precisa se movimentar para ajudar, com o espírito de solidariedade, aqueles que mais precisam nesse momento", disse o secretário Carlos Martins.

Confira as ações feitas pela SJDHDS:
Restaurante populares

Os Restaurantes Populares mantidos pelo Governo da Bahia em Salvador serviram 311.535 mil refeições nos três primeiros meses desse ano. Segundo a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, diariamente, são servidas 4.945 refeições, sendo 2.645 na unidade Comércio e 2.300 na unidade Liberdade.

Nos três primeiros meses deste ano, foram 169.280 mil refeições servidas na unidade do Comércio e 147.200 mil refeições servidas na unidade da Liberdade. O investimento do Governo da Bahia chegou à marca de R$ 1,7 milhão nesse primeiro trimestre de 2021. Em ambos os restaurantes, o usuário paga o valor de R$ 1 pela refeição. As crianças menores de 5 anos são atendidas gratuitamente.

Em 2020, com a pandemia do novo coronavírus, os equipamentos ofertaram 1.402.275 refeições, o que significa que mais de 1 milhão de quilos de alimentos foram usados nas cozinhas dos equipamentos. Para isso, foram investidos R$ 7,7 milhões.

Programa de Aquisição Alimentar (PAA)

Nos três primeiros meses de 2021, o Programa de Aquisição de Alimentos realizou a compra e doação de 1,071 milhão de quilos de alimentos e 784 mil litros de leite, em um investimento de mais de R$ 5,4 milhões. Mais de 55 mil famílias baianas foram beneficiadas em 2021.

Em 2020, o mesmo programa foi responsável pela distribuição de 4,9 milhões de quilos de alimentos e 5,5 milhões de litros de leite.

Conforme a secretaria, mais de 213 mil famílias foram beneficiadas por alguma das duas modalidades do PAA. O investimento, que chega a R$ 27 milhões, faz parte de um convênio com o Ministério da Cidadania e conta com contrapartida do Governo da Bahia.

Em 2020, a SJDHDS entregou ainda 50 kits de equipamentos e veículos para os municípios fortalecerem a execução do programa.

Cofinanciamento

Em 2020, o Governo da Bahia repassou aos municípios R$ 35,9 milhões para o funcionamento dos diversos serviços socioassistenciais. Um total de 404 municípios receberam os recursos. O cofinanciamento garante o funcionamento de uma série de serviços socioassistenciais que atendem as famílias em situação de vulnerabilidade, entre eles as famílias beneficiárias do Bolsa Família.

Atualmente, a Bahia tem 1.844.945 famílias beneficiárias do Bolsa Família, aproximadamente 28,82% da população. Em fevereiro de 2021, o estado tinha uma demanda reprimida de 175 mil famílias.

Corra pro Abraço

No período de janeiro de 2020 a março de 2021, o programa Corra pro Abraço, que atua com uma população em situação de extrema vulnerabilidade social, alcançou a marca de 25 mil atendimentos, com distribuição de mais de 10 mil kits de lanche e 11 mil kits de higiene pessoal, além de duas mil cestas básicas a instituições e famílias em situação de vulnerabilidade da capital baiana.

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Arroz, farinha e alguma carne. É assim que se preenche o prato daqueles que têm dificuldade de acesso ao alimento em todo país. Na Bahia, faltou comida em quase um de cada cinco lares entre 2017 e 2018. Na prática, isso significa que o problema atingiu 18,8% (922 mil) dos lares do estado e afetou quase 3 milhões de pessoas. Se nesses lares, a comida foi escassa, em outros 310 mil (6,3% do total) a situação foi mais crítica: 987 mil pessoas podem ter passado até fome. Os dados são da “Análise da Segurança Alimentar no Brasil”, da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Braisleiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Nas casas onde a fome pode ter batido à porta, as famílias experimentam a chamada insegurança alimentar grave, que ocorre quando faltam alimentos para todos os moradores, inclusive crianças, podendo haver fome. Nesses lares, dados nacionais do próprio IBGE mostram que o pouco dinheiro investido na alimentação doméstica vai para farinhas de diversos tipos (R$ 24, 42 mensais) e para o arroz (R$ 15,01 mensais). Outra parcela grande do recurso é destinada as carnes (R$ 65,12 mensais).

Essas são, justamente, as prioridades na casa da auxiliar de serviços gerais Neuza Santos, 44 anos. Sem emprego fixo há mais de um ano e vivendo com algumas diárias de faxina por mês ela diz que doações na comunidade onde mora fazem a diferença.

“Aqui onde moro às vezes acontece distribuição de cesta básica e aí eu consigo uma alimentação melhor. Quando não tem, preciso escolher o que comprar e aí prefiro comprar o que rende mais’, explica ela que mora com dois filhos.

Já a autônoma Liu Santos, 38 anos, conta com benefícios do governo para complementar a renda. Ela faz parte de uma das 1.840.192 famílias possuem o benefício do Bolsa Família ativos no Estado. Segundo dados da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS), apenas no último mês de agosto, foram repassados R$ 347.957.588,00. “O dinheiro que eu recebo da bolsa família é o que faz a gente conseguir ter uma alimentação mais completa. Não chega a faltar o básico, mas muitas vezes eu preciso controlar quantidade pra chegar no fim do mês”, comenta.

Segundo o IBGE, a insegurança alimentar experimentada pelas famílias baianas interfere diretamente na forma de se consumir o alimento em casa. Quanto maior a gravidade da Insegurança Alimentar, menor é a compra de hortaliças, frutas, de produtos panificados, de carnes, aves, ovos, produtos derivados do leite, dentre outros. Além da insegurança grave, onde pode existir a fome, existem os níveis leve e moderado.

O nível leve acontece quando não há efetivamente escassez de alimentos nem fome, mas uma preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos, e as famílias chegaram a comprometer a qualidade da alimentação para que não faltasse comida. Já no grau moderado as famílias já enfrentam redução na quantidade de alimentos e pode faltar comida para os adultos.

Comparativo
Olhando para o histórico baiano da insegurança alimentar, foi a primeira vez que o número apresentou aumento depois de quedas sucessivas entre 2004 e 2013, chegando a 45,3% do total de residências em 2017 e 2018. Na comparação com outros estados, a pesquisa divulgada pelo IBGE, aponta que entre 2017-2018 a Bahia era o segundo estado com mais lares ameaçados pela fome. Ficava atrás apenas de São Paulo.

Se considerados todos os níveis de insegurança, no entanto, apesar do significativo, o crescimento da insegurança alimentar, o aumento baiano foi um dos mais baixos do país. Em 2013, a Bahia tinha o maior número absoluto de domicílios com algum grau de insegurança alimentar (1,823 milhão) e o 5o maior percentual (37,8%). Em 2017-2018, o estado foi superado, em termos absolutos, por São Paulo (4,808 milhões de domicílios em algum grau de insegurança alimentar) e Minas Gerais (2,228 milhões de domicílios) e caiu, em termos percentuais - quando consideradas os tamanhos das populações dos estados - para a 14ª posição do ranking nacional .

Solidariedade e auxílios
Quando as dificuldades chegam a gerar fome, muitas das famílias baianas precisam contar com o apoio de quem compartilha o que tem. Em algumas regiões da cidade, são projetos sociais que ajudam a garantir a comida na mesa de todos. É esse também o trabalho do Padre Renato Minho, que há 17 anos faz questão de ajudar as comunidades por onde passa.

Desde o ínicio do ano, o pároco está instalado na comunidade do Pilar, no bairro do Comércio, e mesmo com o isolamento social não foi diferente. “Desde março já distribuímos mais de 400 cestas básicas aqui na comunidade. Temos vários outros projetos também para ajudar a comunidade, mas que precisam esperar a pandemia passar”, conta ele.

Padre Renato acredita que, neste período de isolamento, as dificuldades de quem vive com menos não devem ter atingido o nível da fome. “Com a pandemia, existem vários auxílios disponíveis, o federal, do governo e prefeitura. Auxílios que também entregam cestas, projetos fazendo trabalhos, então pelo menos aqui na comunidade acredito que não faltou comida para ninguém”, explica ele, que hoje é administrador da Igreja Nossa Senhora do Pilar e Santa Luzia

Nos 17 anos como pároco, o padre já passou por bairros como Nordeste de Amaralina, Vale das Pedrinhas, Saramandaia e Santa Cruz. Sempre realizando as doações, ele conta que a realidade é comovente. “As pessoas são realmente muito carentes. Muitas vezes não tem trabalho. E o emprego é dignidade. O emprego é o que dá a garantia da comida, e se não tem emprego, a pessoa fica sempre dependente de doações. Muitas vezes famílias e idosos que não têm também qualquer garantia trabalhista, uma realidade que atinge a barriga, causa fome”.

Onde atua, o religioso se instala também para morar e ajudar de forma mais próxima. “Não quero ser apenas um passante, que dá às coisas e vai embora, eu quero morar aqui para conhecer a realidade, as demandas e dificuldades e ajudar a comunidade a crescer. E vivo feliz, é um lugar que precisa ser valorizado”.

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A insegurança alimentar cresceu entre 2013 e 2018, atingindo 4 em cada 10 domicílios e metade da população da Bahia, segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) , do IBGE, divulgada nesta quinta-feira (17). O total de residências com insegurança alimentar cresceu 21,8% no estado neste período, o que significou mais 397 mil domicílios nessa condição.

O número cresceu pela primeira vez depois de quedas sucessivas entre 2004 e 2013, chegando a 45,3% do total de residências em 2017 e 2018.

Isso significa que em 2,221 milhões de residências do estado havia preocupação ou incerteza quanto à regularidade da alimentação na quantidade necessária (insegurança leve) até a efetiva redução e falta de comida (insegurança moderada), podendo chegar à fome (insegurança grave).

A maior insegurança alimentar na Bahia foi puxada por casos leves, mas faltou comida em 1 de cada 5 lares (18,8%); dentre esses, pode ter havido fome em 310 mil, aponta a pesquisa.

Histórico
Em 2004, metade dos domicílios na Bahia (50,2%) enfrentavam algum grau de insegurança alimentar. Desde então a proporção vinha caindo e chegou ao menor patamar em 2013, com 37,8%, o que representava 1,823 milhão de residências.

Nos cinco anos seguintes, esse número cresceu 21,8%, chegando a 2,221 milhões em 2017-2018, o que significou mais 397 mil domicílios baianos em algum grau de insegurança alimentar no período.

Esse mesmo movimento aconteceu no Brasil, em geral. A proporção de domicílios em algum grau de insegurança alimentar partiu de 34,9% em 2004, recuou seguidamente até 2013, quando atingiu seu menor patamar (22,6%), e voltou a avançar, indo a 36,7% em 2017-2018, maior percentual da série histórica do IBGE.

Melhora no ranking
Apesar do aumento na insegurança alimentar, a Bahia aparece melhor no ranking nacional. Apesar de significativo, o crescimento da insegurança alimentar na Bahia entre 2013 e 2018 foi um dos mais baixos do país.

Em 2013, a Bahia tinha o maior número absoluto de domicílios com algum grau de insegurança alimentar (1,823 milhão) e o 5º maior percentual (37,8%). Em 2017-2018, o estado foi superado, em termos absolutos, por São Paulo (4,808 milhões de domicílios em algum grau de insegurança alimentar) e Minas Gerais (2,228 milhões de domicílios) e caiu, em termos percentuais, para a 14ª posição.

Insegurança leve, moderada e grave
Os casos de insegurança leve puxaram a alta na Bahia. Nessas residências não chegou a haver de fato escassez de alimentos nem fome, mas uma preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos, e as famílias chegaram a comprometer a qualidade da alimentação para que não faltasse comida.

Em 2017-2018, dos 2,221 milhões de domicílios com algum grau de insegurança alimentar na Bahia, a maioria, 1,299 milhão, enfrentava insegurança leve. Eles representavam pouco mais de 1 em cada 4 domicílios do estado (26,5% do total de residências) e abrigavam 4,407 milhões de moradores (29,8% da população baiana).

Em 2013, os domicílios baianos com insegurança alimentar leve representavam 21,8% do total de residências no estado, logo houve um aumento de 4,7 pontos percentuais em cinco anos, o que representou mais 244 mil residências no estado com insegurança alimentar leve, nesse período.

Um total de 612 mil domicílios na Bahia enfrentavam insegurança alimentar moderada em 2017-2018, o que representava pouco mais de 1 em cada 10 lares do estado (12,5%), onde viviam 1,986 milhão de pessoas (13,4% da população). Domicílios com insegurança alimentar moderada já enfrentam redução na quantidade de alimentos e pode faltar comida para os adultos.

A proporção de residências nesse grau de insegurança alimentar também cresceu em relação a 2013, quando era de 9,4%. O aumento de 3,1 pontos percentuais representou mais 160 mil domicílios, em cinco anos.

Já os domicílios baianos com insegurança alimentar grave somavam 310 mil em 2017-2018, ou 6,3% de todas as residências do estado, abrigando 987 mil pessoas (6,7% da população). Nos domicílios com insegurança alimentar grave, faltam alimentos para todos os moradores, inclusive crianças, podendo haver fome.

O percentual de residências nessa pior situação teve uma discreta variação negativa em relação a 2013, quando era de 6,6%, o que representou, em cinco anos, menos 7 mil domicílios no estado com risco de passar fome.

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