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Fundada há 22 anos, a Mondial foi a primeira empresa do Grupo MK, que hoje conta ainda com a Aiwa - de volta ao Brasil - e a X-Zone, focada nos gamers. A principal unidade da marca de eletroportáteis fica no município de Conceição do Jacuípe, a cerca de 100km de Salvador, e emprega mais de 3 mil pessoas. E vai aumentar.

Em entrevista exclusiva ao CORREIO, durante a Eletrolar Show, em São Paulo, o sócio-fundador da Mondial, Giovanni Marins Cardoso revelou que a empresa vai inaugurar uma nova fábrica, somente para airfryers, e até setembro, abrir mais de 600 novos postos de trabalho. Cardoso também comentou o momento econômico do país e o crescimento da Mondial mesmo nesse quadro de dificuldade e como se deu a parceria com a ex-BBB e cantora Juliette. Confira:

CORREIO: O setor de eletrodomésticos e eletroeletrônicos teve resultados ruins no início desse ano (retração de 24% de janeiro a maio). Como foram esses cinco meses de 2022 para a Mondial?


Giovanni Marins Cardoso: Com a pandemia, as pessoas passaram a usar mais eletroportáteis em casa. Então, usaram mais airfryers, mais liquidificadores, porque tinham que fazer comida em casa. Daí como também não tinham cabeleireiro, precisaram comprar secador de cabelo, escova, para fazer em casa. Tinham que limpar a casa, não tinham funcionário, tiveram que comprar produtos. Então, com isso, os eletroportáteis ganharam uma relevância muito grande na casa das pessoas. O mercado dos eletroportáteis, de janeiro a maio desse ano, cresceu 7% em quantidade e 14% em valor, e a Mondial cresceu 20%.

C: O mercado de ar-condicionado caiu dos últimos 12 meses, e uma das justificativas é que não fez tanto calor devido ao fenômeno La Niña. Vocês também sentiram isso?

GMC: Claro. Todo Verão La Niña é mais chuvoso e frio. Em São Paulo, em dezembro estava dando 18°, 17°. Nos grandes mercados, que são Rio e São Paulo, caiu muito. Foram 17% de queda na parte de ventilação de um ano para o outro, a maior queda que eu vi nos últimos 20 anos. A projeção para o próximo ano é que o La Niña está enfraquecendo, estamos chegando em agosto, perto do equilíbrio. Não vai ser nem La Niña e nem El Niño, possivelmente será um Verão padrão normal, o que é bom. Só não sendo nenhum dos dois, o mercado no 2° semestre deve crescer acima de 4 milhões de peças de ventiladores a mais só no sell-out [vendas para o consumidor final]. Então, estamos otimistas para a sequência.

C: Vocês tiveram problemas de falta de componentes na pandemia?

GMC: A Mondial é uma empresa que trabalha muito forte com parcerias, temos com nossos funcionários, com nossos clientes e temos parcerias com nossos fornecedores internacionais. São parceiros a longo prazo e não me faltou nenhuma peça. Por isso, crescemos muito no período.

C: Como a situação econômica do país, com alta de inflação e taxa de juros, está se refletindo para vocês?

GMC: A Mondial não é classe A, B, C ou D. A Mondial é classe G, de gente. Então, a gente tem liquidificador de R$ 129,90 e de R$ 300, todo nível de preço. Quando o dinheiro está mais curto, eu passo a vender mais os de R$ 149, R$ 159, e menos os grandões de R$ 299. A gente adapta a nossa linha de produto em função da situação econômica. Mas é claro que eu prefiro trabalhar com juros mais baixos. É custo menor para todo mundo, para o meu o vendedor e para mim também.

C: Independentemente de quem seja eleito em outubro, em termos de Brasil e Bahia, qual a expectativa da Mondial para o próximo ciclo de governos?

GMC: Nós não olhamos a mínima para isso. Temos muitos desafios internos. Onde eu não sou piloto, eu não consigo alterar a direção do rumo. Então, vamos fazer o nosso melhor todo dia, independentemente do governo que seja. Vamos crescer, evoluir, contratar gente.

C: Por falar em crescimento, alguma perspectiva de ampliação e contratações para a unidade de Conceição do Jacuípe?

GMC: Para o Grupo MK, que são as empresas de Manaus e da Bahia, vamos contratar 1.000 funcionários até dezembro. Na unidade da Bahia, 630 funcionários novos serão contratados, a maioria agora entre julho e setembro.

Unidade da Mondial no município de Conceição do Jacuípe (Foto: Divulgação)
C: Isso tem a ver com a volta da Aiwa ao país, pelo Grupo MK?

GMC: Não, a Aiwa são 370 pessoas, em Manaus. As 670 são Mondial. Nós vamos fazer uma terceira fábrica, de airfryers, na Bahia. Uma fábrica separada. Ela estava dentro do contexto total da unidade e vamos separar as airfryers, dar mais foco. A Mondial hoje é a maior fábrica de airfryers do mundo fora da China. Somos a maior fábrica do mundo de eletroportáteis fora da China, como um todo. A fábrica da Bahia é importante, a gente emprega mais de 50% da população ativa de Conceição do Jacuípe.

C: Recentemente, vocês trouxeram Juliette para ser uma parceira de vocês, na parte de cuidados pessoais.

GMC: Ela é Head de Inovação. Juliette trabalhou 10 anos como cabeleireira. Como ela tem uma grande projeção, com 32 milhões de seguidores e exercia a profissão, ela fez parte do nosso grupo de desenvolvimento de produto. Trabalhou dois ou três dias inteiros no nosso escritório desenvolvendo, dizendo ‘olha, eu fui profissional, eu sei que preciso de um cabo maior do produto, precisa de um suporte assim...’. Ela deu uma visão profissional e criou uma linha assinada por ela. Não é só uma embaixadora, é a Head de Inovação.

C: O fato dela ser nordestina [Juliette nasceu na Paraíba] e vocês terem uma fábrica na Bahia contou?

GMC: O pessoal da fábrica na Bahia fez até um movimento para trazer ela. Fizeram um filme! ‘Queremos Juliette, queremos Juliette!’ [risos]. A gente tem uma ligação muito forte com o Nordeste. A Mondial é uma empresa nacional, mas temos uma fábrica cravada no Nordeste, gostamos demais da mão de obra, da relação que temos com as pessoas. Somos uma empresa que chegou numa cidade que não tinha nada e hoje emprega 3.500 pessoas. Fiquei muito orgulhoso de poder contribuir com o desenvolvimento da ‘nossa’ Bahia.

Publicado em Economia