Guerra de facções: tiroteio à luz do dia assusta moradores de Plataforma
O bairro de Plataforma, no Subúrbio Ferroviário de Salvador voltou a ser palco de confronto entre as facções do Comando Vermelho (CV) e do Bonde do Maluco (BDM) por volta das 9h30 desta quarta-feira (18). O caso foi registrado na Rua dos Araçás, próximo ao campo de futebol do bairro. O primeiro confronto aconteceu na noite dessa terça-feira (17).
A reportagem do CORREIO apurava informações sobre os confrontos, quando ouviu ao menos 10 disparos próximos a Avenida Afrânio Peixoto, conhecida como Avenida Suburbana. Moradores ouvidos pela reportagem afirmam que homens do CV estão na região de matagal do local.
"Está acontecendo aqui na área de mata, aqui em cima do campo de futebol. Os homens do CV estão escondidos ali onde ficam as bananeiras e 'trocando tiro' com os meninos daqui. Eles estão aqui desde anteontem e armados até os dentes, então não para de ter confronto toda hora", afirma um morador, sem se identificar.
A informação que circula entre quem reside no bairro é que os homens do CV conseguiram permanecer na região de Plataforma, mesmo sem conseguir expulsar traficantes do BDM que ainda estão presentes. "Chegaram aqui na segunda-feira, quando houve os primeiros tiroteios. De lá para cá, não parou de acontecer porque eles estão entocados no mato e conseguiram ficar por lá", relata uma outra moradora, sem dizer o nome.
A Polícia Militar da Bahia (PM-BA) foi procurada pela reportagem para informar se registrou tiroteios na noite de terça-feira, mas respondeu que não foi acionada para a ocorrência descrita. No momento do tiroteio já nesta manhã, moradores que estavam nas ruas correram e tentaram se proteger dos tiros.
Um motoboy, que ia deixar uma criança na Rua das Araçás, precisou voltar as pressas no momento em que ouviu os primeiros disparos. "Eu ia deixar o pequeno lá e, pouco depois, ouvi os pipocos. Na hora, dei a volta com a moto e trouxe ele de volta. A gente pensa que é sossegado durante o dia, mas parece quem nem isso mais tem. É tiro toda hora e todo mundo corre risco", fala ele, sem saber como vai deixar a criança no local.
Parte dos estudantes do Colégio Estadual Bertohldo Cirilo dos Reis, localizado em Plataforma, foi liberada após o tiroteio. A reportagem ouviu estudantes que explicaram a situação. "Depois dos tiros, eles avisaram que iam liberar, mas também que quem não se sentisse seguro poderia ficar. Uma parte dos alunos saiu e outra ficou. Agora, eles trancaram o portão por segurança e só vão liberar depois das 11h, quando tudo estiver mais calmo".
O Colégio Estadual de Plataforma também suspendeu as aulas e os estudantes aguardam para ir para casa. O CORREIO entrou em contato com a Secretaria Estadual da Educação (SEC) para saber informações sobre as aulas e aguarda resposta.
Nas escolas municipais Úrsula Catarino e São Braz, os alunos foram liberados apenas na companhia dos pais. No entanto, a Secretaria Municipal da Educação (Smed) informou, por meio de sua assessoria, que as aulas na rede municipal não foram afetadas.
Apesar dos tiroteios, o comércio na região segue em funcionamento normal e moradores circulam no bairro em direção a Avenida Suburbana. Viaturas da Rondesp circulam nas ruas.