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Quando o assunto é proteção contra a covid-19, o bê-á-bá já está decorado: uso de máscaras e distanciamento social, álcool em gel e lavar as mãos com frequência. Mas, e contra a varíola do macaco, como é que faz? Com a confirmação do primeiro caso da doença na Bahia, muita gente tem se feito essa pergunta. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), no Brasil já foram registrados mais de 200 casos da doença. Na Bahia, um paciente de Salvador teve a suspeita confirmada nesta quarta-feira (13), o que aumenta o medo da contaminação pelo vírus. De todo modo, apesar de apresentar uma capacidade de transmissão muito inferior ao coronavírus, a varíola pode ser combatida com estratégias bem parecidas.

É isso que indica o médico infectologista Matheus Todt. Ele aponta que é importante evitar ao máximo contato físico direto, principalmente com quem está infectado e apresenta lesões. "O distanciamento social é fundamental, principalmente de pessoas com sintomas suspeitos da doença. A higiene ambiental, o uso do álcool 70% e a higienização das mãos são ações também efetivas. O vírus da Monkeypox [o nome americano da varíola do macaco] é capaz de ficar mais tempo em um ambiente do que o da covid-19, mas ele não é resistente à grande maioria dos higienizantes", afirma ele.

Outra médica que também incentiva a continuidade do hábito de cuidar da higiene pessoal é a infectologista Clarissa Cerqueira. De acordo com ela, a ação é importante pois a monkeypox também é transmitido por meios além do contato físico. "A varíola do macaco é transmitida de maneira direta de pessoa para pessoa e também através de fômites, que são superfícies e objetos. Então, quando você higieniza as mãos, ao pegar em superfícies, consegue evitar a transmissão da doença. A nível de produto, para as mãos, o que recomendamos é álcool em gel e água e sabão", afirma a médica.

Quem está de acordo com as orientações dos dois médicos é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que já divulgou nota oficial para recomendar a adoção de medidas de proteção. "Tais medidas não farmacológicas, como o distanciamento físico sempre que possível, o uso de máscaras de proteção e a higienização frequente das mãos, têm o condão de proteger o indivíduo e a coletividade não apenas contra a Covid-19, mas também contra outras doenças", indica em texto, ressaltando que segue alerta e vigilante quanto ao cenário epidemiológico nacional e internacional.

O virologista Gúbio Soares, ao falar sobre os cuidados que podem evitar a transmissão, ressalta que, no caso da Monkeypox - como a varíola é chamada em inglês -, os maiores riscos de contaminação estão em uma proximidade física mais direta. "É um contágio que vem de um contato muito próximo, em relações sexuais, abraços ou por roupas contaminadas. Porém, o risco de se espalhar pelo mundo ainda não existe. [...] Deve-se evitar os contatos muito próximos, essa é a prevenção. Isso porque o que representa um risco maior são contatos íntimos", explica Soares.

Cuidados extras para os infectados

Ainda de acordo com o médico, quem tem a maior capacidade de evitar que a doença se espalhe são pessoas já infectadas. Ele afirma que observar os sintomas, acionar autoridades de saúde e se isolar são atitudes imediatas de quem notar uma possibilidade de contaminação pela varíola. "É necessário que, imediatamente, quem esteja com suspeita por apresentar sintomas comunique os agentes de saúde, se isole e que a família ou amigos que entraram em contato direto recentemente sejam isolados", fala o virologista, citando a febre, dor de cabeça e no corpo e o aparecimento de várias bolhas pelo corpo como principais sintomas.

Para quem ainda tem dúvidas de como de fato a varíola se manifesta no corpo de pessoas infectadas por ela, Matheus Todt faz uma comparação com uma doença mais conhecida para facilitar o reconhecimento da Monkeypox. "Parece muito um caso de catapora, com febre, dor no corpo, dor nas costas e o aparecimento dessas bolhinhas. A diferença é que essas são mais profundas, começam geralmente da face, passam pelo tronco e chegam também na região genital. Além disso, as bolhas aparecem, todas estouram, viram casquinha e depois saem", destacando que a doença apresenta uma evolução homogênea.

Destaca-se também o fator epidemiológico. Se a pessoa esteve em um país que apresenta surto da doença ou mesmo contato com alguém que passou por um local assim, é preciso estar ainda mais atento. Clarissa Cerqueira ressalta que o chamado para as autoridades de saúde precisa ser rápido. "Quem apresenta sintomas deve imediatamente procurar atendimento médico e evitar contato com outras pessoas. As autoridades sanitárias vão investigar o caso e seus contactantes próximos", completa.

O caso suspeito de varíola dos macacos que vinha sendo investigado pelos centros de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) de Salvador e o da Bahia foi descartado laboratorialmente. O resultado foi divulgado na manhã da última quinta-feira (16). A suspeita foi em indivíduo residente na capital baiana que apresentou a tríade de sintomas da doença: febre alta de início súbito, adenomegalia e erupção cutânea. O indivíduo encontra-se internado em unidade hospitalar da rede privada, em Salvador.

Veja como identificar a varíola do macaco

Sintomas comuns - Nos primeiros dias de manifestação é comum ter dor de cabeça, dor abdominal e febre. Ao longo da contaminação, o cenário evolui para erupção cutânea.

Duas etapas - a Infectologista da SMS de Salvador, Adielma Nizarala, explica que os sintomas do vírus se dão em duas fases. Antes, ainda há um período de incubação de 6 a 13 dias, em média, podendo chegar a 21 dias sem sintomas. Após a encubação, começam a aparecer os sintomas virais, como febre, dor abdominal e dor de cabeça. Tosse e dor de garganta surgem com menos frequência. Depois de cinco dias da apresentação dos sintomas virais, começam as apresentações mais características da doença: é quando as erupções cutâneas sobressaem como manchas vermelhas e depois ganham sobrelevação, criando vesícula com líquido que pode romper ou secar e, por fim, desaparecer.

Cuidado com as bolhas - A médica Adielma Nizarala salienta que dentro das vesículas existe grande quantidade do vírus, por isso, é importante não ter contato pele a pele com a pessoa contaminada até a ferida sarar, para evitar a propagação da varíola.

 

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O Brasil já tem 219 casos confirmados de varíola dos macacos. O total de casos foi contabilizado pela Agência Brasil, com base em informações divulgadas pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro.

Segundo o Ministério da Saúde, São Paulo tem o maior número de casos: 158. Em seguida, aparece o Rio de Janeiro, que, de acordo com a Secretaria de Saúde do estado, soma 34 confirmações da doença.

O Ministério da Saúde informa que os outros casos foram registrados nos estados de Minas Gerais (14), Paraná (três), Rio Grande do Sul (três), Ceará (dois), Rio Grande do Norte (dois), Goiás (dois) e Distrito Federal (um).

Publicado em Saúde

O Ministério da Saúde da Argentina confirmou, nesta sexta-feira (27), o primeiro caso da varíola dos macacos no país. Esse também é o primeiro caso confirmado da América Latina. A informação é jornal argentino Clarín.

Está em análise um segundo caso suspeito no país, sem relação com esse primeiro. Seria um residente da Espanha que está de visita na província de Buenos Aires.

O paciente confirmado com a doença também veio do país espanhol. Ele voltou de uma viagem no último dia 16 de maio e procurou atendimento em um hospital de Buenos Aires no domingo (22), com lesões pelo corpo e febre.

Ambos estão em bom estado de saúde e em tratamento, segundo o jornal.

Nesta sexta, a chefe da Divisão Global de Preparação para Riscos Infecciosos da Organização Mundial da Saúde (OMS), Sylvie Briand, pediu que as autoridades internacionais reajam rapidamente para conter a propagação da varíola dos macacos.

Cerca de 22 países confirmaram 300 casos desde 7 de maio, quando o primeiro paciente foi diagnosticado com a doença no Reino Unido.

O governo argentino aguarda os resultados dos testes de sequenciamento do vírus para ter mais detalhes sobre o tipo de varíola dos macacos que causou a infecção.

“Estamos aguardando o sequenciamento para poder saber se é um tipo leve, como os que circulam na Europa ou se é mais grave”, disse uma fonte oficial ao jornal argentino.

Origem do vírus

O surto de varíola de macaco que se espalhou pelo mundo pode ter origem em duas festas na Europa, segundo um especialista da Organização Mundial da Saúde (OMS). David Heymann, que costumava chefiar o departamento de emergências do órgão, revelou que essa é a principal teoria até o momento.

“Sabemos que a varíola dos macacos pode se espalhar quando há contato próximo com as lesões de alguém que está infectado, e parece que o contato sexual agora amplificou essa transmissão. É muito possível que alguém tenha se infectado, desenvolvido lesões nos genitais, nas mãos ou em outro lugar, e depois tenha espalhado para outras pessoas quando houve contato sexual ou físico próximo", explicou.

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O Ministério da Saúde da Argentina investiga o primeiro caso suspeito de varíola do macaco (monkeypox) registrado no país. O comunicado foi feito no último fim de semana. Por meio de nota, a autoridade governamental disse que um morador da província de Buenos Aires entrou em contato com o serviço de saúde com sintomas "compatíveis com o da varíola do macaco". O paciente apresentou pequenas feridas em distintas partes do corpo e febre. A pessoa infectada acabou de retornar de viagem à Espanha, onde ocorreu um pequeno surto da doença.

Por conta da proximidade entre Argentina e Brasil, países da América do Sul que fazem fronteira, especialistas brasileiros estão atentos para uma possível chegada do vírus ao território nacional, embora nenhuma medida efetiva de contenção tenha sido tomada. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) constituiu uma Câmara Técnica Temporária, nomeada de CâmaraPox MCTI, para monitorar os registros e o avanço do vírus pelo mundo. Já o Ministério da Saúde (MS) acompanha o caso suspeito de um brasileiro que está na Alemanha.

Na Bahia, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) garantiu que não há casos suspeitos. Questionada sobre o monitoramento ou adoção de algum protocolo especial de monitoramento e prevenção, o órgão não respondeu. Mas deu orientações de como os baianos residentes ou viajantes para países com registros podem escapar do contágio:

"Devem evitar o contato com animais doentes (vivos ou mortos) que possam abrigar o vírus da varíola do macaco (roedores, marsupiais e primatas); abster-se de comer ou manusear caça selvagem; higienizar as mãos com água e sabão ou álcool em gel; evitar a exposição ao vírus e evitar contato com pessoas infectadas; além de não usar objetos de pessoas contaminadas e com lesões na pele", respondeu a Sesab, em nota.

A infectologista baiana Clarissa Cerqueira acredita que o registro de um caso na Argentina deve alertar as autoridades sanitárias brasileiras e torna ainda mais provável a chegada da varíola de macacos ao país.

"Com certeza já é uma situação de alerta. Na Europa já era, porque é um vírus mais contido na África. Agora, chegando na América do Sul, com um mundo globalizado, contatos frequentes e todo mundo viajando, a chance de chegar aqui é grande", diz.

A médica ainda ressalta que o ideal seria ter protocolos para conter o vírus, mas, como os casos ainda estão no começo, é um momento de observação para as autoridades sanitárias.

Brasil em atenção

Desde a semana passada, especialistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que formam a comissão do MCTI entregaram informes técnicos relativos à monkeypox, detalhando quais são os meios de contágio e o que já se sabe sobre os registros em outros países.

Já o MS solicitou maiores informações à Organização Mundial da Saúde (OMS) e também enfatizou a não letalidade da doença.

"A varíola do macaco é doença viral endêmica no continente africano e que, até o momento, não há notificação de óbitos entre os casos detectados em países não endêmicos”, disse a pasta, por meio de nota.

Pelo mundo

O infectado por monkeypox na Argentina se encontra em um bom estado de saúde e em isolamento, recebendo tratamento para os sintomas, disseram nesta segunda-feira (23), as autoridades portenhas de vigilância sanitária.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que espera identificar mais casos da doença à medida que países onde a ela normalmente não é encontrada aumentem a vigilância. Até sábado (21), 94 casos haviam sido confirmados e 28 suspeitas foram relatadas em 15 países que não são endêmicos para o vírus.
Na última sexta (20), a OMS convocou uma reunião de emergência para discutir o avanço do vírus na Europa.

Os casos confirmados já chegam a 37 em Portugal, após 14 pessoas terem a doença detectada nas últimas horas. As autoridades de saúde não descartam um aumento porque aguardam resultados de outras amostras. O número de casos confirmados no país disparou desde a quarta-feira (18), quando a Direção Geral de Saúde (DGS) de Portugal comunicou os primeiros cinco doentes.

A Inglaterra já tem 20 casos confirmados, de acordo com a última atualização de sexta-feira (20). A Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido disse que o risco para a população britânica permanece baixo, e que pessoas com contato próximo aos casos confirmados devem se isolar por 21 dias.

O que é

A varíola do macaco é causada por um orthopoxvirus. É uma doença rara, transmissível por contato com animais e pessoas infectadas ou materiais contaminados. O vírus foi detectado pela primeira vez na República Democrática do Congo, em 1970, e se multiplicou em países da África Ocidental e Central.

Os sintomas incluem febre, dor de cabeça e erupções cutâneas que começam no rosto e se espalham pelo corpo.

De acordo com autoridades de saúde espanholas, a doença não é particularmente infecciosa entre as pessoas, e a maioria dos infectados recupera-se em algumas semanas, embora casos graves tenham sido relatados.

Dengue com catapora

A infectologista Clarissa Cerqueira explica que a varíola do macaco parece uma mistura de catapora com dengue, porque os sintomas incluem febre, dores de cabeça e no corpo e a sensação de fraqueza típicas da dengue, com as erupções na pele que lembram a catapora. A doença, ainda segundo a especialista, é da mesma família da antiga e conhecida varíola, que foi erradicada e tinha uma taxa de letalidade que a tornava perigosa no passado.

"Clinicamente, não tem muita diferença. São parecidas por serem de um vírus da mesma família. Uma das grandes diferenças é a mortalidade. A varíola erradicada é mais grave que a de macaco, que tem a maioria dos casos como assintomáticos”.

Uma das medidas preventivas para conter a varíola do macaco é a vacinação com o imunizante usando para a antiga varíola até 1973. Porém, quem já se vacinou antes, precisaria repetir a dose em um cenário ideal, segundo Clarissa Cerqueira.

"Como a vacina é de vírus vivo atenuado, em geral uma dose é suficiente para proteger para o resto da vida. Mas o ideal seria que todo mundo tomasse porque se passou muito tempo e, em situações de surto, pode ser que precise vacinar todo mundo. Eu diria que a gente deveria priorizar os não vacinados, mas também disponibilizar para aqueles que tomaram a vacina antes", completa.

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