Quarta, 06 Novembro 2024 | Login
Bahia com Tudo

Bahia com Tudo

De R$ 600 para R$ 1,2 mil. Esse foi o aumento na compra de mil unidades de tijolos numa das lojas de material de construção mais populares de Salvador, O Fazendão, em Cajazeiras. O aumento de 100% não é exclusivo da empresa do seu Gilberto Cerqueira, 60 anos. O CORREIO entrou em contato com pelo menos 10 lojas de material de construção de sete cidades baianas, e confirmou não só o crescimento do valor do produto, como também a sua falta.

“Blocos? Não temos. Estou com oito páginas de clientes aguardando o produto chegar. O fornecedor diz que vai chegar na próxima semana, é a nossa previsão, mas ele sempre diz isso e não entrega. A gente fica só aguardando... estamos vivendo um cenário complicado e estressante”, disse Claudia Azevedo, gerente da Torres Materiais de Construção, localizada em Cajazeiras.

“Eu não sei qual loja de Salvador tem bloco atualmente, pois faço parte de um grupo em que todos estão com esse problema”, completou Azevedo. O grupo em questão é o da Associação dos Comerciantes de Material de Construção da Bahia (Acomac-BA), cujo presidente, Geraldo Cordeiro, confirma a falta do material.

“Como estamos num período chuvoso, isso dá impacto direto na cerâmica. As empresas têm dificuldade para extrair o barro na chuva e também a madeira, que é usada na queima dos blocos, não pode estar molhada. Mas também junta a isso o aumento do consumo do produto nessa pandemia. O setor está registrando um aumento geral de 10% nas vendas”, disse.

Das cinco empresas de Salvador procuradas pela reportagem, somente a Construa Barato, da Mata Escura, disse ter o bloco. O local vende somente por delivery. “A gente teve que encontrar um bom fornecedor que fica na divisa da Bahia com o Espírito Santo. Por ser mais em conta, tô vendendo o milheiro por R$ 1,060 mil, mas já cheguei a vender por R$ 1,2 mil”, disse o dono da loja, Tom Sampaio.

Fábrica
O dono da Cerâmica Santos, de Livramento de Nossa Senhora, centro-sul baiano, afirmou que esse é o primeiro reajuste de preço dos blocos em 12 anos, o que foi possível pelo aumento de demanda. “Sempre nós vendemos aquilo que estava no patamar da produção e hoje nós temos uma demanda que não conseguimos suprir. Produzimos cerca de 600 mil peças por mês e continuamos nessa produção máxima, mas não podemos passar disso”, afirmou.

Já em Luis Eduardo Magalhães, no extremo oeste, um aumento de quase 100% no preço do produto foi registrado pela Oeste Material de Construção, que também está com o produto em falta. “Eles ainda estão entregando um pedido de 40 dias de atraso e que vai direto para os clientes que encomendaram”, afirmou o dono da loja, Luciano Araújo. Lá, o valor do milheiro saltou de R$ 420 para R$ 800.

Em Barro Preto, cidade vizinha de Itabuna, no sul da Bahia, a Marcosta Materiais de Construção também está sem blocos. Lá o aumento no preço foi menor: saltou de R$ 500 para R$ 650, segundo o gerente Wildson Bernades Guimarães. “Em Itabuna, vejo que o valor vendido pelo setor é ainda maior: R$ 800”, disse.

Em Feira de Santana, esse crescimento no preço dos blocos foi tão expressivo que Jorge Morais, dono da Massa Fina Material de Construções, decidiu parar de vender o produto há três meses. “É um produto que necessita de uma logística muito grande e o preço tá alto, chega a ser constrangedor para o cliente, que está fazendo a obra e precisa terminar. Antes eu vendia por R$ 500 e, se ainda continuasse a vender, seria com um aumento de 90%”, afirmou.

Outros materiais
Quem é dono de loja de material de construção não reclama apenas da falta e do aumento do preço de tijolos. “Eu estou há 35 dias sem blocos na loja, mas também não tenho inox, Se tivesse todos os itens, o movimento seria bem melhor”, explica Giovanni Argolo, gerente da O Fazendão, loja de Cajazeiras. “O tempo de espera do PVC está de 45 dias. Hoje, eu não tenho uma porta sanfonada e uma vara de tubo de 100 para oferecer ao cliente”, reclamou Claudia Azevedo, da Torres Materiais de Construção.

Em Lauro de Freitas, Marcio Nascimento, dono da Construpiso, diz que o maior problema da sua loja são fios e cabos. “Não consigo encontrar. O preço subiu muito. O mesmo é com piso e revestimento”, afirmou. Já em Barreiras, Marizete Azevedo, dona da Casa Santa Luzia, relata seu drama: “tá faltando cimento, telha, ferro de todos os tamanhos e tipos, e piso. Está muito difícil trabalhar”.

Para Rosivaldo Califa, dono de uma loja de materiais de construção de Itabuna que leva o seu sobrenome, o aumento na demanda fez com que as fábricas tivessem dificuldades de fornecer os produtos. “As lojas de roupa estavam fechadas e as pessoas não tinham onde gastar dinheiro. Aí vieram gastar com a gente. O povo ficou em casa e começou a reformar”, disse.

A consequência da falta de mercadoria é o aumento dos preços, registrado por todos os comerciantes entrevistados. “Eu acho que vai ter que ter a mão do governo para frear isso, pois tá tendo muito aumento”, defende seu Califa. A verdade é que, mesmo com o crescimento dos preços, o aumento nas vendas do setor é constatado.

“Na região de Feira de Santana o aumento de vendas foi de 12%. Já em Itabuna e região cacaueira foi 10%, que é a média do estado. Agora a região campeã foi a do centro-oeste baiano, também influenciado pelo bom momento vivido pelo agronegócio baiano: 18% de crescimento”, afirmou Geraldo Cordeiro, presidente da Acomac-BA.

O fornecimento do auxílio emergencial é apontado pelo setor como um fator que ajudou no aumento das vendas, “principalmente nas periferias das cidades e regiões do interior. As pessoas reservaram parte desse dinheiro para fazerem simples melhorias em suas residências”, disse Geraldo. O pedreiro Carlos Pereira, que trabalha em cajazeiras, diz não perceber aumento na demanda. “Eles só chamam para coisas mais urgentes”, disse, ao explicar que, para ele, essas obras são feitas pelos próprios moradores.

Mais emprego
Mesmo em plena pandemia do novo coronavírus, Salvador registrou em julho a criação de 439 empregos formais no setor da construção civil, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (24) do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Além do segmento, outra área que obteve resultado positivo foi a da indústria, com 34 postos gerados.

“Temos que comemorar esses resultados, que são frutos de muito trabalho da Prefeitura para reativar a economia. Vínhamos numa velocidade enorme de geração de emprego e, apesar da crise causada pela Covid-19, não diminuímos os investimentos em infraestrutura para melhorar a condição da cidade, bem como manter os postos”, explica o titular da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), Sérgio Guanabara.

“Como forma de minimizar os impactos causados pelo coronavírus, procuramos evoluir com parcerias privadas e estipulamos metas de emissão de alvará para que as obras não parassem. Sofremos muito, mas temos trabalhado com propósito firme de recuperar os níveis de emprego. Um exemplo disso é o plano de estímulo a diversos segmentos da economia local, composto por 101 ações inovadoras para o desenvolvimento da capital”, acrescenta Guanabara.

Os bancários que atuam na Bahia decidiram decretar estado de greve em todo território baiano, após assembleia online realizada na noite de terça-feira (25).

Presidente licenciado do sindicato que representa a categoria, Augusto Vasconcelos disse ao bahia.ba que, somente no primeiro semestre deste ano, os bancos tiveram lucros superiores a R$ 24 bilhões, mas “insistem em retirar direitos dos bancários e desrespeitam a população”.

“Os bancos representam o setor mais lucrativo da economia nacional. A nossa pauta contempla a defesa dos empregos, manutenção dos direitos, contra privatização dos bancos públicos e melhores condições de trabalho”, afirmou, nesta quarta-feira (26).

Além dos pontos citados, a categoria briga ainda para negociar ajustes com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), que teria proposto reajuste zero por dois anos. “Na quinta, 20h, teremos nova assembleia para avaliar os resultados da negociação. Esperamos que seja possível uma saída negociada, mas é inaceitável a intransigência dos bancos”, declarou Vasconcelos.

“O entendimento da categoria é de que não há justificativa para a atitude das empresas, uma vez que o setor bancário segue lucrativo e, mesmo sem precisar, recebeu ajuda do governo federal para enfrentar a pandemia”, acrescenta nota divulgada pela categoria.

Os bancários que atuam na Bahia decidiram decretar estado de greve em todo território baiano, após assembleia online realizada na noite de terça-feira (25).

Presidente licenciado do sindicato que representa a categoria, Augusto Vasconcelos disse ao bahia.ba que, somente no primeiro semestre deste ano, os bancos tiveram lucros superiores a R$ 24 bilhões, mas “insistem em retirar direitos dos bancários e desrespeitam a população”.

“Os bancos representam o setor mais lucrativo da economia nacional. A nossa pauta contempla a defesa dos empregos, manutenção dos direitos, contra privatização dos bancos públicos e melhores condições de trabalho”, afirmou, nesta quarta-feira (26).

Além dos pontos citados, a categoria briga ainda para negociar ajustes com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), que teria proposto reajuste zero por dois anos. “Na quinta, 20h, teremos nova assembleia para avaliar os resultados da negociação. Esperamos que seja possível uma saída negociada, mas é inaceitável a intransigência dos bancos”, declarou Vasconcelos.

“O entendimento da categoria é de que não há justificativa para a atitude das empresas, uma vez que o setor bancário segue lucrativo e, mesmo sem precisar, recebeu ajuda do governo federal para enfrentar a pandemia”, acrescenta nota divulgada pela categoria.

Ao menos 6,37 mil pontos de venda na Bahia fecharam as portas no segundo trimestre deste ano, aponta um levantamento realizado pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) e pela Fecomércio-BA. Todos os estados brasileiros registraram retração no setor de varejo.

A Bahia (-6,37mil), no entanto, ocupa a 6ª posição em perdas no Brasil, sendo antecedida por São Paulo (-40,43 mil), Minas Gerais (-16,13 mil), Rio de Janeiro (-11,37 mil), Rio Grande do Sul (-9,69 mil) e Paraná (-9,48 mil). No Nordeste, o varejo baiano lidera o ranking de lojas fechadas, seguido de Pernambuco (-4,25mil) e Ceará (-3,35mil).

A crise provocada pelo novo coronavírus fez com que o país perdesse um total de 135 mil lojas – pontos de venda com vínculos empregatícios – entre abril e junho de 2020. O número corresponde a 10% do total de estabelecimentos verificado antes da pandemia e supera a perda anual registrada em 2016, que foi de 105,3 mil lojas.

De acordo com a CNC e Fecomércio-BA, os segmentos mais afetados atuam no comércio de itens considerados não essenciais, como lojas de utilidades domésticas (-35,3 mil estabelecimentos); vestuário, tecidos, calçados e acessórios (-34,5 mil lojas); e comércio automotivo (-20,5 mil). O varejo de produtos de informática e comunicação foi o segmento a registrar as menores perdas absolutas (-1,2 mil) e relativas (-3,6%) no número de estabelecimentos em operação.

Já em alguns ramos do chamado varejo essencial, diretamente menos afetados pelo isolamento social, o fechamento de pontos de venda se deu de forma menos intensa do que a média do setor (-9,9%), em sua maioria. É o caso dos hiper, super e minimercados (-4,9%) e das farmácias; perfumarias e lojas de cosméticos (-4,3%).

Mesmo autorizado a funcionar na maior parte do país, o ramo de combustíveis e lubrificantes se viu indiretamente prejudicado pela queda na circulação de consumidores (-12,2%).

Vendas

“As vendas presenciais, historicamente a principal modalidade de consumo, tiveram o volume muito reduzido neste período”, afirma José Roberto Tardos, presidente da CNC. Para ele, “apesar do grave quadro conjuntural no segundo trimestre, o ritmo de recuperação das vendas no comércio tem surpreendido positivamente, impulsionado por fatores como a intensificação de ações de venda via e-commerce”.

Expectativa de recuo

A CNC projeta recuo de 6,9% no volume de vendas do setor. Levando-se em conta esse cenário a expectativa da entidade é de que o varejo brasileiro chegue ao final deste ano com 1,252 milhão de estabelecimentos com vínculos empregatícios – menos 88,7 mil, na comparação como fim de 2019.

O presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo, teve que voltar atrás na nomeação de um cantor lírico como representante da fundação na Bahia. A informação é da coluna de Guilherme Amado, da revista Época.

De acordo com a publicação, a anulação aconteceu porque o Ministério da Economia comunicou à Palmares que o órgão já havia atingido o percentual máximo para ocupação de cargos em comissão no nível em que o cantor seria nomeado.

A portaria para tornar sem efeito a nomeação de foi publicada na segunda-feira (24). O cantor havia sido nomeador 20 dias antes, em 4 de agosto.

Ainda segundo a coluna, Del’Arco, de 26 anos, é cantor lírico e, embora não tenha citado em seu currículo nenhum estudo, especialização ou projeto voltado à cultura negra, seria o responsável por promover a identidade cultural de remanescentes de quilombolas na Bahia.

Ele também informara ao Ministério do Turismo, pasta a que a Fundação Palmares é vinculada, não ter experiência mínima de dois anos em “atividades correlatas às áreas de atuação do órgão ou da entidade ou em áreas relacionadas às atribuições e às competências do cargo ou da função”

A Bahia ultrapassou a marca de 5 mil mortes pela covid-19 nesta terça-feira (25), data em que o estado voltou a registrar um alto número de novos casos da doença: 3.731.

Desde o início da pandemia, declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 11 de março, 5.051 baianas e baianos já perderam a vida para a doença, de acordo com dados do novo boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab).

A taxa de crescimento de novos casos da doença é de 1,6%, com 4.095 curados (+1,9%). Dos 240.939 casos confirmados desde o início da pandemia, 224.036 já são considerados curados e 11.852 encontram-se ativos.

Para fins estatísticos, a vigilância epidemiológica estadual considera um paciente recuperado após 14 dias do início dos sintomas da covid-19. Já os casos ativos são resultado do seguinte cálculo: número de casos totais, menos os óbitos, menos os recuperados. Os cálculos são realizados de modo automático.

Os casos confirmados ocorreram em 414 municípios baianos, com maior proporção em Salvador (30,88%). Os municípios com os maiores coeficientes de incidência por 100.000 habitantes foram: Almadina (4.941,43), Dário Meira (4.547,15), Salinas da Margarida (4.257,36), Itapé (4.189,02) e Ibirataia (4.120,95).

O boletim epidemiológico contabiliza ainda 446.294 casos descartados e 85.077 em investigação. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA), em conjunto com os Cievs municipais e as bases de dados do Ministério da Saúde até as 17h desta terça (25).

Na Bahia, 19.096 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19. Para acessar o boletim completo, clique aqui.

Óbitos
O boletim epidemiológico desta terça contabiliza 70 óbitos que ocorreram em diversas datas, conforme tabela abaixo. A existência de registros tardios e/ou acúmulo de casos deve-se a sobrecarga das equipes de investigação, pois há doenças de notificação compulsória para além da covid-19.

Outro motivo, segundo a Sesab, é o aprofundamento das investigações epidemiológicas por parte das vigilâncias municipais e estadual a fim de evitar distorções ou equívocos, como desconsiderar a causa do óbito um traumatismo craniano ou um câncer em estágio terminal, ainda que a pessoa esteja infectada pelo coronavírus.

O número total de óbitos por covid-19 na Bahia desde o início da pandemia é de 5.051, representando uma letalidade de 2,10%.

Perfis
Dentre os óbitos, 56,31% ocorreram no sexo masculino e 43,69% no sexo feminino. Em relação ao quesito raça e cor, 51,89% corresponderam a parda, seguidos por branca com 15,80%, preta com 15,42%, amarela com 0,85%, indígena com 0,12% e não há informação em 15,92% dos óbitos. O percentual de casos com comorbidade foi de 75,98%, com maior percentual de doenças cardíacas e crônicas (77,49%).

A base de dados completa dos casos suspeitos, descartados, confirmados e óbitos relacionados ao coronavírus está disponível em https://bi.saude.ba.gov.br/transparencia/.

Sem acordo entre os Correios e o sindicato que representa a categoria que decretou paralisação nacional na semana passada, a empresa ajuizou, nesta terça-feira (25), o Dissídio Coletivo de Greve no Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Desde o início de julho, os Correios argumenta que tenta negociar com as entidades representativas dos empregados os termos do ACT. Dando continuidade às ações de fortalecimento de suas finanças e consequente preservação de sua sustentabilidade, a empresa apresentou uma proposta que visa a adequar os benefícios dos empregados à realidade do país e da estatal.

Os Correios ressaltam que os vencimentos de todos os empregados seguem resguardados e os trabalhadores continuam tendo acesso, por exemplo, ao benefício Auxílio-creche e aos tíquetes refeição e alimentação, em quantidades adequadas aos dias úteis no mês, de acordo com a jornada de cada trabalhador.

Estão mantidos ainda – aos empregados das áreas de Distribuição/Coleta, Tratamento e Atendimento -, os respectivos adicionais.

A paralisação parcial da maior companhia de logística do Brasil, em meio à pandemia da Covid-19, traz prejuízos financeiros não só aos Correios, mas a inúmeros empreendedores brasileiros, além de afetar a imagem da instituição e de seus empregados perante a sociedade.

Já os sindicatos que representam os trabalhadores alegam que a empresa descumpriu o dissídio julgado pelo TST no ano passado e "tenta passar a rasteira nos trabalhadores via STF. Com isso, cerca de 70 cláusulas do Acordo Coletivo foram extintas ou reduzidas à CLT. Os cortes já foram anunciados oficialmente pela Empresa nos comunicados internos", diz um comunicado do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR).

No 12º andar de um prédio no Campo Grande, em Salvador, Júlia Santana** ouvia gritos de sua vizinha de porta com o namorado, em mais uma briga frequente do casal. “Era um prédio com quatro apartamentos por andar e o meu era do lado do dela. Eu ouvia umas brigas, gritaria de vez em quando. Um dia, quando entrei em casa, ouvia muitos gritos, ela reclamando que ele era casado e que ela não sabia, que ela sustentava ele. Ele gritava muito, jogava umas coisas. Ela chorava e gritava para ele parar”, relata.

Júlia revela que ligou para a portaria, ameaçou chamar a polícia, mas ficou receosa. “Fiquei com medo de chamar o elevador, ele abrir a porta e fazer alguma coisa comigo também. Desci, liguei pra polícia e falei que estava saindo de casa porque estava com medo do homem. Foi assustador. Fiquei apavorada”, relatou Júlia sobre um episódio que ocorreu há três anos.

No edifício de Janaína Veiga, no Itaigara, as ameaças que ecoavam pela paredes também geraram pânico. “Meus vizinhos de porta sempre têm brigas homéricas, mas teve uma vez que a gente (ela, o irmão e mãe, que moram juntos) ficou muito assustado. A gente não sabia se era o pai brigando com a filha ou o irmão brigando com a irmã. Era falando que ia bater, que ia fazer acontecer, que ia matar o outro. Eu estava muito nervosa e não sabia o que fazer. Liguei para a portaria falando o que tava acontecendo e que não sabia se ligava para a polícia ou se eles tinham algum código de conduta. Eles falaram que iam tentar ligar primeiro para dizer que estavam ouvindo e prestando atenção. Mas não deu em nada”, narra a estudante de psicologia.

Episódios como esses, a partir de agora, devem ser obrigatoriamente relatados à polícia e aos órgãos competentes, seja em casos de violência doméstica ou familiar contra mulheres, crianças, adolescentes e idosos. A exigência veio após a sanção da Lei 14.278, no dia 12 de agosto, aprovada por unanimidade na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). Os síndicos ou representantes dos condomínios têm o dever de reportar o ocorrido até 24 horas após a ciência do fato, sob pena de multa que varia de R$ 500 a R$ 10 mil, a depender da gravidade do incidente.

“Essa lei veio como mais um instrumento para proteger essas pessoas vulneráveis. Ela trouxe um dever para que os síndicos ou qualquer representante do condomínio reporte a violência às autoridades, está chamando a sociedade para trabalhar junto com o Estado. Se a pessoa não comunicar, pode responder pelo crime de omissão de socorro, previsto no Código Penal”, analisa a desembargadora Nágila Brito, presidente da Coordenadoria da Mulher do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).

De acordo com a desembargadora, em 80% dos casos de estupro julgadores por ela, em 2º grau, os crimes foram cometidos por familiares. Este é um exemplo em que nova lei pode auxiliar as possíveis vítimas. “Os crimes intrafamiliares que acontecem no interior do lar são invisíveis e a gente precisa que a própria sociedade se insira para fazer a denúncia. Quem sabe não diminui esse tipo de violência?”, argumenta a desembargadora.

O registro da ocorrência pode ser feito de duas formas. Se algum morador perceber a violência no ato, o mais indicado é ligar diretamente para a polícia, através do telefone 190, que vai deslocar uma viatura até o local. Se não for em flagrante, as denúncias podem ser feitas ou pelo Ligue 180, que recebe especificamente casos de violência contra mulher, ou pelo Disque 100, que recebe qualquer caso de violência doméstica.

Exposição dos síndicos

O receio de Kelson Fernandes, presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis e dos Edifícios em Condomínios Residenciais, Comerciais e Mistos do Estado da Bahia (Secovi-BA), é que a nova lei exponha os síndicos e administradores dos prédios. “A lei foi bem intencionada e o Secovi não é contra meios para coibir a violência. Mas termina colocando o síndico numa situação muito delicada, porque ele passa a ter a obrigação de denunciar. Ele também é um morador, não tem poder de polícia e pode ficar numa situação vulnerável, terminar virando vítima”, opina.

Pelo texto, são os representantes do edifício que devem comunicar os casos às autoridades. Porém, qualquer morador também pode fazê-la, e, se quiser, de forma anônima. O que precisa ser informado na hora da denúncia é o endereço do condomínio, quem seria vítima e possível agressor.

A deputada estadual Ivana Bastos (PSD), autora da lei, esclarece que a ideia para a criação do projeto veio a partir de uma demanda da própria Associação Brasileira de Síndicos, em uma reunião da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), da qual ela é a atual presidente. O dispositivo já está em vigor em 14 estados do Brasil, segundo Ivana.

Para ela, o principal objetivo é atuar na prevenção dos casos de violência. “A partir da hora que o agressor sabe que pode ser denunciado, que está vulnerável a qualquer um denunciar, ela vai pensar duas vezes antes de cometer a agressão. Isso já vai ajudar a diminuir os casos”, comenta a deputada. A Alba também estuda criar um conselho para administrar o que for arrecadado com as multas em ações que combatam a violência contra mulheres, crianças, adolescentes e idosos. Ele já existe na Paraíba mas ainda não há previsão de quando será criado na Bahia.

Denúncia por aplicativo

Leonardo Augusto, síndico do Serra do Mar Residence Club, no bairro da Armação, onde há cerca de um mês uma médica foi supostamente jogada da janela pelo namorado e ainda se encontra hospitalizada, conta que o condomínio, mesmo antes do caso, já havia implantado um aplicativo em que os moradores podem relatar qualquer tipo de ocorrência. “Independentemente da lei, a gente sempre aplicou essa prática de denúncias. Se alguém perceber qualquer tipo violência é um procedimento interno acionar as autoridades competentes. O porteiro é acionado, sobe para averiguar a situação e, se comprovando isso, ele passa para o administrador ou síndico, que registra a ocorrência ou liga para o 190”, explica o síndico.

Violência doméstica cresce na pandemia

Segundo dados mais recentes da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), órgão ligado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, houve um aumento de 14,1% no número de denúncias feitas ao Ligue 180 nos primeiros quatro meses de 2020 em relação ao ano passado. O total de registros foi de 32,9 mil entre janeiro e abril de 2019 contra 37,5 mil no mesmo período deste ano. O destaque maior foi em abril, que apresentou um aumento de 37,6% no comparativo entre os dois anos.

Denúncias em espaços seguros

Após reuniões com legisladores de outros países da América do Sul, a deputada estadual Ivana Bastos comentou ainda que deu entrada em um projeto de lei para facilitar a denúncia de violência doméstica contra as mulheres, crianças, adolescentes e idosos. A ideia do PL, que já é aplicado na Bolívia e no Uruguai, é deixar uma urna em “espaços seguros” (públicos e comuns), como em farmácias e supermercados, para que as vítimas ou qualquer pessoa que se sinta à vontade deixe a ocorrência anonimamente em um pedaço de papel. A polícia recolheria as denúncias nas urnas diariamente e tomaria as próximas providências.

**Nome fictício

A Universidade Federal da Bahia (Ufba) vai disponibilizar para estudantes da instituição auxílio mensal de R$ 70 para acesso à internet e de R$ 800 para aquisição de equipamentos eletrônicos para que eles possam cursar o Semestre Letivo Suplementar (SLS 2020) que começa em setembro. Segundo a universidade, 2 mil estudantes serão contemplados com o auxílio mensal para acesso a internet e mil estudantes vão receber auxílio para aquisição de equipamentos.

De acordo com informações do edital, o benefício só será concedido para estudantes da Ufba com renda familiar média de até 1,5 salário mínimo. Para concorrer a uma das vagas é preciso se inscrever no processo seletivo. As inscrições começam a ser realizadas na próxima sexta-feira (28) e seguem até o dia 4 de setembro, por meio de formulários disponíveis no site da Pró-reitoria de Assistência Estudantil e Ações Afirmativas (Proae).

São dois editais diferentes: um de apoio para acesso à internet, com resultado preliminar previsto para 11 de setembro, e resultado final, para 15 de setembro; e outro de apoio à inclusão digital, com resultado preliminar previsto para 16 de setembro, e resultado final, para 22 de setembro.

No edital, a Ufba informou que o acesso à internet aos estudantes em situação de vulnerabilidade deverá ser oferecido pela RNP, que proverá pacotes de dados de 5 GB a 40 GB, por um período de seis meses. O documento explica ainda que o serviço de internet contratado pela RNP só começará a ser oferecido após o início do semestre suplementar da Ufba – já que houve atraso na licitação para escolha da empresa de telefonia que irá fornecer cobertura a todas as universidades federais do país.

Já o edital de apoio à inclusão digital será em parcela única e o dinheiro disponilizado deve ser destinado à aquisição ou melhoria de equipamento portátil de tecnologia da informação e comunicação – laptops, tablets e/ou smartphones – para utilização no semestre suplementar.

Os beneficiados deverão prestar contas em até 45 dias, apresentando nota fiscal de compra do equipamento, emitida em seu nome e por fornecedor cuja natureza econômica e/ou jurídica seja compatível com a venda e/ou fornecimento dos materiais comprados.

Nos dois editais, será requerida comprovação de renda através de declarações emitidas por órgãos governamentais, bem como a existência de conta bancária aberta em nome do estudante para recebimento do benefício.

A solicitação poderá ser feita, nos termos dos editais, apenas por estudantes matriculados no Semestre Letivo Suplementar. A pró-reitora de Assistência Estudantil e Ações Afirmativas, Cássia Maciel, enfatiza que a lista final irá priorizar aqueles em situação de maior vulnerabilidade.

“A UFBA tomou a iniciativa de se antecipar à RNP (plataforma digital para educação, pesquisa e inovação ligada do Governo Federal, responsável por prover internet aos universitários das federais durante a pandemia), para garantir acesso ao maior número possível de estudantes já no início do SLS. Contudo, tendo em vista que somos uma das universidades com maior quantitativo de estudantes em vulnerabilidade e orçamento insuficiente para as demandas postas, reforçamos que somente aqueles que se encaixam no público-alvo descrito se inscrevam”, pondera Cássia.

A pró-reitora observa ainda que as ações de inclusão digital voltadas ao SLS poderão ser ampliadas. Estão em estudo a criação de espaços para que os estudantes possam acessar computadores e internet nos campi da UFBA, bem como a possibilidade de acesso a máquinas e redes em campi de universidades federais e estaduais baianas parceiras, entre outras ações – desde que, evidentemente, haja condições sanitárias minimamente seguras, no quadro da pandemia.

Em 2018, Alexsandro Gonçalves chegou ao Hospital Martagão Gesteira. Ele tinha Leucemia Promielocítica Aguda (LPA), uma doença grave e rara que, em muitos casos, provoca sangramentos, levando ao óbito. Ele foi o primeiro paciente do hospital e a primeira criança da Bahia a ser tratada com ácido arsênico. Desde então, o hospital já tratou mais nove pacientes (dez no total), sem o uso da quimioterapia convencional. Nenhum deles, no entanto, foi a óbito. A taxa de mortalidade indutória (a taxa de mortalidade nos primeiros 30 dias de tratamento) que, antes do tratamento com o arsênico era de 35%, foi zerada.

Sete dos dez pacientes já terminaram o tratamento. Dois ainda estão no processo e um deles está internado, com covid-19, além da LPA. Todos os pacientes são crianças baianas. A dona de casa Iracema Silva, mãe de Hernandes Coelho, um dos pacientes, conta que, ao descobrir a doença do filho, ficou assustada. "Depois que começou a tomar o arsênico, ele ficou bem, o cabelo não caiu muito. Ele tinha emagrecido, com muita dor de cabeça. Eu fiquei muito assustada, mas hoje eu estou bem porque ele está bem", diz.

A utilização do ácido arsênico faz parte de um projeto de dimensões continentais. A onco-hematopediatra do Martagão Gesteira Juliana Costa, que está à frente da ação, integra o Consórcio Latinoamericano de Enfermidades Hemato-Oncológicas Pediátricas (Clehop), instância que reúne diferentes países da América Latina, com objetivo principal de criar protocolos de atendimento para pacientes com câncer, levando em conta as especificidades do continente. Ela é a única brasileira a fazer parte do Conselho Executivo do Consórcio.

Muitos dados que se têm sobre pacientes com câncer e seus tratamentos são da Europa e Estados Unidos. O consórcio existe desde 2015 e elegeu duas doenças para serem alvo da ação: a LPA e o Linfoma de Hodgkin.

Juliana Costa é uma das duas médicas que controlam o protocolo de atendimento aplicado à LPA no Brasil. Os dados obtidos com os tratamentos das dez crianças no Martagão fazem parte de um estudo que está sendo feito pela oncopediatra e que abrangerá o uso do arsênico em pacientes de países como Chile e Argentina, além de outros estados do Brasil, como São Paulo. Ele deverá ser publicado em 2021, em uma revista especializada.

Sangramento - "As crianças que chegavam com LPA tinham, em muitos casos, o quadro agravado com a quimioterapia. Ela mata as células do câncer e as células saudáveis do organismo. Com o tratamento com ácido arsênico, passa-se a atuar no erro genético que está causando o câncer e evita que se fomente sangramentos nos pacientes, a principal causa da alta mortalidade. Trata-se de uma terapia alvo, o que tende a ser o futuro dos tratamentos", ressalta Juliana.

No entanto, ainda não se pode afirmar que eles estão curados. A absoluta maioria deles está bem, sem apresentar sintomas, sem ter queda de cabelo, náuseas. Não desenvolveram, também, um estágio grave da doença. Para se afirmar que eles estão curados, é preciso aguardar um período de cinco anos, apesar de se saber que, após dois anos, é muito difícil a LPA recidivar.

O tratamento com ácido arsênico é feito em concomitância com o ácido trans-retinoico (Atra). Eles foram descobertos pela medicina chinesa e passaram a ser utilizados. Na década de 70, começou-se a usar o Atra na Europa. Na década de 90, começaram a aparecer os primeiros trabalhos com arsênico. A maioria deles com seu uso em pacientes recidivados.

Hoje, o arsênico já vem sendo utilizado em todos os grandes centros oncológicos mundiais, como primeira linha de tratamento deste tipo de leucemia. Desde 2018, o Martagão passou a utilizar também como guia terapêutico para tratamentos oncológicos de LPA.

Resumidamente, o tratamento é feito inicialmente em 30 dias. O paciente tem alta, em seguida, e entra em remissão. É feita uma coleta da medula, a fim de se constatar que não há mais presença da doença. O próximo estágio é chamado de consolidação, quando eles são submetidos a mais quatro ciclos de arsênico.

Apesar do alto custo, foi verificado que o investimento é menor do que o aplicado em longos tratamentos de quimioterapia. O medicamento é caro e o Martagão conseguiu, por meio de uma parceria com a associação Marchadores pela Vida, uma iniciativa de um grupo de criadores e com o apoio da ABCCMM – Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador.

"Em junho de 2017, tornou-se uma Associação, composta por criadores da raça Magalarga Marchador que se preocupam com o bem-estar do próximo e buscam, por meio desse trabalho, levar esperança a pessoas que enfrentam tantos desafios. A associação tem como principal objetivo a arrecadação de fundos para ajudar instituições filantrópicas que trabalham para atender pessoas de baixa renda como portadores de câncer e dependentes químicos", ressalta a associação em seu site.

O orçamento do Martagão para 2020 tem um déficit estimado em R$ 6 milhões. Este déficit só consegue ser superado por meio de ações de mobilização social, doações, captações de recurso. Dos pacientes do Hospital, cerca de 50% são oriundos de famílias cuja renda é igual ou inferior a um salário mínimo.

A doença - O Câncer é a doença que mais mata crianças no Brasil. Estima-se em 12 mil os novos casos de câncer pediátrico por ano em nosso país. Dentre as neoplasias infantis, a mais comum é a leucemia, responsável por quase 30% de todos os tipos de cânceres infantis.

As leucemias são doenças agressivas que, se não tratadas corretamente, levam o paciente ao óbito em meses. Elas podem ser classificadas em Linfóides e Mielóides. Entre as mielóides, encontramos a Leucemia Promielocítica Aguda (LPA), leucemia dos promieloblastos, decorrente da translocação entre os cromossomos 15 e 17 t(15;17).

Os tratamentos quimioterápicos antileucêmicos, em uso desde a década de 60, visam à morte celular. Com isto, geram inúmeras consequências ao paciente, porque além de matar as células cancerígenas, atingem também as células normais do organismo, trazendo complicações como: queda de cabelo, redução da imunidade e toxicidades renal, hepática e da medula óssea.

"Na LPA, essas complicações são ainda maiores, porque os promielobastos possuem grânulos intracelulares que se rompem no momento da destruição celular, liberando substâncias fibrinolíticas na corrente sanguínea. Esta liberação leva a um quadro drástico de hemorragia, e a consequente alta letalidade dessa leucemia", finaliza a oncopediatra.

O Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), deflagrou nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (25) uma operação contra um esquema de venda de drogas sintéticas e haxixe, com envolvimento de universitários.

Estão sendo cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão estão sendo cumpridos em Salvador, Região Metropolitana e interior do estado. Equipes da Coordenação de Operações Especiais (COE) dão apoio na ação contra o tráfico de drogas.

O Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), deflagrou nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (25) uma operação contra um esquema de venda de drogas sintéticas e haxixe, com envolvimento de universitários.

Estão sendo cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão estão sendo cumpridos em Salvador, Região Metropolitana e interior do estado. Equipes da Coordenação de Operações Especiais (COE) dão apoio na ação contra o tráfico de drogas.