O programa de incentivo à indústria que reduziu o preço dos veículos foi encerrado nesta sexta-feira (7) após pouco mais de um mês. O anúncio foi feito pelo presidente da Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite.
"Houve uma disputa entre as fabricantes para atender os consumidores porque o prazo era curto", disse o presidente da Anfavea. "Registramos o terceiro melhor emplacamento diário da história e o melhor em dez anos, com 27 mil unidades em apenas um dia, 30 de junho", completou.
A Anfavea disse que espera que 150 mil veículos sejam vendidos com a medida. Em junho, a entidade afirma que 54 mil exemplares foram contempladas com o programa. Outros 79 mil foram vendidos em junho, mas ainda não estão emplacados. Seguindo a conta da associação, restam cerca de 17 mil unidades nos estoques das fabricantes.
O anúncio do fim do programa marca também a utilização total dos R$ 800 milhões de crédito disponibilizados pelo governo para baixar o preço dos carros. Até a última atualização do painel do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), R$ 600 milhões haviam sido utilizados até a tarde da última quinta-feira (6).
Vale lembrar que inicialmente o programa destinaria R$ 500 milhões em créditos. Porém, o montante foi usado em apenas três semanas. Com isso, o governo destinou outros R$ 300 milhões.
Também é preciso considerar que apesar de o governo ter disponibilizado R$ 800 milhões para as fabricantes, R$ 150 milhões serão reservados para compensar a perda de arrecadação dos impostos PIS/Cofins e IPI por conta dos descontos. Assim, na prática, a liberação liquida para o programa é de R$ 650 milhões.
Veja abaixo quanto cada fabricante pediu ao governo:
Fiat/Jeep - R$ 230 milhões;
Volkswagen - R$ 100 milhões;
Renault - R$ 90 milhões;
Hyundai - R$ 60 milhões;
Peugeot/Citroën - R$ 40 milhões;
Chevrolet - R$ 40 milhões;
Nissan - R$ 20 milhões;
Honda - R$ 10 milhões;
Toyota - R$ 10 milhões
"Um sucesso", diz governo
Ainda que o programa só tenha sido lançado em 5 de junho e os emplacamentos levam alguns dias para serem concretizados após a venda, houve impacto na alta dos emplacamentos no mês passado. Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), houve crescimento de 8% nas vendas na comparação com maio.
Segundo levantamento da consultoria Jato Dynamics, pouco mais de 90 mil veículos foram vendidos com os descontos do governo em junho (veja aqui os modelos mais emplacados). Como o programa só está sendo encerrado no início de julho, os resultados deste mês também devem ser positivos.
Foram 179.691 emplacamentos de automóveis e comerciais leves, contra 166.352 no mês anterior.
Programa segue para caminhões e ônibus
Geraldo Alckmin, vice-presidente e Ministro da indústria e desenvolvimento classificou o programa como "um sucesso". Segundo ele, "salvou o emprego, estimulou a atividade industrial importantíssima, ajudou os consumidores para terem carros com tecnologia melhor, segurança melhor e meio ambiente mais preservado".
Alckmin lembrou que o programa para caminhões e ônibus segue ativo. São R$ 700 milhões para bancar descontos na compra de caminhões e R$ 300 milhões de incentivo para a renovação da frota de ônibus.
No caso dos veículos pesados, semipesados e comerciais (vans), a intenção será renovar a frota. Portanto, a pessoa física ou empresa que quiser participar deverá entregar seu veículo com mais de 20 anos de uso. O governo afirma que essa sucata trará ganhos para a indústria automotiva, pois o preço da matéria-prima usada nas fundições poderá cair.
Depois de entregar o usado, ganhará um desconto na compra de um novo, que ficará entre R$ 33.600 a R$ 99.400 e vai de acordo com o tamanho do veículo. Assim, veículos maiores e mais caros terão descontos mais vantajosos.
Veja abaixo:
R$ 33.600 para veículos para transporte de cargas semileves;
R$ 38 mil para veículos para transporte de cargas leves;
R$ 45 mil para veículos para transporte de cargas médios;
R$ 60 mil para veículos para transporte de cargas semipesados;
R$ 80.300 para veículos para transporte de cargas pesados;
R$ 38 mil para veículos para transporte de passageiros com capacidade para até vinte passageiros montados sobre monobloco;
R$ 60 mil para veículos para transporte de passageiros com capacidade para até vinte passageiros montados sobre chassis;
R$ 70 mil para veículos para transporte de passageiros com capacidade para mais de vinte passageiros para utilização urbana;
R$ 99.400 para veículos para transporte de passageiros com capacidade para mais de vinte passageiros para utilização rodoviária.
Segundo a Medida Provisória (MP), o valor que a concessionária deixará de receber vai ser coberto pela fabricante, que reverterá a quantia em crédito tributário.