Quem pegar um buzu em Salvador nos próximos dias vai notar algumas diferenças: mais carros, ar-condicionado, mais pontualidade e um melhor serviço. É o que promete o secretário municipal de mobilidade, Fabrizzio Müller. Com a redistribuição das últimas 70 linhas da frota da antiga Concessionária Salvador Norte (CSN), que rodava na região da Orla e Estação Mussurunga e estava sendo operada pela prefeitura desde junho de 2020, mais 250 ônibus novos serão incluídos nas ruas.
A gestão municipal assumiu a operacionalização dos ônibus da CSN após a empresa declarar falência e pedir à Justiça a rescisão do contrato com o poder público, firmado por meio de licitação, em 2014. A concessionária, que possuía 535 carros e era a maior alimentadora da linha 2 do metrô de Salvador, estava incapaz de prestar serviços à população. Ela tem agora 130 veículos.
A ação teve como objetivo manter os 4.500 empregos dos rodoviários e não deixar de oferecer o serviço para os soteropolitanos. Isso custou R$ 200 milhões aos cofres públicos, contando com as três empresas que operavam em Salvador. Essa operação agora volta para a iniciativa privada, para as empresas Plataforma e OTTrans, que hoje operam em outras bacias da cidade. As duas empresas assumirão as 70 linhas que eram da antiga CSN.
“A ideia é que o usuário, em curtíssimo prazo, já perceba uma melhoria no sistema, porque a prefeitura teve um cuidado muito grande e a disposição de fazer algo que nunca tinha sido feito no Brasil, justamente para não termos descontinuidade do serviço”, explica Müller.
Ele garante que esses 250 veículos são 100% diferentes e passaram por vistoria. “Hoje [quinta], a gente começa a operar com mais ônibus do que temos ontem [quarta]. Todos têm que se adequar à programação visual, mas não vão ter agora as cores das concessionárias ainda, os adesivos vão sendo pintados aos poucos”, adiciona. “Teremos mais eficiência no cumprimento do horário e, por serem ônibus novos, a manutenção não vai ter problema”, completa o secretário.
Fabrizzio também diz que a prefeitura abrirá uma nova licitação para que Salvador volte a ter três empresas na operação das frotas, previsto para o final do ano que vem.
De acordo com o prefeito, Bruno Reis (DEM), a dívida acumulada pela CSN chegava, até março de 2021, a R$ 516 milhões, entre dívida trabalhista, tributária, com bancos e fornecedores. O CORREIO pediu dados atualizados à Justiça baiana, que não pôde responder até o fechamento da matéria, por conta da grande quantidade de processos em nome da empresa.
Sindicato comemora transição
A categoria dos rodoviários comemorou o retorno da operação da frota para as empresas privadas. Para o presidente do sindicato, Hélio Ferreira, o principal entrave da prefeitura ter gerido a frota foi a burocracia, que dificultava a gestão. “O setor público tem que fazer licitação até do sabão para lavar o ônibus. E a maioria das empresas não tem como concluir a licitação, o processo demora e isso atrapalha na gestão. Já o privado é mais ágil nessa operacionalidade”, argumenta.
Ele também cita que ocorreram muitas demissões desde o processo licitatório de 2014. O número caiu de 18 mil para 11 mil rodoviários. Ferreira ainda admite que o retorno das linhas para as empresas do consórcio da Integra não resolve o problema da mobilidade urbana na cidade. “É preciso comprar novos ônibus. Temos, hoje, 1.700 carros na cidade, não é suficiente. Já tivemos 2.700, antes da licitação. Antes da pandemia, eram 2.214. Por isso que os ônibus só andam superlotados”, conclui.