Não fazia nem cinco minutos que o vendedor de souvenir Alexsandro Américo dos Santos, 35 anos, tinha recebido o novo kit de trabalho. Ele abriu a sacola, vestiu o colete, o boné e a pochete e saiu do evento da prefeitura já paramentado para o serviço. Alexsandro atua há quase 10 anos no Pelourinho e foi um dos 354 trabalhadores do Centro Histórico que receberam os novos equipamentos entregues ontem pelo prefeito Bruno Reis, em evento no auditório do campus de Nazaré da Unifacs.
Segundo a administração municipal, os vendedores ambulantes representam 53% do mercado informal da cidade. O kit inclui também um crachá e uma barraca, para quem precisa desse tipo de estrutura para trabalhar. A entrega do material ocorreu junto com a dos certificados do curso de capacitação oferecido pelo programa Sou Salvador, que visa aperfeiçoar as habilidades dos vendedores ambulantes.
“Fizemos um curso de qualificação e aprendemos como receber melhor nossos visitantes. O kit foi dado para quem fez o curso e foi uma ideia excelente porque com o crachá o turista tem mais confiança na gente. Já fiz outros cursos de qualificação e acho eles muito importantes para quem trabalha com atendimento ao público”, disse Alexsandro.
Outra contemplada, Ana Cristina Silva, 48 anos, trabalha há 20 anos vendendo colares no Pelourinho. Ela fez o curso que durou sete dias, no próprio campus da Unifacs, e aprendeu sobre turismo, vendas, educação financeira e qualidade de atendimento. “Eu entrava pela manhã e saia à tarde. Para mim valeu a pena porque estou vendo resultado, estou vendendo mais. Mesmo com 20 anos nessa área, eu descobri que ainda tinha o que aprender e dicas de como conquistar os turistas”, disse.
Na saída da cerimônia, Ana Cristina cruzou com o vendedor de amendoim Milton Reis. Aos 77 anos, 30 deles subindo e descendo as ruas do Pelô, Milton sempre fez questão de trabalhar fardado. Há dez anos ele veste calça e camisa polo, às vezes substituída por uma camisa social, mas sempre as duas peças na mesma tonalidade.
Milton sacou o celular para mostrar orgulhoso as vestimentas que, na maioria das fotos, aparecia ao lado da panela que ele carrega com os pacotes de amendoim torrado. “Quando tinha feira ou um evento especial, às vezes, davam para a gente um macacão ou uma camisa diferente. Eu usava, mas preferia a minha farda”, contou.
Sou Salvador
Essa foi a primeira etapa do programa Sou Salvador. Foram 420 inscrições e desse total, 354 pessoas frequentaram mais de 75% do curso e tiveram direito ao certificado e ao kit. Segundo o prefeito Bruno Reis, a intensão é expandir a iniciativa para outras regiões da cidade fora do Centro Histórico. O foco é no atendimento qualificado aos turistas.
“Esse programa possui diversos braços de atuação. Salvador deverá ter o maior verão de todos os tempos. A pandemia não acabou, os cuidados continuam, mas precisamos garantir nosso sustento, recebendo brasileiros e turistas de todos os cantos do mundo. E, para isso, adotamos uma série de medidas para recepcionar o turista de uma forma ainda melhor”, contou.
A capacitação envolveu a realização de workshops entre julho e agosto, com temas como Mercado Informal no Contexto Turístico, Marketing e Vendas, Hospitalidade/Recepção e Qualidade no Atendimento, Educação Financeira, Conhecimento das Principais Localidades Turísticas do Centro Histórico e Manipulação de Alimentos e Produtos.
Os trabalhadores assistiram aulas sobre novos negócios e tiveram acompanhamento dos agentes de empreendedorismo do Parque Social. O grupo também recebeu orientação financeira e comportamental, de fomento ao crédito e monitoramento. A próxima etapa será recadastrar e ordenar os vendedores e, depois, acompanhar e avaliar os resultados.
O projeto é desenvolvido pela Semdec, Semop, Secult, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Wakanda Educação Empreendedora, Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo em Salvador (Prodetur), Parque Social e Universidade Salvador (Unifacs).