O prefeito Bruno Reis garantiu que os funcionários do antigo Consórcio Salvador Norte (CSN) vão receber todos os benefícios nos próximos 60 dias. O anúncio foi feito durante entrevista coletiva realizada na sexta-feira (13). O gestor garantiu que a verba de R$ 12 milhões já está separada para resolver essa questão.
Segundo Bruno Reis, o dinheiro foi levantado com a venda dos terrenos do CSN. "Desde quando os 800 funcionários não foram contratados pelas empresas atuais [OTTrans e Plataforma], nós estamos doando uma cesta básica por mês para eles. Eles não estavam conseguindo seguro desemprego, a prefeitura fez uma intervenção para que eles conseguissem e agora estão recebendo o seguro. A prefeitura pagou R$ 20 milhões para indenizar os 1100 trabalhadores primeiro, e esses 800 que tinham que ser indenizados, nós vendemos os terrenos para que isso acontecesse", explicou o prefeito.
Segundo Bruno, existe uma burocracia para que os trabalhadores recebam a indenização, mas isso vai acontecer em um prazo máximo de 60 dias. O prefeito também expôs a dívida do CSN que ele conseguiu conversar com o banco e reduzir mais da metade para que o dinheiro fosse destinado para os trabalhadores. A empresa precisava pagar multas que totalizam mais de R$ 18 milhões, mas agora o valor caiu para R$ 8 milhões. "Os terrenos foram vendidos por R$ 20 milhões, só sobraria R$ 2 milhões depois que a empresa pagasse as dívidas. O prefeito foi no banco, conversou e conseguiu reduzir para que sobrasse os R$ 12 milhões necessários da indenização", finalizou.
Em contrapartida, os ex-funcionários do CSN se comprometeram a não realizar novos protestos nos próximos 60 dias. A categoria realizou uma manifestação na última quinta (12) na região da Rodoviária e deixou o trânsito congestionado na região e nas imediações da Avenida Paralela.
O representante dos trabalhadores do antigo CSN, Jutahy Andrade, afirmou que existe uma trégua entre os funcionários e a prefeitura, com os protestos suspensos provisoriamente pelos próximos dois meses. "Tem trégua até que o prazo que o prefeito deu aqui para resolver a nossa situação e homologar os 800 funcionários que se encontram de fora da antiga da CSN, caso contrário, nós vamos reagir, infelizmente, não é do nosso interesse trazer esse transtorno para a população baiana, mas é a única forma que encontramos de defender o nosso interesse", comentou o rodoviário.
Entenda o caso
Após a falência do CSN, parte dos profissionais foi admitida pelos dois consórcios ainda em operação em Salvador, OTTrans e Plataforma. A outra parte, entretanto, não foi contratada, ou recebeu os pagamentos a que tinham direito.
Cerca de 1,6 mil rodoviários já foram admitidos pelas companhias, e uma parte está em cursos de requalificação profissional e treinamentos, segundo a Prefeitura.
A Prefeitura, entretanto, ainda decretou a intervenção na empresa, em junho de 2020, após ser informada pelo Sindicato dos Rodoviários de que o CSN tinha descumprido o acordo coletivo assinado com a categoria.
Em março de 2021, a empresa teve o contrato rescindido, após uma auditoria apontar diversas irregularidades na gestão do contrato. Com isso, a prefeitura assumiu a operação do sistema.
Em agosto, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) emitiu o documento para que a prefeitura liberasse R$ 20 milhões, que seriam utilizados para pagamentos de indenizações dos trabalhadores demitidos do antigo CSN. Após o depósito, os trabalhadores continuam realizando protestos para que os valores sejam pagos a eles.