Hotéis de Salvador têm ocupação de mais de 57% no 1º semestre de 2023; taxa é superior ao período do ano passado
A taxa de ocupação média dos hotéis e pousadas de Salvador no primeiro semestre deste ano foi de 57,57%. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih-BA).
O percentual é superior ao apresentado no mesmo período de 2022, quando foi registrado 55,93%.
Os dados deste ano se aproximam do período dos anos de 2019 (61,55%) e 2018 (61,34%), anteriores à pandemia da Covid-19, que causou impactos à economia global.
Em junho de 2023, a taxa foi de 47,11% semelhante ao do ano anterior, embora abaixo dos números no período pré-pandemia, que eram de 61,55%, em 2019.
Conforme detalha a associação, em junho, o gasto médio com diárias foi de R$ 466,05, - ou R$ 344,36, se retirados valores correspondentes aos hotéis de luxo.
Os números divulgados fazem parte da Pesquisa Conjuntural de Desempenho (Taxinfo), realizada pela ABIH. O levantamento é digital e os dados são fornecidos diariamente pelos hotéis ao Portal Cesta Competitiva. A média resultante constitui o indicador para avaliar a evolução da atividade de hospedagem na capital baiana.
Retorno do turismo de negócio promete novo fôlego para o setor
Um olhar pouco aprofundado sobre o turismo da capital baiana pode dar a impressão de que só quem busca praias e festas desembarca na cidade. Mas é o turismo de negócios que mantém o equilíbrio do setor ao longo do ano. Congressos voltaram a movimentar Salvador após as restrições sanitárias e só o Centro de Convenções (CCS), localizado na Boca do Rio, deve ser responsável por uma movimentação de R$ 1 bilhão neste ano. Na mesma linha, a taxa de ocupação de hotéis durante a baixa estação na capital já é maior do que a registrada antes da pandemia.
Se o turista de lazer, que costuma visitar a cidade na alta estação, gasta em média R$ 227 por dia, quem vem a Salvador para eventos de negócios tem um ticket médio cerca de três vezes maior, chegando a R$ 681. Muitas vezes com cartão corporativo em mãos, essas pessoas se hospedam e se alimentam em locais caros e podem até prolongar a viagem para curtir a capital baiana.
“Esse é um setor importante porque é com esses negócios que a gente enfrenta a baixa estação. Desde 2016 não tínhamos o Centro de Convenções e precisamos ter bons equipamentos porque Rio Grande do Norte, Pernambuco e Ceará são concorrentes”, afirma Sílvio Pessoa, presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (Fehba).
Em 2016, parte do antigo Centro de Convenções da Bahia (CCB) desabou e teve como consequência o enfraquecimento do estado enquanto destino para o turismo de negócios. Lacuna que só foi reparada com a inauguração do Centro de Convenções Salvador (CCS), administrado pela GL Events, em janeiro de 2020. Somente neste ano, o local abrigou 56 eventos, como o XXIV Congresso Brasileiro de Magistrados e o 13º Congresso Brasileiro do Algodão.
Entre janeiro e setembro de 2022, o CCS recebeu mais de 125 mil pessoas e mais 30 eventos vão acontecer até o final do ano. O diretor-geral do CCS, Ludovic Moullin diz que a expectativa é que o público cresça gradualmente: “Metade de nosso faturamento vem dos congressos e Salvador é um destino forte para isso porque tem muito a oferecer, como rede hoteleira, boa gastronomia e lazer”.
Nesta quarta-feira (5), chega ao fim o Brasil Cake Show, um dos maiores eventos de Confeitaria Artística do país. Em três dias, cerca de 6 mil pessoas passaram pelo local. Pedro Saulo, master cake design e um dos organizadores, explica que a cidade tem atrativos que a tornam competitiva para receber eventos de grande proporções. “Salvador tem vantagens turísticas muito fortes, às vezes tem pessoas que estão passeando e frequentam o evento”, diz.
A capacitação de mais de duas mil pessoas que trabalham em serviços ligados ao turismo, além de equipamentos culturais como a Casa do Carnaval da Bahia e a Cidade da Música são provas do investimento da prefeitura no setor, segundo a titular da pasta de Cultura e Turismo (Secult), Andrea Mendonça. “A retomada dos eventos de negócios no Centro de Convenções faz com que Salvador volte a ser inserida no roteiro dos grandes eventos corporativos nacionais e internacionais, com impacto direto na economia da cidade”, explica a secretária.
Ocupação hoteleira
Dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis na Bahia (Abih-Ba) apontam que a ocupação hoteleira em maio deste ano, na baixa estação, foi 5% maior do que a registrada no mesmo período em 2019. Enquanto que em 2022 a taxa foi de 54%, antes da pandemia tinha sido de 49%. Para o presidente da associação, Luciano Lopes, esse é um indicativo da retomada do setor.
“Podemos ver como o turismo de negócios vai começando a ajudar a aumentar a taxa de ocupação na cidade porque maio é um mês em que eventos desse tipo costumam ocorrer”, diz. Luciano Lopes também analisa o perfil de quem viaja para comparecerem em congressos.
“São pessoas com poder aquisitivo maior e que, além de participar de eventos, muitas vezes se alimentam fora e aproveitam para fazer compras e aproveitar a cidade”, completa.
Apesar da retomada, especialistas ouvidos pela reportagem explicam que eventos de grandes proporções precisam de pelo menos um ano para serem planejados e, como estamos saindo de uma pandemia, o ano que vem deve ser ainda melhor para o setor. “Ainda existem empecilhos, como o custo das passagens e a malha aérea, além da restrição do espaço. Temos o Centro de Convenções, mas ainda é preciso realizar melhorias na rede hoteleira”, afirma Roberto Duran, presidente do Conselho Baiano de Turismo.
Bienal volta acontecer em Salvador após nove anos
Os ingressos para a Bienal do Livro Bahia 2022 já podem ser adquiridos pelo site a partir desta quarta-feira (5). O evento acontecerá entre os dias 10 e 15 de novembro, no Centro de Convenções Salvador, e os ingressos custam entre R$10 e R$20. Durante os dias da Bienal, haverá bilheteria física.
Depois de um hiato de nove anos, a programação da Bienal do Livro Bahia terá mais de 70 horas de conteúdos produzidos pelos mais de 100 autores e personalidades convidados. A expectativa é que 80 mil pessoas circulem pela exposição e o investimento foi de R$5 milhões. Entre 1996 e 2013, quando o evento acontecia a cada dois anos, mais de 2 milhões de pessoas compareceram.
Faltou grana: 85% dos baianos não viajaram para lugar nenhum em 2021
Perda de renda e restrições de circulação por conta da pandemia da covid-19 fizeram com que baianos tirassem as viagens da lista de prioridades em 2021. No ano passado, ninguém viajou em quase nove de cada 10 domicílios baianos, o que representa 85,4% de todas as residências pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A quantidade de pessoas que não viajaram para nenhuma outra cidade aumentou 8,1 pontos percentuais em comparação com 2019.
Assim como ocorreu em todo o país, a falta de dinheiro foi o principal motivo para que os baianos ficassem em casa. A justificativa foi dada por moradores de 31,4% do total de 1,3 milhão de residências onde não houveram viagens. A questão da renda figura em primeiro lugar desde que a pesquisa sobre turismo nacional em domicílios começou a ser feita, em 2019. Na segunda posição, aparece a não necessidade de viajar (31%).
Para o professor de economia Raimundo Sousa, a pandemia não impactou nas viagens somente por conta do receio de contágio da doença, mas também por fatores econômicos. “Existem fatores próximos de nós, como a inflação, que faz com que as pessoas tenham perda do poder aquisitivo. Também tem o desemprego, que vem se agravando desde o início da pandemia e impacta em menores salários”, explica.
Passagens aéreas mais caras por conta dos combustíveis também ajudam a explicar os motivos para que as pessoas tenham viajado menos em 2019. Segundo o IBGE, nos últimos 12 meses finalizados em maio, os bilhetes registraram alta de 141% em Salvador e Região Metropolitana. Apesar da pesquisa não abranger viagens internacionais, Raimundo Sousa afirma que o real desvalorizado também implica em diminuição do turismo para o exterior.
“O câmbio desvalorizado acaba encarecendo as passagens e os custos de hospedagem, o que acaba influenciando”, diz.
Ainda segundo os resultados da pesquisa, o motivo “outros” para não viajar foi o que mais ganhou importância no estado. A razão saltou de 2% para 20,7% entre 2019 e o ano passado. Para a supervisora de disseminação de informações do IBGE, Mariana Viveiros, essa resposta abrange as diversas razões ligadas à pandemia.
“Tanto em 2020 como em 2021, apareceram bastante nas respostas os motivos relacionados à necessidade de isolamento social. Isso não significa que a pessoa esteve doente, mas que estava mantendo o distanciamento social por causa da pandemia”, explica.
Planos interrompidos por conta do coronavírus fizeram com que a estudante Ana Clara Ribeiro, 21, e a família perdessem passagens para a cidade de Ushuaia, na Argentina. Ela lembra que iria viajar com o pai e o irmão em julho de 2019, mas um imprevisto no aeroporto fez com que eles fossem impedidos de embarcar para o destino conhecido como “fim do mundo”.
“Como a viagem é dentro do Mercosul, é preciso estar com a identidade ou passaporte, só que não nos atentamos a isso. O passaporte do meu pai tinha acabado de vencer e ele estava só com a carteira de motorista e, por isso, não conseguimos viajar”, relembra Ana Clara.
De início eles não achavam que sairiam no prejuízo, pois poderiam usar créditos para fazer outra viagem dentro de um ano. Mas aí veio a pandemia. “Resolvemos viajar no meio de 2020 porque queríamos ir na mesma época para ver a neve e fazer a mesma programação. Só que com a pandemia não deu certo. Tentamos entrar em contato com a empresa para tentar um acordo, mas não conseguimos”, conta. No final das contas, a família não viaja a turismo desde 2017 e ainda teve um prejuízo de cerca de R$6 mil.
Receita
Viajar implica em gastos dos mais diversos tipos. De hospedagens à alimentação, passando por transporte e passagens. Mas quem veio para a Bahia no ano passado economizou, se comparado com o que foi gasto pelos turistas em 2020. O recuo de 7,6% representou perda de R$90,1 milhões.
Mesmo assim, os valores que os viajantes gastaram no estado nos dois primeiros anos da pandemia foi o segundo mais alto do país, perdendo apenas para São Paulo. Foram mais de R$2,2 bilhões de reais injetados nos diversos setores que formam o turismo. Entre 2020 e 2021, a cada R$10 gastos com turismo no país, R$1 ficou no estado.
Também durante o período, a Bahia ocupou o terceiro lugar como principal destino dos turistas brasileiros, ficando atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais. Para o secretário de Turismo do estado, Maurício Bacellar, isso indica que o setor está tão aquecido como no pré-pandemia. No entanto, as viagens que tiveram o estado como destino final caíram 33,6% nos últimos dois anos.
“A pesquisa comprova o que temos medido no nosso observatório de dados, que a atividade turística da Bahia hoje é equivalente a 2019, ano anterior à pandemia. Isso prova que o plano de retomada de turismo está alcançando seu objetivo de atrair pessoas”, afirma Maurício Bacellar.
Apesar dos percalços impostos pela disseminação da covid-19 nos últimos dois anos, o vice-presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav-BA), Jorge Pinto, também enxerga com bons olhos a retomada do setor. “Nós continuamos mantendo o terceiro lugar como destino nacional, o que é explicado pela divulgação que foi feita da Bahia como um lugar seguro na questão da saúde”, diz.
Viagens para tratamento de saúde foram impulsionadas na pandemia
A professora Suelly Caldas, 59, levou a sério o isolamento social durante os momentos mais árduos da pandemia. Tomava cuidados ao sair de casa e deixou as viagens de lado por um tempo. Mas, quando menos esperava, o diagnóstico de um nódulo na adrenal exigiu que ela viajasse para São Paulo para se submeter a uma cirurgia robótica de retirada. O caso foi em setembro do ano passado.
“Uma coisa é fazer uma cirurgia em casa e perto da família, a outra é ter que viajar. Ainda tinha a questão da covid-19 e o medo do contágio, mas graças a Deus no final deu tudo certo”, relembra. Felizmente, a cirurgia foi um sucesso e Suelly voltou para casa após ficar 20 dias em recuperação.
Apesar do procedimento que a professora passou não ter sido consequência da pandemia, a pesquisa divulgada pelo IBGE aponta que dentre as viagens para fins pessoais realizadas pelos baianos em 2021, o motivo mais citado foi tratamento ou consulta médica. Viagens desse tipo foram citadas em 35,7% dos domicílios com viagens realizadas, o que representa 269 mil casas.
O número demonstra um aumento de 7,5 pontos percentuais em relação às viagens por conta da saúde feitas em 2019. A supervisora do IBGE, Mariana Viveiros, explica que grande parte dessas locomoções são feitas dentro do próprio estado da Bahia, devido a forma com que o sistema de saúde é organizado por aqui.
“Desde antes da pandemia, as viagens para tratamentos de saúde já eram mais importantes na Bahia do que no Brasil como um todo. O estado possui polos que atraem a população para os tratamentos, o que ficou mais evidente durante a pandemia”, explica. Salvador e Região Metropolitana, Vitória da Conquista e Feira de Santana são alguns dos locais que atraem pessoas nesse sentido, segundo Mariana.
Turismo na Bahia apresenta crescimento de 47,3% em 2021
Mesmo em meio a pandemia, idas e vindas nas restrições sanitárias e um cenário confuso, 2021 pode ser considerado um ano de crescimento para o setor turístico em terras baianas. Pelo menos, é isso que indica um estudo feito a partir de diversos dados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), que apontou uma expansão de 47,3% na área, a maior entre estados brasileiros.
Autarquia vinculada à Secretaria do Planejamento em parceria com Secretaria do Turismo do estado, a SEI chegou ao resultado após registrar que o volume das atividades turísticas na Bahia se ampliou em 43,9% no 4º trimestre do ano passado comparado ao mesmo trimestre de 2020. No Brasil, o crescimento das atividades do turismo foi de 27,6% no 4º trimestre e 22,1% em 2021 como um todo.
Em termos gerais, todas as 12 unidades da Federação que foram investigadas avançaram, com destaque para Bahia (47,8%), que registrou a variação positiva mais expressiva entre as unidades da Federação, seguida por Pernambuco (44,9%), depois Goiás (40,5%), Rio Grande do Sul (38,5%), e Espirito Santo (36,7%).
Ao avaliar os motivos para que o setor turístico baiano mostrasse essa evolução, Armando Castro, Diretor-Geral da SEI em exercício, disse que a forma com que o estado lidou com o combate à covid-19 foi fundamental para o resultado.
“A Bahia ter sido o estado que mais cresceu no turismo em 2021, com ganhos econômicos e forte expansão de emprego na área, corrobora as decisões de preservação da saúde pública e vacinação como estratégias eficientes quando associadas a uma liberação paulatina e controlada das atividades. Os números colocam a Bahia como o estado mais eficiente na condução do equilíbrio saúde/economia”, afirmou
”Crescimento irreal”
No entanto, nem todo mundo considera o crescimento registrado pela SEI como uma prova de expansão no setor. Silvio Pessoa, presidente da Federação Baiana de Turismo e Hospitalidade do Estado da Bahia (Febha-BA), afirma que a comparação deixa os números irreais.
"Dizer que há um aumento em 2021 sobre 2020 é um negócio irreal. Em fevereiro de 2021, fechou todo o comércio e passamos três ou quatro meses com a economia fechada. Por isso, comparação com 2020, quando estava tudo parado, fica irreal. Precisamos de comparações com números pré-pandemia. O restante é propaganda enganosa", diz Silvio.
AInda de acordo com o presidente da Febha, mesmo com a retirada de restrições, não é possível dizer se teremos uma expansão para o setor em 2022. Para ele, mais ações precisam ser colocada em prática, principalmente no marketing.
"Só dá para saber no final do ano. As coisas costumam melhorar a partir de julho, mas infelizmente a passagem aérea subiu 20% nesta semana. E sem promoção, só entregando fita do Bonfim em feiras e sem uma campanha de marketing não estamos concorrendo com outros estados do Nordestes", aponta o presidente.
Onde está o crescimento registrado pela SEI?
Para chegar ao dado de crescimento, a SEI consultou diversas informações. Uma delas estava na conta de luz. É que o consumo ativo faturado (kWh) de energia elétrica nas Atividades Características do Turismo (ACTs) também apontou crescimento. De acordo com dados da Coelba sistematizados pela SEI, o avanço foi de 12,9% na Bahia no 4º trimestre de 2021 contra o mesmo momento de 2020. Estatística puxada, principalmente, pelo excelente desempenho em Hotéis (37,2%). O consumo geral em 2021 cresceu 7,9% impulsionado também por Hotéis (15,9%).
Outro dado que mostrou melhora foi o de fluxo de passageiros em voos domésticos e internacionais nos principais aeroportos de Salvador, Porto Seguro, Ilhéus e Vitória da Conquista. Esse número cresceu 71,8% no 4º trimestre de 2021 contra o 4º trimestre de 2020, impulsionado pela significativa expansão registrada nos quatro aeroportos do estado. Seguindo o mesmo comportamento, o fluxo de passageiros nos aeroportos da Bahia fechou o ano de 2021 com expansão de 49,7%.
A arrecadação de ICMS das atividades características do Turismo na Bahia também encerrou o ano de 2021 com expansão nominal de 7,8%, impelido principalmente pelas atividades de Locação de automóveis sem condutor (79,3%), taxa superior àquele registrado no ano passado (-7,8%).
Outro ponto que indicou crescimento foi o Sistema Ferry-Boat. Mais de 2,8 mil veículos passaram na travessia São Joaquim-Bom Despacho no 4º trimestre de 2021, representando uma ampliação de 1,2% em relação ao mesmo trimestre de 2020. Esse resultado contribuiu para o fluxo de veículos fechar o ano de 2021 com expansão de 18,5% ante a variação negativa de 22,2% em 2020.
De acordo com as informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), de responsabilidade do Ministério do Trabalho e Previdência, sistematizadas pela SEI, no acumulado de janeiro a dezembro de 2021, o saldo de empregos formais do setor de turismo baiano se revelou positivo, indicando uma geração líquida de 12.487 postos de trabalho, decorrente de 52.186 admissões e 39.699 desligamentos. Um cenário, portanto, muito melhor do que o observado no conjunto dos 12 meses do ano de 2020, quando o referido setor registrou uma perda líquida de 17.972 vagas de trabalho em território baiano.
Dos subsetores econômicos do turismo, Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas e Hotéis e similares foram os de maiores expansões no ano de 2021, com mais 6.082 e 4.284 novos vínculos, respectivamente. Enquanto isso, Transporte rodoviário de passageiros com eliminação de 206 postos, foi o subsetor com menor saldo no mencionado período.
No recorte por zonas turísticas, no acumulado dos 12 meses de 2021, houve geração de 11.661 postos de trabalho. Com mais admissões do que desligamentos no conjunto, todas as 13 regiões exibiram resultados positivos. No caso, a ampliação do nível de emprego formal foi maior nas zonas da Baía de Todos-os-Santos (+3.564 postos), Costa do Descobrimento (+2.537 postos) e Costa dos Coqueiros (+1.365 postos).
Em seguida, com uma geração líquida relativamente menor, vieram Costa do Cacau (+1.094 empregos formais), Costa do Dendê (+765 postos), Caminhos do Sertão (+684 postos), Caminhos do Oeste (+351 vagas), Caminhos do Sudoeste (+320 vínculos), Chapada Diamantina (+301 vagas), Vale do São Francisco (+205 vagas), Costa das Baleias (+195 empregos), Lagos e Canyons do São Francisco (+167 vínculos) e Caminhos do Jiquiriçá (+113 vínculos).
Com cruzeiros suspensos, mais de 46 mil turistas deixarão de visitar Salvador
Os recentes surtos de covid-19 em todos os cinco navios que operavam no litoral brasileiro, sendo um deles no porto de Salvador, fizeram com que as companhias de cruzeiros tomassem a iniciativa de suspender suas operações no país até o dia 21 deste mês. Com isso, mais de 46 mil turistas que passariam por Salvador, em dez viagens, tiveram os planos interrompidos, segundo dados da Companhia das Docas da Bahia (Codeba).
O comunicado da suspensão foi feito pela Associação Brasileira de Navios de Cruzeiros (Clia) na segunda-feira (3). A ação teve caráter voluntário porque a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou, e não determinou, o término da temporada de cruzeiros, quando 800 casos de covid-19 foram identificados em apenas nove dias.
Também na segunda, a agência atendeu um pedido da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e decidiu que navios de cruzeiro não poderiam atracar nos portos de Salvador e Ilhéus temporariamente.
Antes que os navios voltassem a operar na costa brasileira, a Anvisa determinou que um protocolo sanitário fosse seguido. Entre as medidas estavam a comprovação de vacinação completa contra a covid-19, obrigação de apresentação de teste tipo RT-PCR negativo feito em até 72 horas antes do embarque, além de testagem diária de 10% dos passageiros e de 10% da tripulação.
A decisão de suspender até o final do mês a temporada dos cruzeiros, apesar de ser um sinal positivo para o controle da pandemia, representa uma perda substancial para o turismo local. Segundo o secretário de Turismo da Bahia, Maurício Bacelar, cada passageiro de um navio de cruzeiro gasta, em média, 100 dólares ao desembarcar em Salvador. Em reais, o valor passa a ser R$ 569, 00.
“Esse é um dinheiro que rapidamente circula na economia. Tanto no setor informal informal, com o vendedor de água mineral e souvenir, até na convencional, num restaurante ou em uma loja, onde o cruzeirista realiza a despesa. Então é uma perda muito grande na economia”, afirma o secretário.
Maurício Bacelar lembra ainda que um protocolo foi elaborado em conjunto com a Anvisa para que os navios de cruzeiro pudessem voltar a operar, mas que a decisão foi tomada antes da descoberta da variante Ômicron, mais contagiosa que as outras: “O protocolos devem ser aperfeiçoados nesse novo cenário para que os cruzeiros possam ser retomados. E se for possível ter protocolos que possam ser elaborados para proteger as pessoas que estão nos navios sem o risco de se contaminar e contaminar os outros”.
O secretário reitera que colocar a saúde em primeiro lugar e proteger vidas é essencial. Já a Sesab, que solicitou à Anvisa a suspensão antes que fosse acatada pelos cruzeiros, afirma que a precaução é importante, uma vez que a variante Ômicron ainda não foi detectada em solo baiano. Além disso, a secretária de Saúde da Bahia, Tereza Paim, lembra que a situação de emergência decorrente das chuvas em 166 municípios baianos é prioridade.
Perdas para a capital
Durante a temporada dos navios de cruzeiro, entre dezembro e abril, a expectativa era que Salvador recebesse cerca de 100 mil turistas, que injetariam na economia local por volta de 60 milhões de reais, segundo o secretário municipal de Turismo. Fábio Mota lembra que a cidade é muito dependente do setor turístico, que vem apresentando uma retomada, com números parecidos com os de 2019.
“É uma medida acertada, levando em consideração o que estamos vivendo na pandemia, não critico a decisão, mas a gente lamenta porque temos uma perda econômica na cidade. Temos a esperança de que no dia 21 seja realizada a retomada”, diz.
Fábio Mota defende que o problema “não é o protocolo”, uma vez que ele foi capaz de detectar os casos de covid-19 nos navios: “O protocolo está correto, o problema é que estamos vivendo uma alta de casos no Brasil e no mundo inteiro por conta da nova variante”.
O CORREIO tentou entrar em contato com a secretaria de Saúde de Salvador para saber sua posição a respeito da suspensão, no entanto, não houve retorno até a finalização desta reportagem. A Companhia de Docas do Estado da Bahia também foi procurada e não retornou.
Explosão de casos
Em 55 dias de temporada, até o dia 25 de dezembro, foram 31 casos confirmados de covid-19 entre tripulantes e passageiros das cinco embarcações que operam no Brasil. Mas, nos últimos nove dias, entre o dia 26 e o dia 3 de janeiro, 798 casos foram diagnosticados, dentre os quais 60% em tripulantes, segundo dados da Anvisa.
A agência reguladora afirma que foi o aumento exponencial do número de casos que motivou a recomendação para a suspensão temporária. A Anvisa ainda afirma que a maior quantidade de infecções em tripulantes agrega maior grau de risco à condição sanitária desses navios, porque esses viajantes ficam mais tempo a bordo.
Ilhéus
No Porto de Ilhéus, no sul do estado, eram aguardadas 34 paradas de navios, no período entre dezembro de 2021 e abril de 2022. Mas, a suspensão temporária da temporada não pegou o município de surpresa. O secretário de Turismo Fábio Cavalcante explica que o protocolo elaborado pela Anvisa, governo do estado e município previa como prosseguir em casos de surtos de covid-19.
“Já era algo que poderia acontecer, apesar de não ser o nosso desejo. Queríamos que todos os passageiros chegassem bem para usufruir da cidade e aquecer a nossa economia, mas a questão da saúde vem em primeiro lugar”, diz Fábio Cavalcante.
Os turistas que chegam em Ilhéus costumam visitar o centro histórico, praias e também vivenciam as etapas de produção do cacau e do chocolate, por meio de visitas a fazendas e fábricas. Por isso, a suspensão protege os moradores locais da contaminação da covid-19.
André Cezário, secretário de Saúde de Ilhéus, também lembra que os protocolos foram determinados e seguidos para que a disseminação do vírus pudesse ser controlada dentro dos cruzeiros e que, apesar de o cenário não ser oportuno, as questões sanitárias devem ser prioridades.
Direito dos passageiros
Com a suspensão das atividades dos navios de cruzeiros até, pelo menos, o dia 21 de janeiro fica a dúvida: quais são os direitos dos passageiros que tiveram a viagem cancelada? O advogado Ivan Pires, que atua na área de Defesa do Consumidor, explica que o cliente pode escolher entre obter crédito junto à empresa (aceitar outro produto ou serviço equivalente) ou receber a devolução do dinheiro gasto. Caso escolha a segunda opção, a empresa deve restituir o valor integral e monetariamente atualizado:
“Os clientes devem ser ressarcidos integralmente por todos os prejuízos que tiveram devido ao cancelamento. Ou seja, além da passagem e dos pacotes efetivamente comprados, também tem as questões de reserva de hotel e voos, que o consumidor também pode ter o direito de ser ressarcido”, ressalta o advogado.
Mas é importante tomar cuidado porque caso o cliente deseje cancelar a viagem após o dia 21, ou quando houver a retomada, pode ter que arcar com multa. Por isso, é importante verificar as condições contratuais específicas de cada caso.
Ivan Pires lembra ainda que até o dia 31 de dezembro havia uma legislação provisória em vigor, que regulamentava que eventos poderiam ser remarcados sem ônus para as empresas. Mas agora, as empresas não podem mais alegar o desconhecimento da pandemia e devem arcar com os prejuízos.
A Costa Cruzeiros, responsável por operar os navios Costa Diadema e Costa Fascinosa, sendo o primeiro deles o que ficou parado no porto de Salvador, confirmou que suspendeu voluntariamente seus cruzeiros. Segundo a empresa, é oferecida aos clientes a opção de transformar o valor pago pela viagem em um voucher de crédito a ser utilizado até o último dia de 2022, para embarques até 30 de junho de 2023.
O consumidor também pode optar pelo reembolso de todo o valor pago pelo cruzeiro a ser executado nos prazos da lei. A Costa Cruzeiros afirma ainda que a decisão de suspensão visa permitir que a Associação Brasileira de Navios de Cruzeiros trabalhe para encontrar um alinhamento com o governo federal, no que diz respeito aos protocolos sanitários. A reportagem tentou contato com a MSC Cruzeiros, mas não obteve retorno.
Cláudio Brites, gerente da Contermas, que administra o terminal marítimo de Salvador, salienta que a empresa realizou todos os procedimentos conforme o plano de contingência aprovado pela Anvisa e pelo governo federal e lembra que a decisão de suspensão foi voluntária.
“Entendemos que haverá um impacto financeiro negativo na economia de Salvador, já que cada turista em um único dia na cidade, gasta, em média, R$ 500,00. O que reafirma a importância de se avaliar com cautela as atuais circunstâncias”, completa.
Ambulantes do Pelô fazem curso de qualificação: 'Receber melhor nossos visitantes'
Não fazia nem cinco minutos que o vendedor de souvenir Alexsandro Américo dos Santos, 35 anos, tinha recebido o novo kit de trabalho. Ele abriu a sacola, vestiu o colete, o boné e a pochete e saiu do evento da prefeitura já paramentado para o serviço. Alexsandro atua há quase 10 anos no Pelourinho e foi um dos 354 trabalhadores do Centro Histórico que receberam os novos equipamentos entregues ontem pelo prefeito Bruno Reis, em evento no auditório do campus de Nazaré da Unifacs.
Segundo a administração municipal, os vendedores ambulantes representam 53% do mercado informal da cidade. O kit inclui também um crachá e uma barraca, para quem precisa desse tipo de estrutura para trabalhar. A entrega do material ocorreu junto com a dos certificados do curso de capacitação oferecido pelo programa Sou Salvador, que visa aperfeiçoar as habilidades dos vendedores ambulantes.
“Fizemos um curso de qualificação e aprendemos como receber melhor nossos visitantes. O kit foi dado para quem fez o curso e foi uma ideia excelente porque com o crachá o turista tem mais confiança na gente. Já fiz outros cursos de qualificação e acho eles muito importantes para quem trabalha com atendimento ao público”, disse Alexsandro.
Outra contemplada, Ana Cristina Silva, 48 anos, trabalha há 20 anos vendendo colares no Pelourinho. Ela fez o curso que durou sete dias, no próprio campus da Unifacs, e aprendeu sobre turismo, vendas, educação financeira e qualidade de atendimento. “Eu entrava pela manhã e saia à tarde. Para mim valeu a pena porque estou vendo resultado, estou vendendo mais. Mesmo com 20 anos nessa área, eu descobri que ainda tinha o que aprender e dicas de como conquistar os turistas”, disse.
Na saída da cerimônia, Ana Cristina cruzou com o vendedor de amendoim Milton Reis. Aos 77 anos, 30 deles subindo e descendo as ruas do Pelô, Milton sempre fez questão de trabalhar fardado. Há dez anos ele veste calça e camisa polo, às vezes substituída por uma camisa social, mas sempre as duas peças na mesma tonalidade.
Milton sacou o celular para mostrar orgulhoso as vestimentas que, na maioria das fotos, aparecia ao lado da panela que ele carrega com os pacotes de amendoim torrado. “Quando tinha feira ou um evento especial, às vezes, davam para a gente um macacão ou uma camisa diferente. Eu usava, mas preferia a minha farda”, contou.
Sou Salvador
Essa foi a primeira etapa do programa Sou Salvador. Foram 420 inscrições e desse total, 354 pessoas frequentaram mais de 75% do curso e tiveram direito ao certificado e ao kit. Segundo o prefeito Bruno Reis, a intensão é expandir a iniciativa para outras regiões da cidade fora do Centro Histórico. O foco é no atendimento qualificado aos turistas.
“Esse programa possui diversos braços de atuação. Salvador deverá ter o maior verão de todos os tempos. A pandemia não acabou, os cuidados continuam, mas precisamos garantir nosso sustento, recebendo brasileiros e turistas de todos os cantos do mundo. E, para isso, adotamos uma série de medidas para recepcionar o turista de uma forma ainda melhor”, contou.
A capacitação envolveu a realização de workshops entre julho e agosto, com temas como Mercado Informal no Contexto Turístico, Marketing e Vendas, Hospitalidade/Recepção e Qualidade no Atendimento, Educação Financeira, Conhecimento das Principais Localidades Turísticas do Centro Histórico e Manipulação de Alimentos e Produtos.
Os trabalhadores assistiram aulas sobre novos negócios e tiveram acompanhamento dos agentes de empreendedorismo do Parque Social. O grupo também recebeu orientação financeira e comportamental, de fomento ao crédito e monitoramento. A próxima etapa será recadastrar e ordenar os vendedores e, depois, acompanhar e avaliar os resultados.
O projeto é desenvolvido pela Semdec, Semop, Secult, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Wakanda Educação Empreendedora, Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo em Salvador (Prodetur), Parque Social e Universidade Salvador (Unifacs).
Camaçari: única cidade do Nordeste com praias certificadas pelo selo Bandeira Azul
Mesmo que você ainda não conheça pessoalmente já ouviu falar nos pontos turísticos de Camaçari. Praias como Guarajuba, Itacimirim, Arembepe (principalmente pela fama da aldeia hippie), Jauá e Monte Gordo são alguns dos lugares bem procurados pelos visitantes.
Além das belas praias, a gestão do município vem investindo na promoção do turismo cada vez mais forte, o que inclui atividades esportivas e culturais, também. Diante dos impactos gerados pelo fechamento da Ford no complexo industrial, essa atividade ganha novas possibilidades de expansão e desenvolvimento econômico da região.
“O turismo em Camaçari vem vivendo um novo momento. A gestão está unida em trabalhar, fortalecer todos os 42 km de costa que nós temos. O prefeito Elinaldo entende a importância das atividades hoje para Camaçari. Com o processo de desaceleração da indústria, com o fechamento da Ford, nós temos hoje a atividade do turismo como uma atividade potente e fonte geradora de emprego e renda. Quando falo em turismo, não me refiro apenas ao turismo sol e mar, mas ao turismo étnico, rural, cultural, esportivo, de aventura, pois nós temos muitos produtos para ofertar ao turista. Entendemos também que o turismo indiretamente mexe com 52 setores da nossa economia, então ele movimenta toda uma cadeia de forma direta e indireta, o que gera desenvolvimento para toda a região”, ressalta a secretária do Turismo, Cristiane Bacelar.
Ações especiais
Rios, praias e infinitas belezas naturais são características também presentes na cidade mais industrializada da região. Isso pode impulsionar o estado e o país como destinos diferenciados para o turista que busca diversidade, aliada às riquezas natural e cultural. Para estimular o segmento há uma série de atividades promocionais relacionadas à Costa de Camaçari. Essas ações serão trabalhadas junto a mercados emissores tradicionais e potenciais nacionais e internacionais, através de participação em eventos turísticos; confecção de material promocional; propaganda e publicidade; uma ampla programação esportiva, abrangendo esportes terrestres e aquáticos, e a realização de Famtour e Famtrips (ações publicitárias voltadas para divulgar e promover um destino ou empreendimento).
Além disso, a prefeitura criou o projeto Costa de Camaçari, que contempla a sinalização turística, passando pela qualificação de agentes da cadeia produtiva (ambulantes, baianas, barraqueiros, dentre outros), infraestrutura, instalação de postos de informações turísticas, de banheiros públicos, postos salva-vidas, mirantes, além de promoção de cursos.
Certificações
Vale lembrar que o setor obteve um outro marco importante: as conquistas das certificações Bandeira Azul para as praias de Guarajuba e Itacimirim. Com as premiações de qualidade ambiental, Camaçari tornou-se o único município do Nordeste com dois selos. Esse feito, aumenta a visibilidade internacional da Costa de Camaçari, caracterizando-a como destino sustentável.
Para que uma praia seja contemplada com a certificação é preciso seguir rigorosamente 34 critérios, que têm como base quatro temas relacionados à gestão ambiental, educação ambiental, segurança e serviço, além da qualidade da água. O certificado Bandeira Azul ainda é considerado um dos mais importantes rótulos ecológicos internacionais de sustentabilidade, que é concedido às comunidades que se esforçam para gerenciar seus ambientes naturais.
Destaques do potencial turístico de Camaçari:
A Costa de Camaçari ganhou destaque na revista Turismo e Hospitalidade, publicação nacional da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A aposta na costa camaçariense foi case da edição do mês de junho de 2021, na qual foi ilustrada como potencial da Bahia para reverter a situação de crise pela qual o setor do Turismo atravessa, agravada pela pandemia. O reconhecimento veio por meio da Câmara Empresarial de Turismo (CET) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo da Bahia (Fecomércio-BA).
Com o objetivo de educar as novas gerações sobre a importância e potencialidades da atividade turística para o município, foi retomado o projeto Turismo nas Escolas. A iniciativa visa promover o sentimento de pertencimento, a fim de que as pessoas entendam que todo esse universo, composto pela sede, costa, zona rural, pertence a Camaçari.
Camaçari integra a Câmara de Turismo da Costa dos Coqueiros, que é uma instância de governança turística regional e reúne oito municípios. A gestão municipal também tem dialogado com o estado em busca do fortalecimento do Turismo, a ideia é que seja realizado um projeto estratégico entre os governos.
Para fomento do turismo já foram firmadas parcerias voltadas para informação, capacitação e acesso às linhas de crédito com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e com o Banco do Nordeste. Além da implantação de capacitação em parceria com a Concessionária Litoral Norte (CLN).
Para unir esforços em detrimento da segurança pública da Costa de Camaçari, a prefeitura tem dialogado com a Polícia Militar com o objetivo de fazer um planejamento consolidado, com foco no Projeto Verão, para que a retomada do turismo no pós-pandemia seja com segurança.
* O Projeto Aniversário de Camaçari é uma realização do Correio com apoio institucional da Prefeitura de Camaçari.
Salvador foi o destino nacional mais vendido em 2020, diz anuário de operadoras
Salvador foi o destino nacional mais vendido nacionalmente em 2020, segundo o anuário da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (BRAZTOA). Aparecem na sequência Maceió e Natal (2º) e Rio de Janeiro e São Paulo (3º). Somente o Nordeste recebeu cerca de 2 milhões de turistas através das operadoras da Braztoa, representando 70% das vendas nacionais.
Titular da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), Fábio Mota celebrou o resultado e destacou iniciativas que têm sido tomadas para diminuir o impacto da pandemia de covid-19 no turismo. Além de uma estratégia de marketing com várias campanhas digitais, a lista inclui as obras de requalificação da orla, a criação do Selo Verificado e certificação do Safe Travel, a revitalização do Centro ao Atendimento ao Turista (CAT), o Capacita – programa de capacitação dos trabalhadores formais e informais do segmento turístico, e a promoção de press trips com jornalistas internacionais.
Equipamentos administrados pela Secult foram reabertos no período, seguindo protocolos sanitários. Entre eles estão a Casa do Carnaval, no Centro Histórico; Casa do Rio Vermelho – Jorge Amado e Zélia Gatta; e espaços Carybé das Artes, no Forte São Diogo, e Pierre Verger da Fotografia Baiana, no Forte de Santa Maria.
"Isso é fruto de um trabalho realizado desde 2013, onde Salvador foi completamente reconfigurada e essa transformação possibilita que o destino turístico esteja mais estruturado para seus residentes e preparado para receber os visitantes. A cidade agora está passando a colher os louros dessas ações de requalificação que foram feitas nos últimos anos contemplando o patrimônio cultural, artístico e turístico da capital”, diz Mota..
Turismo inteligente
Na semana passada, Salvador também foi uma das cidades escolhidas para participar de um projeto-piloto de Destino Turístico Inteligente (DTI) do Brasil, criado pelo Ministério do Turismo (MTur). A ideia do projeto é ampliar a competitividade dos destinos turísticos, investindo no turismo tecnológico, sustentável e acessível.
O modelo metodológico foi criado a partir de uma parceria com o Instituto Argentino Cidades Del Futuro (ICF) e com a Sociedade Mercantil Estatal para a Gestão da Inovação e as Tecnologias Turísticas (Segittur), da Espanha, instituições pioneiras no segmento.
Dentre as iniciativas estão o desenvolvimento de uma metodologia adaptada à realidade brasileira para a realidade de Destinos Turísticos Inteligentes; a realização de um diagnóstico situacional dos destinos que farão parte do projeto; a capacitação de gestores federais e locais; o acompanhamento da implementação das soluções relacionadas à eficiência na governança; a correta utilização de recursos públicos; o respeito às normas de acessibilidade e aos princípios de sustentabilidade; e a utilização da tecnologia a favor da valorização dos destinos e seus patrimônios, ao mesmo tempo que atenda às demandas dos turistas e visitantes.
Mesmo com a pandemia, Verão traz turistas e ajuda a movimentar Salvador
Basta ir a qualquer ponto turístico de Salvador que eles - os turistas - estão lá. E são muitos! Todos com o celular a postos, fazendo pose para a foto que vai ficar como registro da viagem. A professora Elizabeth Rodrigues, 40 anos, não perdeu a oportunidade da selfie com as cinco amigas de São Paulo. É a sua primeira vez na cidade e ela está adorando. “As pessoas aqui são muito simpáticas. Já visitamos o Pelourinho, o Elevador Lacerda e agora o Farol da Barra. Também já provei e aprovei a famosa moqueca de camarão. O próximo da lista é o acarajé”, conta.
Apesar da pandemia, o movimento de turistas em Salvador cresceu mesmo. De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (ABIH-BA), Luciano Lopes, a expectativa para o mês de janeiro é de uma taxa de ocupação entre 55% e 60%.
“Os números ainda são muito mais baixos do que os dos anos anteriores, mas já demonstram uma retomada das atividades turísticas em Salvador. Fizemos algumas previsões para o final de 2020 e início deste ano e estamos vendo que elas estão se concretizando. A nossa expectativa é atingir em 2021 entre 70% e 80% das taxas de ocupação de 2020”, afirma.
O guia de turismo Thiago Duarte aponta que a pandemia trouxe muitos prejuízos, mas janeiro está sendo um mês positivo, com bastante demanda: “O turismo parou em março e eu, particularmente, só voltei a trabalhar em setembro. Aí eu venho voltando gradativamente e agora tenho trabalhado quase todos os dias. O movimento está bem mais aquecido”.
Ele acrescenta que 99% dos turistas que atende são brasileiros de diversos estados. Além disso, a maioria busca por passeios privativos, que não misturem grupos diferentes: “Eu acredito que, por causa do coronavírus, as pessoas ainda estão com medo de se aglomerar e têm preferido os passeios de forma separada”.
É o que está fazendo a professora Elizabeth, que teve medo de viajar na pandemia, mas decidiu encarar, evitando aglomerações.
“Começamos a pensar na viagem em novembro, quando a covid estava em queda, mas aí os casos aumentaram de novo e ficamos com receio. Mas, viemos mesmo assim e estamos achando tranquilo, evitamos lugares muito cheios e fechados e tomamos todos os cuidados”, explica.
Ocupação
De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), os dados da taxa média de ocupação hoteleira vem apresentando crescimentos constantes, sobretudo a partir de julho. Em dezembro de 2020, a capital baiana recebeu 467.989 turistas. No mesmo mês, a taxa de ocupação hoteleira na cidade foi de 48,59%. O número ainda é abaixo do registrado em 2019, 60,15%, mas muito maior do que o pior mês do ano passado, abril, que registrou apenas 11%.
O presidente da ABIH-BA, Luciano Lopes, revelou ainda que a maior demanda vem da região Sudeste: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Para Silvana Rós, guia de turismo e vice-presidente da Federação Nacional dos Guias de Turismo, os números confirmam o que ela já observa: “Eu retomei as atividades em agosto, muito timidamente. Agora em dezembro estamos percebendo um aquecimento da visitação. E até então não vi uma representação significativa de turistas estrangeiros, como sempre acontece no período de alta estação”.
Prejuízos de 2020
Luciano Lopes relembra que o ano passado foi bastante desafiador para toda a área turística: “O setor hoteleiro baiano chegou a interromper praticamente todas as atividades com a chegada da covid-19. Em Salvador, as reservas dos hotéis foram reduzidas a praticamente zero, além do cancelamento total de eventos. Vivemos um verdadeiro colapso, impactando milhares de famílias”.
Nos hotéis, a previsão de ocupação esperada para 2020 era de 66,4%, mas o ano fechou em 37,4%. Em 2019, o balanço ficou em 62,49%. Isso trouxe uma redução de 56% no faturamento dos hotéis, se comparado com o ano anterior - R$ 673 milhões a menos no faturamento anual.
Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de janeiro a novembro de 2020, o número de passageiros no aeroporto de Salvador caiu 52,1% se comparado ao mesmo período do ano anterior, passando de 7,3 milhões para 3,1 milhões.
O presidente da ABIH-BA destacou que mais de 95% dos hotéis tiveram que fechar as portas, ao menos temporariamente, devido à falta de clientes entre março e maio de 2020. Mais de 40% dos funcionários foram demitidos.
Esperanças para 2021
De acordo com o secretário estadual de Turismo, Fausto Franco, a Bahia está empenhada na recuperação do turismo e, em especial, da malha aérea.
“Os resultados já são positivos, com as companhias voltando a operar voos regulares e charters, com destaque para voos internacionais, que estão sendo retomados à medida que os visitantes entendem a seriedade das medidas adotadas pela Bahia diante da pandemia”, avalia.
No Aeroporto Internacional de Salvador, a projeção é de 4.594 voos desembarcando entre 1º de dezembro de 2020 e 31 de janeiro de 2021.
A Secult estima que entre dezembro de 2020 e março de 2021 haverá um crescimento médio de 20%. Ainda segundo a projeção estimada pela secretaria, os dados da hotelaria podem chegar ao final de março com um índice médio de ocupação em torno dos 67%, retornando assim ao patamar registrado nos dois anos anteriores à pandemia.
Para o presidente da ABIH-BA, é preciso ter esperança, mas também colocar os pés no chão. “Sem a vacina, não tem como a gente superar o ano de 2020. É muito difícil porque, com a pandemia e sem a vacina, ainda há muita limitação de voos e de capacidade em restaurantes, por exemplo”, avalia.
Ele diz ainda que é possível manter as atividades, que os hotéis estão preparados e que é necessário seguir todos os protocolos recomendados. “Fizemos treinamentos para capacitar os funcionários para que eles estivessem preparados para seguir todos os protocolos de segurança e passar para os hóspedes uma sensação de segurança”, afirma.
Protocolos
Dicas da guia de turismo e vice-presidente da Federação Nacional dos Guias de Turismo, Silvana Rós:
Usar máscara o tempo todo
Trocar a máscara a cada 3h
Usar álcool em gel a cada vez que tocar algum objeto
Não contar com o auxílio das mãos dos guias para descida e subida dos veículos de transporte
Nos retornos aos veículos, higienizar as mãos com álcool em gel
Manter distanciamento em todos os locais
Os guias devem disponibilizar o aparelho e fazer a aferição da temperatura dos turistas
Os queridinhos de Salvador
*Informações dos sites Salvador da Bahia e Pelourinho Dia e Noite
Segundo o guia Thiago Duarte, os lugares que fazem mais sucesso em Salvador entre os turistas são o Centro Histórico, a Igreja Nosso Senhor do Bonfim e o Memorial Irmã Dulce.
A guia Silva Rós aponta os mesmos locais como os preferidos e dá destaca para a Praça Cairu, em frente ao Mercado Modelo, recém revitalizada pela Prefeitura de Salvador. “Os turistas querem um tempo para fazer compras e também para tirar fotos por lá”, afirma Silvana.
Praça Cairu - A Praça Visconde de Cairu foi construída entre o fim do século XIX e início do século XX o seu nome é uma homenagem a José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu, político baiano. No local, encontra-se uma estátua de bronze do Visconde e a antiga residência usada por ele, onde estão sendo construídos o futuro Museu da Cidade e o Arquivo Histórico Municipal de Salvador.
Centro Histórico - O Centro Histórico de Salvador – do qual o Pelourinho é símbolo e síntese – constitui o maior conjunto arquitetônico colonial da América Latina. O espaço é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). São mais de 3 mil imóveis dos séculos XVI a XIX, com sua arquitetura monumental de finalidade religiosa, civil – de função pública e privada – e militar.
Igreja do Bonfim - É uma das mais tradicionais igrejas católicas da cidade, dedicada ao Senhor do Bonfim e símbolo do sincretismo religioso da Bahia. A devoção ao Nosso Senhor do Bonfim é herança portuguesa, apó o comerciante e traficante de escravos Teodósio de Faria trazer uma imagem a Salvador como pagamento de uma promessa por ter sobrevivido a uma tempestade no mar. A festa religiosa e “profana” mais importante da Bahia, a “Lavagem do Bonfim” acontece, todos os anos, na segunda quinta-feira do mês de janeiro.
Memorial Irmã Dulce - Inaugurado em 1993, um ano após a morte da freira baiana, o Memorial Irmã Dulce (MID) é uma exposição permanente sobre o legado de amor e caridade do Anjo Bom da Bahia, reunindo mais de 800 peças que ajudam a preservar e manter vivos os ideais da religiosa. O hábito usado por ela, fotografias, documentos e objetos pessoais podem ser vistos no MID, que ainda preserva, intacto, o quarto de Irmã Dulce, onde está a cadeira na qual ela dormiu por quase trinta anos em virtude de uma promessa.
Farol da Barra - O Farol da Barra faz parte do Forte Santo Antônio da Barra. Esta fortificação abriga o Museu Náutico da Bahia, que conta com um acervo histórico formado por objetos de diversas épocas, alguns deles submersos por até 300 anos, e que ajudam a compreender a relação do homem com o mar e da Bahia com o Farol. Segundo o portal da Marinha do Brasil, o forte foi erguido em 1536, sendo a primeira fortificação do País, e é um dos principais pontos turísticos de Salvador.
Com surto de covid-19, prefeitura de Ibicoara decide reabrir para turismo
A cidade de Ibicoara, na Chapada Diamantina, vive um surto de covid-19. Entre os dias 5 e 20 de novembro, segundo os boletins epidemiológicos divulgados pelo município de 20 mil habitantes, o número de casos saltou de 34 para 153, o que corresponde a um aumento de 350%. Até esse domingo, o número de casos já tinha atingido 238, sendo 139 ativos e 5 mortes.
Mesmo assim, Ibicoara reabre hoje o Parque Natural Municipal do Espalhado, para exercício do turismo. É nesse parque que fica localizada a Cachoeira do Buracão, considerado o principal atrativo turístico do município. Segundo a secretária de Saúde, Luciara Aguiar Caires, o local não é o foco da doença no município e sim outro distrito, chamado Cascavel, que concentra 60% dos novos casos.
Ela também disse que não era favorável à reabertura do turismo, mas foi convencida da necessidade econômica vivida pelo setor. “Ouvimos relatos de guias que estavam mesmo passando necessidades financeiras. Eles foram a classe mais afetada e esse aumento de casos não é de responsabilidade deles e sim das aglomerações políticas”, explica Luciara.
Assim como diversas cidades baianas, Ibicoara viveu um processo eleitoral marcado pelo desrespeito às medidas de segurança que evitam o contágio. “Aqui estava super tranquilo, mas as eleições geraram muita aglomeração e estamos agora colhendo. Eu mesma só saí de casa para votar e estou deixando claro essa realidade para os clientes, de que temos um protocolo a seguir”, explica uma guia turística, que é a favor da reabertura.
Medida
Segundo o secretário de turismo Luiz Pimenta, o protocolo de reabertura já vinha sendo trabalho há cinco meses: “Hoje não existe na Chapada um protocolo tão bem elaborado como o nosso. Então, apesar do aumento, não vimos a necessidade do trade turístico pagar por isso”. Dentre as medidas adotadas no protocolo estão redução para cinco no número de turistas para cada guia; limitação de 70 visitantes por dia; agendamento prévio e obrigatório da visita; além das medidas básicas de distanciamento, uso de máscara, higienização das mãos e sem aglomerações.
Essa reabertura tem um prazo de 15 dias, podendo ser estendida de acordo com o cenário epidemiológico do município. “Essa foi uma decisão conjunta da prefeitura com o setor, assumindo a responsabilidade de que, se tiver aumento de casos, vamos dar uma freada na reabertura”, explicou a secretária da Saúde. Se depender do guia Sebastião Reis Aguiar, 57, a expectativa para essa retomada é boa: “De dezembro até março, minha equipe já tá muito bem agendada, graças a Deus”.
Chapada
O Parque Natural Municipal do Espalhado (PNME) é uma Unidade de Conservação da Chapada Diamantina que tem uma área de 611 hectares e está localizado a 30 quilômetros do estacionamento da sede de Ibicoara. Após sair do carro, o grupo percorre uma trilhe de três quilômetros até a Cachoeira do Buracão, que tem 85 metros de altura. Embora próximo, o local não faz parte do Parque Nacional da Chapada Diamantina, que possui atrativos turísticos em Ibicoara ainda fechados.
No entanto, a partir de 20 de novembro, atrativos do Parque Nacional foram reabertos em Lençóis, que também vive um aumento de casos de covid-19. Do dia 15 de novembro, quando foi realizado o primeiro turno das eleições, até esse domingo (29), o número de casos saltou de 176 para 236, em um crescimento de 34%. Em Lençóis, ao contrário de Ibicoara, nenhuma morte foi registrada.
Em nota, a prefeitura de Lençóis recordou que uma medida judicial suspendeu o poder do município em exigir teste de covid-19 e reserva antecipada para os turistas que desejam visitar a cidade. Lá, a reabertura ao turismo nos atrativos municipais aconteceu em outubro e no dia 3 de novembro a decisão judicial foi acatada. “Discordamos do entendimento do juiz e também dos empresários, representados pela Associação Comercial de Lençóis, que promoveram esta ação”, lembrou a prefeitura.
Já em Mucugê os atrativos municipais foram reabertos em setembro e, nos atrativos do Parque Nacional, essa retomada ocorreu no último sábado (28) - Permanecem fechados o Vale do Pati, mirante do Pati e Cachoeirão -. Em Mucugê, 83 casos de covid-19 foram confirmados. Destes, 10 permanecem ativos e dois evoluíram para óbitos. Em Andaraí, Itaetê e Palmeiras, os atrativos do Parque Nacional permanecem fechados.
O CORREIO não conseguiu contato ou não obteve retorno das prefeituras dessas cidades para comentarem como anda o processo de reabertura dos atrativos municipais. Em nota, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) disse que está dialogando com todas as seis cidades do entorno do Parque Nacional para definir em que momento e de que forma as trilhas e atrativos serão reabertos, procurando conciliar a estratégia de combate à covid-19 dos municípios com as demandas de visitação.
Saúde
Há duas semanas, os cinco leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do Hospital Regional da Chapada, em Seabra, beiram a lotação máxima. Outros hospitais do interior baiano também têm registrado alta taxa de ocupação nos leitos de UTI, o que fez o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, fazer um alerta sobre a pressão que o sistema de saúde do estado tem sofrido com a alta no número de infectados pelo coronavírus.
Segundo o titular da pasta, os hospitais estão mais cheios do que o observado no início da pandemia. "Estamos com números que remontam ao início da pandemia. Essa elevação era previsível, estávamos enxergando diariamente uma flexibilização fora de controle em todo o país, com festas, carreatas. A população não se mobilizou", disse em entrevista à TV Bahia, ao apontar que as pessoas estão retomando uma vida normal e negligenciando os cuidados básicos, como distanciamento social e uso de máscaras.
De acordo com o secretário, os leitos de UTI estão ainda mais cheios porque, ao retomar uma vida normal, a população volta a sofrer com problemas que haviam sido reduzidos, como os acidentes de trânsito, que voltaram a crescer.
"O sistema de saúde está duplamente pressionado pela volta da quase normalidade que as pessoas estão encarando. Estamos mais pressionados do que no começo do ano. Estamos em plena pandemia, a coisa não acabou, de forma alguma. Estamos vivendo uma retomada clara de tudo e temos uma elevação do número de casos, de pessoas internadas em todas as regiões do estado, e de forma mais grave do que ocorreu no começo. E estamos vendo a necessidade de UTI aumentando tanto pra covid, quanto pra casos como doenças de infarto, AVC, acidentes, o que aumenta essa sobrecarga".
De acordo com Vilas-Boas, o cenário tem obrigado a secretaria a se mobilizar. Leitos que foram abertos no começo da pandemia, para dar conta do alto número de casos, e que já havia sido fechado, serão reabertos em todo o estado. "Vários hospitais que tinham leito temporário para covid, na capital e no interior, precisão reabrir. As UTIs covid e não covid estão cada vez mais cheias", concluiu.
Lista das 10 cidades que tiveram mais crescimento de casos de covid-19 nas últimas 24h, segundo a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab):
- Brejolândia (crescimento de 112,5%);
- Serra Dourada (crescimento de 110,29%);
- Barra do Mendes (crescimento de 1069%);
- Brotas de Macaúbas (crescimento de 75%);
- Boninal (crescimento de 68%);
- Gavião (crescimento de 63,93%);
- Piritiba (crescimento de 62,16%);
- Cravolândia (crescimento de 57,89%);
- Andaraí (crescimento de 54,90%);
- Baixa Grande (crescimento de 51,24%).