Já são seis dias consecutivos de aumento na média móvel dos casos de coronavírus na Bahia. Na crescente iniciada na última quarta-feira (6), o índice passou de 1.771,43, no primeiro dia, para 2.419, na segunda (11), segundo dados do MonitoraCovid-19, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict), da Fiocruz. De acordo com o Secretário da Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas-Boas, a alta era esperada devido à retomada das notificações e ao aumento das contaminações com o Natal e o Réveillon.
“Houve uma redução da notificação no período das festas de Natal e Réveillon e, no começo do ano, ocorreu a subnotificação em função das mudanças das equipes das secretarias de saúde municipais. Agora, temos a retomada das notificações e o aumento fruto dos festejos de final de ano”, afirma o gestor da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Ainda de acordo com Vilas-Boas, a expectativa é do crescimento do número de casos e da média móvel nos próximos dias.
A médica infectologista Clarissa Cerqueira aponta que os dados já começaram a sofrer o impacto das aglomerações de Natal e Réveillon, mas o cenário deve ganhar gravidade mais para frente.
“Fazendo uma análise da incubação da doença e o número de pessoas que podem transmitir o vírus, a expectativa é que o número de casos aumente bastante para o final de janeiro e começo de fevereiro. A redução só ocorre mesmo com a vacina, que é a melhor forma de proteção. Isso só aumenta a importância da vacinação para a população”, explica a médica.
Na última terça-feira (5), a média móvel dos casos da Covid-19 no estado atingiu uma baixa de 1.744,14. Depois da queda, o índice retomou o crescimento na quarta-feira (6), quando chegou a 1.771,43, desde a data, a taxa passou por 1.788,29, em 7 de janeiro; 2.001,57, no dia 8; 2.272,29, no último sábado (9); 2.404,71, no domingo (10); até chegar a 2.419 na segunda (11) - único índice calculado pelo CORREIO por ainda não constar na atualização do MonitoraCovid-19.
Cerqueira conta que o número de novos casos varia dia a dia, por isso, a média móvel é uma ferramenta melhor de análise. Entretanto, também é necessário acompanhar a incidência da doença no longo prazo.
“Esse número [da média móvel] nos permite observar um aumento no número de casos. Os médicos tinham essa expectativa com a reabertura progressiva, que aumentou o contato das pessoas. No Brasil, dado as aglomerações que ocorreram, devemos ter um aumento progressivo no número de casos”, afirma a infectologista.
Já a média móvel de mortes está estável. Desde 24 de dezembro, a taxa relacionada aos óbitos causados pelo vírus está na casa dos 29, estando em 29,57 na segunda. Para chegar aos índices, é calculada a média das mortes - ou casos confirmados da doença - dos últimos sete dias.
O secretário de saúde explica que a expectativa é que o número de mortes comece a aumentar em 30 dias após o eventual crescimento dos casos de baianos com a doença.
“A média móvel de mortes não depende da notificação dos infectados, o número de casos sim. O fato de ter havido uma queda no número de casos não significa uma redução na quantidade de pessoas infectadas. Essa estabilidade da média móvel de mortes é um bom dado”, afirma Vilas-Boas.
Com 10 meses do coronavírus na Bahia, existe um manejo melhor do paciente, inclusive na terapia intensiva, que é capaz de reduzir o número de mortes. “A gente observa uma mortalidade menor da doença. Existem mais pessoas com Covid-19, mas a mortalidade é menor pela experiência adquirida com os casos’’, explica Cerqueira.
Boletim epidemiológico publicado na segunda-feira, pela Sesab, informa que foram registrados 915 casos de Covid-19, nas últimas 24h, uma taxa de crescimento de 0,2%. No mesmo período, 1.193 pacientes se recuperaram da doença (+0,2%)
Segundo o boletim, dos 513.756 casos confirmados desde o início da pandemia, 497.735 já são considerados recuperados e 6.568 encontram-se ativos. O documento ainda contabiliza 898.105 casos descartados e 123.632 em investigação. Foram 29 mortes registradas, elevando a 9.453 o total de óbitos na Bahia
Taxa de internação
O secretário também aponta que a taxa de internação está estável na Bahia há mais de três semanas. Na segunda, segundo a Central Integrada de Comando e Controle da Saúde da Sesab, a taxa de ocupação geral de leitos covid-19 no estado está em 63%. Tanto na UTI adulto quanto na pediátrica, 73% dos leitos estão preenchidos atualmente.
“Temos estabilidade no número de pessoas sendo internadas. Estamos com cerca de 70% de ocupação dos leitos de UTI, o que é muito bom”, comentou Vilas-Boas.
Caso necessário, existe a possibilidade de abertura de mais 30 leitos para Covid-19 no Hospital Espanhol, em Salvador, informa o secretário.
Nas próximas duas semanas, o Laboratório Central de Saúde Pública Profº Gonçalo Moniz (Lacen-Ba) vai ganhar celeridade e dar o resultado dos testes de coronavírus em 24h com a chegada de novos equipamentos. De acordo com Vilas-Boas, atualmente, o estabelecimento realiza cerca de 5 mil a 6 mil exames por dia, com uma espera de 72h para o resultado.
Vacina
Vilas-Boas mantêm conversas com secretários de saúde de outros estados para pressionar a aprovação emergencial de vacinas contra a covid-19 pela Anvisa. O grupo discute o texto de uma carta a ser enviada para a agência brasileira.
“Estamos discutindo o tema [da vacinação] por telefone, é algo contínuo. Existe uma discussão interna sobre a carta para a Anvisa pedindo mais celeridade na aprovação das vacinas, mas ela ainda não foi enviada e não sabemos quando o envio deve acontecer”, relata o secretário de saúde da Bahia.
O gestor da Sesab calcula que as vacinas devem ser disponibilizadas pelo Ministério da Saúde para a Bahia em 3 a 5 dias da aprovação do imunizante pela Anvisa. Vilas-Boas ressaltou que o Ministério possui um contrato com o Instituto Butantã para a aquisição de doses da CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com a instituição. Ainda não se sabe quantas doses seriam destinadas à Bahia.
Sobre a vacina Russa, a Sputnik V, Vilas-Boas confirmou que a União Química Farmacêutica vai começar a produzir os insumos para o imunizante na próxima sexta-feira (15). Um acordo entre os governos baiano e russo prevê acesso preferencial da Sputnik V.
De acordo com o Secretário de Saúde, a Bahia chegou a oferecer o Instituto Couto Maia e as Obras Sociais Irmã Dulce para realizar testes da vacina no estado e acelerar a aprovação na Anvisa, mas o estudo não foi autorizado pela agência brasileira.
Leitos lotados
Em Jequié, a taxa de ocupação geral dos leitos de UTI Adulto é de 100% desde o último sábado (9), informou a prefeitura local com base em dados repassados pelo Hospital Geral Prado Valadares (HGPV) e pelo Hospital São Vicente. Dos leitos, 14 estão ocupados por residentes do município e 15 por pessoas de outras localidades.
Segundo boletim epidemiológico publicado na segunda, Jequié registrou 46 novos casos de coronavírus nas últimas 24h, somando um total de 8.471 pessoas confirmadas com a doença, até o momento. Estão recuperados 7.437 pacientes.
O Secretário de Saúde da Bahia afirma que a pasta trabalha com remanejamento de pacientes para garantir um leito para todos os contaminados pela covid-19. “Trabalhamos os leitos em função das regiões de saúde. Em uma cidade saturada, remanejamos o paciente para outra região de saúde ou outro hospital”, explica Vilas-Boas.
Jequié fica na Macrorregião Sul, que possui uma taxa de ocupação geral de leitos para Covid-19 de 72%. Já os leitos de UTI Adulto para a doença da região estão 87% ocupados. As unidades de terapia intensiva pediátricas possuem lotação de 86% no local. Os dados foram retirados da Central Integrada de Comando e Controle da Saúde da Sesab na segunda.
No Centro-Leste da Bahia, a ocupação geral dos leitos para covid-19 é de 59% geral. Na UTI Adulto, o índice é de 78%. Na unidade pediátrica, a taxa cai para 74%.
O Centro-Norte baiano possui a menor taxa de ocupação geral de leitos para coronavírus, de apenas 17%. Tanto as UTIs Adulto quanto as pediátricas estão 45% ocupadas na região. Na Macrorregião Extremo Sul, a ocupação das unidades de terapia intensiva adulto e pediátrica está em 76%. Já a lotação geral de leitos para covid-19 é de 57%.
Tanto na Macrorregião Norte quanto na Oeste, a taxa de ocupação de leitos para coronavírus é de 42%. A lotação das UTIs pediátrica e adulto é de 70% e 55%, respectivamente.
No Leste do estado, 70% dos leitos para covid-19 estão ocupados. Já as UTIs Adulto e pediátrica registram ocupação de 72%. A Macrorregião Nordeste possui lotação geral dos leitos para a doença de 33%. Nas unidades de terapia intensiva Adulto e pediátrica, a taxa é de 50%. Já no Sudoeste baiano, 60% dos leitos destinados para os infectados pelo vírus estão cheios. As UTIs Adulto e pediátrica possuem ocupação de 77%.