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Lula desfila em carro aberto, recebe faixa e mostra força de Democracia no Brasil

Lula desfila em carro aberto, recebe faixa e mostra força de Democracia no Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez tudo o que estava em seu alcance para cumprir o protocolo da sua posse para o terceiro mandato. Desfilou em carro aberto, mesmo com todos os temores relacionados à sua segurança, passou em revista à tropa e cumpriu à risca o que lhe era pedido. Porém, foi quando teve que improvisar o momento de maior simbolismo em seu retorno ao Palácio do Planalto para o seu terceiro mandato.

Diante da recusa do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-vice, Hamilton Mourão, em lhe passarem a faixa presidencial, acompanharam Lula na subida da rampa e na passagem da faixa o cacique Raoni Metuktire, o jovem Francisco, 10, a catadora Aline Sousa, o metalúrgico Weslley Rodrigues, o professor Murilo de Quadros Jesus, a cozinheira Jucimara Fausto dos Santos, o militante Flávio Pereira e Ivan Baron, jovem que teve uma paralisia cerebral causada por uma meningite na infância.

O grupo se juntou à primeira-dama Janja Lula, ao vice-presidente Geraldo Alckmin e a sua esposa, Lu, além da cadela Resistência, que se tornou um símbolo da luta pela liberdade de Lula, durante a prisão em Curitiba. Ontem ela se transformou no primeiro animal a subir a rampa mais importante do Brasil durante uma cerimônia de posse.

Desde que Bolsonaro sinalizou que não participaria da posse, os detalhes da entrega da faixa viraram motivo de especulação. Parte do grupo que subiu a rampa disse que só soube ontem que entregaria o artefato. O convite que havia sido feito era para participar da posse.

Presidente convidou vice Geraldo Alckmin e a esposa, Lu, para desfile em carro aberto (Foto: Lula Marques/Dilvugação)
Ainda na base da rampa, Janja mostrou que exercerá o papel de primeira-dama com um protagonismo nunca antes visto na história deste país – para usar um antigo jargão de Lula. Responsável por organizar a festa da posse, a mulher do presidente ajeita um a um os participantes do ato. Indica ao Cacique Raoni que vá ao lado de Lula, para delírio do público. Sempre de olho em tudo.

Janja, que se aproximou de Lula durante a prisão dele em Curitiba, observa em lágrimas a passagem da faixa pelas mãos de cada um dos convidados, antes que o símbolo do poder chegasse às mãos de Aline e fosse, por fim, entregue a Lula.

A catadora Aline, que entregou o objeto ao presidente, disse que “valeu a pena” a luta por democracia. “Como cidadã, mulher negra, passar a faixa foi uma sensação de que a luta valeu a pena, essa luta durante os últimos anos em defesa da democracia, do direito das pessoas”, disse. Ela, que é neta e filha de catadores, lembra que entrou na profissão aos 14 anos.

Carro aberto
Mas o simbolismo que o presidente quis dar à cerimônia que marcou o seu retorno à Presidência da República começou com a decisão de desfilar em carro aberto. Um gesto comum aos presidentes, que se iniciou com Getúlio Vargas, na Década de 50, tornou-se motivo de suspense por razões de segurança. Temores de ameaças vindas de adversários inconformados com o resultado da eleição chegaram a alimentar a possibilidade de Lula passear pela capital num veículo blindado.

A bem da verdade, o povo não pôde chegar tão perto quando na primeira posse dele, em 2003, quando um apoiador chegou a abraça-lo durante o trajeto do Rolls Royce pela Praça dos Três Poderes. Porém, as 40 mil pessoas que tiveram acesso ao local puderam ver Lula acenar ao lado da esposa, Alckmin e Lu. Em sua primeira posse, já tinha inovado ao levar consigo o vice-presidente da época, José Alencar. Além dos temores em relação à segurança, a possibilidade de chuvas e o estado do veículo foram objetos de suspense. Somente depois que o Rolls Royce foi utilizado no ensaio da cerimônia, na sexta, ficou claro que ele poderia ser utilizado.

Após a assinatura do termo de posse, no plenário da Câmara dos Deputados, foi iniciada a cerimônia externa de honras militares e mais alguns sinais da robustez da Democracia brasileira foram dados. Como era de se esperar, as Forças Armadas prestaram reverência ao empossado comandante supremo. É o que manda a Constituição, entretanto o ato ganhou importância após a aproximação de determinados integrantes das Três Armas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que já chegou a se referir ao Exército Brasileiro como sendo dele.

Lula caminhou lentamente diante de representantes da Brigada de Guarda Presidencial, composta por integrantes das três forças, recebeu deles a deferência devida e seguiu adiante.

Reconstrução é prioridade para novo presidente
Um singelo “boa tarde Brasil” do alto do parlatório do Palácio do Planalto e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva remeteu as 40 mil pessoas na Praça dos Três Poderes à mobilização durante os dias de cárcere dele. Lula falou muito para eles, entretanto dedicou também boa parte dos seus discursos ontem para quem não votou nele. Pediu união, falou sobre a necessidade de reconstrução do país, com a retomada do combate às desigualdades em foco, e fez uma enfática defesa da democracia.

No Congresso Nacional, onde deverá enfrentar feroz oposição de partidários do ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula fez um clamor por “Democracia para Sempre”. No pronunciamento direcionado a apoiadores que acompanharam a cerimônia em Brasília disse que vai governar para 215 milhões de brasileiros e ressaltou a necessidade de reatar laços.

“A ninguém interessa um país eternamente em pé de guerra. É hora de reatarmos laços com amigos e familiares, rompido por discurso de ódio e disseminação de tantas mentiras”, disse.

Quando falou sobre a desigualdade, presidente interrompeu o discurso em lágrimas. Ele defendeu que é “urgente e necessária a formação de uma frente ampla contra a desigualdade”. Lula chegou a pedir ajuda à primeira-dama Janja ao falar sobre a realidade de brasileiros que fazem filas em açougues para comprar ossos. “A desigualdade apequena este nosso país de dimensões continentais ao dividi-lo em partes que não se reconhecem”, afirmou o presidente.

Na área econômica, destacou a necessidade de recomposição das verbas do Orçamento, disse que o governo vai retomar obras paradas e falou em uma nova legislação trabalhista. Lula voltou a criticar o teto de gastos e renovou a promessa de acabar com a âncora fiscal.

O presidente ainda criticou a violência contra a mulher e destacou a desigualdade em relação a homens no mercado de trabalho.

Em seu discurso na posse de Lula, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, citou a atriz e imortal da Academia Brasileira de Letras Fernanda Montenegro, a quem celebrou como “a dama do nosso teatro”. Ele creditou a ela a frase “um país sem cultura é um país sem educação”. O presidente do Senado foi bastante elogiado pelo tom conciliatório adotado em sua fala. “O novo governo chega com desafios complexos, como unificar um Brasil polarizado, garantir compromissos sociais e governar com responsabilidade fiscal”, lembrou.

A caneta do Piauí
Lula quebrou o protocolo na cerimônia de posse no Congresso Nacional, ao assinar o documento que o formalizou como presidente. Ele pediu a palavra e disse que usaria uma caneta com valor sentimental, que ganhou em 1989, e não a disponibilizada pelo Congresso.

“Em 1989, eu estava fazendo comício no Piauí. Foi um grande comício, depois fomos caminhar até a igreja São Benedito. Ao terminar o comício, um cidadão me deu essa caneta e disse que era para eu assinar a posse, se eu ganhasse as eleições de 1989”, contou.

“Eu não ganhei as eleições de 1989, não ganhei em 1994, não ganhei em 1998. Quando venceu, em 2002, esqueceu a caneta e usou a do senador Ramez Tebet. “Em 2006, assinei com a caneta aqui do Senado. Agora, eu encontrei a caneta. E essa caneta aqui, Wellington, é uma homenagem ao povo do Piauí”, contou.

O presidente também criticou o governo de Jair Bolsonaro, ao citar a piora de indicadores sociais e econômicos, mas defendeu que é “hora de olhar para frente”. Nesse momento, apoiadores do petista repetiram a frase “sem anistia”. Lula afirmou em seguida, ao voltar a discursar, que “não é hora para ressentimentos estéreis”.

“Agora é hora de voltar a cuidar do Brasil e do povo, gerar empregos, reajustas o salário mínimo acima da inflação, criar ainda mais vagas nas universidades”, defendeu.

Apesar de deixar claro que seu mandato não terá “nenhum ânimo de revanche”, avisou que “quem errou responderá por seus erros”, sem citar qualquer nome. “Ao ódio responderemos com amor, à mentira com verdade, ao terror e violência com as leis e suas mais duras consequências. Antes dizíamos ‘ditadura nunca mais’. Depois do terrível desafio que superamos, devemos dizer: ‘Democracia para sempre’”, defendeu.

À noite, durante o festival de música para comemorar a posse, Lula fez o terceiro discurso do dia, e mostrou que só quer saber de amor. Beijou Janja e ainda pediu a Alckmin que fizesse o mesmo com Lu.

Autoridades e políticos acompanharam a posse
A sessão solene do Congresso Nacional em que tomaram posse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin foi acompanhada por parlamentares, futuros ministros, autoridades dos Três Poderes, além de chefes de Estado e de governo de outros países.

O ex-presidente do Uruguai José Mujica foi tietado por parlamentares governistas. Ele foi convidado a vir ao Brasil pelo atual presidente do país, Luis Lacalle Pou, que também trouxe em sua comitiva o ex-presidente Julio Maria Sanguinetti. Os dois são adversários de Lacalle Pou. Ainda assim, o trio de uruguaios permaneceu junto e conversou entre si durante o evento.

A grande maioria dos parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro não compareceu à cerimônia. Por outro lado, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), aliado do ex-presidente, marcou presença no plenário da Câmara. O político fluminense se sentou sozinho e passou alguns minutos mexendo no celular, sem interagir com ninguém. De cabeça baixa, ignorou o desfile em carro aberto de Lula, que era transmitido em um telão no Planalto.

Castro foi o único governador aliado de Bolsonaro a comparecer. De manhã, ao tomar posse para seu segundo mandato no Rio, ele havia dito que iria a Brasília porque prometeu, na campanha, que trabalharia com qualquer presidente que fosse eleito.

Em seu discurso, Lula fez um elogio à atuação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que levou alguns dos presentes a aplaudirem e fazerem gestos de positivo em direção ao presidente da Corte eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, que estava sentado na primeira fila. Ele retribuiu balançando a cabeça em sinal positivo.

Depois, no mesmo discurso, Moraes aplaudiu alguns dos trechos das falas do presidente, como o momento em que Lula afirmou “democracia para sempre” e quando criticou os decretos de Bolsonaro que flexibilizaram a posse e o porte de armas.

Lula assina MPs do Bolsa Família, dos combustíveis e revogaço
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já assinou os primeiros atos de seu governo. O Palácio do Planalto anunciou também a edição de medida provisória que garante o pagamento de R$ 600 dos beneficiários do programa de transferência de renda, hoje chamado Auxílio Brasil e que voltará a ser Bolsa Família.

Outro ato assinado é a medida provisória que prorroga a desoneração tributária dos combustíveis. Segundo o novo ministro da Casa Civil, Rui Costa, falou mais cedo ao Estadão, a desoneração, que acabaria no último sábado, 31 de dezembro, será estendida por mais 60 dias. A lista dos primeiros despachos do presidente autoriza ministros a retirarem Petrobras, Correios e Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) do processo de desestatização iniciado pelos ministros do governo de Jair Bolsonaro.

A equipe de transição do presidente já tinha recomendado o cancelamento dos processos de privatização em 2023. O relatório final da equipe traz ainda a indicação para interromper a privatização da Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep), a Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural (PPSA) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O anúncio de ontem, no entanto, não cita essas outras estatais. O despacho deve ser publicado em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).

Antes mesmo de dar posse ao seu Ministério, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) editou como primeiro ato de governo um "revogaço" de medidas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Um das prioridades da gestão do antecessor, a política de facilitar acesso às armas, foi brecada. O petista também determinou a revisão, em 30 dias, de decisões que impuseram sigilo sobre informações da administração anterior.

Sobre as armas, conforme o texto, ficam suspensos os novos registros para aquisição de armas de uso restrito por CACs (Colecionadores, Atiradores e Caçadores). Quantitativos de armas e munições também serão reduzidos. Outro despacho de Lula restabelece o Fundo Amazônia e viabiliza uso de mais de R$ 3 bilhões em doações internacionais para combater o desmatamento.

Itens relacionados (por tag)

  • Lula anuncia recursos para agência da ONU de refugiados palestinos denunciada por Israel

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (15), em discurso no Cairo, que o Brasil vai realizar uma doação para a agência da ONU voltada para refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês).

    A entidade está sob investigação após acusação de Israel de que alguns de seus integrantes supostamente teriam ligação com o Hamas e participado dos ataques de 7 de Outubro. Por isso, mais de dez nações, a maior parte europeias, cortaram o financiamento.

    "Meu governo fará um novo aporte de recursos para a UNRWA e exortamos todos os países a manterem e reforçar suas contribuições", afirmou o presidente, sem detalhar o valor e dizer quando será feita a contribuição.

    No site da UNRWA, a planilha de doações de 2022 mostra que o Brasil contribuiu com apenas US$ 75 mil para a agência, um percentual insignificante (menos de 0,01%) diante do total de US$ 1,17 bilhão recebido naquele ano. Estados Unidos, Alemanha e União Europeia são os maiores doadores; juntos, destinaram mais da metade dos recursos à disposição da UNRWA.

    O governo federal ainda não detalhou de quanto será a nova doação.

    O presidente também aproveitou para criticar os países ricos que cortaram seus financiamentos à organização. Afirmou que as denúncias precisam ser investigadas, mas a organização não pode parar por causa disso.

    "No momento em que o povo palestino mais precisa de apoio, os países ricos decidem cortar a ajuda humanitária à Agência da ONU para os Refugiados da Palestina. As recentes denúncias contra funcionários da agência precisam ser devidamente investigadas, mas não podem paralisá-la", afirmou.

    Na sequência, ele acrescentou que refugiados em outros países, como Jordânia, Síria e Líbano, também ficarão desamparados sem os recursos. E chamou essa ação de "covardia".

    "É preciso pôr fim a essa desumanidade e covardia. Basta de punição coletiva", completou.

    A declaração ocorreu na sede da Liga Árabe. O presidente participou de uma sessão plenária extraordinária da organização, onde discursou para representantes dos países-membros.

    Os cortes de recursos anunciados após as acusações israelenses podem agravar ainda mais a situação dos palestinos em Gaza, que já lidam com deslocamentos forçados, bombardeios constantes, insuficiência de hospitais e carência de água e de comida.

    O discurso na Liga Árabe era um dos momentos mais aguardados da viagem do presidente ao continente africano. Ele já havia falado na tribuna da organização em dezembro de 2003, durante o seu primeiro mandato.

    Antes do discurso, Lula teve uma reunião reservada com o secretário-geral da organização, Ahmed Abul Gheit.

    O mandatário voltou a criticar, na sessão plenária, Israel por suas ações no conflito com o grupo terrorista Hamas. Tel Aviv está na iminência de uma operação terrestre em Rafah, cidade ao sul de Gaza que faz fronteira com o Egito.

    "Operações terrestres na já superlotada região de Rafah pronunciam novas calamidades e contrariam o espírito das medidas cautelares da Corte [Internacional de Justiça]. É urgente parar com a matança. A posição do Brasil é clara: não haverá paz enquanto não houver um Estado palestino dentro de fronteiras mutuamente acordas e internacionalmente reconhecidas, que inclui a Faixa de Gaza e Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital", afirmou Lula.

    O presidente também voltou a atacar Israel, falando que o país ataca indiscriminadamente, atingindo a população civil.

    "O ataque do Hamas de 7 de outubro contra civis israelenses é indefensável e mereceu veemente condenação do Brasil. A reação desproporcional e indiscriminada de Israel é inadmissível e constitui um dos mais trágicos episódios desse longo conflito. As perdas humanas e materiais são irreparáveis", afirmou o presidente.

    A Liga Árabe, fundada em 1945, é composta por 22 países: Arábia Saudita, Argélia, Bahrein, Qatar, Comores, Djibuti, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano, Líbia, Marrocos, Mauritânia, Omã, Palestina, Síria, Somália, Sudão e Tunísia.

    O primeiro compromisso oficial de Lula no Egito havia acontecido horas antes, quando foi recebido pelo ditador egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, em uma cerimônia no palácio presidencial de Heliópolis. Lula já havia então criticado Israel pela resposta dada após sofrer ataque do grupo terrorista Hamas e cobrou uma reforma no Conselho de Segurança da ONU.

    "O Conselho de Segurança não pode fazer nada na guerra entre Israel e [o Hamas na] Faixa de Gaza. A única coisa que se pode fazer é pedir paz pela imprensa, mas me parece que Israel tem a primazia de não cumprir nenhuma decisão emanada da direção das Nações Unidas", afirmou o presidente.

    A chegada ao Egito ocorre em meio ao acirramento das tensões na Faixa de Gaza, especialmente pela situação de Rafah. A cidade tornou-se a única porta de saída da zona de conflito e por isso concentra uma grande população civil, que foge dos ataques.

    Também no Cairo ocorrem negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, que envolveria a libertação de reféns. Participam representantes do Hamas, de Israel, do Qatar, do Egito e dos Estados Unidos.

    O presidente deixa o Egito na noite desta quinta-feira (15) e segue para Addis Abeba, na Etiópia, onde participa da cúpula da União Africana.

  • Inscrições para o Concurso Público Unificado terminam sexta-feira

    Com a oferta de 6.640 vagas para 21 órgãos federais, o Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) chegou à reta final do período de inscrição, que termina nesta sexta-feira (9). Ao longo de 20 dias, mais de 1,5 milhão de candidatos escolheram uma ou mais carreiras em um dos blocos temáticos lançados em oito editais.

    Para isso, é necessário apenas selecionar o bloco temático e o nível de escolaridade que o candidato pretende concorrer, com taxas de inscrição no valor de R$ 90 para vagas do ensino superior e R$ 60 para os concorrentes de nível médio.

    Isenção de taxas

    Segundo o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), que promove o processo seletivo, mais de 90% dos pedidos de isenção das taxas de inscrição foram atendidos, com mais de 600 mil candidatos que poderão concorrer livres de custo. São pessoas que integram o Cadastro Único (CadÚnico); bolsistas do ProUni; financiados pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies); ou, ainda, doadores de medula óssea que puderam se beneficiar da isenção.

    Nesses últimos dias de inscrição, os candidatos que não tiveram os pedidos de isenção aceitos ainda poderão pagar a taxa e participar do concurso. Todo o processo de inscrição é feito pela página da Cesgranrio, que é a banca realizadora do processo seletivo, com o uso da conta gov.br.

    Outra inovação no processo que possibilita a igualdade de acesso aos cargos efetivos é a aplicação da prova em 220 municípios brasileiros - de todos os estados e o Distrito Federal - no dia 5 de maio. Antes da data, os inscritos poderão verificar os dados finais da inscrição no dia 29 de fevereiro e no dia 29 de abril já será possível consultar o local de prova.

    A previsão é que no dia 3 de junho sejam divulgados os resultados das provas objetivas e preliminares das provas discursivas e de redação e, no dia 30 de julho saia o resultado final com a classificação dos aprovados.

  • Alckmin diz que setor automotivo investirá R$ 100 bilhões até 2029

    O setor automotivo brasileiro deverá receber cerca de R$ 100 bilhões em investimentos nos próximos anos. O número, apresentado por representantes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) ao vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, foi divulgado nesta quarta-feira (7) pelo ministro em entrevista ao programa Bom Dia, Ministro, veiculado pelo Canal Gov, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

    Alckmin se reuniu na terça-feira (6) com o presidente da Anfavea, Márcio de Lima. Durante o encontro, o dirigente disse que o total a ser investido na indústria automotiva brasileira será maior do que os R$ 41,2 bilhões anunciados na semana anterior.

    Segundo Alckmin, “será um investimento recorde”, que resultará na construção de, pelo menos, quatro fábricas.

    “Já temos fábrica de ônibus elétrico. Teremos também duas fábricas de carros elétricos. São duas montadoras. A BYD [empresa chinesa que assumiu o complexo industrial que pertenceu à Ford] em Camaçari [BA]; e a GWM [Great Wall Motors, também chinesa], em São Paulo. Mas outras virão”, acrescentou.

    O ministro lembrou que o setor automotivo tem, entre suas vantagens, a de estimular uma cadeia longa de produtos que favorecem desde as indústrias do aço e de vidro, até de pneus e autopeças, “gerando muito emprego e agregando muito valor”.

    “Isso será facilitado pela retomada da economia”, disse o ministro ao destacar que esses investimentos são estimulados por iniciativas como a do Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que ampliou as exigências de sustentabilidade para a frota automotiva nacional, de forma a viabilizar a descarbonização dos veículos por meio de incentivos fiscais.

    “Duas boas notícias vão aumentar a venda da indústria automotiva. A primeira é a queda da Selic [taxa básica de juros], que deve se manter. A outra é o Marco de Garantia, aprovado pelo Congresso Nacional. Ou seja, se [uma empresa] vende um carro e a pessoa não paga, agora com o Marco de Garantia pode-se pegar o carro de volta”, argumentou Alckmin.

    Reoneração gradual

    Na entrevista, Alckmin reiterou as justificativas do governo para a reoneração gradual da folha de pagamento de 17 setores da economia. Segundo ele, a preocupação do governo é com a responsabilidade fiscal, visando a meta de déficit primário zero.

    “Há um tripé importante para economia: juros, câmbio e imposto. A reforma tributária trouxe eficiência econômica para o país. O câmbio, a R$ 5, está bom para a exportação. Precisamos ainda baixar os juros, que já estão caindo 0,5 ponto percentual ao mês”, disse.

    “A preocupação do [ministro da Fazenda, Fernando] Haddad, de não fazer déficit, está, portanto, correta. Eram 17 setores, mas incluíram os municípios. Então dobrou o custo de R$ 9 bilhões para R$ 18 bilhões. É uma questão de constitucionalidade. Para abrir mão de R$ 9 bilhões, tem de informar o que será cortado ou que imposto será aumentado. A preocupação é fiscal e jurídica”, argumentou.

    O ministro disse acreditar que tudo se resolverá com diálogo, e que as negociações voltarão após o carnaval. “Nossa expectativa é de diálogo, e nisso o presidente Lula é mestre”, acrescentou ao sair da entrevista.

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