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De acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), 69% dos empreendimentos do setor na Bahia ainda operam no prejuízo, quase três anos após o auge da pandemia da Covid-19.

Localizado no Terreiro de Jesus, o restaurante Cantina da Lua fechou as portas temporariamente em 2020 e só voltou a funcionar em julho de 2022. O empreendimento, administrado há 51 anos pelo jornalista, escritor, poeta, compositor e agitador cultural Clarindo Silva, 81, tenta alcançar os mesmos números de 2019, ano antecessor ao do decreto de emergência sanitária global, emitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, a retomada é lenta, o orçamento é apertado e o quadro de funcionários não é mais o mesmo. No período pré-pandemia, Clarindo tinha uma equipe com 24 colaboradores, número que foi reduzido em 50%.

De acordo com o proprietário, o retorno é gradativo. Sem detalhar o número de pratos que era vendido diariamente antes da pandemia, Clarindo contou que o faturamento do último ano consiste em 75% das vendas de 2019. “Não é um caso só da Cantina da Lua, mas de toda região [Pelourinho], até porque a retomada é gradativa”, pontuou.

Apesar da insegurança para o pagamento de fornecedores e de outros compromissos quando o movimento é baixo no empreendimento, Clarindo se mostrou otimista para a próxima temporada de verão, 2023-2024. A ideia é retornar com o funcionamento total do estabelecimento, incluindo a parte superior do restaurante, que hoje só funciona de forma esporádica, e explorar eventos como a Terça da Benção do Olodum, festa pré-carnavalesca que abre o verão baiano no Pelourinho. “Foi o principal processo de aquecimento na economia para gente. Colocávamos a panela no fogo todas as terças-feiras, com a certeza de que teríamos dinheiro para pagar fornecedores e outras despesas no dia seguinte”, disse.

Segundo Luiz Henrique do Amaral, presidente executivo da Abrasel, o pós-pandemia trouxe uma configuração de ambiente diferente, com um grau de endividamento maior. “O setor está chegando aos mesmo números de 2019, porém, os resultados do ponto de vista de gestão de negócios são muito ruins”, explicou. Conforme a pesquisa da associação, realizada em junho deste ano, 53% das empresas têm pagamentos em atraso e 86% devem impostos federais.

Amaral ainda contou que o atual número de empreendimentos do setor – 74 mil – supera a quantidade de estabelecimentos que estavam em funcionamento em 2019, no entanto, a diferença não foi estimada. O crescimento é um tanto ilusório. “A barreira de entrada é muita pequena no segmento de bares e restaurantes. É comum o surgimento de novas empresas em momentos de crise, como também, infelizmente, é comum que 80% dos empreendimentos fechem a cada dois anos”.

O restaurante e lanchonete Tropicália, também no Centro Histórico, é um dos empreendimentos que atuam com o peso do prejuízo causado pela pandemia. Antes, o estabelecimento funcionava até uma hora da manhã. Hoje, a cozinha fecha às 17h e o estabelecimento, às 18h. Além disso, as dívidas com impostos federais, não especificados pela chefe, são um problema para o restaurante. “Estamos pagando parcelas altíssimas até hoje. As despesas continuaram durante a pandemia, no entanto, o dinheiro que entrava não era o suficiente para arcar com todos os compromissos financeiros. Então, uma bolinha de neve foi gerada”, explicou.

A garçonete Zeila Maia, do Quiosque do Dedé, no bairro do Imbuí, destacou que o movimento aos finais de semana foi reduzido em comparação ao período pré-pandemia. A funcionária acredita que isso possui relação com dois fatores: maior número de bares instagramáveis (propícios para publicações na rede social Instagram) em Salvador e a preferência dos soteropolitanos por assistir aos jogos de futebol em casa. Hoje, a movimentação é três vezes menor do que em 2019. “Dia de sexta fica um deserto no Imbuí, até às 17h. O movimento aumenta à noite, mas não é a mesma coisa”, disse.

Empregos recuperados

Em 2020, a Bahia registrou a perda de 19.034 empregos formais por subclasse nas atividades características do turismo no estado. O valor foi superado no acumulado de janeiro de 2021 a setembro de 2022, com a geração de 20 mil empregos do segmento. As informações são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia. Nos saldos de 2021, 2022 e 2023, o total chega a 26 mil gerados.

No Tropicália, por exemplo, Fernanda apontou que a equipe precisou ser reduzida durante a pandemia. O turno da noite, com seis pessoas, foi cortado, e só duas continuaram trabalhando dos sete funcionários que integravam a equipe da tarde. Os colaboradores do dia foram recuperados após a flexibilização das medidas sanitárias, mas o turno da noite ainda continua suspenso.

Conforme os dados da Abrasel, 33% das empresas pretendem contratar no segundo semestre de 2023, enquanto 49% pretende manter o quadro. Apenas 17% indicaram que pretendem demitir.

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Mesmo com a alta da inflação no país, o setor de construção civil cresce na Bahia e já é o segundo estado que emprega mais do que no período pré-pandemia. Em fevereiro de 2020 eram 114 mil vagas formais, enquanto que no mesmo mês deste ano, o número saltou para 133 mil, o que representa um aumento de 15%. Enquanto isso, a capital Salvador ocupa o lugar de terceira cidade que mais gerou empregos formais nos dois primeiros meses de 2022, foram 3.043, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.

Os dados foram divulgados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) durante um evento realizado na tarde de quarta-feira (27) na sede do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA). Para se ter noção da importância do setor para a engrenagem da economia, 7,35% do total de trabalhadores formais no estado estão empregados na construção civil, de acordo com o Ministério do Trabalho.

“Hoje a construção civil no Nordeste emprega 20% a mais trabalhadores do que no período anterior à pandemia e isso acontece na Bahia também [...] O estado ganhou mais de 20 mil trabalhadores com carteira assinada, ou seja, é um mercado importante de geração de emprego e renda”, afirma Iêda Vasconcelos, economista da CBIC.

Seguindo a linha do setor aquecido, Salvador é a capital do Nordeste que mais lançou unidades residenciais no ano passado, foram 5,6 mil. Apesar disso, a cidade ocupa o quinto lugar no ranking de capitais que mais vendeu na região, segundo dados da consultoria Brain. Fábio Tadeu Araújo, sócio-dirigente da Brain, explica que um dos motivos que explica o fato de Salvador não ter vendido tanto quanto lançou é a baixa unidade de estoque.

“Fortaleza começou o ano passado com um estoque maior, eram cerca de 6 mil unidades em estoque. Enquanto Salvador tinha 4 mil unidades em estoque, então um dos fatores que explica Fortaleza ter vendido mais é que lá eles tinham mais o que vender [...] Salvador demorou para eliminar estoque ano passado, então faltou tempo para o lançamento. Falta muito produto em Salvador”, afirma Fábio Tadeu.

Um dos motivos que contribuíram para o cenário positivo do setor em 2021 na Bahia foi o decreto presidencial que tornou a construção civil um tipo serviço essencial durante a pandemia, em maio de 2020. “Temos que falar da importância que foi para o Brasil e para o emprego a construção civil não ter parado. Nós aumentamos em 15% a quantidade de empregos nesse período, o que é muito significativo”, diz o presidente da CBIC, José Carlos Martins.

As boas notícias sobre maior geração de postos de trabalho, especialmente no setor de construção de edifícios, deve esbarrar em um grande problema nos próximos meses: o aumento no preço dos insumos. A construção civil convive com significativas elevações de custos por conta de problemas na indústria durante a pandemia.

Entre julho de 2020 e março deste ano, pelo menos sete insumos imprescindíveis tiveram aumento de mais de 75% na capital baiana. A grande vilã é a chapa de compensado, que já acumula alta de 101%, ou seja, está valendo o dobro. Em seguida vem a fechadura para porta interna (98%), aço (96%) e vidro liso transparente (87%). A alta dos preços é muito acima da inflação brasileira, que está em 11,30% no acumulado dos últimos 12 meses, até março.

“A inflação da construção civil é muito maior do que a inflação do Brasil, então, os salários são reajustados pela inflação oficial, que está na faixa de 10%, aqui nós não temos inflação abaixo de 30%. É por isso que as famílias estão perdendo a capacidade de compra. Existe preocupação hoje dos empresários se vão conseguir dar conta de vender os lançamentos”, explica José Carlos Martins.

A elevação dos preços, no entanto, ainda não foi completamente repassada aos consumidores finais, aqueles que compram os imóveis. Isso pode ser explicado por um ditado muito usado por quem trabalha no setor: “a obra de hoje é o contrato de ontem”. Ou seja, as obras que foram realizadas ao longo de 2021 e no primeiro trimestre deste ano são fruto do ciclo de negócios iniciado em julho de 2020, quando a alta de preços não era tão significativa quanto agora.

Entre as cinco cidades analisadas pelo CBIC, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte, a capital baiana se destaca por ser a que menos aumentou o valor dos imóveis residenciais. Houve um incremento de apenas 6% nos valores dos imóveis vendidos na cidade no primeiro trimestre de 2022, em comparação com o período do ano anterior, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção.

Imóveis devem ter elevação de preços nos próximos meses

Se até agora os empresários não tinham necessidade de fazer um repasse maior do aumento do preço dos insumos, a partir de agora não tem mais jeito, os preços dos imóveis vão subir, é o que garantem os especialistas.

“É impossível lançar um empreendimento hoje com o mesmo custo que você tinha em março do ano passado ou em março de 2020. Mediante ao baixo volume de novas unidades disponíveis para comercialização, que é o estoque, e a demanda continua consistente, a tendência é de aumento de preços. Não tem como fechar a conta”, explica Iêda Vasconcelos.

Apesar dos especialistas não precisarem quando a alta de preços deve começar a ser sentida em Salvador, o presidente do Sinduscon-BA, Alexandre Landim, é claro: “A hora de comprar imóveis é agora”. Ele destaca, no entanto, que a inflação não é benéfica para nenhum dos lados e afirma que uma saída está sendo não priorizar as indústrias nacionais e comprar insumos onde os preços estão mais em conta.

“Ninguém ganha com a inflação, por isso não é do nosso interesse aumentar o preço dos imóveis e nem oportunizar isso. Mas hoje nós temos esse problema complexo [...] Estamos hoje, na construção civil, experimentando o que todo mundo já faz, que é comprar onde está mais barato no planeta globalizado”, diz Alexandre Landim.

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O Ministério da Saúde afirmou nesta quarta-feira (30) que não pretende decretar o "fim da pandemia" de Covid-19 no Brasil nos próximos dias. A declaração vai contra a expectativa declarada pelo presidente Jair Bolsonaro, que citou em evento na Bahia que havia estudos para que isso ocorresse até 31 de março.

Em evento em Brasília, representantes da pasta esclareceram que não está na competência do ministério decretar o fim da pandemia, mas sim estipular a validade do decreto que instituiu "emergência sanitária nacional" por causa da Covid-19, em fevereiro de 2020.

Segundo a Lei 13.979/2020, que trata de medidas de enfrentamento da pandemia, um "ato do Ministro de Estado da Saúde disporá sobre a duração da situação de emergência de saúde pública" sobre o qual trata a legislação.

Para decretar o fim da emergência pública, segundo Queiroga, é preciso que ao menos três fatores estejam contemplados (entenda mais abaixo). Além disso, o ministro disse que Bolsonaro pediu "prudência", na análise da questão. A declaração de pandemia foi feita em 11 de março de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Depois disso, países regulamentaram leis para determinar como seria o enfrentamento à doença.

Três pontos
Segundo Queiroga, para determinar o fim de emergência em saúde pública, é preciso fazer análises. Ele citou três pontos:

Cenário epidemiológico
Estrutura do sistema hospitalar
Ter à disposição determinados medicamentos que podem ter ação eficaz no combate à Covid-19 na sua fase inicial

"Precisamos analisar o cenário epidemiológico que, felizmente, cada dia ruma para um controle maior, com queda de casos sustentada na última quinzena, queda de óbitos. A segunda condição é a estrutura do nosso sistema hospitalar, sobretudo das UTIs. O terceiro ponto é ter determinados medicamentos que podem ter ação eficaz no combate à Covid-19 na sua fase inicial para impedir que essa doença evolua para a forma grave", explicou o ministro.

O fim da Emergência em Saúde Pública, no entanto, impacta em mais de cem medidas e portarias, que deixarão de valer com o fim da pandemia.

"Eu tenho a caneta, mas tenho que usar de maneira apropriada. O presidente pediu prudência. Não pode ser interrompida nenhuma politica pública que seja importante e fundamental ao combate da Covid-19", completou Queiroga.

De pandemia para endemia
Endemia é o status de doenças recorrentes, típicas, que se manifestam com frequência em uma determinada região, mas para a qual a população e os serviços de saúde já estão preparados.

Nas últimas semanas, o ministro da Saúde chegou a falar sobre o rebaixamento de pandemia para endemia, assim como o presidente Jair Bolsonaro. Em 16 de março, Bolsonaro afirmou que pretendia alterar, até 31 de março, o status da Covid-19 no Brasil.

"A tendência do Queiroga, que é autoridade nesta questão, tem conversado na Câmara de Deputados, parlamentares, também o Supremo, que é o órgão federal. A ideia é que até o dia 31, é a ideia dele, passar de pandemia para endemia e vocês vão ficar livres da máscara em definitivo", disse Bolsonaro.

Em 18 de março, Queiroga disse em Belo Horizonte que a pandemia deveria ser rebaixada para endemia até o início de abril.

"Estamos bem próximos de fazer isso, né? O presidente tem uma expectativa que isso aconteça agora no final de março, começo de abril. Precisamos ver a questão epidemiológica. O presidente Bolsonaro dá a nós, do Ministério da Saúde, autonomia muito grande para nós trabalharmos e os resultados destas políticas estão aí", disse Queiroga.

Desde março de 2020 a Organização Mundial de Saúde classifica como pandemia o cenário da Covid-19 no mundo. Em janeiro deste ano, o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, emitiu alerta aos líderes mundiais de que a pandemia de Covid-19 "não está nem perto do fim".

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O Diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom disse nesta terça-feira que a alta no número de casos de covid-19, por conta da cepa ômicron, torna provável que novos variantes do coronavírus surjam. Em coletiva à imprensa, Tedros Adhanom informou que na semana passada foram registrados mais de 18 milhões de casos da doença.

"O número de mortes permanece estável até o momento, mas nos preocupamos com o impacto da ômicron está tendo em sistemas de saúde exaustos e sobrecarregados", afirmou. Tedros afirmou que "esta pandemia não está nem perto do fim" e que é "enganosa" a narrativa de que a doença provocada pela ômicron seja leve, ainda que na média seja menos grave.

O diretor reforçou sua preocupação especialmente com países onde a taxa de vacinação ainda é baixa. Tedros pontuou que, ainda que as vacinas tenham menor eficácia em prevenir a infecção e transmissão da ômicron em relação às variantes anteriores, ainda são "excepcionalmente boas em prevenir casos sérios da doença e mortes".

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O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (16) medida que permite aos servidores públicos civis e militares das áreas de saúde e segurança pública contarem com o período de maio de 2020 a dezembro de 2021 para aquisição de direitos relacionados ao tempo de serviço. A matéria segue para o Senado.

Estão incluídos os servidores da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios das áreas de saúde e segurança. Pelo texto, estão proibidos pagamentos de atrasados devido à contagem do tempo nesse período e especifica que o pagamento retornará em 1º de janeiro de 2022.

O texto altera a legislação que direcionou recursos federais a estados, Distrito Federal e municípios para o enfrentamento da pandemia de covid-19 e restringiu despesas com pessoal da União e demais entes federados nesse período. Entre as restrições está o direito de computar tempo para direitos que já fazem jus, como anuênios, triênios, licenças-prêmio e demais mecanismos, incluindo o pagamento de novos direitos adquiridos no período de decretação da pandemia, entre março e 31 de dezembro.

Para o autor da proposta, Guilherme Derrite (PP-SP), “o projeto apenas corrige uma injustiça com esses profissionais que estiveram na linha de frente durante o tempo mais duro da pandemia”.

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Espetáculos com sucesso de público e crítica, estreias programadas em espaços culturais relevantes, como o Teatro do Sesi, e esperança por um bom retorno dos projetos que estavam à caminho. Era assim a realidade do ator e diretor Marcelo Praddo, 57 anos, em março de 2020, pouco antes da pandemia chegar na Bahia e ele ter que abrir mão de diversas pessoas com quem trabalhava por conta das medidas restritivas e do fechamento dos espaços. A equipe de Praddo é só um exemplo entre muitos outros do setor cultural baiano que, de acordo com o IBGE, entre 2019 e 2020, perdeu 17,6% dos postos de trabalho. Em números absolutos isto significa que cerca de 47 mil pessoas que atuavam na área, em todo o estado, ficaram sem emprego em apenas um ano.

Segundo informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada ontem pelo IBGE, no ano passado, havia 218 mil pessoas ocupadas no setor cultural baiano, contra 265 mil em 2019. Foi o menor patamar desde 2014. Com isso, a participação da cultura na geração de trabalho na Bahia teve uma discreta redução, de 4,4% para 4,3% do total de ocupados, entre 2019 e 2020.

A pesquisa revela ainda que o setor é marcado por alto de grau de informalidade: 60,7% dos que trabalhavam na cultura, em 2020, eram informais, frente a 51,2% no total de ocupados no estado.

Marcelo Praddo fala sobre o que ocorreu com a sua equipe. "Todos nós ficamos à deriva. Os espetáculos tinham operadores de som e de luz, além da equipe de teatro, que contava com coreógrafa, atores, preparador musical e toda uma equipe. De 6 a 8 pessoas que estavam com a gente ficaram sem trabalho", afirma o ator e diretor, lembrando que trabalhadores indiretos também foram afetados por isso.

Esvaziamento

Produtora cultural e publicitária, Eliete Correia, 58, trabalhava no espetáculo "Aos 50, quem me aguenta", estrelado pela atriz Edvana Carvalho e dirigido por Praddo. Um sucesso que caminhava para a terceira temporada, mas foi interrompido, assim como outros projetos em que a produtora estava envolvida.

"Eu estava com 'Aos 50', que foi um sucesso total e tivemos que parar já com pautas marcadas. Fora isso, diversos outros projetos como feira dos artistas, roda de samba e outros também pararam. Mas o principal foi o espetáculo com Edvana porque a gente estava com tudo", conta Eliete, que tinha 10 pessoas trabalhando ao seu lado e, agora, toca os projetos que pode sozinha.
Enquanto alguns eram obrigados a enxugar suas equipes, outros viam sua única fonte de renda escapar. Victor Lima, 24 anos, é profissional da dança e dava aulas em escolas particulares, mas perdeu o emprego com a paralisação das aulas.

"Quando a pandemia veio, eu dava aula e perdi esse emprego, assim como muitos dos meus colegas. Eram aulas em escolas particulares que, até hoje, não voltaram com as aulas de dança ou optaram por outro caminho para voltar", afirma Victor Lima que, no entanto, tem esperança que a situação melhore nos próximos meses.

Para quem é da música, a situação também foi de esvaziamento dos postos de trabalho. Adriano Malvar é produtor da banda Os Ninfetos e afirma que os integrantes precisaram se virar para garantir renda, enquanto a banda apostava no que podia. “Tivemos que nos reinventar, focamos no trabalho de redes sociais e planejamos o retorno com um lançamento de um ep nas plataformas digitais”, afirma ele.

Por falar em renda, o levantamento do IBGE mostrou que rendimento médio dos trabalhadores da cultura na Bahia (R$ 1.246) era, em 2020, o quarto mais baixo do país, superando apenas os registrados em Alagoas (R$ 1.087), Piauí (R$ 1.135) e Maranhão (R$ 1.243). A diferença do rendimento por cor ou raça quase não existia entre os trabalhadores da área cultural na Bahia. Nesse setor, brancos ganhavam em média R$ 1.237, e pretos ou pardos, R$ 1.230.

Eventos no zero a zero

Além de produtor, Malvar é presidente da Associação de Profissionais de Eventos (APE) e conta que o cenário cultural afetou diretamente a área de eventos, que sofreu um baque sem precedentes. “Nunca [houve um baque assim] pois temos uma informalidade muito grande no nosso setor e a proibição da realização dos trabalhos fez com que tivéssemos uma evasão muito grande desses trabalhadores, muitos desistiram”, explica.

Presidente da Associação Baiana das Produtoras de Eventos (Abape), Moacyr Villas Boas confirma a evasão e fala sobre como a cultura tem tanto impacto para o setor de eventos. “O setor cultural é um dos ramos do setor de eventos e esse número de 17,6% é só a ponta do iceberg. O impacto que o setor sofreu foi em torno de 100%. As empresas demitiram massivamente seus funcionários e foi uma parada integral, além do fato de termos sido os primeiros a parar e os últimos a retomar”, acrescenta o presidente.

A relação de causa e consequência entre cultura e eventos foi vista até nas empresas de eventos corporativos, como a Zum Brazil Eventos, que tem Bruno Portela como diretor de operações. "Fazemos eventos, convenções, feiras e congressos para grandes empresas e, dentro dos eventos, tem um suporte grande da cultura com show e apresentações. Com a parada desse nicho, a gente sofreu bastante e chegou a reduzir 35% da nossa equipe de trabalho", conta Portela.

Políticas de cultura

O cenário que afetou a cultura e o setor de eventos pode ser explicado, principalmente, pela pandemia da covid-19 e os seus impactos. Porém, não apenas por isso. As políticas públicas também influenciaram nesse número.

Ainda de acordo com informações do IBGE, em 2020, os investimentos municipais em cultura na Bahia registraram a maior queda absoluta, com R$ 202 milhões a menos de verba para esta área. Foi a segunda maior queda percentual do país, com 47,1% de encolhimento em relação a 2019.

O cenário só não foi pior porque, no ano passado, o setor foi impulsionado pela Lei Aldir Blanc, com o investimento estadual em cultura crescendo 52,4% na Bahia, maior aumento em 10 anos.

 

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Segundo a Associação Brasileira de Medicina Psicossomática, estima-se que uma em cada cinco pessoas tende a traduzir angústias e conflitos psicológicos em sintomas físicos ou doenças corporais. Mas uma pesquisa feita em maio de 2020 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) mostrou que cerca de 89% dos 400 psiquiatras destacaram o agravamento de quadros de saúde mental em seus pacientes desde que a pandemia devido à Covid-19 começou. Dados do artigo publicado pela Agência Brasil destacam que várias doenças psicossomáticas tiveram incidência maior, principalmente as que parecem com os sintomas da Covid-19, devido ao medo de contrair a enfermidade. Tal dado é corroborado pelo artigo 'covid-19 e saúde mental: a emergência do cuidado', de André Faro, Milena de Andrade Bahiano, Tatiana de Cassia Nakano, Catiele Reis, Brenda Fernanda Pereira da Silva e Laís Santos Vitti. 'Um evento como esse ocasiona perturbações psicológicas e sociais que afetam a capacidade de enfrentamento de toda a sociedade, em variados níveis de intensidade e propagação', diz a pesquisa.

Segundo estudo do instituto Ipsos, encomendado pelo Fórum Econômico Mundial e cedida à BBC News Brasil, 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou um pouco ou muito no último ano.

Doenças psicossomáticas
De acordo com o artigo científico 'Psicossomática um estudo histórico e epistemológico', de Ednéia Albino Nunes Cerchiari, o termo psicossomático, na expressão mais comum, pode reportar-se tanto ao quesito da origem psicológica de determinadas doenças orgânicas, quanto às repercussões afetivas do estado de doença física no indivíduo, como até confundir-se com simulação e hipocondria, onde toma um sentido negativo.

Leonardo Tadeu Silva Souza Lima, no artigo 'O papel do símbolo na psicossomática psicanalítica', afirma que as origens da psicossomática estão relacionadas à medicina na Grécia antiga. Mas com pesquisas e estudos 'se constatou é que a somatização está relacionada a experiências primitivas anteriores à aquisição da linguagem'.

Culpa e arrependimento
A psicóloga Alícia Mendes explica causas emocionais e distúrbios psicológicos são a principal causa das doenças psicossomáticas, como stress, ansiedade, depressão, traumas, problemas financeiros, perdas, luto, culpa e arrependimento e outros. Segundo a profissional, culpa e arrependimento são sentimentos fazem parte do ser humano porque ele é um ser imperfeito. 'Inevitavelmente iremos errar na vida, muitas vezes e desde que somos muito jovens, por isso os dois sentimentos sempre estarão presentes. E, apesar de não nos sentirmos bem com isso, devemos lembrar que isso no que torna mais humanos', afirma.

A profissional destaca que ao cometer erros o arrependimento é algo natural e bom, pois pode servir de aprendizado sobre si mesmo e suas escolhas, levando à reflexão. Ela ainda comenta que é sabido que quem guarda arrependimentos pode ficar doente. 'A pessoa fica amarga, magoada e até mesmo com raiva de si mesma e dos outros. Assim, o alto nível de estresse, tristeza e dor mental acarreta inúmeras complicações em várias áreas da vida', afirma.

Além da sensação de fracasso, os arrependimentos costumam estar associados a um sentimento de culpa, que pode levar a pessoa a ser cruel com ela mesma - e com quem julgar necessário. 'Essa é uma forma que o ser humano encontrou de tentar amenizar essas sensações, mas não funciona e traz apenas mais sofrimento', salienta a psicóloga.

Arrependimento na ficção
O arrependimento e a culpa são temas muito tratados na ficção. 'O Céu da Meia-Noite', que tem o ator George Clooney como diretor e protagonista, é um deles. A obra é adaptação do livro de mesmo nome escrito por Lily Brooks-Dalton. Entre as produções brasileiras sobre o tema, há o filme 'Se Arrependimento Matasse', da diretora Lília Moema Santana, e o livro 'O Homem e o Santo', de Marcelo Rebelatto, publicado pela Editora Albatroz, um drama com elementos psicológicos, filosóficos e teológicos

Segundo Marcelo, a ideia para escrever sobre o assunto veio de uma necessidade de despertar no leitor o interesse à autoanálise, à reflexão sobre a origem dos pensamentos, as consequências das escolhas e decisões e o rumo que isso traz para a vida. 'Minha intenção foi pensar sobre o que poderíamos ter feito ou deixado de fazer e até que ponto tais escolhas poderiam ser melhores ou piores, além de trazer à tona elementos psicológicos, filosóficos e teológicos tão prementes na vida de muitas pessoas, para que, por intermédio dos personagens que atravessam por dilemas de consciência, o leitor possa fazer uma imersão em sua própria consciência buscando reaver - ou reafirmar - os valores pelos quais sua vida está pautada', explica.

Um autor que também focava nessas questões existenciais era Fiódor Dostoiévski. Escritor que baseava a vida de acordo com a religião, seus romances discutiam em grande parte culpa. Segundo Alexandre Vidal no artigo 'A Culpa em Dostoiévski', no site do Conselho Internacional de Psicanálise, 'como a dor sinaliza que algo está quebrado em nosso corpo, a culpa sinaliza que algo está quebrado em nossa alma. Mesmo quando ele tenta se convencer de seu status de super-homem, Raskolnikov (personagem principal da obra Crime e Castigo) está cheio de culpa e remorso. Um terapeuta freudiano moderno provavelmente diria a ele que seus sentimentos de culpa são o problema, mas não são. A realidade de sua culpa é o fato que desmente o relativismo moral, a falsa crença de que o homem pode viver e escolher e florescer em um mundo além do bem e do mal'. E o autor desse clássico, um dos maiores da literatura mundial, é uma das grandes inspirações de Marcelo Rebelatto.

'O Homem e o Santo' é permeado com o tema culpa e arrependimento, assim como a busca pelo perdão. 'Algumas decisões podem ser reparadas, revertidas ou até mesmo anuladas, no entanto muitas são irreparáveis, definitivas e remodelam completamente a trajetória de nossas vidas, levando-nos a lugares e situações que jamais esperávamos e revelando que mesmo pequenos atos podem provocar grandes mudanças, seja para o bem, seja para o mal...', diz trecho da sinopse

Publicado em Saúde

A expectativa de vida no Brasil subiu para 76,8 anos em 2020, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados foram publicados hoje (25) no Diário Oficial da União.

Para os nascidos em 2019, a expectativa era viver, em média, até 76,6 anos. Em cinco anos, a expectativa de vida subiu 1,3 ano, enquanto em dez anos houve um crescimento de 3,3 anos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no entanto, a idade foi estimada caso o país não tivesse passado pela pandemia de covid-19. Portanto, o IBGE não considera a crise de mortalidade provocada pela doença naquele ano.

De acordo com o IBGE, sem considerar os efeitos da covid-19, a expectativa de vida para os homens era de 73,3 anos em 2020. Já para as mulheres, a esperança de vida era de 80,3 anos, no ano.

O IBGE explicou que uma análise do aumento de óbitos acarretado pela pandemia para o Brasil e cada unidade da federação foi feita na publicação das Estatísticas do Registro Civil, na semana passada.

A expectativa de vida é parte da pesquisa chamada Tábuas de Mortalidade, que são calculadas a partir de projeções populacionais, baseadas nos dados dos censos demográficos.

“Após a divulgação dos resultados de cada Censo Demográfico, o IBGE elabora novas tábuas de mortalidade projetadas. As últimas tábuas foram construídas e projetadas a partir dos dados de 2010, ano de realização da última operação censitária no Brasil. Da mesma forma, um novo conjunto de tábuas de mortalidade será elaborado após a publicação dos resultados do Censo 2022, quando o IBGE terá uma estimativa mais precisa da população exposta ao risco de falecer e dos óbitos observados na última década”, informa nota do IBGE.

Publicado em Brasil

Considerados grupo de risco pelas autoridades de saúde, os idosos são o público que mais sofreu com a pandemia de covid-19. O maior número de óbitos na Bahia pela doença foi entre as pessoas acima de 60 anos - 67,6% do total. A taxa de letalidade, inclusive, é maior entre os mais velhos: para quem tem mais de 80 anos chega a 23,78%. Os que sobreviveram ao estado de calamidade, ficam com amargas sequelas: depressão, ansiedade e piora do quadro de doenças crônicas, como demência e Alzheimer.

A bancária aposentada Sônia Araújo, 74 anos, foi uma das que ficou mais depressiva. Sua rotina era muito mais movimentada antes da pandemia: aula de hidroginástica, dança de salão e rua todos os dias. “Sempre quis ser uma idosa ativa”, conta ela. Porém, com o isolamento forçado, ela começou com os sintomas.

“Fiquei muito mal por não sair de casa. Meu diabetes descontrolou muito e minha pressão também. Senti que estava entrando em depressão. Quando me dei conta disso, fiquei muito mal”, relata Sônia. Colegas de hidroginástica também passaram por isso. Uma, inclusive, praticou suicídio.

De acordo com o geriatra Leonardo Oliva, membro da diretora da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), que atua no Hospital Aliança, em Salvador, poucos são os casos de idosos que não pioraram. “Alguns pioraram muito, outros pouco, mas, todos pioraram de alguma forma”, afirma.

Ele certifica que a principal consequência do isolamento foi a psicológica. “O idoso recebeu, logo no início, o carimbo de grupo de risco e essa foi uma doença muito grave e estigmatizada. Nunca antes contamos as mortes do jeito que fizemos. Para uma população que é mais frágil em relação ao adoecimento, isso se tornou um fardo difícil de carregar”, explica o geriatra.

A impossibilidade de sair casa também ajudou a agravar o quadro, já que atravessar a porta se tornou uma chance de contágio. “A pandemia acabou com a capacidade de socialização dos idosos, porque eles deixaram de sair com amigos, familiares, de receber visitas”, informa.

Foi o que aconteceu com a aposentada Raquel Silva, 91 anos. Apesar de se gabar de uma saúde de ferro e não precisar de remédios, ela mudou a rotina drasticamente. “Sempre gostei de acordar cedo para caminhar, almoçar num restaurante à quilo, comprar coisas na padaria... Também fazia hidroginástica e jogava carteado com algumas colegas”, narra Raquel.

Hoje, tudo fica entre as quatro paredes de sua casa. Assim como Sônia, ela mora sozinha. “Não posso sair, porque não é seguro. Então faço caça-palavras, vejo televisão, mas não saio mais. Não gosto nem de andar no play”, conta a aposentada. Por conta disso, ela sente que perdeu disposição. "Tenho tido mais dificuldade de fazer algumas coisas, a coluna dói mais e sinto menos firmeza nas pernas”, queixa-se.

Segundo Leonardo Oliva, o estado emocional reflete diretamente na saúde. “Para a imunidade estar a melhor possível, é preciso que estejamos emocionalmente bem. Essa tristeza excessiva afeta o sistema imunológico e baixa a imunidade”, esclarece.

A pandemia também mostrou como a rede de apoio é essencial para o ser humano. Ainda mais para o idoso, que é excluído da sociedade, segundo a psicóloga da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP), Isabelle Chariglione, especialista em neuropsicologia do envelhecimento.

“Com a pandemia, os jovens e adultos ainda conseguiram ter convívio social, pela tecnologia. Mas, muitos não tinham acesso e outros tiveram que aprender a usar. Por isso, a solidão, que já é algo que vem no processo de envelhecimento, impactou muito mais os idosos. Ele foram muito mais impactados do que podíamos imaginar, ficaram depressivos, ansiosos e desenvolveram demência”, explica Isabelle.

Além do psicológico, existe a piora na capacidade motora, agravada pela interrupção dos serviços de saúde, ano passado. “Com a interrupção dos serviços de saúde, como de fonoaudiologia e fisioterapia, houve a perda da funcionalidade de forma importante. Idosos que caminhavam com dificuldade ou ainda caminhavam, por conta de uma fisio regular e bem feita, pararam de andar. Já os que têm dificuldade para deglutir e que deixaram a fono, passaram a se alimentar por meio de sondas”, conta o geriatra Leonardo Olivera.

O diretor técnico do instituto Logenvitat e presidente da Associação Brasileira de Alzheimer na Bahia (Abraz-BA), Adriano Gordilho, diz que os idosos tiveram sintomas agravados. “Quem tinha predisposição teve agravamento. Os depressivos tiveram perda de memória e a alteração de humor. Quando se deprime, os neurônios se perdem mais rapidamente, pois é um fator de desligamento neuronal. Por isso, são importantes a musicoterapia, os exercícios físicos e a socialização”, argumenta Gordilho.

Também houve um aumento da procura pelos serviços de geriatria no Instituto, em torno de 30 a 40%. Os pacientes que têm Alzheimer, por exemplo, foram os que mais tiveram piora no quadro. “O paciente com Alzheimer precisa de muita socialização, de contato social e estímulos, para aumentar sua neuroplasticidade, ou seja, suas conexões neuronais”, pontua.

Uma maneira que a aposentada Sônia encontrou para contornar essa situação, foi a terapia e a atividade física. Até crossfit e yoga ela começou a fazer. Hoje, se sente muito melhor. “Acabei descobrindo o programa Saúde & Bem-Estar do Correio e comecei a colocar as dicas em prática. Comecei a ir no médico, fazer os exames, controlar a pressão, a alimentação e redescobri a atividade física. Agora, estou me exercitando todos os dias da semana, fazendo terapia e dedicando tempo para o meu bem-estar e qualidade de vida. Sinto que voltei a viver”, comemora.

Importância da reabilitação
A geriatra Mônica Hupsel Frank, diretora do Centro de Referência Estadual de Atenção a Saúde do Idoso da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), chama a atenção que é possível reverter esse cenário de idosos mais depressivos, ansiosos e com capacidade motora reduzida através dos centros de reabilitação. No caso da Sesab, existem ambulatórios especializados, como o instalado no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) do Iguatemi.

“Temos equipes multiprofissionais para fazer não só a reabilitação, mas para fazer com que os idosos realizem as atividades que faziam antes com segurança, seja cozinhar, caminhar, subir escada ou dirigir, trazendo de volta a função e desempenho dos músculos”, explica Mônica. A diretora também diz que existe a reabilitação psicológica, com acompanhamento de, em média, três meses. Desde a instauração, em junho deste ano, 300 atendimentos foram feitos.

“Muitos pacientes tiveram um comprometimento da função psicológica e se queixam, principalmente, da solidão. Isso foi muito deletério para a saúde deles e esperamos reverter, para atuar preventivamente no adoecimento desse público”, defende Mônica.

Para ter acesso ao ambulatório, é preciso já ter sido internado pela covid-19. O relatório da alta, a cópia da identidade, o cartão do SUS e o comprovante de residência devem ser enviados para o Whatsapp 999692-4807, para que haja a triagem e o paciente possa utilizar o serviço.

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, através da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, pediu que o CORREIO procurasse o Ministério da Saúde (MS).

O Ministério da Saúde disse que, em 2019, foram realizados 46.746 atendimentos a idosos em Saúde Mental, na Bahia. Em 2020, 43.116. Ou seja, houve uma queda de quase 8%. De janeiro a junho de 2021, foram 33.665 atendimentos.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) não respondeu até o fechamento desta edição.

Casos confirmados de covid-19 por faixa etária na Bahia**
60 a 69 anos: 7,4% do total
70 a 79 anos: 3,85% do total
80 anos +: 2,24% do total

Óbitos na Bahia por covid-19**
60 a 69 anos: 5.560 casos - 20,7% do total
70 a 79 anos: 6.024 casos - 22,4% do total
80 +: 6.573 casos - 24,5% do total

Taxa de letalidade**
60 a 69 anos: 6,1%
70 a 79 anos: 12,69%
80 +: 23,78%

**Fonte: Sesab

Publicado em Saúde

Na pandemia, a alta de preços da carne bovina tem revertido esse cenário e a carne suína, que nada tem de remosa, passou a ser mais buscada. Agora, é a vez do porco na mesa!

Entre o ano passado e este ano, a carne suína teve a menor alta de preços que teve a menor alta - 16,77% na comparação com o frango, por exemplo, que teve alta de quase 30% e do ovo que subiu 25%. Em 2021, o preço até chegou a apresentar uma leve queda - 0,62%, segundo levantamento exclusivo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a pedido da reportagem.

No segundo trimestre deste ano, o Brasil bateu recorde histórico em quantidade de suínos abatidos. Foram 13,04 milhões, uma alta de 7,6% em relação ao mesmo período de 2020, ainda de acordo com o IBGE. Na Bahia, também houve aumento de 33.056, no segundo trimestre do ano passado, para 48.422 no mesmo período deste ano.

“A maioria está comprando porque está com o preço mais em conta. Há dois meses, acontece aqui um dia de promoção aqui só para os suínos”, conta Romário Amaral, gerente de um frigorífero na Barra.

Um quilo de pernil de porco sai a R$ 14,99, enquanto da carne bovina custa do triplo para mais. “É uma diferença grande”, diz. A economista, mestre em Economia Regional e Políticas Públicas e professora da UniFTC Rosana Queiroz explica que é esperável que o consumo seja alterado conforme o aumento do preço dos produtos.

A alta no preço das proteínas animais, de modo geral, explica ela, tem sido observada devido ao aumento do preço dos insumos utilizados na produção da ração - como milho e soja - para animais. A desvalorização do real, nesse cenário, é outro fator que contribui para essa alta de preços que é sentida pelo consumidor final.

"Quando os insumos para a produção de carnes sofrem alteração de preço, o impacto observado é a elevação do preço final ao consumidor".

Mas o preço não é a única justificativa da nova popularidade da carne suína. Embora seja a maior razão para isso, há de se considerar a incorporação da carne suína no mundo gastronômico, segundo consumidores e chefes ou especialistas em carne, como Emanuelle, que viu a carne suína passar a compor um dos pratos mais disputados do seu restaurante - a porcocha, coxinha recheada com pernil suíno assado.

Em 2015, Emanuelle criou um prato com o perfil assado, em que a carne era assada horas a fios, a baixa temperatura. Quase ninguém comprava, mesmo que Emanuelle insista para que experimentassem.

“Hoje, eu coloco essa porcocha como edição especial de sexta-feira, no happy hour e todo mundo gosta, esgota”, conta.

No São João, o restaurante de Emanuelle vendeu leitão assado e, segundo ela, “não deu para quem quis”.

Quando começou a trabalhar em um restaurante especializado em carne, em Salvador, Luís Carlos lembra que os clientes tinham tanto medo da carne suína, que pediam ela sempre bem passada, o que comprometia a suculência.

“Hoje, as pessoas comem mais despreocupadas e têm bastante saída”, conta o gerente, conhecido como Acerola.

Agora, acontece de um cliente pedir a carne suína realmente por opção, sem medo. E o preço vem a agregar. Lá, 350 gramas de carne suína, com duas guarnições, custa R$ 64,90. A picanha bovina sai por R$ 129,90. “O preço e a qualidade da produção, da criação do animal, mudaram esse preconceito que existia”, opina.

A vez do porco

O preconceito em relação ao porco, no Brasil, sempre partiu do ponto de que o porco era, quase que por natureza, um animal sujo, criado num ambiente propício à transmissão de doenças - o chiqueiro. Essa é uma concepção, no entanto, que não acompanhou as mudanças ocorridas quando o assunto é produção de carne suína, que deve seguir padrões tão rigorosos de produção quanto os da carne bovina e frango. Em 2018, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), criou uma Instrução Normativa que regulamenta o abate de suínos no Brasil.

Anualmente, cada brasileiro consome 15,3 quilos de carne suína, contra 42,8 quilos de frango - a proteína mais consumida - e 39 quilos de carne, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O maior importador de carne suína para o Brasil é a China. Já o maior exportador do país é Santa Catarina, segundo o IBGE. Entre os anos 60 e 70, produtores brasileiros passaram a importar raças - como a Duroc, norte-americana, e Large White, inglesa.

Em um frigorífero do bairro de Plataforma, um funcionário, que pediu para não ser identificado, disse que já percebe a chegada de clientes que compram a carne suína por preferência - e o preço é um plus. “O que a gente mais vende é pernil e tem gente que chega aqui para comprar o suíno mesmo porque gosta”, diz. Lá, o quilo do pernil custa R$ 18,99, o do filé de carne bovina R$ 33,99 e do frango R$ 13,99.

Antes da pandemia, Elza Nathalie Pinto Peixoto, 33, consumia esporadicamente a carne suína. A única exceção era a costelinha de porco. Hoje, a bisteca e o lombo, outros dois cortes do porco, entraram de vez para a rotina alimentar. Pelo menos duas vezes por semana, é dia de comer suíno - assado ou ao molho. O resto, frango, peixe ou fígado de carne.

"Nosso padrão de proteína animal mudou totalmente pela questão financeira. A gente compra muito menos carne bovina e hoje", conta a funcionária pública, que mora em Ilhéus.

Carne de porco é saudável, dizem nutricionistas

A ideia de que a carne de porco faz mal não encontra nenhum respaldo na ciência. O alimento, na verdade, é fonte de nutrientes - o principal, a proteína - "que devem fazer parte da alimentação diária", explica a nutricionista Michelle Oliveira. Em alguns pontos da tabela nutricional, há até vantagens do suíno em relação à carne vermelha.

"Ela contém mais creatina e aminoácidos essenciais do que a carne vermelha e outros tipos de carnes e é a principal fonte de vitaminas do complexo B, rica em selênio, gorduras boas", pontua.

A carne de porco brasileira tem 31% menos gordura, 14% menos calorias e 10% menos colesterol que há 40 anos, afirma a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS). Em comparação a aves e peixes, outras duas opções diante da alta da carne bovina, os suínos possuem maior quantidade total de ferro, explica Michelle. Para manter uma preparação saudável no dia a dia, o indicado é optar por cortes mais magros, como lombo, plaeta e pernil, e cozinhá-los na grelha, forno ou ensopados - sem fritar.

"Alguns cortes como o lombo e o filé mion suíno, inclusive, chegam a ter menos gorduras do que cortes de frango".

Os cuidados que se deve tomar na escolha e preparo do suíno, afirma Michelle, são os mesmos que se deve ter no preparo de outras carnes e têm a ver, principalmente, com a procedência da carne e a higiene na feitura. "Cortes que compramos embalados, com boa procedência, são seguros, pois os animais são criados cumprindo os parâmetros de segurança", explica. Não existem evidências científicas, por exemplo, de que a carne suína é mais arriscada à saúde que a bovina ou de frango, por exemplo.

Na hora de cozinhar, ela recomenda que a temperatura seja mantida superior a 65ºC até a carne não estar mais rosada, o que indica que ela ainda está crua. Depois, o ideal é deixar as carne descansar antes de servir - dessa forma, ela conserva os sucos e fica mais saborosa.

DICA PARA COMPRAR E CONSUMIR CARNE DE PORCO

1) Ao comprar uma carne a vácuo, observe se o vácuo está fechado firme. Quando a carne perdeu o vácuo, não é um bom sinal.
2) Se a carne não está congelada, é comum ter líquido. Muito líquido, no entanto, indica má conservação da carne.
3) Se existem notas arroxeadas, não compre.
4) Toque a carne. Se ela estiver visgando, é sinal de que a carne iniciou processo de deterioração.

5) No dia a dia, opte por preparos grelhados ou na frigideira, com manteiga, após marinar com frutas cítricas.

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