Homem nu com faca e galinha na mão xinga moradores na Barra
Um homem nu segurando uma faca e uma galinha assustou moradores da região da Barra na noite do sábado (11). Falando palavras desconexas e xingando muito, ele parecia usar a faca para cortar o animal já morto, mostram imagens feitas por moradores.
A cena aconteceu por volta das 20h30. Ele andou em direção ao Barravento, cerca de 20 minutos depois voltou andando em direção a Ondina, sempre com a galinha na mão. Todo o tempo ele estava gritando. O local estava relativamente movimentado - depois das 19h, o número de pessoas diminui na região. Nas imagens, é possível ver ciclistas, motos e carros passando, além de algumas pessoas evitando se aproximar.
Moradores contam que uma viatura da polícia estava estacionada do outro lado da rua, em frente ao Cristo, mas os policiais não tomaram nenhuma medida. "Em relação à segurança tenho observado que a polícia está presente sim, mas nos horários movimentados", conta uma moradora. Ela relaciona o isolamento da pandemia com a questão mental. "Muitas pessoas desequilibradas cometendo crimes e desordens".
"Novamente defronte ao Barravento, um homem completamente nu, com uma faca na mão e uma galinha na outra, xinga enquanto mata ali mesmo a galinha e a depena na vista de muita gente. Na sequência, sobe em direção ao clube Espanhol indiferente aos olhares de espanto e medo, nu com a galinha segura pelo pescoço em uma da mãos completamente ensanguentada e a faca na outra. Uma cena dantesca, indescritível", escreveu o produtor cultural Sergio Siqueira em um texto no Facebook em que diz que "a Barra acabou".
A Polícia Militar foi procurada para saber qual orientação para esse tipo de situação e não recebeu retorno até o momento.
Metrô faz parceria com CVV e terá plantão de escuta especializada no Acesso Norte
Aproveitando o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, a CCR Metrô Bahia e o Centro de Valorização da Vida (CVV) lançam nesta sexta-feira (10) um espaço que ficará disponível para escuta ativa da população de segunda a sexta, das 10h às 16h.
Por conta da pandemia, os atendimentos serão online. “É algo novo e que vai nos aproximar das pessoas, teremos sempre um voluntário disponível para conversar por videoconferência com quem estiver no espaço, com a privacidade e a atenção necessária para as pessoas que estão passando por momentos de angústia, solidão ou algum conflito”, explica Josiana Rocha, porta-voz do CVV em Salvador.
A iniciativa, segundo a CCR, é pioneira em todo o Brasil. “Será um projeto permanente, tornando o serviço mais acessível para a sociedade, já que estará disponível em um local de fácil acesso e com ampla divulgação. Nossos Agentes de Atendimento e Segurança atuarão junto com o CVV para identificar pessoas que eventualmente queriam conhecer o espaço, bem como na organização da demanda”, explica Álvaro Britto, gestor de comunicação da CCR.
Os atendimentos são feitos por voluntários espalhados por todo Brasil. Todos fazem parte do CVV, que há décadas realizam apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. “É uma conversa por meio de chamada de vídeo e que vai engajar voluntários da Bahia e de outros estados, garantindo que sempre tenhamos alguém com o tempo necessário para sanar as necessidades das pessoas que nos procurarem”, explica Josiana.
Os números do CVV mostram que em Salvador são feitos até cinco mil atendimentos mensais com pessoas que precisam conversar e ser escutadas. A rede 24 horas por dia pelo telefone 188 ou pela internet www.cvv.org.br. O plantão no metrô é uma forma de democratizar ainda mais o acesso ao serviço, o que na visão de Josiana é muito gratificante. “Lutar pela vida ainda é o melhor caminho”, pontua.
Segundo André Luis Pereira, presidente da CCR Metrô Bahia, a iniciativa será fixa na estação Acesso Norte, que liga as linhas 1 e 2 do metrô, mas pode ser estendida para outros pontos. “A gente vai avaliar e se tiver demanda e oportunidade, a gente tem vontade [de expandir]. Criar outras salas em outras estações é algo que eu gostaria muito de fazer”, disse.
Saiba onde buscar ajuda de forma gratuita ou com "valores sociais”:
CVV: É gratuito em todo o país e funciona 24 horas por dia, através dos telefones (71) 3322-4111 ou 188 e do site www.cvv.org.br.
Programa Escuta Acessível: Atendimento psicológico online ou presencial com valor social. Entre em contato pelo WhatsApp (71) 99637-1226 e faça seu agendamento. O psicólogo Anibal Dantas atua nesse projeto. “A sessão ou o valor mensal fica bem acessível, chegando a mais de 50% de desconto no valor real dos honorários”, explica.
Escola Bahiana de Medicina: A clínica de psicologia tem atendimentos com valores sociais. É preciso entrar em contato pelos telefones (71) 3286-8259, (71) 99249-3483 ou (71) 992873091 para fazer o agendamento. Os atendimentos estão ocorrendo de forma online e presencial de segunda a sexta, das 8h às 12h e 13h às 17h.
UniFTC: A instituição mantém o Ambulatório de Saúde Mental, espaço que disponibiliza atendimento interprofissional e conta com atendimentos gratuitos por dois modos:
Modalidade Plantão Psicológico: Um espaço de acolhimento e escuta especializada, na modalidade online, oferecido por profissionais da psicologia de modo pontual. Possui caráter breve, com foco no atendimento em momento de necessidade daquele que busca o serviço. Disponível de segunda a quinta, de 8h às 12h e de 14h às 18h. Nessa modalidade a pessoa não precisa de agendamento. Poderá realizar o atendimento com o profissional disponível no plantão. Link de acesso: bit.ly/plantaopsicologico_uniftc
Modalidade Atendimento Convencional: Os serviços disponibilizados à comunidade contemplam os projetos de acolhimento psicológico, grupos terapêuticos com adolescentes, grupos terapêuticos com idosos, grupos terapêuticos com professores, grupos terapêuticos com comunidade LGBTQIA+, grupo de acolhimento a ansiedade em tempos de pandemia, grupo de gestantes e puérperas, orientação profissional, clínica do trabalho, clínica do luto, psicoterapia individual. Sujeito a disponibilidade de atendimento e é necessário realizar agendamento. Link de acesso:
Unijorge: Oferece o plantão psicológico, um serviço do urso de psicologia com atendimento feito por psicólogos egressos da instituição, que estão inscritos nos Conselhos Regionais de Psicologia e estão autorizados a fazer atendimento virtual. O serviço é feito por telefone, através de plantões com dias e horários pré-determinados. Contato para marcação:
Mônica Hanhoerster
CRP 03/18470
Segunda-feira 18h às 22h
(71) 98113-3519
Lelciu Muniz
CRP 03/22799
Terça-feira 18h às 22h
(71) 98216-1222
Jorge Ícaro Medeiros
CRP 03/22992
Quarta-feira 08h às 12h
(73) 98239-1000
Larissa Caires
CRP 03/23015
Quinta-feira 13h às 17h
(71) 99198-6620
Vandeilton Trindade
CRP 03/23889
Sexta-feira 08h às 12h
(75) 99200-3115.
Produção de níquel na Bahia cresce mais de 70%
Considerado um dos metais mais versáteis do mundo, o níquel é componente de diversos produtos comuns no nosso dia-a-dia. O minério possui uma larga utilização na indústria, com o intuito de garantir mais qualidade ao ferro para a fabricação do aço inoxidável e, junto com o cobre, aumentar a resistência à corrosão. Além disso, também é utilizado na produção de baterias para carros elétricos, moedas, bijuterias.
Atualmente, a Bahia lidera a produção nacional de níquel, conforme dados obtidos pela Agência Nacional de Mineração (ANM). De acordo com os números, a produção mineral comercializada (PMC) até agosto de 2021 já é superior em mais de 70%, em comparação a todo o ano passado, além de ter ultrapassado o estado de Goiás, que ocupava a liderança em 2020. Este ano, a produção de níquel na Bahia já ultrapassa 800 milhões de reais, enquanto em todo o 2020 foi de pouco mais de 480 milhões. Já a produção goiana, até agosto deste ano, é de aproximadamente 540 milhões.
Na Bahia, a extração do minério é realizada no município de Itagibá (situado a 370 quilômetros de Salvador), pela Atlantic Nickel, que produz o níquel sulfetado, componente, agora, essencial para a produção de baterias para carros elétricos. O mercado possui alta demanda no continente europeu e asiático principalmente devido ao caráter sustentável deste tipo de automotor.
Para o CEO da Atlantic Nickel, Paulo Castellari, esse é um mercado em ascensão e a demanda pelo minério será cada vez maior.
“A indústria da mineração vai viabilizar que todos nós tenhamos um futuro melhor. Viver em um mundo com menos emissões de gases de efeito estufa, onde as coisas são mais eficientes. O níquel é um metal essencial para a indústria de baterias elétricas. O carro elétrico hoje é o que, obviamente, chama mais atenção pela utilização de baterias, mas tudo ao nosso redor tem bateria, e na Europa, na América do Norte, a gente também começa a ver uma tendência muito forte de eletrificação nas casas, nos lares”, defende Castellari.
A empresa opera através de um contrato de pesquisa complementar e arrendamento com a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM). Os trabalhos de pesquisas executados pela empresa pública baiana entre os anos de 1989 e 2000 estimaram um depósito de níquel no Complexo Mirabela, com recursos da ordem de 40 milhões de toneladas de minério.
O presidente da CBPM, Antônio Carlos Tramm, ressalta a importância da pesquisa e da instituição para o avanço da mineração na Bahia.
“Nosso estado é um dos estados mais bem estudados geologicamente. Ao longo dos anos, trabalhamos no processo de pesquisa para mostrar o enorme potencial mineral da Bahia e seguir com a nossa missão de trazer investimentos privados para o estado, que vão impulsionar o desenvolvimento, gerando emprego e renda para os baianos. Afinal, minérios a Bahia tem”, enfatiza Tramm.
'Cabeça fritava, não conseguia respirar': psicólogos narram sobrecarga na pandemia
Niliane atendia 30 pacientes por semana e, duarante a pandemia, a sobrecarga ficou tão grande ao ponto dela ter crise de ansiedade. Milena acompanhava, no máximo, quatro pessoas por dia. Hoje são 11. Anibal tem que conciliar uma média de 20 pacientes clínicos semanais com o trabalho no setor público, atendimentos voluntários e estudo para ingressar no mestrado. Em comum, as três histórias refletem o aumento na demanda por um serviço cada vez mais necessário: a psicologia.
Nesse momento em que lê o texto, talvez você sinta a necessidade desse atendimento especializado. Só entre os jovens de 18 e 24 anos, de acordo com a Pfizer, 50% disseram que a saúde mental ficou ruim ou muito ruim durante a pandemia. Na população geral, o índice é de 30%. Já os dados do Ministério da Saúde mostram que a ansiedade é o transtorno mental mais presente entre os brasileiros. E a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que o Brasil tem a maior prevalência de depressão na América Latina, além de ser o país mais ansioso do mundo.
Num cenário de tanto sofrimento psicológico, os especialistas na área desempenham papel de destaque, mas não deixam de sentir efeitos no cotidiano profissional.
“O que a população, em geral, passa na pandeia, o psicólogo também vive. É stress, ansiedade, tristeza, medo, insegurança... só que esse profissional é constantemente buscado para dar auxílio aos demais. E como ele faz para se adaptar a tudo isso?”, questiona Nathalia Caurin, psicóloga clínica e pesquisadora da Universidade São Francisco (USF).
Junto com outros colegas, Nathalia escreveu o artigo “Impactos da pandemia da Covid-19 em profissionais da Psicologia”, um dos poucos trabalhos acadêmicos que abordam o tema, como explica o também autor do estudo, André Sousa Rocha. “É escasso a quantidade de trabalhos que trazem a visão do psicólogo. Tem estudos que falam dos impactos nos profissionais da saúde, mas por vezes os psicólogos perdem o protagonismo, são como se eles não fossem afetados pela pandemia”, diz.
Mas eles são. A psicóloga de 36 anos, Niliane Brito, por exemplo, teve que lidar com a crise de ansiedade. “Chegou um momento em que a cabeça fritava e eu estava sem raciocinar direito, não conseguia respirar, queria passar o dia todo na cama, não conseguia levantar. Crise mesmo! Fui diminuindo o ritmo aos poucos e percebi que precisava cuidar da saúde. Tenho acompanhamento psicológico e psiquiátrico”, diz a profissional, dismistificando o preconceito que impede alguns colegas de expressarem seus problemas.
“Ao falar sobre isso, encontro pessoas que dizem se inspirar e se identificar em mim. Eles pensam que eu estou mais próxima deles, por estar mais aberta”, afirma. Dos 30 pacientes que ela tinha no auge da pandemia, hoje são apenas 13 que fazem a chamada psicoterapia, o acompanhamento realizado através de diálogos periódicos entre o profissional e o paciente. No entanto, isso não quer dizer que seu trabalho reduziu.
“Num turno, atuo na clínica. Em maio, comecei a trabalhar na linha de frente da covid em um hospital privado de Salvador. Lá pude vivenciar uma outra face da pandemia, pois realizava o atendimento de pacientes e familiares, que também demandavam muito. Toda a equipe ficava abalada com esse cenário e os sintomas se manifestavam de formas diferentes em cada profissional. Saber lidar com isso é o X da questão”, relata.
Estar bem consigo mesmo para poder cuidar do outro
O pesquisador André Sousa Rocha defende que, para o atendimento psicológico ser oferecido da melhor forma possível, é de interesse que psicólogos estejam saudáveis fisicamente e mentalmente. “O profissional precisa reconhecer o seu limite e saber até onde pode ir. Ele precisa ver se as demandas que surgem podem ser atendidas, se ele tem capacidade técnica e domínio teórico para lidar com isso. Se não, vai ter que encaminhar para outro profissional”, defende.
O especialista também recomenda a adoção de um planejamento profissional que inclua atividades de lazer e intervalos entre os atendimentos. A psicóloga Milena Oliveira, 32 anos, faz exatamente isso. Nos dias mais atarefados, ela chega a atender 11 pacientes, três vezes a mais do que era antes da pandemia. Para lidar com isso, ela divide os clientes em três turnos: quatro pela manhã, quatro pela tarde e três pela noite. Cada turno é seguido de um intervalo de descanso de 1h30.
“Foi em setembro do ano passado que minha agenda começou a ficar cheia”, lembra. Coincidência ou não, esse é justamente o mês da campanha brasileira de prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo. Esta sexta (10), inclusive, é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio e, novamente, Milena vê o número de pacientes buscando atendimento aumentar.
“Só hoje (quarta-feira), fiz duas novas anamneses. (...) Agora, literalmente agora, tem intensificado muito mais”, diz.
Para os especialistas, o relato é um reflexo de que a campanha está fazendo efeito, uma vez que as pessoas estão buscando mais ajuda. “Elas buscam a terapia para lidar com os efeitos da pandemia: enfrentar tantos óbitos, adoecimentos e o isolamento social”, afirma a pesquisadora Nathalia Caurin.
O estudante Carlos Bahia, 22 anos, também começou a fazer terapia em setembro de 2020, influenciado pelos desafios vividos durante a crise sanitária. “Eu até tinha vontade antes, mas a coisa do ficar em casa talvez tenha ajudado a amadurecer de vez e decidir que eu precisava fazer”, diz o rapaz, que não tem intenção de interromper as consultas tão cedo. “Esse é um momento bem importante da minha semana”, relata.
Já a autônoma Daniele*, 29 anos, aproveitou o dinheiro do auxílio emergencial, em 2020, para começar a terapia. “Eu me sentia inútil dentro de casa, sem motivação. Tive que ficar longe de muitas pessoas e isso me levou a uma solidão. Se não fosse o auxílio, não teria como fazer”, aponta. Quando o benefício emergencial diminuiu, ela não conseguiu dar conta dos custos e precisou parar a terapia (Veja no final do texto onde procurar atendimento gatuito ou com valores sociais).
“Não por escolha e, sim, por falta de opção, busco mais conhecimento em livros, páginas da internet, lives e vídeos do YouTube. Nunca é a mesma coisa e nem sempre são fontes seguras, logo, nem se compara ao benefício de uma terapia. Saber que alguém pode te ouvir, não te julgar, te acolher e te ajudar com os problemas é algo muito bom”, comenta.
Dicas do laboratório Pfizer para cuidar da saúde mental durante a pandemia:
Descanse. O sono regular interfere diretamente no equilíbrio emocional. Busque atividades que auxiliem no sono profundo e de qualidade.
Alimente-se bem. Ter atenção ao que se come e priorizar uma dieta balanceada permite a ingestão de todos os nutrientes necessários ao organismo.
Evite drogas como escape do estresse. Álcool e tabaco se tornam vícios e, a longo prazo, causam muito malefícios à saúde física e mental.
Fortaleça seus contatos, ainda que à distância. Uma conversa com amigos ou com a família por mensagens, ligações telefônicas ou videochamadas pode aliviar sensações ruins.
Tire um tempo para você. Não preencha seus dias apenas com atividades obrigatórias - libere um espaço na sua agenda para atividades de lazer
Não é apenas sobrecarga de trabalho
Coordenada pelo professor Pedro Henrique Antunes da Costa, da Universidade de Brasília (UNB), o projeto Impactos da Pandemia de Coronavírus para a Psicologia nas Políticas Públicas identificou outros problemas vividos pelos psicólogos além da sobrecarga de trabalho. Alteração da rotina, impossibilidade ou restrição de atendimento presencial, receios de usuários dos serviços e carências estruturais são algumas das outras barreiras que os profissionais superam para trabalhar.
“As principais formas de cuidado à saúde mental destes profissionais referem-se a melhores condições de trabalho: realização de concursos com estabilidade e melhores salários; aprimoramento da infraestrutura; fornecimento de insumos; ampliação e potencialização dos serviços e redes, diminuindo a demanda e a consequente sobrecarga", avalia o coordenador da pesquisa à UNB.
O psicólogo Lucio Oliveira, 47 anos, por mais que tenha dobrado o atendimento na pandemia, não deixou de lado o programa Rádio África, na Educadora FM, que ele comanda todo sábado, às 15h. “Nunca peguei tantos pacientes em tão pouco tempo. Além da clínica, atuo como psicólogo social junto a uma instituição de educação e faço doutorado. Algumas coisas do programa de rádio só consigo fazer no final de semana, mas não deixo esse serviço”, diz.
Anibal Dantas, 40 anos, segue essa mesma linha. Ele concilia o atendimento clínico com trabalhos voluntários e estudo para o mestrado, além de atuar num Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas), no interior baiano. O espaço público recebe pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade social, como mulheres vítimas de violências, adolescentes vítimas de abusos e idosos vítimas de maus-tratos.
“No Creas, o atendimento tem aumentado muito. Eu comecei lá no início do ano, mas pegando os dados de 2020 e 2019, dá para perceber esse aumento em todos os casos. E são temas densos, pesados, onde muitas famílias estão em situação de extrema vulnerabilidade. No início, era muito difícil, pois sou muito sensível, sobretudo a questões sociais, mas somos técnicos e temos que estar preparados para acolher a demanda”, afirma.
Mesmo tendo menos de um ano de formada, a psicóloga Carla Leticia, 26 anos, pensa igual. Ela já atende 13 pacientes semanalmente e precisa lidar com casos graves, algo comum durante a pandemia. “Já aconteceu de domingo a noite ou segunda, de madrugada, às 1h, o paciente me ligar com algum tipo de crise. Olha que tenho o sono pesado, mas acordei na hora e dei toda a assistência necessária”, lembra.
Quais são os sinais aos quais devemos ficar atentos?
Sono (alterações; não conseguir dormir; dormir demais; sono bagunçado, etc);
Alimentação (perda de apetite; comer muito mais ou muito menos do que normalmente come);
Tristeza muito forte e frequente (muito além de uma tristeza normal);
Hipersensibilidade;
Humor alterado;
Ansiedade patológica (é normal ficar ansioso nesse contexto, mas uma ansiedade que tira o sono não é normal);
Não conseguir ter a rotina;
Taquicardia e respiração ofegante;
Falta de motivação;
Dificuldade para organizar o pensamento;
Pensamentos catastróficos com frequência;
Abuso de álcool e drogas;
Não conseguir ter contato com as pessoas que gosta;
Feedback familiar (se outras pessoas, que convivem com você, têm notado alterações no seu comportamento).
Leia mais: Covid-19: confinamento e distanciamento social preocupam psicólogos
Quais são as principais doenças psiquiátricas que têm se manifestado na pandemia?
Ansiedade: Todo mundo pode estar ansioso em algum momento. No entanto, a ansiedade patológica é quando esse sentimento é excessivo e interfere na vida cotidiana. É uma preocupação intensa e persistente que pode envolver dor no peito, frequência cardíaca elevada, tremores e respiração ofegante.
Depressão: A depressão é um dos transtornos de humor. É uma doença crônica que provoca uma tristeza profunda e forte sentimento de desesperança. Pode vir associada a dor, amargura, desencanto e culpa, além de alterações de apetite e no sono.
Transtorno bipolar: Também é um dos transtornos de humor. Nesse caso, é uma doença marcada pela alternância entre períodos de depressão e períodos de euforia (mania). Os episódios de mania podem incluir perda de contato com a realidade e falta de sono. Cada episódio pode durar dias, meses ou semanas, além de vir com pensamentos suicidas.
Síndrome do pânico: O transtorno do pânico envolve crises repentinas de ansiedade aguda, vindas de forma inexplicável. Costumam ser associadas a medo e desespero, com a sensação de que a pessoa vai morrer ou enlouquecer. Ataques de pânico podem também um sintoma da ansiedade.
Entidades médicas se mobilizam em campanha de conscientização sobre o suicídio
Com o objetivo de chamar atenção para o tema numa abordagem responsável e acolhedora, diversas instituições médicas se uniram nesse Setembro Amarelo. Trata-se do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), Associação Bahiana de Medicina (ABM), Cooperativa dos Medicos Anestesiologista da Bahia (Coopanest-BA) e a Sociedade dos Anestesiologistas do Estado Bahia (Saeb).
De acordo com o psiquiatra Lúcio Botelho, quase a totalidade dos suicídios está relacionada a distúrbios mentais, envolve pessoas portadoras de algum sofrimento psíquico e os transtornos de humor como a depressão respondem por cerca de 36% dos casos.
“A depressão tem alta prevalência na população mundial. É uma doença crônica com tendência a recorrência. Isso significa que quem teve um episódio de depressão na vida, pode vir a ter outros”, relata.
Os sintomas comuns de depressão são tristeza constante; perda do interesse em atividades rotineiras; redução do apetite com perda de peso, ou o contrário, aumento do apetite e ganho de peso; insônia ou necessidade aumentada de dormir; cansaço e fraqueza todo o tempo; sensação de inutilidade, culpa e falta de esperança; irritação constante; dificuldade em concentrar-se, tomar decisões ou lembrar-se das coisas; e ter pensamentos frequentes de morte e suicídio.
Entre profissionais de saúde, segundo as instituições, a taxa de suicídio é de três a cinco vezes maior do que na população em geral. A exaustão pode ser fruto da cobrança inerente à profissão, à rotina de trabalho ou ainda por questões individuais e sociais. E o cenário da pandemia agravou a pressão sobre os trabalhadores, que passaram a ter inúmeras demandas, não só entre os que estão na linha de frente do combate à covid-19.
Cuidar da saúde mental é a melhor estratégia para a prevenção ao suicídio, de acordo com o psiquiatra. “Alimentação saudável, sono regular, rotinas bem estruturadas e exercício físico são medidas não farmacológicas que diminuem as chances de depressão. No entanto, quando a pessoa estiver passando por um problema, o recomendado é que se procure ajuda de um profissional. Cuidar da saúde mental é ser gentil consigo mesmo. É preciso se permitir. Adoecer faz parte da condição humana. Não é demérito, não é vergonhoso ter depressão”, salienta.
Saiba onde buscar ajuda de forma gratuita ou com "valores sociais”:
CVV: É gratuito em todo o país e funciona 24 horas por dia, através dos telefones (71) 3322-4111 ou 188 e do site www.cvv.org.br.
Programa Escuta Acessível: Atendimento psicológico online ou presencial com valor social. Entre em contato pelo WhatsApp (71) 99637-1226 e faça seu agendamento. O psicólogo Anibal Dantas atua nesse projeto. “A sessão ou o valor mensal fica bem acessível, chegando a mais de 50% de desconto no valor real dos honorários”, explica.
Escola Bahiana de Medicina: A clínica de psicologia tem atendimentos com valores sociais. É preciso entrar em contato pelos telefones (71) 3286-8259, (71) 99249-3483 ou (71) 99287-3091 para fazer o agendamento. Os atendimentos estão ocorrendo de forma online e presencial de segunda a sexta, das 8h às 12h e 13h às 17h.
UniFTC: A instituição mantém o Ambulatório de Saúde Mental, espaço que disponibiliza atendimento interprofissional e conta com atendimentos gratuitos por dois modos:
Modalidade Plantão Psicológico: Um espaço de acolhimento e escuta especializada, na modalidade online, oferecido por profissionais da psicologia de modo pontual. Possui caráter breve, com foco no atendimento em momento de necessidade daquele que busca o serviço. Disponível de segunda a quinta, de 8h às 12h e de 14h às 18h. Nessa modalidade a pessoa não precisa de agendamento. Poderá realizar o atendimento com o profissional disponível no plantão. Link de acesso: bit.ly/plantaopsicologico_uniftc
Modalidade Atendimento Convencional: Os serviços disponibilizados à comunidade contemplam os projetos de acolhimento psicológico, grupos terapêuticos com adolescentes, grupos terapêuticos com idosos, grupos terapêuticos com professores, grupos terapêuticos com comunidade LGBTQIA+, grupo de acolhimento a ansiedade em tempos de pandemia, grupo de gestantes e puérperas, orientação profissional, clínica do trabalho, clínica do luto, psicoterapia individual. Sujeito a disponibilidade de atendimento e é necessário realizar agendamento. Link de acesso:
Unijorge: Oferece o plantão psicológico, um serviço do curso de psicologia com atendimentos feitos por psicólogos egressos da instituição, que estão inscritos nos Conselhos Regionais de Psicologia e estão autorizados a fazer atendimento virtual. O serviço é feito por telefone, através de plantões com dias e horários pré-determinados. Contato para marcação:
Mônica Hanhoerster
CRP 03/18470
Segunda-feira 18h às 22h
(71) 98113-3519
Lelciu Muniz
CRP 03/22799
Terça-feira 18h às 22h
(71) 98216-1222
Jorge Ícaro Medeiros
CRP 03/22992
Quarta-feira 08h às 12h
(73) 98239-1000
Larissa Caires
CRP 03/23015
Quinta-feira 13h às 17h
(71) 99198-6620
Vandeilton Trindade
CRP 03/23889
Sexta-feira 08h às 12h
(75) 99200-3115.
Confira quatro dicas para cuidar da saúde mental durante a pandemia, segundo o laboratório Pfizer:
1. Lembre-se que você não está sozinho. Todos estão na mesma situação. E, apesar disso, cada um encontra uma melhor forma de lidar com este momento. Não se compare com outras pessoas e tente encontrar o que mais funciona para você.
2. Este é um momento intenso e fora do comum. É completamente normal se sentir triste, assustado e/ou menos produtivo que o habitual. Uma pandemia e o distanciamento social geram diversas emoções que são difíceis de lidar. Novos sentimentos são esperados. Não se cobre para estar bem 100% do tempo.
3. Observe suas demandas internas. Abafar e ignorar sentimentos não é saudável. Tente colocar tudo o que está acontecendo no mundo em perspectiva e relacione ao que você está sentindo - estão interligados? Se colocar como parte do todo vai trazer autoconhecimento e facilitará encontrar o equilíbrio da situação.
4. Limite o tempo ligado nas notícias. É importante estar informado, mas são muitos processos acontecendo ao mesmo tempo - e todos eles bastante intensos. Mudanças na rotina de trabalho, no relacionamento com amigos e família, dilemas políticos e financeiros em todo o mundo. Estipule quanto tempo do seu dia você pode se dedicar ao consumo de notícias e, se necessário, reduza. Não se esqueça de buscar fontes oficiais para evitar notícias falsas.
* Nome alterado a pedido da entrevistada.
Rui participa de seminário virtual sobre tecnologia promovido pela Embaixada da China
Nesta quinta-feira (9), o governador Rui Costa participou de um seminário virtual sobre tecnologia, desenvolvido pela Embaixada da República Popular da China no Brasil e pelo Consulado-Geral da República Popular da China no Rio de Janeiro. Com o tema "Rumo ao futuro digital e desenvolvimento impulsionado por serviços", o encontro online debateu o desenvolvimento de tecnologias que possam ajudar áreas como Saúde, Educação e Segurança.
"Venho aqui dar o meu testemunho extremamente positivo sobre a relação da Bahia com a China e dizer que as possibilidades são muito grandes no uso de tecnologia para o desenvolvimento da saúde e da educação, no avanço de cidades inteligentes, na busca por uma segurança pública cada vez melhor, usando ferramentas tecnológicas. A tecnologia é o caminho para melhorar o conforto do ser humano e aumentar a segurança e o acesso das pessoas à ferramentas educacionais. Além disso, possibilita que o poder público garanta saúde a longas distâncias e em locais com escassez de profissionais altamente especializados", afirmou o governador.
Rui lembrou que a Bahia já tem uma parceria muito frutífera com empresas chinesas e é responsável por um dos mais bem sucedidos programas de parcerias público-privadas (PPPs) e concessões do país, com investimentos totais superiores a R$ 10 bilhões. "Aqui, temos em andamento projetos de grande porte, como a ponte Salvador-Itaparica, que conta com R$ 8 bilhões e terá quase 13 quilômetros de extensão. Temos ainda um investimento de R$ 2 bilhões em mobilidade urbana da BYD, que é o monotrilho. Acabamos de contratar o monitoramento por vídeo em cerca de 80 novas cidades, com o uso de tecnologia voltada para a área de segurança pública, com inteligência artificial buscando fazer reconhecimento facial".
A cônsul-geral da China no Rio de Janeiro, Tian Min, falou sobre a importância da boa relação mantida entre governos, para atração de investimentos. "O Estado da Bahia tem mantido um acordo de amizade e cooperação com o governo chinês. O governador Rui Costa já foi pessoalmente à China e promoveu ainda mais essa parceria pragmática bilateral, e tem todo o nosso apoio. Nesse momento, as duas partes vêm se esforçando para desenvolver diversos projetos e o governo chinês apoia as empresas chinesas respeitando as regras de mercado para desenvolver esses projetos na Bahia".
Inflação de agosto na região metropolitana de Salvador fecha 0,70%; índice é o maior para o mês em 20 anos
A inflação do mês de agosto na região metropolitana de Salvador (RMS) fechou em 0,70%, segundo informações divulgadas nesta quinta-feira (9), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados fazem parte do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O índice da RMS desacelerou pela terceira vez consecutiva, ficou novamente abaixo do nacional (0,87%), mas foi a maior inflação para um mês de agosto em 20 anos, desde 2001, quando o índice havia ficado em 1,14%.
Segundo informações do IBGE, o IPCA da região havia sido de 0,75% em julho, 0,86% em junho e 1,12% em maio.
Com o resultado do mês, o IPCA na RMS tem alta de 5,64% no acumulado de janeiro a agosto de 2021. A inflação acumulada no ano está ligeiramente abaixo da nacional (5,67%), supera a de 2020 (4,31%) e se mantém a maior para um ano desde 2016, quando o IPCA fechou dezembro com uma alta de 6,72%.
Nos 12 meses encerrados em agosto, a inflação na RM Salvador ficou em 8,59%. De acordo com o IBGE, seguiu acelerando em relação aos 7,98% registrados nos 12 meses encerrados em julho, embora ainda se mantenha abaixo do acumulado no país como um todo (9,68%).
Grupos de produtos e serviços em alta
Em agosto, oito dos nove grupos de produtos e serviços que compõem o IPCA apresentaram altas, na Região Metropolitana de Salvador.
Segundo o IBGE, apenas o grupo habitação (-0,10%) teve deflação no mês, influenciado, sobretudo pelo aluguel (-1,16%) e pela energia elétrica (-0,32%), que mostrou recuo após aumentar seguidamente desde abril, acumulando alta de 9,78% no ano de 2021.
Os alimentos voltaram a ser a principal pressão inflacionária na RM Salvador, em agosto, com alta de 1,02%. Foram puxados pelos produtos consumidos em casa (1,41%), sobretudo leite e derivados (3,96%), com o leite longa vida subindo 5,38%; aves e ovos (2,89%); panificados (pães em geral, com 1,90%); e o café moído (7,87%).
O aumento médio das despesas com transporte (0,60%) exerceu a segunda maior pressão de alta no custo de vida em agosto, na RMS. O grupo foi puxado pelos carros novos (3,33%) e usados (2,03%).
A gasolina também seguiu em alta (0,39%), embora desacelerando em relação a meses anteriores. No ano de 2021, já acumula aumento de 33,65%, o segundo mais intenso entre as centenas de itens pesquisados para formar o índice de inflação.
O grupo vestuário (2,16%) também teve aumento importante em agosto, na RMS, e deu a terceira principal contribuição para a elevação do IPCA no mês. Foi puxado pelas roupas femininas (2,79%), masculinas (2,20%) e pelo calçados e acessórios (2,06%).
INPC pouco maior que o IPCA
Na Região Metropolitana de Salvador, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação das famílias com menores rendimentos (até 5 salários mínimos), ficou em 0,76% em agosto, um pouco maior que o IPCA (0,70%).
Foi o 10º maior índice para o mês entre as 16 áreas pesquisadas, ficando abaixo do resultado do país como um todo (0,88%). Ainda assim, foi o maior INPC para um mês de agosto na RMS desde 2002, quando o resultado havia sido de 0,97%.
O IBGE informou que praticamente não houve variação em relação a julho, quando o INPC da RM Salvador havia sido de 0,75%.
De janeiro a agosto de 2021, o INPC acumula alta de 5,89% na RMS e chega a 9,14% nos 12 meses encerrados em agosto. No Brasil como um todo, os acumulados são, respectivamente, 5,94% e 10,42%.
Jacaré de 2 metros invade banheiro de terreiro em Simões Filho: 'Morri de susto'
Era por volta das 19h desta quarta-feira (8) quando a aposentada Célia Batista, de 59 anos, tentou usar o banheiro. Apertada, ela saiu de sua cabana em direção ao banheiro coletivo da comunidade onde mora, em um terreiro de Simões Filho. Chegando ao local, ela se deparou com um jacaré de quase dois metros.
"Eu tomei um susto horrível. Aqui é perto do mato, então já vi sucuri, jiboia, aranha caranguejeira e marimbondo, mas jacaré foi a primeira vez. Tive que sair correndo para chamar o Pai Thiago para me acudir", narra Dona Célia, que, com medo do invasor, não conseguiu dormir de noite.
Ao ouvir os berros, Pai Thiago de Ogum foi correndo acudir sua filha. “O povo tava gritando ‘jacaré, jacaré’... Até pensei que alguém do terreiro tivesse se vacinado”, brincou o religioso.
Chegando ao banheiro, Pai Thiago viu que, de fato, o terreiro recebeu a visita de um predador. Ele, então, fechou a porta do toilette e iniciou a saga para tentar resgatar o animal.
“O jacaré e a cobra, por exemplo, são animais encantados pela natureza. E Oxóssi é o protetor de todos os animais. Oxóssi é um orixá que caça para trazer fartura para todas as famílias, apenas para alimento, nunca para simplesmente matar. Por isso chamei as autoridades para realizarem o resgate”, conta o líder.
O primeiro contato feito, de acordo com ele, foi com o Corpo de Bombeiros por volta das 20h. As horas foram passando e nada do resgate chegar. “Liguei de novo umas 23h e fui informado que uma guarnição já estava a caminho”, revela. Porém, era um alarme falso. Nenhuma viatura foi até o local buscar o animal.
Em nota, o Corpo de Bombeiros da Bahia alega que não recebeu nenhum chamado para atender o resgate de um jacaré na noite desta quarta-feira. A única ligação registrada por eles teria ocorrido às 8h da manhã desta quinta (9).
Pai Thiago, no entanto, garante que o contato foi feito e, para provar, apresenta quatro ligações para o 193 no histórico de chamadas do celular. Ele jura que falou com um atendente, que teria registrado o pedido.
Sem resgate, Jaqueline, nome dado ao jacaré, passou a noite inteira trancada no banheiro. Só na manhã desta quinta, após equipes de reportagem chegarem ao local, que uma equipe da prefeitura de Simões Filho foi buscar o bicho.
“Vieram com veterinário, carro da prefeitura e me disseram que iam levar Jaqueline para um bom lugar”, comemorou o pai de santo.
O CORREIO tentou contato com a Prefeitura de Simões Filho para saber mais informações sobre o resgate e para onde o animal será levado, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.
Fonte: Correio*
Novo lote com mais de 140 mil doses da vacina contra a Covid-19 chega à Bahia
Um novo lote com 146.250 doses da vacina contra a Covid-19 chegou á Bahia, na manhã desta quarta-feira (8).
Segundo informações da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), toda a carga é composta por imunizantes da Pfizer/BioNTech.
O avião que fez o transporte da carga pousou por volta das 9h30 no aeroporto de Salvador.
Com esta nova carga, a Bahia chegará ao total de 17.373.418 doses de vacinas recebidas, sendo 6.653.518 da Sinovac/Coronavac; 6.751.580 da Oxford/AstraZeneca; 3.707.220 da Pfizer e 261.100 da Janssen.
Marco Temporal pode colocar em risco 80% dos territórios indígenas na Bahia, diz Mupoiba
A votação do Marco Temporal, que está prevista para se encerrada nesta quarta-feira (8), interessa muito à Bahia, afinal de contas, segundo dados do IBGE, é o quarto estado brasileiro em número de habitantes e o terceiro em população indígena, de acordo com dados do Censo de 2010. A Associação Nacional de Ação Indigenista (Anai) estima que as mais de 60 mil pessoas estão divididas em 30 povos indígenas e vivendo em cerca de 70 territórios localizados em pelo menos 40 municípios baianos.
Segundo levantamento da Fundação Nacional do Índio (Funai), há 18 territórios indígenas regularizados, ou seja, que já completaram todo o rito de demarcação. Dos 30 reconhecidos pela Fundação, ainda há 5 delimitados, 3 em estudo, 3 com pedido de reconhecimento como reserva indígena encaminhadas e 1 declarada. O Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba) estima que pelo menos 80% desses territórios ficarão em risco caso o Marco Temporal seja aprovado.
Coordenador Geral do Mupoiba, Agnaldo Pataxó Hã Hã Hãe explica que uma grande parte dos indígenas brasileiros só passou a se reconhecer como tal e formalizar a briga por demarcação de seus territórios a partir da Constituição Federal de 1988. Pelo entendimento do Marco Temporal (PL 490), uma terra indígena só pode ser demarcada se ficar comprovado que os índios estavam naquele território na data da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988.
Desde a promulgação, a Anai destaca que terras indígenas importantes como como a Caramuru-Paraguaçu, do povo Pataxó-Hãhãhãi no Sul do Estado, ou a Pankararé/Brejo do Burgo, dos Pankararé, e a dos Kiriri, no Norte baiano começaram o processo de demarcação. A associação também valoriza a delimitação de outros grandes territórios como a Terra Indígena Tupinambá de Olivença, no Sul; ou a Barra Velha do Monte Pascoal e a Comexatibá, dos Pataxó, no Extremo Sul, ou ainda a dos Tumbalalá, no Norte. Estes, no entanto, ainda não têm demarcação concluída e isso gera uma série de conflitos e trocas de acusações de invasão com fazendeiros, grileiros, posseiros e empresas.
Essas disputas são violentas. Secretário de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, Carlos Martins afirmou em entrevista ao CORREIO que 48 das 77 pessoas protegidas pelo Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH) são lideranças indígenas. Segundo a Secretaria, os principais conflitos de terra envolvendo povos indígenas na Bahia estão localizados no extremo sul da Bahia, com registros em Porto Seguro, Prado, Eunápolis, Ilhéus, Una e Buerarema.
Em abril deste ano, a SJDHDS atuou junto à órgãos como a Defensoria Pública da União no processo que culminou com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu a reintegração de posse de áreas em disputa dentro da Comunidade Indígena Tupinambá de Olivença, especificamente a Comunidade Indígena Tupinambá da Serra do Padeiro.
A liminar concedida pela ministra Rosa Weber suspendeu os efeitos da decisão da Justiça Federal em Itabuna até o julgamento do mérito da reclamação. A decisão da Justiça Federal de Itabuna solicitava a desocupação da área do imóvel rural Conjunto Agrícola São Marcos. A área em questão está dentro da comunidade indígena, que ainda não foi demarcada, o que aumenta a instabilidade e o conflito na região.
Na semana passada, a SJDHDS solicitou diretamente à Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) apoio na apuração da derrubada de residências, cabanas e barracas de praia de indígenas Pataxó no município de Porto Seguro. A prefeitura municipal executou a derrubada alegando que o pedido foi do Ministério Público Federal, órgão que negou qualquer participação na solicitação. A SJDHDS acompanhará o processo para garantir que os direitos dos povos indígenas sejam respeitados e cumpridos.
"Nós temos uma preocupação que se acentuou nos últimos três anos, desde a posse do presidente Bolsonaro, que usou a célebre frase de que no governo dele nenhum indígena teria direito a sequer 1 cm de terra. Isso acirrou os ânimos e criou uma situação que estava pactuada a partir da Constituição. Lideranças foram assassinadas, houve um recrudescimento da luta pelas terras. A proposta dos indígenas é de demarcação, que tem conceitos bem definidos no STF", afirmou o secretário.
Segundo o IBGE, entre as etnias informadas pelos que se declararam indígenas no Censo de 2010, os Pataxó eram os mais numerosos da Bahia, com 11.942 representantes (21,0% do total). Segundo a Anai, em 2021 o número já ultrapassa os 20 mil. Em seguida, ainda que bem distante, vinham os Pataxó Hã Hã Hãe (3.337 ou 5,9%), os Kiriri (2.984 ou 5,3%), os Botocudo (2.869 ou5,1%) e os Tupinambá (2.174 ou 3,8%).
Já em Salvador, a etnia mais citada foi a Tupinambá, com 401 indígenas declarados (5,1% do total), seguida pelos Pataxó (163 declarações ou 2,1% do total de indígenas da capital) e Tupiniquim (153, ou 1,9%).
Os Pataxó predominavam em Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália; em Pau Brasil, os mais numerosos eram os Pataxó Há-Há-Há; em Ilhéus, os Botocudo; em Banzaê, os Kiriri; e em Rodelas, os Tuxá.
"O grande problema é que, nessa época, tínhamos poucos povos nos territórios. Estávamos saindo de uma ditadura limitar, nosso povo não conseguia nem se declarar indígena, a maioria esmagadora se declarou após a Constituição com os artigos 231 e 232, que determinam ao Estado Brasileiro que cuide dessa demarcação", afirma Agnaldo Pataxó, coordenador da Mupoiba.
Atualmente os povos indígenas não precisam mais ser “reconhecidos” pelo Estado, pois a Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), da qual o Brasil é signatário desde 2002, lhes garante o direito ao auto-reconhecimento coletivo enquanto povos, e que possam, a partir daí, demandar livremente seu acesso a direitos e políticas públicas próprios.
Vice-cacique da etnia Kaimbé em Euclides da Cunha, no Norte Baiano, Ivanilton Narciso Kaimbé classifica o PL como arbitrário e aponta que pode extinguir a vida indígena a médio e longo prazo. Com a voz embargada, ele conversou com o CORREIO e disse que desde que soube da votação no STF vive sob uma insegurança terrível.
"Quem pediu o reconhecimento como povo indígena, quem batalhou por seu território na promulgação da Constituição passa a ter um sério risco de ter seu território revogado, mesmo depois de passar por todos os trâmites legais para serem reconhecidos como território indígena. Essa tese traz insegurança aos povos indígenas, dificulta o cuidado da terra, as manifestações culturais. O Marco Temporal não pode ser implantado de forma alguma, é um total retrocesso", opina.
Chefe da assessoria jurídica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rudy Ferraz discorda da tese e afirmou que o Marco Temporal não significa a extinção dos direitos dos indígenas.
"Pelo contrário: denota que as reivindicações das comunidades indígenas para demarcação de novas áreas deverão ser precedidas de prévia e justa indenização das propriedades privadas eventualmente afetadas, ou seja, reconhecendo o direito de todos os envolvidos, o que propiciará a solução pacífica dos conflitos", afirmou.
O julgamento já foi postergado três vezes seguidas, desde que foi levado ao plenário do Supremo, antes do recesso no Judiciário. Há tanta divergência sobre o assunto que alguns ministros podem abandonar posições adotadas recentemente em decisões favoráveis aos indígenas. No ano passado o STF decidiu, por unanimidade, que o governo federal é obrigado a fornecer ajuda às comunidades indígenas no enfrentamento da pandemia de covid-19. Além disso, reconheceu que o processo de demarcação é de competência exclusiva da Fundação Nacional do Índio (Funai), e não do Ministério da Agricultura.
Também representante do lado ruralista, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) afirma que a palavra final sobre a demarcação de terras deve ser do Congresso, e não do Supremo. O texto em tramitação na Câmara admite a tese do marco temporal e permite a exploração de territórios indígenas por iniciativas do agronegócio, da mineração e da infraestrutura.
Ainda na Bahia, a Defensoria Pública do Estado se posicionou contra o Marco Temporal e ao PL 490. O órgão publicou um vídeo ouvindo lideranças de todo o Estado e afirma que a Constituição não estabelece qualquer limite de tempo para a demarcação de terras indígenas, ruralistas e setores interessados na exploração destes territórios de ocupação tradicional defendem que os povos originários só deveriam ter direito à demarcação das terras que estivessem sob sua posse até o dia 5 de outubro de 1988.
"Esta tese vem sendo utilizada pelo governo federal para travar demarcações de terras indígenas, assim como abrir as terras demarcadas para os mais diversos empreendimentos econômicos, como agronegócio, mineração, construção de hidrelétricas, entre outras medidas", diz a defensoria.
Articuladora do vídeo-manifesto, a defensora Valéria Teixeira define o Marco Temporal como um completo retrocesso e classifica como absurda uma eventual aprovação no STF.
"Há povos indígenas que têm como características uma migração, além do que a violência sofrida por esses povos muitas vezes expulsa essas pessoas de seus territórios originários", afirma.
O artigo 231 da Constituição Federal reconhece aos indígenas sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
Povos indígenas na Bahia e sua localização:
01. Atikun (Angical, Cotejipe, Curaçá, Rodelas, Santa Rita de Cássia e Sento Sé)
02. Catuí Panká (Glória)
03. Fulni-ô (Lauro de Freitas e Serra do Ramalho)
04. Gueiah (Paulo Afonso)
05. Imboré (Ribeirão do Largo)
06. Kaimbé (Euclides da Cunha)
07. kamakã (Ribeirão do Largo)
08. Kambiwá (Rodelas)
09. Kantaruré (Glória)
10. Kapinawá (Serra do Ramalho)
11. Kariri (Casa Nova)
12. Kariri-Sapuyá (Jequié)
13. Kariri-Xokó (Lauro de Freitas e Paulo Afonso)
14. Katrimbó (Monte Santo)
15. Kiriri (Banzaê, Barreiras, Muquém de São Francisco e Quijingue)
16. Paneleiros-Mongoió (Vitória da Conquista)
17. Pankararé (Glória, Paulo Afonso e Rodelas)
18. Pankaru (Muquém de São Francisco e Serra do Ramalho)
19. Pataxó (Eunápolis, Itamaraju, Prado, Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália)
20. Pataxó Hãhãhãi
(Alcobaça, Camacã, Camamu, Itaju do Colônia, Pau Brasil e Serra do Ramalho)
21. Payayá (Utinga)
22. Potiguara (Muquém de São Francisco)
23. Tapuia (Muquém de São Francisco e Seabra)
24. Truká (Paulo Afonso e Sobradinho)
25. Tumbalalá (Abaré e Curaçá)
26. Tupinambá
(Belmonte, Buerarema, Eunápolis, Ilhéus, Itapebi, São José da Vitória e Una)
27. Tuxá (Ibotirama, Muquém de São Francisco, Quijingue e Rodelas)
28. Tuxi (Abaré)
29. Xakriabá (Cocos)
30. Xukuru-Kariri (Glória)
Fonte: Anai
Legenda:
Terras Indígenas Tradicionalmente Ocupadas: São as terras indígenas de que trata o art. 231 da Constituição Federal de 1988, direito originário dos povos indígenas, cujo processo de demarcação é disciplinado pelo Decreto n.º 1775/96.
Reservas Indígenas: São terras doadas por terceiros, adquiridas ou desapropriadas pela União, que se destinam à posse permanente dos povos indígenas. São terras que também pertencem ao patrimônio da União, mas não se confundem com as terras de ocupação tradicional. Existem terras indígenas, no entanto, que foram reservadas pelos estados-membros, principalmente durante a primeira metade do século XX, que são reconhecidas como de ocupação tradicional.
Terras Dominiais: São as terras de propriedade das comunidades indígenas, havidas, por qualquer das formas de aquisição do domínio, nos termos da legislação civil.
Interditadas: São áreas interditadas pela Funai para proteção dos povos e grupos indígenas isolados, com o estabelecimento de restrição de ingresso e trânsito de terceiros na área. A interdição da área pode ser realizada concomitantemente ou não com o processo de demarcação, disciplinado pelo Decreto n.º 1775/96.
Fases do Processo Administrativo de Demarcação
De acordo com a Constituição Federal vigente, os povos indígenas detêm o direito originário e o usufruto exclusivo sobre as terras que tradicionalmente ocupam. As fases do procedimento demarcatório das terras tradicionalmente ocupadas, abaixo descritas, são definidas por Decreto da Presidência da República e atualmente consistem em:
Em estudo: Realização dos estudos antropológicos, históricos, fundiários, cartográficos e ambientais, que fundamentam a identificação e a delimitação da terra indígena.
Delimitadas: Terras que tiveram os estudos aprovados pela Presidência da Funai, com a sua conclusão publicada no Diário Oficial da União e do Estado, e que se encontram na fase do contraditório administrativo ou em análise pelo Ministério da Justiça, para decisão acerca da expedição de Portaria Declaratória da posse tradicional indígena.
Declaradas: Terras que obtiveram a expedição da Portaria Declaratória pelo Ministro da Justiça e estão autorizadas para serem demarcadas fisicamente, com a materialização dos marcos e georreferenciamento.
Homologadas: Terras que possuem os seus limites materializados e georreferenciados, cuja demarcação administrativa foi homologada por decreto Presidencial.
Regularizadas: Terras que, após o decreto de homologação,foram registradas em Cartório em nome da União e na Secretaria do Patrimônio da União.
Interditadas: Áreas Interditadas, com restrições de uso e ingresso de terceiros, para a proteção de povos indígenas isolados.
Reservas indígenas
A União poderá estabelecer, em qualquer parte do território nacional, áreas destinadas a posse e ocupação pelos povos indígenas, onde possam viver e obter meios de subsistência, com direito ao usufruto e utilização das riquezas naturais, garantindo-se as condições de sua reprodução física e cultural. Para constituição das Reservas Indígenas, adotam-se as seguintes etapas do processo de regularização fundiária:
Encaminhadas com Reserva Indígena (RI): Áreas que se encontram em procedimento administrativo visando sua aquisição (compra direta, desapropriação ou doação).
Regularizadas: Áreas adquiridas que possuem registro em Cartório em nome da União e que se destinam a posse e usufruto exclusivos dos povos indígenas. Inclui-se neste item, a área Dominial.
Baianos criam filtro que pode retirar plástico de águas do oceano
Recém graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Thiago Oliveira,25, sempre teve o empreendedorismo como meta na vida. Em outubro de 2019, ele foi convidado, junto com estudantes universitários de diversas áreas, para participar do hackathon Space Apps, concorrendo com mais de 29 mil projetos de todo o mundo. “Quando iniciamos a participação no evento, não tínhamos ideia do que seria o desafio e a escolha por trabalhar com soluções para o ambiente marinho ocorreu quase como uma resposta ao fato de estarmos diante da Baía de Todos os Santos”, conta o jovem empreendedor.
Integrante da equipe Cafeína - em parceria com os colegas da área de administração Antônio Rocha, Pedro Dantas e Genilson Brito, além do engenheiro químico Ramon de Almeida - eles desenvolveram um protótipo, o Ocean Ride, capaz de fazer uma filtragem da água do oceano, retirando os resíduos conhecidos como microplásticos, que são ingeridos por animais marinhos e, por sua vez, quando consumidos, terminam parando nos organismos humanos. O sistema de filtragem pode ser acoplado em embarcações e plataformas fixas. Uma vez filtrada, a água volta ao oceano e os resíduos ficam retidos para que sejam destinados a outros fins que não alimentação da fauna marinha.
O projeto inovador despertou o interesse de empresas diversas, mas a pandemia deu um freio no projeto da equipe, que se prepara para a retomada dos testes desses sistemas. Para falar sobre essa iniciativa que dialoga com os 17 objetivos do desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas, Thiago Oliveira será o convidado do programa ao vivo Empregos e Soluções dessa quarta-feira,08, às 18 horas, na página do Jornal Correio, no Instagram.
Durante o bate papo com a consultora e especialista em pequenos negócios Flávia Paixão, Thiago vai abordar o passado empreendedor, quando já chegou a vender balas em ônibus e a atuação com venda de micro crédito, além de falar sobre as expectativas de futuro no trabalho com o Ocean Ride. “Sempre quis trabalhar com algo que fosse meu, fosse uma empresa, um serviço, um produto ou uma solução como essa”, conta.
Para saber mais, não perca o Empregos e Soluções dessa quarta-feira, às 18 horas, na página do Jornal Correio, no Instagram.