Sexta, 01 Novembro 2024 | Login

O tempo fechou em Salvador nesta quinta-feira (23). O dia amanheceu nublado e com fortes ventos, chuvas durante a madrugada causaram pontos de alagamento em alguns bairros. Rajadas de ventos de até 48 km/h foram registradas durante a tarde.

O Centro de Hidrografia da Marinha emitiu um alerta de ventos fortes na Bahia, nesta quarta-feira (22), que devem causar ressaca no mar nos próximos dias.

Ainda na noite de quarta, a Associação dos Transportadores Marítimos da Bahia (Astrama) informou que a travessia Salvador-Mar Grande estaria suspensa devido à previsão de fortes ventos e mar agitado na Baía de Todos os Santos.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indica que a situação deve continuar ao longo da semana. Há previsão de chuva na sexta-feira (24), com temperaturas variando entre 22°C e 27º, e no sábado (25), com máxima de 28°C.

De acordo com a Defesa Civil de Salvador (Codesal), o período chuvoso já era esperado para as primeiras semanas da primavera - que teve início nesta quarta.

“Não são chuvas que preocupam. Além desse início da primavera, nos próximos meses teremos ainda possibilidade de evento significativo em alguns períodos do mês”, disse Giuliano Carlos, meteorologista do órgão.

Publicado em Bahia

Onze meses depois da liberação da prefeitura para a realização de aulas semipresenciais, as faculdades particulares de Salvador ainda preferem se manter no ensino remoto. Apenas a Faculdade Baiana de Direito e Gestão, no Costa Azul, que tem carga horária 100% teórica, voltou a receber os alunos presencialmente nas salas de aula, desde 30 de agosto.

As outras, como Unime, UniFACS, UniFTC, Ucsal, e o Senai Cimatec rejeitam o modelo semipresencial. Ele só é adotado para as atividades práticas. As outras disciplinas, que não precisam de laboratório, continuam mediadas por tecnologia. Algumas universidades não têm sequer previsão de quando ocorrerá o retorno completo de todas as matérias, como a Faculdade 2 de Julho e a Unijorge.

Legalmente, as instituições de ensino superior da capital baiana já estão autorizadas desde outubro de 2020 a funcionarem na modalidade híbrida, desde que seguissem os protocolos sanitários exigidos pela prefeitura. Porém, caberia a cada uma definir quando e como ocorreria esse retorno. A maioria preferiu manter-se no on-line. Desde o início da pandemia, quase 200 professores foram demitidos, as reclamações cresceram mais de 1300% no Ministério Público da Bahia (MP-BA) e os salários reduziram até 90%.

Segundo o sindicato, as instituições de ensino privadas só não retornaram por resistência dos alunos. “As instituições já estão autorizadas há muito tempo, mas o que está havendo é resistência dos estudantes em terem aula presencial. A probabilidade de voltar ao ensino presencial como antes da pandemia é remotíssima, porque 65% dos alunos não têm mais interesse no modelo anterior”, declara o presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras dos Estabelecimentos de Ensino Superior da Bahia (Semesb), Carlos Joel, citando uma pesquisa nacional, feita pela Associação Brasileiras de Mantenedores de Ensino Superior (ABMES).

Segundo Joel, a probabilidade é que o modelo híbrido se mantenha mesmo após a pandemia do novo coronavírus, a partir da lógica de as aulas teóricas serem de forma remota e as práticas de maneira presencial. “Ninguém tem resposta definitiva, mas estamos estudando novas metodologias para que o ensino seja mais interativo e não tenha necessidade de as pessoas estarem se deslocando”, argumenta Joel.

Ele ainda diz que o curso de Direito, por exemplo, não precisa mais ser presencial, visto que até as audiências judiciais são feitas remotamente.

“Não há lógica de trabalhar esse modelo e ter um aglomerado de pessoas na sala de aula, porque a vacinação não está demonstrando que é suficiente para inibir as pessoas que tenham covid. Então não queremos trazer para gente a responsabilidade de algum aluno ser contaminado e termos problema”, justifica.

Alunos prejudicados
Ao contrário do que diz o Semesb, os estudantes ouvidos pelo CORREIO querem retorno das aulas. Eles se sentem prejudicados pelos estudos remotos. Morador do Bairro da Paz, Alonso Andrade, 20, está no 1º semestre de enfermagem na Unime.

“Gostaria muito de ter o presencial, porque o ensino virtual é mais complicado, tem zoada em casa e a internet às vezes não pega bem”, relata.

O mesmo acontece com Marisa Moreno, 24. Ela acha que seu desenvolvimento nas aulas tem caído, com o formato on-line. “A interação com os colegas e meu desenvolvimento caíram mais em algumas áreas. Não conseguia focar muito, desenvolver os trabalhos como queria e tirar todas as dúvidas”, relata a estudante, que cursa arquitetura e urbanismo na Unime, em Lauro de Freitas, e mora em Camaçari, ambos na Região Metropolitana de Salvador. Em parte, o ensino remoto foi positivo para ela, pois evitou deslocamento entre cidades.

Primeira a retornar com aulas teóricas semipresenciais
Na Baiana de Direito, as aulas acontecem de forma escalonada e com 50% da turma. Uma primeira metade frequenta a faculdade às segundas, quartas e sextas e, na semana seguinte, às terças e quintas. Na outra semana, isso se inverte, como nos protocolos da rede municipal e estadual de ensino.

De acordo com diretora acadêmica da Baiana, Ana Carolina Mascarenhas, a faculdade elaborou um plano de ação com protocolos rígidos para a prevenção da covid-19. “O protocolo contém medidas de prevenção, controle e diminuição dos riscos de transmissão no âmbito coletivo e individual, como ações para identificação precoce e afastamento de pessoas com sinais e sintomas, além de estratégias de afastamento, identificação e orientação para pessoas pertencentes a grupos de risco”, enumera Ana Carolina.

A Baiana é a primeira faculdade de Salvador a retornar com as aulas teóricas no formato semipresencial. Assim como o Senai, ela não obriga os alunos a voltarem, se não se sentirem preparados. Metade deles quis retornar.

“Com o avanço da vacinação e os números da pandemia reduzindo, percebemos que era o momento de voltar, seguindo todos os protocolos. Acreditamos que estar em ambiente de sala de aula é importante para a formação do aluno e era um desejo da nossa comunidade voltar”, acrescenta a diretora.

Todos os funcionários e professores receberam a duas doses da vacina contra covid-19.

Maior aceitação
No Senai Cimatec, poucos alunos optaram pelo ensino híbrido no início do semestre. Porém, esse cenário mudou após o início do semestre. “A gente percebe um povoamento maior de pessoas, porque os alunos se sentem mais seguros, até pelo aumento da vacinação entre os jovens. Quem não se sentir confortável, pode continuar assistindo às aulas remotamente, não vamos obrigar ninguém a retornar”, explica o pró-reitor de graduação, Rafael Bezerra, sem precisar qual percentual de alunos teria retornado.

As matérias de menor carga horária e/ou teóricas são as que permanecem com aulas virtuais. De acordo com Bezerra, os investimentos para adaptar as salas ao modelo híbrido foi alto. Dentre os novos aparelhos, estão as mesas de som, microfones, projetores interativos, mesas digitalizadoras e câmeras 4k.

“Tivemos que readequar nossas infraestruturas para respeitar o distanciamento e agora temos dois níveis de tratamento no sistema de ar condicionado, com infravermelho, que extermina os vírus da covid-19, além da implantação de equipamentos para transmissão simultânea das aulas”, conta o pró-reitor.

Retorno indefinido ou só em 2022
A Universidade Católica de Salvador (Ucsal) e o Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge) preferem continuar no ensino remoto até o final do ano. Segundo a Ucsal, foi feita uma pesquisa com a comunidade acadêmica, no final de julho, sobre o retorno presencial neste semestre e 74% optaram por manter as aulas remotas. Alguns cursos, no entanto, estão com reposições de disciplinas presenciais desde o início de 2021, assim como na Unijorge.

“No momento, estão sendo realizadas de forma presencial somente as aulas práticas para os cursos de graduação presencial e semipresencial e os estágios supervisionados. Estamos acompanhando a evolução do cenário da pandemia e a definições do MEC e do poder público, para definirmos quando será feito o retorno das aulas presenciais”, esclarece a Unijorge, por meio de nota.

A Faculdade Bahiana de Medicina e Saúde Pública retornou com as aulas, mas pela modalidade remota há cerca de um mês e meio. Não há previsão para o semipresencial, exceto algumas disciplinas que adotam esse modelo para atividades práticas, como as de internato. A 2 de Julho informou que o mais provável é que as aulas in loco voltem somente em 2022.

Na Universidade Salvador (Unifacs) e a UniFTC, o retorno ocorre de forma gradual, prioritariamente, para as disciplinas práticas e de estágio, que já ocorreram presencialmente desde 2020. “Conforme o semestre avançar - e a partir do acompanhamento dos índices epidemiológicos da cidade -, há possibilidade de retorno faseado também de disciplinas teóricas, respeitando as métricas de isolamento social definidas pelos protocolos de segurança vigentes”, respondeu a Unifacs, por meio de nota. Os alunos que desejaram prosseguir com o ensino remoto estão autorizados, segundo a Unifacs.
Procuradas, a Unime, Unopar, Pitágoras, Faculdade Batista Brasileira (FBB), UniRuy e Área 1, que tiveram mais duas semanas para enviar resposta, não se pronunciaram até o fechamento da matéria.

Publicado em Bahia

A cidade que canta, do povo que dança, ganha o espaço cultural que faltava. Pela primeira vez em seus 472 anos, Salvador passa a contar com um local de celebração e conhecimento de uma das expressões culturais com maior força na sua história. A Cidade da Música da Bahia, novo museu instalado no emblemático Casarão de Azulejos Azuis, no bairro do Comércio, será inaugurada nesta quinta-feira (23). A visitação pode ser feita de terça-feira a domingo, mediante agendamento em horários entre 10h e 17h. A entrada custa R$ 20 a inteira, com estudantes e residentes em Salvador podendo pagar meia-entrada através de comprovação.

São 1.914,76 m² de área construída. Em quatro pavimentos, o espaço possui hall de entrada, bilheteria, salão de estar, café, loja, biblioteca, midiateca, além das salas de exposições e um estúdio de gravação. Tudo com alta tecnologia para proporcionar um verdadeiro mergulho no passado, presente e futuro da produção sonora da primeira capital do Brasil. A visitação pode ser feita por meio do próprio smartphone do visitante, a partir do sistema da Cidade da Música, acessado através de QR Code e mediante preenchimento do cadastro. O espaço oferece serviço de wi-fi gratuito.

Em quatro pavimentos, o espaço possui hall de entrada, bilheteria, salão de estar, café, loja, biblioteca, midiateca, além das salas de exposições e um estúdio de gravação

Todo o acervo do museu é 100% audiovisual, com curadorias de Antonio Risério e Gringo Cardia. O primeiro andar retrata bairros da cidade e suas músicas, histórias, depoimentos e novas tendências. O segundo andar, que possui ilustrações gigantes de fragmentos da pintura modernista de Genaro de Carvalho, abriga nove cabines de vídeos, além de três salas: A Magia da Orquestra, que exibe conteúdo voltado para a música clássica, A Nova Música da Cidade, com conteúdo de grupos novos, cantores em ascensão e grupos periféricos de música, e Quem Faz a Música da Bahia, que mostra 260 depoimentos das pessoas mais importantes e representativas da música baiana.

O último pavimento da Casa da Música da Bahia oferece muito entretenimento interativo. Há três salas de karaokê com gravação de clipes; uma sala que mostra vídeos de vários rappers; trappers e poetas de todo o Brasil com espaço para o visitante recitar seu rap ou poesia; jogos da memória sobre a música baiana; perguntas e respostas baseadas na exposição e instalações interativas que simulam mesa de som; além de exibições de documentários e espaço especial de demonstração de um set de percussão, que também foi desenhado para ser um estúdio de gravação.

“A Cidade da Música da Bahia retrata toda essa efervescência cultural que temos em Salvador, de sermos a cidade da música do Brasil e do mundo, título dado pela Unesco. O visitante conseguirá ver toda a história desta música da cidade de Salvador, das 33 regiões da capital, com suas vertentes e gêneros. Aqui é possível entender como se formou a música na cidade. Também é possível entender como outros ritmos influenciaram”, destacou Fábio Mota, secretário de Cultura e Turismo de Salvador.

O artista e arquiteto Gringo Cardia, referência mundial em cenografia e também o curador da Casa do Carnaval, na Praça da Sé, se debruçou em ricos acervos e se preocupou em retratar no museu histórias de grandes e novos artistas, além de nomes que fazem músicas nos bairros da capital baiana. “Um espaço para conhecer e vibrar com os ritmos e as tribos que fazem a história da música da Bahia. Uma história que não tem fim e recomeça a cada dia com mais uma novidade, mais uma misturagem. O baiano já nasce com o dom da música”, declarou ele sobre o novo espaço cultural.

Equipamento possui um vasto acervo para proporcionar um mergulho no passado, presente e futuro da música produzida na primeira capital do Brasil

Indutor de turismo
O Cidade da Música da Bahia fica em um local estratégico. Entre dois grandes pontos turísticos da cidade – o Elevador Lacerda e o Mercado Modelo -, o museu está instalado no emblemático Casarão de Azulejos Azuis, tombado em 30 de julho de 1969 e recém-recuperado pela Prefeitura de Salvador. “O local é um indutor de turismo riquíssimo para Salvador, não tenho dúvida nenhuma que pessoas do Brasil e de fora do país vão querer vir conhecer o museu. Por tudo que retrata, por toda a história, da forma que se conta através dos bairros da cidade”, destacou Fábio Mota.

O secretário de Cultura e Turismo de Salvador chama atenção também para o equipamento que está sendo construído ao lado do Cidade da Música, o Museu da História da Cidade, com um dos arquivos públicos mais importantes do Brasil: “Queremos interligar todos estes quatro equipamentos culturais para que as pessoas possam assim visitar e preservar a história não só de Salvador, mas do país, já que somos sua primeira capital. O nosso arquivo público é um dos mais importantes da América do Sul. Nós temos, por exemplo, os primeiros 200 anos das casas legislativas da nação. Então, essa região tem a estratégia de impulsar o turismo”, destacou.

“Um espaço para conhecer e vibrar com os ritmos e as tribos que fazem a história da música da Bahia. Uma história que não tem fim e recomeça a cada dia com mais uma novidade, mais uma misturagem. O baiano já nasce com o dom da música”, declarou Gringo Cardia, artista, arquiteto e curador da Cidade da Música.

O Casarão de Azulejos
Apesar de tombado em 1969, a história do Casarão dos Azulejos Azuis é mais antiga. Não há informações precisas sobre as origens do sobrado. Acredita-se que tenha sido construído entre 1851 e 1855. De lá para cá, o imóvel passou por diversas transformações, abrigando o Hotel Muller, ainda no século XIX, e até o supermercado Paes Mendonça na segunda metade do século XX.

As intervenções no Casarão dos Azulejos Azuis tiveram investimento de quase R$ 8 milhões, provenientes de financiamento junto à Corporação Andina de Fomento (CAF), através do Programa de Requalificação Urbana de Salvador (Proquali). Para efetivar as obras de recuperação no lugar que agora passa a abrigar a Cidade da Música da Bahia, a Prefeitura promoveu estabilização do imóvel, em 2017. De lá pra cá, uma grande operação foi realizada para abrigar a estrutura de alta tecnologia que vai oferecer experiências inéditas aos visitantes.

Publicado em Bahia

A renúncia repentina do ex-pároco da Paróquia Sant'Ana de Catu gerou revolta nos fieis e na população do município que fica a cerca de 90km de Salvador. Os fieis alegam que o padre Fernando de Almeida Silva foi punido de maneira desproporcional por permitir que fieis leigos (aqueles que não são padres, bispos ou o próprio papa) fizessem a oração eucarística. A atitude é considerada uma falha grave pelos dogmas católicos.

O caso aconteceu numa missa celebrada no dia 22 de agosto de 2021, que foi transmitida pelas redes sociais da igreja, medida que se tornou de praxe após o início da pandemia e que foi mantida por muitas igrejas, como a de Catu. Segundo apurado pela reportagem, houve uma denúncia da atitude tomada pelo padre, que chegou até os bispos da região e, também, para o administrador diocesano de Alagoinhas, atualmente sem bispo.

A diocese entrou em contato com o padre e o aconselhou a renunciar porque, de acordo com as fontes ouvidas pel a reportagem, manter o sacerdote na paróquia com o processo em andamento poderia acarretar numa possível exclusão do exercício do sacerdócio. Ou seja, ele deixaria de "ser padre".

A justificativa não agradou uma boa parte dos fieis da paróquia, que alegam a montagem de um complô para prejudicar o padre. O comerciante Augusto Gomes, conhecido como Guga, classifica o afastamento como um absurdo e falta de humanidade da Igreja Católica.

"Todo o mundo sabe que a Igreja é para perdoar, né? Ele não roubou, não matou, muito pelo contrário. O padre chegou em Catu e revolucionou a Igreja. Não é que o padre anterior fosse ruim, mas já era um padre idoso, fechado, apesar de ser meu amigo e muito gente boa. O povo quer uma missa alegre, que todo o mundo cante. É por isso que as igrejas evangélicas crescem e a católica cai. Esse tratamento arcaico não vinga", afirmou.

Segundo o fiel, Fernando é um padre jovem e entusiasta e sua gestão ajudou a trazer muitas crianças e adolescentes para dentro da Paróquia de Catu. Augusto afirma que há uma "panela" dentro da Igreja que não gostou de medidas tomadas pelo novo padre, como parar de alugar equipamentos de som ou contratação de banda para tocar nas missas.

"O padre começou a descobrir umas coisas erradas. Flor que custava R$150, ele comprava por R$75, os ofertórios eram fechados a duas pessoas e ele abriu para mais gente e começou uma ciumeira com ele. O som da igreja era todo alugado, fizemos uma campanha, levantamos R$38 mil e compramos tudo para a igreja, todos os instrumentos. Músicos foram procurar a igreja para tocar e ele falou que não precisava mais dos serviços, abriu para tocarem e cantar sem receber nada", disse Augusto.

A fala de Augusto foi reiterada por outra fiel, Edlea Lago, que participa do movimento batizado como #SomosTodosPadreFernando e que pede que a Igreja Católica reveja a recomendação de renúncia imposta ao pároco. De acordo com o grupo, ele foi obrigado a renunciar sem explicação, direito de defesa e deixou a cidade com ordem de despejo sem revisão do Conselho Paroquial.

O grupo enviou um ofício à Dom Giambattista Diquattro, Núncio Apostólico do Brasil, ao Cardeal Dom Sérgio da Rocha, Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil e a Diocese de Alagoinhas que atende a paróquia de Catu, uma carta de apoio ao Padre Fernando, solicitando um julgamento justo e seu retorno ao município.

"Padre Fernando que chegou em Catu no dia 10 de janeiro, encontrou uma paróquia totalmente sem a participação da comunidade. Ele democratizou o acesso as pastorais, envolvendo todas as comunidades nas atividades da igreja. Organizou as coordenações de serviços (financeiro e administrativo), deu total transparência financeira da paróquia à comunidade, prestando contas na missa a cada final de mês. Sua ação evangélica intensa e cativante, atraiu muitos que estavam afastados e trouxe outros tantos novos fiéis", disse o grupo em nota.

Também fiel, Edison Gomes afirmou que estava afastado da paróquia antes da chegada do Padre Fernando, preferindo frequentar uma capela em Terra Nova, mas a obra do pároco o fez mudar de ideia. "Agora, prefiro me afastar de novo. A Igreja prega o perdão e vai fazer isso com alguém que pediu desculpas e não tomou nenhuma atitude por mal. Ele queria homenagear os leigos, aproximar as pessoas da Igreja. Houve o erro segundo os ritos e dogmas, mas que mal ele fez para ser retirado daqui?", perguntou.

Procurada, a Diocese de Alagoinhas, responsável pelas decisões da paróquia, não se manifestou até o fechamento desta reportagem.

Filósofo e autor do livro "Ser HUmano, obra prima das mãos de Deus", o padre Elenildo Pereira afirma que existem dois sacerdócios: o comum e o ministerial. O primeiro refere-se a todos os batizados. O segundo, aos ministros ordenados, caso dos bispos, padres e diáconos, ambos são o mesmo sacerdócio, porém, diferentes no grau.

O padre explica que Jesus Cristo instituiu o sacerdócio para dar continuidade à construção de seu Reino Sagrado e a função de padre foi instituída na quinta-feira da Paixão, com o objetivo de ser o continuador daquilo que Jesus fez e realizou. Somente os discípulos de Jesus receberam os poderes necessários para continuar esse legado.

Ou seja, é como se Cristo desse, aos ministros ordenados, os seus poderes. Após a ordenação, essas pessoas se tornam um outro Cristo na terra.

Carreata
Mesmo com as justificativas da Igreja, a população local não está muito disposta a ceder e fará uma carreata na próxima quinta-feira (23), às 17h. Os manifestantes ficarão concentrados na porta da Igreja Nossa Senhora Sant'Ana pedindo a volta do pároco às atividades no município.

Uma fiel, que preferiu não se identificar, afirmou que os quase nove meses de atividades do padre foram revolucionários e, portanto, ele merece toda a mobilização possível para seu retorno.

Publicado em Bahia

A erupção que se iniciou no último domingo (21), no vulcão Cumbre Vieja, nas Ilhas Canárias, registrou novos abalos sísmicos e abriu uma nova boca eruptiva, que está localizada na cidade de Tacande, em El Paso. De acordo com autoridades locais e informações do Plano Especial de Proteção contra o Risco Vulcânico das Canárias (Pevolca), a nova boca do vulcão apareceu a 900m da boca principal.

Desde o início da erupção, que aconteceu no domingo, seis mil pessoas já foram evacuadas de suas casas. Mas o que mais preocupa as autoridades é a eminente aproximação da parede de lava gerada, que vem avançando cerca de 700m por hora, e em conjunto com a água do mar, que pode causar explosões e gerar emissões de gases nocivos.

A abertura de novas fissuras eruptivas também causa preocupação. Devido a atividade constante do vulcão, a superfície do solo continua a inchar e se deformar. Isso é um sinal de que mais magma está sendo armazenado no subsolo, o que pode ocasionar no rompimento da superfície.

Publicado em Bahia

A prefeitura vai decidir esta semana se vai retomar às aulas totalmente presenciais a partir de segunda-feira (27), em Salvador. Atualmente, os estudantes da rede municipal estão no modelo híbrido, ou seja, com aulas presenciais em alguns dias e aulas virtuais em outros. A expectativa é tornar tudo presencial a partir da próxima semana, mas essa decisão dependerá do avançar da vacinação e da pandemia.

O prefeito Bruno Reis comentou sobre o assunto durante a assinatura da ordem de serviço para a requalificação da Lagoa da Timbalada, no bairro do Cabula, nesta terça-feira (21). Ele disse que nos próximos dias vai analisar os números para tomar uma decisão, mas foi otimista.

“A rede privada já voltou de forma presencial, e nosso desejo é ter as condições para poder voltar a partir de segunda-feira com as aulas presenciais na rede pública municipal. Estamos avaliando e ainda esta semana vamos tomar uma decisão”, disse.

Bruno Reis destacou que os números estão em queda em Salvador e no restante da Bahia, disse que a vacinação está avançando e que a situação está sob controle, mas pediu que a população não relaxe as medidas de proteção e prevenção contra a covid-19 para evitar que os números voltem a subir. Em Salvador, a taxa de ocupação dos leitos de UTI e clínicos está em 24%. Na Bahia, está em 28% e 18%, respectivamente.

“Com o avanço da vacinação e as medidas adotadas a cada dia nós vamos ganhando mais força para enfrentar a variante Delta. Até então, [a variante Delta] não tem tido impacto no nosso sistema de saúde, tanto a prefeitura como o governo do estado estão desmobilizando leitos e os índices de ocupação estão caindo. Em setembro, as UPAs estão amanhecendo sem pacientes aguardando por regulação”, disse.

O Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Estado da Bahia (APLB) discorda. O coordenador-geral da entidade, Rui Oliveira, disse que a categoria não foi consultada e que pretende se reunir com o prefeito até a sexta-feira (24) para discutir o assunto.

“Precisamos ser ouvidos. Primeiro, a variante Delta é uma realidade em todo o mundo. Segundo, as escolas não podem reduzir o distanciamento de 1,5 metro para 1 metro, porque isso contraria as recomendações de biossegurança. Terceiro, colocar 40 crianças dentro de uma sala de aula é irresponsabilidade”, disse.

As aulas na rede municipal foram retomadas no dia 23 de agosto, mas de forma híbrida. Pais e estudantes estão divididos. Para alguns, as aulas semipresenciais foram um teste de que é possível voltar à rotina de antes da pandemia, seguindo os protocolos. Para outros, ainda é precipitado permitir que 100% dos estudantes frequentem o mesmo espaço. A discussão deve dominar o debate sobre educação nos próximos dias.

Publicado em Bahia

Um rapaz de 19 anos morreu depois que a moto que pilotava foi atingida por um carro em Sento Sé, no norte da Bahia, no domingo (19). Segundo a polícia, a suspeita é que a motorista tenha agido de maneira intencional porque a carona da moto seria amante do seu marido.

A motorista chegou em um bar e flagrou o marido com a outra mulher. Depois disso, se iniciou uma briga entre os três. A jovem que seria a amante decidiu ir embora e pediu que Lucas Freitas da Paixão, que estava próximo, desse uma carona para ela. Os dois não se conheciam, mas mesmo assim ele aceitou ajudá-la.

Depois que a mulher saiu de moto com Lucas, a esposa seguiu os dois de carro e, mais à frente, teria intencionalmente jogado o veículo contra a moto. Ela fugiu depois da batida. O carro dela, um Fiat Strada Working, foi apreendido e encaminhado à delegacia, assim como a motocicleta.

Ferido, lucas morreu no local. A mulher que estava na moto também ficou ferida, mas não há detalhes sobre seu estado de saúde.

A Polícia Civil diz que a delegacia de Sento Sé instaurou inquérito para apurar o caso. A sobrevivente será ouvida na unidade. O depoimento da suspeita também já foi agendado, segundo a polícia.

Publicado em Bahia

O prefeito Bruno Reis afirmou nesta terça-feira (21) que os ensaios de verão devem acontecer normalmente a partir do fim do ano, projetando que a população adulta de Salvador já esteja totalmente vacinada até o final de outubro. Questionado sobre a retomada das festas durante um evento na Lagoa da Timbalada, no Cabula, Bruno disse que os eventos servem de "teste" para festas maiores, como o Festival da Virada e o próprio Carnaval.

"Já podem ocorrer eventos até mil pessoas cobrando ingressos. Já vi Jau, Tuca, já vi gente se organizando para isso. A tendência é que se os números continuarem caindo a gente vá ampliando esse público", disse o prefeito.

Ele lembrou que no momento os eventos só podem receber pessoas com as duas doses da vacina já tomadas. "Quando você fala em ter a segunda dose, estamos falando de pessoas acima de 40 anos. À medida que a vacinação for avançando, outras faixas etárias vão entrando nesse público", acrescentou. "A gente espera, principalmente chegando no verão, em dezembro, que já esteja todo mundo vacinado".

Bruno diz que a vacinação de pessoas de 18 anos começou em agosto. Com a antecipação média de um mês para a segunda dose, como vem acontecendo, a expectativa é chegar ao final do ano com todos da população adulta totalmente imunizados. "Estou garantindo isso? Se tiver as vacinas, sim. Como a maioria das doses que o ministério mandou, sempre retivemos, a tendência é que a gente chegue ao final de outubro todo mundo vacinado", afirma.

Não dá para pensar em fazer festas maiores sem recomeçar esses eventos, destaca. "A tendência é que ensaios de verão, em dezembro, janeiro, fevereiro, já possam ocorrer de forma normal. Não da para pensar em Festival da Virada, com 500 mil pessoas, Carnaval, com 2,5 milhões de pessoas, sem ter ensaio antes. Na prática, eles são preparativo para o Carnaval e ocorrem em dimensão muito menor", finaliza.

Publicado em Bahia

Os eventos esportivos podem voltar a ser realizados em Salvador. A Prefeitura divulgou os protocolos sanitários para a retomada destas atividades nesta segunda-feira (20), em decreto publicado no Diário Oficial do Município.

As novas regras determinam que os eventos esportivos poderão ser realizados de segunda-feira a domingo, sem restrição de horários, exceto para espaços localizados em shopping centers e centros sem acesso independente - estes seguirão o horário de funcionamento dos seus respectivos empreendimentos.

O limite de participantes será de 75% da capacidade total do local, mas não é permitido exceder o limite máximo de pessoas definido na legislação municipal (atualmente, é de mil pessoas). Estão englobados eventos de esportes individuais e coletivos, como corrida, natação e ciclismo.

No decreto, que é assinado pelo gabinete do prefeito, Bruno Reis, não há menção à possibilidade de liberação de torcida nos jogos de futebol. Isso deverá ser avaliado nos próximos dias. De acordo com regras, porém, está vedada a presença de torcida ou qualquer tipo de agrupamento ou público que não seja dos envolvidos com o evento, sendo somente permitido os atletas, participantes e o corpo de colaboradores e organizadores.

Confira abaixo alguns pontos de destaque do protocolo determinado pela Prefeitura:

os eventos deverão ser realizados, preferencialmente, em locais abertos e ventilados, em espaços como ginásios, centros esportivos, campos e quadras, clubes, academias e ambientes específicos para essa finalidade, além da área pública quando da devida autorização;
na chegada ao local de realização do evento, a temperatura dos colaboradores, prestadores de serviço e participantes deve ser aferida, e aqueles com resultado igual ou superior a 37,5°C devem ser orientados a procurarem um serviço de saúde, não sendo autorizados a participar do evento;
os competidores de esportes que demandem contato físico, a exemplo de artes marciais, devem apresentar resultado negativo de teste RT-PCR de detecção da COVID-19, realizado até 2 (dois) dias antes da data do evento, ou comprovação de esquema vacinal com duas doses da vacina contra a COVID-19 ou dose única, mediante apresentação do documento de vacinação fornecido no momento da imunização, ou do Certificado COVID obtido através do aplicativo “CONECT SUS” do Ministério da Saúde, ou ainda da “Carteira de Vacinação Digital” da Prefeitura do Município do Salvador, obtida através do endereço eletrônico “https://cvd.saude.salvador.ba.gov.br”;
os competidores poderão participar do evento apenas no(s) dia(s) em que competem;
cada competidor poderá ser acompanhado por apenas uma pessoa/técnico, que só poderá entrar no local de realização do evento junto do atleta;
o uso de máscara é obrigatório para todas as pessoas durante o período em que estiverem no evento, com exceção dos atletas durante a competição nos momentos de alimentação dos participantes. Os atletas deverão utilizar máscara quando não estiverem competindo;
fica vedada a presença de torcida ou qualquer tipo de agrupamento ou público que não seja dos envolvidos com o evento, sendo somente permitido os atletas, participantes e o corpo de colaboradores e organizadores;
recomenda-se a não realização de cerimônias de premiação ou confraternização;
é obrigatório o uso de identificação pelo praticante ou atleta (camiseta, malha, braçadeiras e similares), de forma a caracterizar a regularidade quanto a sua participação no evento;
os eventos em espaços fechados como ginásios, centros esportivos e afins, todos devem ser orientados a deixar o local após a participação no evento. Com o intuito de manter a capacidade máxima de pessoas no espaço dentro dos limites, a organização deverá orientar que os participantes cheguem no ginásio uma hora a meia antes do horário programado para o início, considerando que estes devem estar prontos para competição/apresentação uma hora antes do horário programado para o início, no caso de as atividades acontecerem antes do horário previamente programado.
deverão ser disponibilizados totens de álcool em gel 70% nos acessos ao evento, na entrada dos sanitários, na área de fornecimento de produtos alimentícios e em pontos de maior circulação de pessoas, onde fica recomendada a disponibilização adicional de locais para higienização de mãos com água e sabão;
deverá ser realizada desinfecção em toda a área antes da realização do evento;

 

Publicado em Esportes

Seja pela aposta na tecnologia, pelos bancos enxugando a folha de pagamento ou pela violência de assaltos, o número de agências bancárias vem diminuindo na Bahia. Ao mesmo tempo, vem subindo a quantidade de correspondentes bancários para suprir a demanda. Considerando os últimos cinco anos, o crescimento desses estabelecimentos foi de 40%. Segundo dados do Banco Central, são 873 agências no estado, contra 21.946 correspondentes bancários, ou 22.282 - se contarmos as casas lotéricas. Enquanto isso, em 2021, dos 417 municípios, 183 não têm nenhuma agência, o que representa 43,9%.

Sabe a lotérica na esquina de casa? Aquele comércio que recebe boletos no seu bairro e aquela unidade dos Correios onde era possível abrir uma conta? Ou ainda aquela construtora que, além de vender imóveis, também oferece acesso a crédito? Esses estabelecimentos são os chamados correspondentes bancários, que funcionam como pessoas jurídicas contratadas por instituições financeiras para oferecer alguns dos seus serviços aos cidadãos, com intermédio do Banco Central.

A quantidade desses estabelecimentos é 12% maior que no mesmo período do ano passado, quando o estado acumulou 19.842 correspondentes, sendo 19.493 sem contar as da Caixa Econômica. Quando o período considerado aumenta, a porcentagem acompanha. Em setembro de 2016, eram 15.998 correspondentes - ou 15.646, sem as lotéricas, 40% a menos do que o total em operação em 2021. A empresa Logmais, do grupo Prosegur, por exemplo, saltou de 650 substabelecidos que atuavam como correspondentes em 2020 para 800 em 2021.

Para quem mora na capital, fica difícil imaginar um cenário em que não existe um banco em cada esquina. A funcionária pública Susana Santana, 55 anos, enfrenta a realidade de morar numa cidade sem nenhuma agência bancária. O município de Antas, a 320 quilômetros de Salvador, já chegou a contar com três agências e perdeu a última, do Banco do Brasil, há cerca de quatro anos.

“A agência passou por uns cinco roubos, aí fechou e dizia que ia reabrir, mas até agora nada. Hoje, funciona como posto, não tem dinheiro, você só faz transferência, não pode fazer depósito e nem saque”, conta a moradora.

Antas está entre os 183 municípios baianos sem agências bancárias. Os dados informados pelo Banco Central através do Sindicato dos Bancários da Bahia mostram que há uma tendência de desaparecimento desse tipo de estabelecimento. Em 2019, eram 164 municípios sem agências (39,3% do total do estado). Já em 2020, o número subiu para 173, com aumento de mais 10 cidades em 2021. Nos últimos cinco anos, 35 municípios baianos entraram para a lista dos que não têm agência bancária. (Confira aqui a lista de agências e postos de atendimento do país por município)

Dos cerca de 19 mil habitantes de Antas, quem precisa movimentar dinheiro tem que ir até Jeremoabo ou Cícero Dantas, que são cidades vizinhas. Existe um mercadinho no município que funciona como correspondente, mas não supre as necessidades dos moradores. “O dinheiro que entra no mercadinho é pouco, então para sacar depende do dia. E se for um salário ou uma aposentadoria, que tem valor mais alto, só em outra cidade mesmo. Aí eu pago no cartão, faço Pix, mexo pelo celular, mas não é todo mundo que pode e quem sofre mesmo são os comerciantes”, explica Susana.

A proprietária do mercadinho que funciona como correspondente, Evaneide Santos, 46, diz que a parceria com o Banco do Brasil é vantajosa tanto para ela quanto para os moradores da cidade.

"É uma assistência para a população e é bom para mim porque eu mesma uso para sacar dinheiro para mim e os clientes vêm tirar dinheiro e já fazem as compras na minha loja. Tem sido bem atrativo para o comércio, meu ponto foi um dos primeiros e agora já tem uns oito na cidade", ressalta.

Evaneide admite, contudo, que o limite de saque é de R$1,5 mil e que nem sempre o valor está disponível. "A gente não tem tanta venda assim e tem outro fator também: eu não gosto de ficar com muito dinheiro aqui porque acho perigoso. Depois que o mercadinho virou correspondente, já fomos assaltados duas vezes", conta ela.

Impacto na economia
Em Caem, município que fica a 345 quilômetros de Salvador, as reclamações são parecidas. Segundo o prefeito, Arnaldo de Oliveira Filho, mais conhecido como Arnaldinho, a cidade perdeu sua única agência bancária em maio deste ano. A unidade também era do Banco do Brasil e tinha sido instalada há mais de 30 anos.

“Segundo o banco, foi uma política de aumento do uso da tecnologia. Mas, como é que você prioriza a tecnologia em um município pequeno e agrícola, com mais de 3 mil aposentados? Os moradores reclamam bastante. Temos um correspondente bancário aqui, mas com atendimento precário e limite de saque. As pessoas praticamente não usam, vão até Jacobina ou Saúde. A Lotérica é que dá um suporte maior, mas mesmo assim existem coisas que só no banco mesmo”, coloca o gestor.

“O banco movimentava a economia local, o impacto foi grande com o fechamento. O comércio sentiu bastante porque aqui tem um dia de feira, que é bastante movimentado. Quando tinha banco vinha gente da zona rural fazer empréstimos e sacar aposentadoria, salário. Isso movimentava ainda mais a feira. Hoje, o pessoal vai para outras cidades”, completa o prefeito.

O presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Zé Cocá, destaca que a instalação de um banco facilita ainda a atração de empreendimentos, a abertura de empresas locais, assim como o acesso a programas do governo federal.

“Quando a agência fecha, ocorre um efeito em cascata no comércio local, que fica enfraquecido sem ter o dinheiro circulando. Quem vai sacar a aposentadoria, bolsa família e salário em outra cidade, faz suas compras por lá mesmo e o município pequeno acaba tendo o comércio enfraquecido. Com isso, é menos emprego e menos renda gerada”, diz.

Para o presidente do Sindicato dos Bancários na Bahia, Augusto Vasconcelos, o crescimento do número de correspondentes é preocupante. “A ideia do correspondente representa uma precarização da mão de obra porque os trabalhadores que atuam nessas empresas não têm os direitos trabalhistas respeitados, assim como não respeitam a convenção coletiva dos bancários. As empresas também não fornecem segurança adequada, aumentando os riscos de eventuais fraudes. O ideal seria a abertura de novas agências bancárias e a ampliação do acesso ao atendimento à população”, opina.

O CORREIO tentou contato com a Federação Brasileira dos Correspondentes Bancários (Febracon), mas não obteve retorno até o fechamento da reportagem.

Cadê a agência que estava aqui?
Ainda de acordo com o Sindicato dos Bancários, a Bahia já acumula um saldo de 53 agências a menos só em 2021, até o mês de agosto. Ao longo de todo o ano de 2020, foram menos 55 agências e, em 2019, 49. Das 53 unidades perdidas em 2021, 30 pertencem ao Banco do Brasil. A instituição anunciou no início deste ano que iria passar por um “plano de reestruturação”, com fechamento de agências. Vale destacar que esse fenômeno não está presente somente na Bahia. O Brasil tinha, em 2018, 20.889 agências. Em 2021, são 17.831.

Uma das explicações pode estar no avanço da tecnologia. Segundo uma pesquisa feita pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em 2020, 67% das transações bancárias eram feitas por meios digitais, que são responsáveis por 8 em cada 10 pagamentos de contas, e por 9 em cada 10 contratações de crédito. Entre os 21 bancos que participaram do levantamento, 8 responderam que foram abertas 7,6 milhões de contas pelos canais digitais, uma alta de 90% frente a 2019. A pesquisa revelou que as transações com movimentação financeira feitas pelo celular registraram um salto de 64% em 2020.

Para o presidente do Sindicato dos Bancários, Augusto Vasconcelos, a tecnologia é bem vinda, mas desde que bem usada.

“Basta a gente passar na frente das agências bancárias para ver que ainda tem uma parcela muito grande da população, principalmente de idosos e pessoas da zona rural, que ainda dependem do atendimento presencial. Sem contar que esse tipo de atendimento tem alçadas maiores, determinados tipos de serviços dependem do presencial e não são feitos pelo aplicativo. E é necessário oferecer condições adequadas para essa parcela da população”, acrescenta Vasconcelos.

O presidente do sindicato expõe ainda outros fatores para o fechamento das agências. “No caso dos bancos públicos, isso faz parte de uma estratégia de desmonte das empresas, com redução da capacidade de atendimento e diminuição da sua atuação, sobretudo em cidades do interior. No caso dos bancos privados, trata-se de uma concentração ainda maior da atuação dessas empresas nas grandes cidades ou cidades de médio porte”, coloca.

“Além disso, nos últimos anos, houve uma incorporação e fusão de várias empresas do setor. O Bradesco, por exemplo, adquiriu o HSBC e foi adquirindo outros bancos, como o Econômico e o Baneb. Com isso, acaba havendo uma concentração de poucas empresas que dominam boa parte do sistema financeiro. Essa concentração é ruim para o mercado e para o consumidor”, destaca Vasconcelos.

Após seis anos de queda, cresce o número de roubos a bancos na Bahia
Além do avanço da tecnologia e da necessidade dos bancos de enxugar as folhas de pagamento, outro elemento determinante é a violência. Os casos de ataque a banco vêm crescendo, levando muitas agências a decidir fechar as portas. Apesar da redução dos roubos contra bancos por seis anos consecutivos, de 2015 a 2020, a Bahia voltou a apresentar aumento desse tipo de crime em 2021. Do ano passado para cá, os números subiram em 36,3%, se considerado o período entre janeiro e julho. Foram 21 roubos em 2020 e 34 em 2021, sendo 19 no interior, 10 na capital e 5 na Região Metropolitana de Salvador (RMS), segundo dados da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP).

Segundo o diretor do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), delegado José Bezerra, mais da metade das ocorrências deste ano foram registradas entre abril e maio e o aumento está ligado à pandemia.

“Diversos criminosos ganharam prisão domiciliar ou liberdade temporária. Além disso, muitos ataques aconteciam em agências da Caixa Econômica, na época em que o auxílio emergencial saía, então acreditamos que, no imaginário dos criminosos, o banco teria uma maior quantia em espécie por conta desse benefício”, explica.

Outro fator seria a diminuição da venda de drogas no período da pandemia e, ao mesmo tempo, aumento das apreensões dessas substâncias e também de armamentos. “As quadrilhas acabaram sendo forçadas a buscar a capitalização para cobrir os ‘prejuízos’. Uma das saídas encontradas foram os ataques a banco. E vale destacar que a maioria das ocorrências não foram bem sucedidas, o que pode ter provocado uma repetição do ato criminoso em outra agência”, acrescenta.

De acordo com o delegado, a média de roubos em 2021 deve diminuir até o final do ano por conta da desarticulação das quadrilhas. “A partir da operação Aerarium, desde abril, foram 44 mandados de busca e apreensão cumpridos, 33 indivíduos identificados, 22 presos e 11 mortos em confronto, além de 39 armas de fogo apreendidas, material explosivo, drogas e mais de 350 mil reais em espécie”, afirma o delegado. A operação foi realizada em conjunto pela Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e o Departamento de Polícia Técnica.

Ainda segundo o delegado, os autores de todos os ataques a bancos cometidos em 2021 já foram identificados e a operação continua até a captura de 100% dos indivíduos envolvidos. A polícia incentiva que a população contribua com denúncias e informações através do telefone 181. A denúncia é anônima.

O que dizem os bancos
Procurado pelo CORREIO, o Banco do Nordeste afirmou que não apresentou número significativo de fechamentos e que "a quantidade atual de agências atende às necessidades negociais da instituição". O Bradesco disse que passou por uma etapa de transformação e modernização da rede física com o crescimento da demanda dos clientes pelo atendimento digital, self service ou à distância. O banco informou ainda que algumas agências sofreram redução de tamanho físico e que, em situações específicas, houve processo de fusão de unidades sobrepostas.

O Banco Santander afirmou que está em um momento de "forte expansão na Bahia". Segundo a assessoria, de 2018 até o final deste ano o crescimento esperado do número de agências na Bahia é de 75%. O banco acrescentou ainda que tem 72 agências na Bahia e que, até o final do ano, deve inaugurar mais 7, localizadas nos municípios de Dias Dávila, Conceição do Coite, Campo Formoso, Santo Amaro, Jaguacuara, Jaguarari, e Candeias.

A Caixa Econômica Federal afirmou que duas agências da Bahia (de Camacan e Amélia Rodrigues) estão em processo de reforma para posterior reabertura aos clientes, após ocorrências de eventos criminosos. "A Caixa esclarece que realiza a recuperação das unidades afetadas e que nenhuma unidade foi fechada definitivamente". A nota diz ainda que o banco vai abrir, na Bahia, 7 novas agências nas cidades de Feira de Santana, Porto Seguro, Sento Sé, Mutuípe, Barreiras, Itamaraju e Vitória da Conquista.

O banco Itaú disse que, "apesar da procura cada vez maior pelos canais digitais, a rede de agências físicas do Itaú segue cumprindo papel relevante no atendimento aos clientes, como espaços mais humanizados de relacionamento e consultoria". A nota diz ainda que "dessa forma, o Itaú mantém uma combinação de atributos físicos e digitais que poucas instituições financeiras oferecem, respeitando preferências distintas das pessoas que se relacionam conosco".

O Banco do Brasil afirmou que mantém presença física em todo o país com mais de 50 mil pontos de atendimento, seja através de suas agências e postos de atendimento, através dos correspondentes identificados pela marca “Mais BB”, ou com a rede de Terminais do Banco 24 horas, como alternativa aos clientes que optam pelo atendimento presencial. A assessoria acrescenta que "além da contínua mudança do perfil e do comportamento do consumidor observada há anos, o crescimento das ações de combate à covid-19, desde o início de 2020, também impulsionou o uso de soluções e canais digitais, acelerando de forma exponencial a quantidade de adeptos às soluções de atendimento remoto", diz a nota.

Número de correspondentes bancários na Bahia (Fonte: Banco Central)

2016: 15.998 correspondentes / 15.646 - sem lotéricas
2017: 15.941 correspondentes / 15.586 - sem lotéricas
2018: 17.066 correspondentes / 16.725 - sem lotéricas
2019: 18.660 correspondentes / 18.310 - sem lotéricas
2020: 19.842 correspondentes / 19.493 - sem lotéricas
2021: 22.282 correspondentes / 21.946 - sem lotéricas

Número de municípios sem agências bancárias na Bahia: (Fonte: Banco Central do Brasil com elaboração do Sindicato dos Bancários da Bahia)

2017 - 148 municípios (35,5%)
2018 - 149 municípios (35,7%)
2019 - 164 municípios (39,3%)
2020 - 173 municípios (41,5%)
2021 - 183 municípios (43,9%)

Número de agências bancárias na Bahia: (Fonte: Banco Central do Brasil com elaboração do Sindicato dos Bancários da Bahia)

2018 - 1.030 agências (288 Banco do Brasil, 215 Caixa, 299 Bradesco, 94 Itaú, 53 Santander, 61 Nordeste, 20 Outros)
2019 - 931 agências (261 Banco do Brasil, 214 Caixa, 288 Bradesco, 86 Itaú, 55 Santander, 59 Nordeste, 18 Outros)
2020 - 926 agências (260 Banco do Brasil, 213 Caixa, 242 Bradesco, 79 Itaú, 56 Santander, 59 Nordeste, 17 Outros)
2021 - 873 agências (230 Banco do Brasil, 213 Caixa, 231 Bradesco, 79 Itaú, 44 Santander, 59 Nordeste, 17 Outros)

Publicado em Bahia