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Bahia com Tudo

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Para o estudante intercambista colombiano, Juan Pablo Gómez, 18 anos, não pode faltar ovo nas refeições diárias. Quando chegou em Salvador, em março de 2020, o jovem comprava uma placa com 30 ovos por R$ 9, mas, agora, o mesmo item sai por R$ 16. O preço aumentou, apesar da produção de ovos da Bahia ter crescido em 31% no ano passado na comparação com 2019, segundo as Pesquisas Trimestrais da Produção Pecuária referentes ao ano de 2020, divulgadas na quinta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O estudo aponta que foram produzidas 58,3 milhões de dúzias de ovos no estado em 2020. Com o resultado, a Bahia atingiu recorde de produção em 19 anos, quando foi iniciada a série histórica do IBGE.

O avanço de 31% na produção do alimento ocorreu após dois anos seguidos em queda e foi o maior crescimento percentual da série. Com um aumento absoluto de 13,7 milhões de dúzias em um ano, a Bahia foi o terceiro estado mais intenso entre os produtores, em 2020.

Dono da Avícola do Vale, Jackson Rodrigues dobrou a produção de ovos entre 2020 e janeiro de 2021, passando de uma fabricação diária de 100 mil ovos para 200 mil. O empreendedor percebeu o aumento na demanda pelo alimento no ano passado.

“Os granjeiros expandiram a produção porque teve mais consumo nacional. Como somos uma granja nova, a expansão já era planejada, mas também sentimos que existia uma procura maior pelos produtos”, explica Jackson.

Preços mais altos
Mesmo com o aumento da demanda, a situação não é das melhores para os granjeiros, garante o dono da Avícola do Vale. De acordo com ele, os custos de produção têm encarecido bastante sob a influência da alta do dólar. A partir do 3º trimestre de 2020, Jackson percebeu um crescimento de 100% no preço da soja, de 80% no valor do milho e de mais de 80% no custo das embalagens - todos insumos necessários para a granja.

“Nossa moeda está desvalorizada, então, estão vendendo os itens para o exterior e o preço vai lá pra cima. Com isso, temos retraído a produção para tentar sobreviver”, explica Jackson.

O problema, de acordo com ele, é a dificuldade para repassar os custos para o consumidor. No meio do ano passado, o granjeiro vendia uma placa de 30 ovos no atacado de R$ 9,50 a R$ 10. Atualmente, o item é comercializado por R$ 12 a R$ 12,50. Entretanto, o dono da avícola pontua que a placa deveria ser vendida no atacado por R$ 14 para cobrir os custos de produção.

Proprietário da granja Ovos Caipiras, em Feira de Santana, José Oliveira explica que o ovo tem uma característica diferente de outros alimentos porque sofre uma interferência em seu preço que praticamente é semanal. Ele explica que, entre março e maio de 2020, no início da pandemia, o preço subiu bastante porque a oferta não dava conta da demanda: muitas pessoas foram ao mercado de vez e tentavam estocar para evitar muitas saídas de casa.

“Depois disso, entrou em estabilidade porque a produção estava em alta. Aí despencou o preço. Mas, ao mesmo tempo, os insumos, por conta do dólar, subiram demais. Está insustentável. Muitos granjeiros estão fechando”, avisa José, que produz cerca de 200 mil ovos por dia.

Há uma expectativa no setor de que uma eventual aprovação do novo Auxílio Emergencial aqueça o mercado novamente. Também há a torcida para que bares, restaurantes e similares - grandes consumidores de ovos - possam voltar a operar com normalidade.

Reajustes
Se os clientes já reclamam do preço da placa do produto, as críticas só devem aumentar com novos reajustes. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, o preço ao consumidor do ovo subiu 5,71% em 2020 na Região Metropolitana de Salvador. Em 2019, o reajuste tinha sido de 1,91%. Para esse ano, os valores ficaram ainda mais caros. De acordo com o instituto, no acumulado de janeiro e fevereiro, o ovo de galinha registrou alta de 4,15% na RMS.

As Pesquisas Trimestrais da Pecuária para o ano de 2020 apontam ainda que a produção brasileira de ovos de galinha foi de 4 bilhões de dúzias em 2020 - 3% maior que a de 2019. Segundo o IBGE, o resultado foi influenciado pelo aumento do consumo do produto em meio à recessão instaurada por conta da pandemia, por se tratar de uma proteína de valor mais acessível em comparação às carnes.

Responsável por 28,9% do total, São Paulo é o líder na produção nacional de ovos de galinha. A Bahia respondeu, em 2020, por 1,5% do total, frente a 1,2% em 2019.

Outros índices:

Frango
Assim como a produção de ovos, o abate de frango na Bahia avançou em 2020 na comparação com 2019 ao registrar um aumento de 6,6%, o que fez com que o estado chegasse a um novo recorde histórico desde 2006. No ano passado, foram abatidos 127.239 milhões de animais - 7.910 milhões a mais do que no ano anterior. Esse foi o sexto crescimento anual consecutivo no abate de frangos na Bahia.

No Brasil, 2020 também foi ano de recorde no abate de frangos. Foram abatidos quase 6 bilhões de animais - 3,3% a mais do que em 2019 (mais 190,8 milhões de cabeças). O abate cresceu em 14 das 19 unidades da Federação com resultados para essa atividade no ano passado. A produção baiana representou 2,1% do total, mantendo-se estável em relação a 2019.

O IBGE pontua que o frango é uma carne com valor mais acessível do que as demais e, como não teve destaque na pauta de exportações em 2020, é possível considerar que boa parte do aumento no abate foi destinado ao consumo interno.

Leite
Em 2020, a aquisição de leite apresentou o 4º aumento consecutivo (+22,3%) e chegou a 564.512 milhões de litros de leite adquiridos pelos estabelecimentos de laticínios sob algum tipo de inspeção sanitária no estado, cerca de 103 milhões de litros a mais que em 2019 e o patamar mais alto em 23 anos.

Nacionalmente, os laticínios sob serviço de inspeção sanitária captaram 25.5 bilhões de litros em 2020 - um aumento de 2,1% em relação a 2019. Houve aumento no volume captado em 14 das 26 unidades da Federação participantes da pesquisa.

No ano passado, a Bahia respondeu por 2,2% de todo o leite adquirido no país, aumentando mais um pouco sua participação nessa produção nacional, que era de 1,8% em 2019.

Bovinos
Em 2020, foram abatidos 958.899 bovinos na Bahia. O resultado representa uma queda de 19,8% em relação a 2019, o maior recuo da série histórica do IBGE, iniciada em 1997. No ano passado, foram abatidas 237.151 cabeças de gado a menos ante 2019.

Foi também a maior queda percentual entre todos os 24 estados com informações sobre abate de bovinos no ano passado. Em 2020, a Bahia ficou com 3,2% de participação no ranking do abate de bovinos, abaixo da verificada em 2019 (3,7%).

Na Bahia, o resultado do abate bovino, em 2020, foi a primeira retração após três anos de variações positivas, o que resultou no menor número de animais abatidos em 14 anos, desde 2006.

No país, em 2020, foram abatidas 29,7 milhões de cabeças de bovinos em estabelecimentos sob algum tipo de serviço de inspeção sanitária. Foi registrada uma queda de 8,5% em relação a 2019, após três anos de crescimento.

Segundo o IBGE, ocorreu o ciclo de alta na bovinocultura em 2020. O preço da arroba subiu e o bezerro, um dos principais insumos de produção, estava escasso e valorizado, o que levou os criadores a deixar de abater as fêmeas, poupando-as para a criação de bezerros.

Suínos
O abate de suínos teve retração de 0,8% na Bahia em 2020 ante 2019. No ano passado, foram abatidos 141.740 animais, 1.170 a menos do que no ano anterior, quando o estado registrou recorde na atividade desde o início da série histórica do IBGE em 1997.

No Brasil, foram abatidas 49.3 milhões de cabeças de suínos em 2020, um recorde nacional, com aumento de 6,4% em relação a 2019. Desde 2005, ocorrem altas ininterruptas do abate de suínos no país. A Bahia representou apenas 0,3% do abate nacional em 2020, mesmo percentual de 2019.

Políticos e figuras públicas se manifestaram prestando condolências a Herzem Gusmão. Prefeito de Vitória da Conquista, Herzem morreu na noite desta quinta-feira (18), vítima de coronavírus. Foram mais de três meses lutando contra a doença desde que foi internado em Conquista até a sua transferência para o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde faleceu aos 72 anos. O velório e o enterro do prefeito acontecem nesse sábado (20), em Vitória da Conquista.

O primeiro a ir a público foi o secretário de saúde do Estado, Fábio Vilas-Boas. Recém recuperado do coronavírus, Vilas-Boas chegou a ficar internado em UTI e teve 95% do seu pulmão comprometido pela mesma doença que tirou a vida de Herzem.

Em sua conta do Twitter, o secretário escreveu prestou seus sentimentos ao povo de Vitória da Conquista e à família do Prefeito.

Prefeito de Salvador, Bruno Reis afirmou que Herzem Gusmão era "uma das grandes figuras públicas da nossa Bahia. É realmente uma grande perda porque ele era um líder que trazia esperança à população de Vitória da Conquista. Que Deus conforte a família e os amigos nesse momento de extrema dor".

Presidente nacional dos Democratas, ACM Neto escreveu que "infelizmente, a Covid segue interrompendo milhares de histórias em nosso país. Dessa vez, foi um grande amigo e parceiro político, o prefeito Herzem Gusmão. Tenho certeza que ele vai deixar muita saudade nas pessoas que, como eu, tiveram o privilégio de sua convivência". O ex-prefeito de Salvador publicou uma foto junto a Herzem Gusmão e prestou solidariedade aos familiares, amigos e à população de Vitória da Conquista.

Presidente da Câmara de Vereadores de Salvador, Geraldo Júnior lamentou o falecimento de Herzem, a quem chamou de seu amigo pessoal. "Lamentamos por essa precoce perda e que Deus nos ajude a superar esse difícil momento. Nosso abraço sentido na família, amigos e nos conquistenses", escreveu.

Secretário da saúde em Salvador, Leo Prates afirmou que Gusmão deixou um legado de alguém que sempre defendeu os interesses de sua terra, seja atuando no rádio ou na política.

Presidente estadual do Democratas, Paulo Azi emitiu comunicado à imprensa declarando uma imensa tristeza, principalmente levando em consideração o agravamento da pandemia no Brasil como um todo.

"Herzem deixa um legado de muito trabalho e dedicação por Conquista, mesmo antes de ser prefeito. Muito querido e carismático, sempre era muito firme em seus posicionamentos e ao defender seus ideais. É uma grande perda para sua querida Conquista, mas também para a Bahia. Meus sentimentos à família e aos amigos. Que Deus dê a ele o descanso eterno e conforte o coração de todos neste momento de dor", afirmou Azi.

Governador da Bahia, Rui Costa também foi a público lamentar o falecimento de Herzem. "Recebo com muita tristeza a notícia do falecimento de Herzem Gusmão, prefeito de Vitória da Conquista, uma das grandes cidades do nosso Estado. Na política, atuamos em campos opostos, mas procurando sempre cumprir a nossa missão", escrevou o Governador antes de prestar solidariedade a amigos e familiares do prefeito de Conquista.

A Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (Alba) decretou luto oficial. Presidente da Casa, Adolfo Menezes afirmou que eles foram companheiros de Legislativo entre 2015 e 2018. Menezes definiu Herzem como um pessoa obstinada, com um grande senso de responsabilidade pela coisa pública, além de desejar que a agora prefeita de Vitória da Conquista, Sheila Lemos, honre o legado deixado por seu antecessor.

A fila de espera por leitos de Unidade de Terapia Intensiva na Bahia não diminui e o tempo de espera tem sido cada vez maior. Se, na primeira onda da pandemia o aguardo durava entre 12 e 18 horas; agora, a média passou a ser até 48h, diz a subsecretária de saúde da Bahia, Tereza Paim. Em Mata de São João, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), um paciente morreu, nesta quinta-feira, 18, após 9 dias esperando leito de UTI. Segundo a Sesab, nessa segunda onda já ocorreu de, em um único dia, 24 pessoas morrerem na expectativa de uma vaga. A média de mortes no aguardo por atendimento especializado era de seis por mês, na primeira onda.

Em Rio de Contas, no Centro-Sul do estado, a paciente Eva Rosa de Jesus, 68 anos, esperou sete dias por uma vaga de UTI no centro de covid da cidade. A idosa tinha obesidade e cardiopatia. Também tomava remédios para a depressão. Deixou uma filha e dois netos. Entre os 24 mortos na fila contabilizados pela Sesab no espaço de 24 horas, havia pacientes com outras doenças além da covid-19.

“Por desconhecimento, algumas pessoas procuram o serviço de saúde mais tarde e muitas vezes chegam em franca insuficiência respiratória. Eles não conseguem aguardar esse momento de acolhimento no próprio pronto-atendimento ou intra-hospitalar”, explicou Tereza Paim ao Jornal da Manhã de quinta-feira, 18.

A subsecretária informou ainda que há um protocolo para inserção dos pacientes nos leitos. A Central Estadual de Regulação define, junto com o médico assistente, a prioridade, ou seja, quem é o paciente mais grave e elegível. Às vezes, é um paciente idoso, mas está melhor que um jovem com um quadro tão grave que não vai conseguir sobreviver. “Todos os dias, em todas as unidades e todos os leitos de UTI, as pessoas e os profissionais têm de fazer escolhas. E pacientes muito graves, às vezes, não conseguem chegar ao êxito”, explicou.

O CORREIO entrou com um pedido, ontem, através da Lei de Acesso à Informação (LAI), para saber quantas pessoas já morreram, ao todo, no estado, esperando UTI. A Sesab explicou que “existem diversas variáveis que podem influenciar o dado, uma vez que a doença pode evoluir de forma muito rápida no paciente. Às vezes, sequer dá tempo de o profissional fazer a avaliação completa, dar o diagnóstico e devidos encaminhamentos”, diz a nota.

Na manhã de quinta-feira, 18, a Bahia tinha 446 doentes de covid-19 na fila por UTI. Outros 177 pedidos eram para leitos clínicos de adultos. O maior número foi registrado na última sexta-feira (12), quando 513 solicitações para internamento de UTI chegaram à Central Estadual de Regulação. São, ao todo, 2.861 leitos ativos, entre UTI e clínicos. O número máximo foi alcançado em agosto de 2020, época em que a Bahia dispunha de 2.923 leitos, de UTI e clínicos. A secretaria disse que o número de UTI foi superado em relação a agosto, já os leitos clínicos não houve ainda a necessidade de expandir para a quantidade anterior, pois a ocupação está abaixo de 70%

Já a taxa de ocupação somente para a UTI adulto chegou a 86%. A região do estado com a maior taxa é o Sul, com 92%. A menor é no Centro-norte, com 57%. Os dados são da Sesab e organizados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) - veja em detalhes no final da matéria. De acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, a Bahia conta com 4.588 respiradores e ventiladores. Destes, 3.893 na rede do Sistema Únido de Saúde (SUS).

Filhas perdem mães por falta de leito
Maria Rosa Novais, 36, filha de Eva Rosa de Jesus, conta que a mãe morreu em 3 de março. Após colocar marca-passo, em dezembro passado, ela começou a ter constantes episódios de falta de ar e cansaço. Foi duas vezes na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Rio de Contas, onde fez exames e recebeu medicamentos.

No processo, foi descoberto um cisto no rim e gordura no fígado. Com a piora do quadro, Maria levou a mãe ao hospital e ela fez dois testes de covid-19: o de sangue deu negativo e o RT-PCR positivo. Ela foi então transferida para o centro de covid para aguardar o leito de UTI. “Todos os dias o médico falava que ela precisava de UTI, que a situação era grave e que ela tinha que fazer exames. Ela não teve melhora nenhuma do primeiro dia ao último”, conta a filha.

Maria Rosa ficou no centro de covid os sete dias que a mãe recebeu o atendimento. “Foi muito difícil, fiz tudo por amor. Eu vi que ela não estava bem desde o dia que cheguei. Só sei que pela espera de um leito de UTI eu perdi minha mãe e é algo muito triste, porque a gente vem naquela esperança, todo dia chegava um médico dizendo ‘estamos correndo atrás’, e ela só piorando. A gente se sente culpada, sente aquele aperto no coração, mas tudo é pela vontade de Deus”, diz ela.

Outra mulher, também de nome Rosa, faleceu em 28 de fevereiro na fila da regulação para um leito de UTI. Ela tinha 76 anos, era hipertensa, diabética e depressiva há 9 anos. Após três dias à espera de transferência, Maria Rosa Brito morreu, na UPA de Ribeira do Pombal.

“É um sentimento de impotência, da gente querer fazer alguma coisa e não conseguir. As UPAs tinham mais de 190 pessoas na frente, esperando regulação. Essas coisas a gente vê nos jornais e acha que não vai acontecer com a gente”, conta a professora Joelma Brito, 51, filha da paciente. Antes disso, a idosa tinha ido ao hospital da cidade, após parada cardíaca. Quando os médicos testaram para covid-19 e deu positivo, ela teve que sair de lá e esperar a vaga de UTI na UPA.

“Foi um sofrimento muito grande, infelizmente, ela não resistiu e não deu tempo de ser transferida. Foi muito doloroso ver uma pessoa morrendo, aos poucos, precisando de oxigênio, de um melhor atendimento, e nós não termos conseguido”, acrescenta.

Maria Rosa Brito deixa, além de Joelma, dois filhos e dois netos. Após ter testado positivo para a covid-19, ela também contaminou alguns dos filhos. “Quando ela morreu, já estava constatado que minha família estava contaminada, então nem velório teve direito, a gente não pôde se despedir direito, abraçar os irmãos, ficou cada um chorando sua dor no seu canto”, descreve Joelma.

Atualmente, são 6 pacientes de Ribeira do Pombal que aguardam regulação, quatro para leitos de UTI e dois para enfermaria. Há mais de três dias que eles aguardam a vaga. “Normalmente, a gente conseguia uma transferência em 24 horas, mas esses últimos dias, está demorando três a quatro dias. A gente está tendo uma dificuldade muito grande de transferência, o que antes a gente conseguia com tranquilidade”, conta a secretária de saúde da cidade, Lakcelma Costa.

Em Itaberaba, 9 pessoas aguardam leitos de UTI ou de enfermaria atualmente. Em Mata de São Joao são seis esperando vaga de UTI e três para enfermaria. Em Anguera, Cachoeira e Santa Cruz Cabrália, um paciente morreu nesse aguardo.

Colapso do sistema
O governador Rui Costa (PT), afirmou em entrevista ao BA TV, na noite de quarta-feira, 17, que acredita que o sistema de saúde baiano já está em colapso porque, na visão dele, uma demora de 24 horas ou mais para regular um paciente para leito hospitalar já indicaria a sobrecarga.

Para a infectologista da Secretaria Municipal da Saúde de Salvador (SMS), Adielma Nazarela, apesar de não haver um medidor preciso, já se pode sim afirmar que um colapso do sistema de saúde. “Se um sistema tem mais demanda do que ele consegue absorver, ele é um sistema que, por hora, está colapsado, porque está tendo uma falta de leitos de UTI. Mas é preciso se dizer que não está faltando assistência em Salvador. Nós não teremos o que aconteceu em Manaus, que as portas das UPAs ficaram fechadas”, enfatiza a médica.

Adielma Nazarela ainda acrescenta: “eu posso não conseguir atender de imediato o paciente que precisar, hoje, de UTI, mas, em mais ou menos 24 horas ele terá esse leito, é algo muito dinâmico. Do ponto de vista de leitos de UTI, a rede está saturada, mas, do ponto de vista da assistência, não tenho esse colapso, porque consigo atender todos os pacientes”.

A infectologista também pontua que, se um paciente morrer na fila da regulação, não quer dizer que ele morreu por falta de leito de UTI. “A falta de leito não é causa da morte do paciente, se o quadro é grave, ele morreria na UPA ou na UTI. Tudo que se oferta nos leitos de UTI de hospitais a gente é capaz de ofertar, nossa função é dar condições para que ele dê continuidade ao tratamento na UTI”, esclarece.

A diferença, segundo a médica, da estrutura de um gripário para uma UPA e uma UTI no hospital é a concentração de vários serviços e médicos especialistas em um só lugar. Ela ainda diz que sempre houve uma demanda grande e o tempo de espera, mesmo antes da pandemia, também era grande. Tenho 20 anos de formada e faz 20 anos que vivencio isso, não é uma realidade de agora. E você tinha um perfil específico de pacientes com prioridade, os acamados, neuropatas, por exemplo", afirma.

A média de regulação hoje em Salvador é de 24 a 36 horas. Antes, era de no máximo 12 horas. A movimentação nas UPAs também cresceu exponencialmente: agora são 400 pacientes por dia em cada uma das 17 unidades. Antes, a média era 250 por dia em cada pronto atendimento. Nas últimas 24 horas, a SMS registrou 204 solicitações de regulação. Desse total, 117 aguardavam leito clínico e 85, UTI.

Taxa de ocupação de leitos de covid-19 por região da Bahia (fonte: Sesab/SEI)
Centro-leste - 76% enfermaria e 82% de UTI
Centro-norte - 25% enfermaria e 57% UTI
Extremo-sul - 50% enfermaria e 75% UTI
Leste - 72% enfermaria e 86% UTI
Nordeste - 69% enfermaria e 88% UTI
Norte - 20% enfermaria e 84% UTI
Oeste - 51% enfermaria e 88% UTI
Sudoeste - 58% enfermaria e 91% UTI
Sul - 66% enfermaria e 92% UTI

O governo federal publicou em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) a Medida Provisória 1.039, que recria o auxílio emergencial a vulneráveis. O benefício será pago a 45,6 milhões de brasileiros, em quatro parcelas com valores entre R$ 150 e R$ 375 cada. As regras são mais rigorosas e não haverá novo cadastro para quem eventualmente ficou de fora do programa em 2020, mas agora precisaria da ajuda.

Embora a MP tenha sido editada nesta quinta, 18, o governo já antecipou que os pagamentos devem começar apenas em abril.

Outras duas MPs liberam os valores necessários para bancar os benefícios. Uma traz um crédito extraordinário de R$ 42,575 bilhões para pagar o auxílio. Outra contém um crédito de extraordinário de R$ 394,56 milhões para bancar as despesas operacionais do auxílio e contratações temporárias relacionadas à viabilização do programa.

Os créditos extraordinários ficam fora do teto de gastos, a regra que limita o avanço das despesas à inflação. A emenda constitucional 109, antes conhecida como PEC emergencial, permitiu que até R$ 44 bilhões das despesas com o auxílio fiquem fora das regras fiscais, incluindo o teto.

 
 
 
 

O Governo do Estado anunciou novas medidas de restrição para municípios baianos. Desta vez, apenas os serviços essenciais poderão funcionar em 22 municípios das regiões de Juazeiro e Senhor do Bonfim a partir da próxima segunda-feira (22).

Haverá ainda restrição na locomoção noturna, das 19h às 5h. A ampliação das medidas restritivas nas duas regiões foi definida pelo Governo do Estado e prefeituras na tentativa de frear a disseminação da Covid-19.

As medidas valem até o dia 29 de março, nos municípios de Andorinha, Antônio Gonçalves, Campo Alegre de Lourdes, Campo Formoso, Cansanção, Canudos, Casa Nova, Curaçá, Filadélfia, Itiúba, Jaguarari, Juazeiro, Nordestina, Pilão Arcado, Pindobaçu, Ponto Novo, Queimadas, Remanso, Senhor do Bonfim, Sento Sé, Sobradinho e Uauá. O decreto com as restrições será publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) desta sexta-feira (19).

Até as 5h do dia 29 de março somente o funcionamento de atividades relacionadas à saúde e ao enfrentamento da pandemia será permitido. Entre essas medidas estão a comercialização de gêneros alimentícios e feiras livres. Já estabelecimentos comerciais como restaurantes, bares e congêneres devem funcionar com portas fechadas, sendo permitida apenas a entrega em domicílio (delivery) até às 24h.

Nos 22 municípios estará proibida a venda de bebida alcoólica em quaisquer estabelecimentos, inclusive por delivery, das 18h de 26 de março até as 5h de 29 de março. Os estabelecimentos que funcionem como mercados poderão comercializar somente gêneros alimentícios e produtos de limpeza e higiene.

Também ficam suspensos, de 22 a 29 março, as atividades presenciais nos órgãos e entidades da Administração Pública Estadual não enquadrados como serviços públicos essenciais e os atendimentos presenciais do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC).

De acordo com o Governo do Estado, a Secretaria da Segurança Pública (SSP), por meio das polícias Militar e Civil, apoiará as gestões municipais para garantir o cumprimento das medidas restritivas adotadas.

Medidas válidas para toda a Bahia

Além das medidas anunciadas para os municípios da região norte, todo estado terá lockdown parcial neste final de semana. A medida foi anunciada no último domingo (14). Com exceção de deslocamentos por motivos de saúde ou em situações em que fique comprovada a urgência, segue proibida a circulação de pessoas entre 20h e 5h, até o dia 1º de abril, em todos os 417 municípios baianos. O funcionamento dos serviços não essenciais está proibido em toda a Bahia das 18h de 19 de março, próxima sexta, até as 5h de 22 de março.

A restrição da venda de bebidas alcoólicas seguirá valendo, em todo o estado, a partir das 18h de 19 de março até 5h de 22 de março, inclusive por sistema de entrega em domicílio (delivery).

Foram pouco mais de três meses de luta contra o coronavírus, mas o prefeito de Vitória da Conquista, Herzem Gusmão, não resistiu às complicações geradas pela doença e faleceu nesta quinta-feira (18). Com 72 anos, Herzem foi diagnosticado com Covid-19 em 7 de dezembro. Pouco mais de uma semana depois, foi internado no Hospital Samur, em Conquista, com complicações pulmonares causadas pela doença, e posteriormente transferido para o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

O prefeito de Conquista tinha apresentado melhora no quadro clínico durante a última semana, chegando inclusive a deixar o leito de Terapia Intensiva. No sábado (6), ele retornou. As notícias depois disso foram de sucessivas pioras no quadro clínico. Na ocasião, Herzem afirmou em um áudio que a "equipe médica achou por bem que eu voltasse pra UTI. Eu estou ainda necessitando de mais oxigênio. Então, eu voltei para usar o cateter de alto fluxo”.

"É com mais profundo pesar que informamos o falecimento do Prefeito de Vitória da Conquista, Sr. Herzem Gusmão, ocorrido na noite desta quinta (18), por volta das 21h, no Hospital Sírio Libanês", escreveu a assessoria do Prefeito em publicação no Instagram. O velório e o enterro do prefeito acontecem nesse sábado, em Vitória da Conquista.

Por conta da doença, Herzem Gusmão não conseguiu estar à frente de Conquista em nenhum dia do seu segundo mandato na maior cidade do sudoeste baiano e terceiro maior colégio eleitoral do Estado. A Eleição em 2020 foi acirradíssima, com o Mdebista virando o pleito para cima de Zé Raimundo (PT) nas últimas semanas de campanha.

Nascido no dia 2 de junho de 1948, Herzem Gusmão iniciou a carreira trabalhando em uma rádio, aos 20 anos. O prefeito reeleito em Conquista é formado em Direito e pós-graduado em Comunicação e Jornalismo pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Em 2014, foi eleito deputado estadual suplente. Um ano depois, assumiu o mandato onde ficou por 15 meses.

A saída da Assembleia Legislativa foi para assumir o cargo de Prefeito em sua cidade Natal em 2016, quando venceu o próprio Zé Raimundo, também no segundo turno, com 57,68% dos votos válidos em Conquista na ocasião, o equivalente a 166.223 votos.

Já em 2020, Herzem foi eleito com 54% dos votos, sendo escolhido por 97.364 conquistenses. Mas quem tomou posse no dia 1º de janeiro de 2021 foi a sua vice, Sheila Lemos (DEM), que seguirá no cargo pelos próximos três anos. O discurso de Sheila na posse foi breve, pedindo orações pela vida do prefeito. Uma semana depois, no dia 8 de janeiro, Herzem tomou posse virtual, ainda na UTI.

O projeto de tecnologia para geração de empregos foi o lema da campanha vitoriosa nas últimas eleições. Herzem e Sheila prometeram um foco em planejamento, desburocratização e melhoria no ambiente de negócios, que deve continuar. Já para incentivar atividades industriais, a administração preometeu investir em planos de tecnologia e inovação - a exemplo do Parque Tecnológico da Cidade.

A Bahia manteve a alta no número de mortes por covid-19, que vem ocorrendo desde o final de fevereiro, e registrou 153 óbitos nesta quinta (18). Esse é o maior número de mortes registrado na Bahia desde o começo da pandemia, superando os 137 mortos registrados em 26 de fevereiro.

Nesta semana o estado já havia registrado altos números de mortes. 130 na quarta (17) e 118 na terça (16), terceiro e quarto maiores números de mortes da pandemia no estado.

Além disso, o estado registrou 4.584 novos casos de covid-19 (taxa de crescimento de +0,6%), em 24h, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), no final da tarde desta quinta. No mesmo período, 4.202 pacientes foram considerados curados da doença (+0,6%).

Apesar das 153 mortes terem ocorrido em diversas datas, a confirmação e registro foram contabilizados nesta quinta. E demonstram o crescimento de casos graves, o que tem ampliado a taxa de ocupação nas UTIs. Na começo da noite desta quinta, a taxa de ocupação de leitos de UTIs para adultos é de 87%. Das 153 mortes, 148 ocorreram em 2021.


Se analisados apenas os boletins divulgados nesta semana, entre segunda-feira (15) e esta quinta (18), é possível afirmar que pelo menos 123 morreram nas últimas 96h na Bahia por covid, número que tende a aumentar com as atualizações dos dados da Sesab.

De acordo com o órgão estadual, a existência de registros tardios e/ou acúmulo de casos deve-se à sobrecarga das equipes de investigação, pois há doenças de notificação compulsória para além da Covid-19. Outro motivo é o aprofundamento das investigações epidemiológicas por parte das vigilâncias municipais e estadual a fim de evitar distorções ou equívocos, como desconsiderar a causa do óbito um traumatismo craniano ou um câncer em estágio terminal, ainda que a pessoa esteja infectada pelo coronavírus.

O número total de óbitos por Covid-19 na Bahia desde o início da pandemia é de 13.742, representando uma letalidade de 1,81%. Dos 758.168 casos confirmados desde o início da pandemia, 726.504 já são considerados recuperados e 17.922 encontram-se ativos. Na Bahia, 44.629 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19.

Situação da regulação de Covid-19
Às 15h desta quinta-feira, 446 solicitações de internação em UTI Adulto Covid-19 constavam no sistema da Central Estadual de Regulação. Outros 177 pedidos para internação em leitos clínicos adultos Covid-19 estavam no sistema. Este número é dinâmico, uma vez que transferências e novas solicitações são feitas ao longo do dia.

Morreu nesta quinta-feira (18), aos 58 anos, o senador Major Olímpio, do PSL de São Paulo. Ele estava internado com covid-19.

A família de Olímpio anunciou a morte cerebral do parlamentar através das redes sociais.

"Com muita dor no coração, comunicamos a morte cerebral do grande pai, irmão e amigo, Senador Major Olimpio. Por lei a família terá que aguardar 12 horas para confirmação do óbito e está verificando quais órgãos serão doados. Obrigado por tudo que fez por nós, pelo nosso Brasil", diz o tweet.

O senador estava intubado na UTI do hospital São Camilo, em São Paulo, desde o dia 5 de março. No dia 8, ele apresentou melhora e foi extubado. Mas, no dia seguinte, voltou a piorar e passou novamente pelo procedimento.

Além do Major Olímpio, os senadores Alessandro Vieira, do Cidadania de Sergipe e Lasier Martins, do Podemos do Rio Grande do Sul, foram diagnosticados com covid-19 após uma "romaria" de prefeitos rumo ao Congresso Nacional em busca de recursos para emendas.

Mesmo após ter sua circulação de visitantes restrita, não foi díficil encontrar diversos focos de aglomeração no Congresso Nacional nas últimas duas semanas, especialmente por conta da busca de verbas do Orçamento de 2021, que está em discussão no parlamento.

Vale lembrar que dois senadores já morreram em decorrência da doença causada pelo coronavírus: em fevereiro, José Maranhão, de 87 anos, também por complicações da covid-19. Em outubro de 2020, Arolde de Oliveira também foi vítima da doença, aos 83 anos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou, nesta quarta-feira, 17, a continuidade do uso da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19, que teve a aplicação suspensa em vários países por causa de possíveis efeitos colaterais. Especialistas continuam avaliando os dados de segurança.

Enquanto vários países europeus, incluindo França, Alemanha e Itália, decidiram suspender por precaução as campanhas de vacinação com o produto sueco-britânico, outros países, como Reino Unido e Índia, manifestaram-se em sua defesa. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que será imunizado com a vacina AstraZeneca “muito em breve”.

Aproximadamente metade da população do Reino Unido, estimado em 25,2 milhões de pessoas, já recebeu a primeira dose de vacinação, sendo que quase 11 milhões com a vacina da AstraZeneca-Oxford. Além do apoio ao laboratório AstraZeneca, a OMS também recomendou a vacina da norte-americana Johnson & Johnson, inclusive nos países onde circulam as cepas mais contagiosas.

A Polícia Federal deflagra na manhã desta quinta-feira (18) a Operação Kindergarten, que visa à repressão de fraudes em licitações e o desvio de recursos públicos destinados à educação repassados pela União a Barreiras, cidade no oeste baiano.

Cerca de 80 policiais federais cumprem 16 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. As medidas ocorrem nos municípios baianos de Barreiras, São Desidério e Salvador, além de Belo Horizonte, Contagem e Divinópolis, em Minas Gerais.

As investigações que deram origem à operação foram iniciadas no ano de 2020, com base em informações apresentadas pelo Ministério Público Federal que indicavam a constituição e a contratação fraudulenta de um consórcio formado por empresas sem estrutura operacional, para a reforma de escolas municipais por meio de contratos firmados pela Prefeitura de Barreiras em decorrência de adesão a uma ata de registro de preços vigente no município de Ilhéus, sul da Bahia.

Após atuação conjunta da Polícia Federal com o Ministério Público Federal, identificou-se a contratação de outras empresas do ramo de Engenharia, por meio de procedimentos licitatórios fraudulentos, com indícios de superfaturamento, para a elaboração de projetos executivos, reformas e construção de escolas.

O nome da operação, Kindergarten, cuja tradução para o português é Jardim de Infância, faz referência ao termo criado pelo alemão Friedrich Froebel (1782-1852), um dos primeiros educadores a se preocupar com a educação infantil.

Os responsáveis pelas condutas delitivas investigadas responderão pela prática dos crimes de fraude a licitação (art. 90 da Lei 8.666/93); falsidade ideológica (art. 299 do Código Penal); corrupção passiva (art. 317 do Código Penal); corrupção ativa (art. 333 do Código Penal); organização criminosa (art. 2º da Lei 12.850/13); crime de responsabilidade (art. 1º, inciso I do Decreto-Lei nº 201/67) e lavagem de dinheiro (art. 1º da Lei 9.613/98).