Desde o início da pandemia, um fenômeno tem preocupado médicos em todo o país. As pessoas estão deixando de lado o acompanhamento da saúde, dando espaço para um crescimento do número de casos de doenças cardiovasculares, diabetes e psicopatologias.
“O sinal de alerta em relação à diminuição do acompanhamento médico foi aceso desde o ano passado. Infelizmente, as pessoas têm deixado de ir às clínicas e hospitais por medo da Covid, sendo que o tratamento desse tipo de paciente é realizado em unidades específicas, justamente para evitar a disseminação do vírus”_ Everson Marcos Matt, médico clínico geral, cardiologista e professor da Faculdade AGES de Medicina
Segundo o médico, de março do ano passado para cá, os indicadores de complicações por doenças cardiovasculares e diabetes, por exemplo, dobraram, por isso é preciso alertar a população com menos acesso à informação sobre a importância de se prevenir. “Reforçar a diferenciação entre as unidades para o tratamento da Covid e aquelas destinadas para o cuidado de outras doenças é fundamental. As pessoas não podem deixar de ir à USF fazer os seus exames de rotina pois os cuidados com a saúde básica são importantes para evitar as complicações provocadas pelo novo coronavírus”, afirma.
Prevenção
Um dos principais quadros de saúde que vem assustando a comunidade médica, em função do crescimento nas ocorrências, é o Acidente Vascular Cerebral (AVC), problema causado pela obstrução de vasos sanguíneos que resulta em um bombeamento insuficiente do sangue para cérebro. Segundo o chefe do departamento de neurologia do Hospital Santa Izabel e professor da UFBA, Pedro Antônio Pereira, a ausência das visitas preventivas ao médico e o retardo no atendimento de pacientes com quadro de AVC têm provocado um número cada vez maior de mortes.
O especialista afirma que mesmo sem a presença de sinais que indiquem anomalias na saúde, as pessoas devem manter as visitas regulares ao médico. “Quem tem acima de 45 anos deve visitar o cardiologista ao menos uma vez ao ano, mesmo que não esteja apresentando nenhum sintoma, pois essa é a única arma para identificar potenciais problemas e dar o tratamento adequado, evitando que o problema se manifeste”, aponta Pedro.
Um outro ponto importante para o chefe do departamento de Neurologia do Hospital Santa Izabel é a busca rápida por atendimento especializado ao sinal dos primeiros sintomas, já que o tratamento tardio pode aumentar a chances de sequelas e até mesmo a morte. “No caso o AVC, quanto mais tarde o paciente for atendido, maior será a perda de tecido cerebral, resultando em sequelas mais graves. Por isso, se a pessoa apresentar paralisia de parte do corpo, dificuldade para falar ou boca torta, deve ser procurada uma unidade de referência com urgência para tratar o problema”, diz. “Independentemente da pandemia, não se pode abandonar a prevenção”, completa.
Fonte: Correio24horas