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'Alagamento aqui é coisa do passado', garantiu o prefeito Bruno Reis após inaugurar a segunda etapa da requalificação da Avenida Milton Santos (antiga Adhemar de Barros), em Ondina. Segundo ele, a obra de drenagem realizada vai acabar com um problema histórico da região.

"É mais do que uma obra urbanística. Investimos em drenagem aqui. Era comum essa via ficar alagada e esse problema foi resolvido completamente, e vai resolver também o problema de alagamento da Garibaldi. Estamos investindo R$18 milhões", explicou o prefeito.

As melhorias foram realizadas em 700 metros e envolveram pavimentação, drenagem, iluminação em LED, paisagismo, passeios em concreto, ciclofaixa, elementos de acessibilidade, rebaixamento das redes de telecomunicações, travessias elevadas de pedestres e áreas de convivência social, dentre outros itens.

No local também foi instalado um busto do geógrafo Milton Santos, que batiza o nome da avenida. "Estamos fazendo uma justa homaenagem ao geógrafo Milton Santos colocamos um busto, reconhecendo a trajetória, principalmente a sua formação, pelo intectual que era, influenciando a sua geração e as gerações futuras", disse o prefeito.

Com 2,10 metros de altura, a peça foi feita em resina com fibra de vidro e está assentada sobre pedestal de forma geométrica em granito, com traços de desenho moderno. A obra foi colocada na entrada principal do campus da Ufba e tem criação da artista plástica, escultora e professora da Escola de Belas Artes da universidade, Márcia Magno.

O projeto foi desenvolvido pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF) e executado pela Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), por meio da Superintendência de Obras Públicas (Sucop).

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O governador Rui Costa (PT) se posicionou sobre a desobrigação de máscaras em ambientes fechados na Bahia. A liberação em locais abertos está valendo desde o dia 2 de abril. Segundo o governador, a redução de casos ativos a uma margem abaixo de mil é uma marca essencial para mais um passo nas liberações.

“Estamos hoje com 1.200 pessoas contaminadas na Bahia e cerca de 90 pessoas internadas em UTIs. Pretendo, assim que a gente baixar esse número para menos de mil contaminados, aí a gente libera máscaras em ambientes fechados. Eu diria que estamos perto”, comentou o gestor durante agenda no município de Araci .

Rui ainda reforçou o pedido para que a população complete o calendário vacinal. “A recomendação maior é que todo mundo se vacine. A vacina protege. A vacina salva vidas”, completou.

Salvador
Em Salvador, a Prefeitura já autorizou o uso facultativo de máscaras em alguns ambientes fechados. Na manhã de hoje, o prefeito Bruno Reis (União Brasl) fez questão de ressaltar que não desrespeitou qualquer decreto estadual com a medida.

“Eu apenas adequei os decretos da prefeitura aos estaduais. O estadual estabelece um rol de locais em que é proibido [não usar máscara]. Eu mantive isso nos decretos e revoguei os decretos para os locais onde não existe essa proibição por parte do governo, somente isso", afirmou.

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Mesmo em meio a pandemia, idas e vindas nas restrições sanitárias e um cenário confuso, 2021 pode ser considerado um ano de crescimento para o setor turístico em terras baianas. Pelo menos, é isso que indica um estudo feito a partir de diversos dados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), que apontou uma expansão de 47,3% na área, a maior entre estados brasileiros.

Autarquia vinculada à Secretaria do Planejamento em parceria com Secretaria do Turismo do estado, a SEI chegou ao resultado após registrar que o volume das atividades turísticas na Bahia se ampliou em 43,9% no 4º trimestre do ano passado comparado ao mesmo trimestre de 2020. No Brasil, o crescimento das atividades do turismo foi de 27,6% no 4º trimestre e 22,1% em 2021 como um todo.

Em termos gerais, todas as 12 unidades da Federação que foram investigadas avançaram, com destaque para Bahia (47,8%), que registrou a variação positiva mais expressiva entre as unidades da Federação, seguida por Pernambuco (44,9%), depois Goiás (40,5%), Rio Grande do Sul (38,5%), e Espirito Santo (36,7%).

Ao avaliar os motivos para que o setor turístico baiano mostrasse essa evolução, Armando Castro, Diretor-Geral da SEI em exercício, disse que a forma com que o estado lidou com o combate à covid-19 foi fundamental para o resultado.

“A Bahia ter sido o estado que mais cresceu no turismo em 2021, com ganhos econômicos e forte expansão de emprego na área, corrobora as decisões de preservação da saúde pública e vacinação como estratégias eficientes quando associadas a uma liberação paulatina e controlada das atividades. Os números colocam a Bahia como o estado mais eficiente na condução do equilíbrio saúde/economia”, afirmou

”Crescimento irreal”

No entanto, nem todo mundo considera o crescimento registrado pela SEI como uma prova de expansão no setor. Silvio Pessoa, presidente da Federação Baiana de Turismo e Hospitalidade do Estado da Bahia (Febha-BA), afirma que a comparação deixa os números irreais.

"Dizer que há um aumento em 2021 sobre 2020 é um negócio irreal. Em fevereiro de 2021, fechou todo o comércio e passamos três ou quatro meses com a economia fechada. Por isso, comparação com 2020, quando estava tudo parado, fica irreal. Precisamos de comparações com números pré-pandemia. O restante é propaganda enganosa", diz Silvio.

AInda de acordo com o presidente da Febha, mesmo com a retirada de restrições, não é possível dizer se teremos uma expansão para o setor em 2022. Para ele, mais ações precisam ser colocada em prática, principalmente no marketing.

"Só dá para saber no final do ano. As coisas costumam melhorar a partir de julho, mas infelizmente a passagem aérea subiu 20% nesta semana. E sem promoção, só entregando fita do Bonfim em feiras e sem uma campanha de marketing não estamos concorrendo com outros estados do Nordestes", aponta o presidente.

Onde está o crescimento registrado pela SEI?

Para chegar ao dado de crescimento, a SEI consultou diversas informações. Uma delas estava na conta de luz. É que o consumo ativo faturado (kWh) de energia elétrica nas Atividades Características do Turismo (ACTs) também apontou crescimento. De acordo com dados da Coelba sistematizados pela SEI, o avanço foi de 12,9% na Bahia no 4º trimestre de 2021 contra o mesmo momento de 2020. Estatística puxada, principalmente, pelo excelente desempenho em Hotéis (37,2%). O consumo geral em 2021 cresceu 7,9% impulsionado também por Hotéis (15,9%).

Outro dado que mostrou melhora foi o de fluxo de passageiros em voos domésticos e internacionais nos principais aeroportos de Salvador, Porto Seguro, Ilhéus e Vitória da Conquista. Esse número cresceu 71,8% no 4º trimestre de 2021 contra o 4º trimestre de 2020, impulsionado pela significativa expansão registrada nos quatro aeroportos do estado. Seguindo o mesmo comportamento, o fluxo de passageiros nos aeroportos da Bahia fechou o ano de 2021 com expansão de 49,7%.

A arrecadação de ICMS das atividades características do Turismo na Bahia também encerrou o ano de 2021 com expansão nominal de 7,8%, impelido principalmente pelas atividades de Locação de automóveis sem condutor (79,3%), taxa superior àquele registrado no ano passado (-7,8%).

Outro ponto que indicou crescimento foi o Sistema Ferry-Boat. Mais de 2,8 mil veículos passaram na travessia São Joaquim-Bom Despacho no 4º trimestre de 2021, representando uma ampliação de 1,2% em relação ao mesmo trimestre de 2020. Esse resultado contribuiu para o fluxo de veículos fechar o ano de 2021 com expansão de 18,5% ante a variação negativa de 22,2% em 2020.

De acordo com as informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), de responsabilidade do Ministério do Trabalho e Previdência, sistematizadas pela SEI, no acumulado de janeiro a dezembro de 2021, o saldo de empregos formais do setor de turismo baiano se revelou positivo, indicando uma geração líquida de 12.487 postos de trabalho, decorrente de 52.186 admissões e 39.699 desligamentos. Um cenário, portanto, muito melhor do que o observado no conjunto dos 12 meses do ano de 2020, quando o referido setor registrou uma perda líquida de 17.972 vagas de trabalho em território baiano.

Dos subsetores econômicos do turismo, Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas e Hotéis e similares foram os de maiores expansões no ano de 2021, com mais 6.082 e 4.284 novos vínculos, respectivamente. Enquanto isso, Transporte rodoviário de passageiros com eliminação de 206 postos, foi o subsetor com menor saldo no mencionado período.

No recorte por zonas turísticas, no acumulado dos 12 meses de 2021, houve geração de 11.661 postos de trabalho. Com mais admissões do que desligamentos no conjunto, todas as 13 regiões exibiram resultados positivos. No caso, a ampliação do nível de emprego formal foi maior nas zonas da Baía de Todos-os-Santos (+3.564 postos), Costa do Descobrimento (+2.537 postos) e Costa dos Coqueiros (+1.365 postos).

Em seguida, com uma geração líquida relativamente menor, vieram Costa do Cacau (+1.094 empregos formais), Costa do Dendê (+765 postos), Caminhos do Sertão (+684 postos), Caminhos do Oeste (+351 vagas), Caminhos do Sudoeste (+320 vínculos), Chapada Diamantina (+301 vagas), Vale do São Francisco (+205 vagas), Costa das Baleias (+195 empregos), Lagos e Canyons do São Francisco (+167 vínculos) e Caminhos do Jiquiriçá (+113 vínculos).

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Em toda carteira de identidade, sempre há espaço para o nome de duas pessoas: o do pai e o da mãe. Mas, nem toda criança tem a paternidade reconhecida assim que nasce. Na Bahia, no entanto, esse dever tem engajado mais homens e crescido, exponencialmente, nos últimos três anos. Entre 2019 e 2021, mais de três mil pessoas incluíram a ascendência paterna no registro civil. Nesse período, o reconhecimento paterno aumentou mais de 10 vezes – ou 952,9%. Os dados são de um levantamento da Associação dos Registradores Civis das Pessoas Naturais do Estado da Bahia (Arpen-BA).

A advogada Paula Faria, da Pedreira Franco Advogados e associados, especializada em direito de família e sucessões, explica que o serviço do registro paterno começou a ser pauta na Justiça mais intensamente a partir de 2012. “Em 2012, o Conselho Nacional de Justiça editou um provimento que determinava que os tribunais e tabelionatos realizassem um procedimento mais simples, dizendo que, se o pai concordasse, bastava se dirigir ao cartório civil, com os documentos, e se fazia o registro”, explica Paula.

Um ano depois, em 2013, surgiu o projeto Pai Presente, do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), que auxilia pessoas a fazerem exame de DNA, para identificar o parentesco entre pais e filhos. “Isso facilitou muito, porque não há custo, é uma parceria entre o Tribunal com os laboratórios. A pessoa se dirige ao Centro Judiciário de Solução Consensual de Conflitos (Cejusc), solicita o serviço, e é direcionado para onde realizar o exame”, orienta.

Sete anos antes, em 2007, a Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE-BA) já havia lançado a ação cidadã 'Sou Pai Responsável', que concede até hoje, anualmente, exames gratuitos de DNA para reconhecimento de paternidade. Desde lá, a Defensoria realizou 21 mil atendimentos do tipo. Um trabalho que tem visto a resposta nos números dos últimos anos. Depois de registrar 155 reconhecimentos em 2019, a Bahia teve 1.276 paternidades reconhecidas em 2020 e 1.632 em 2021, quando foi responsável por 40% dos reconhecimentos em todo o Nordeste, que teve 4.068.

Defensora pública e coordenadora da Especializada de Família da DPE-BA, Analeide Accioly destaca alguns dos principais benefícios oriundos do reconhecimento paternal. "São inúmeros os benefícios. O primeiro é o reconhecimento à sua ancestralidade, saber de onde vem, quem são seus antepassados. Isso por si só é um referencial enorme. [...] Além, é claro, de assegurar direitos como pensão alimentícia e convivência com a família paterna", afirma a defensora. A DPE-BA não tem o levantamento de quantos dos 21 mil atendimentos terminaram em reconhecimento paternal.

Filho de direito

Apesar do número de reconhecimentos ser desconhecido, a própria Defensoria afirma que é seguro dizer que milhares de vidas foram transformadas pelos testes de DNA. Um exemplo disso é o professor de educação física Antônio Bispo, 41 anos, que viveu até 2021 com a linha para o nome do pai nos documentos em branco. Isso mudou na ação cidadã 'Sou Pai Responsável' do ano passado.

Agora, filho reconhecido de Basílio Bispo, 63, o professor conviveu com o pai desde pequeno. No entanto, Basílio só reconhecia a paternidade da irmã mais velha de Antônio. "Ele ia lá em casa, mas me tratava como um primo da minha irmã. E foi assim até eu completar 25 anos. Quando conversamos na época, ele justificou falando que morava na casa dos pais e não poderia reconhecer mais um filho e levá-lo para casa", explica Antônio, que perdoou o pai e passou a conviver com ele.

Depois da morte da mãe de Antônio, Basílio resolveu oficializar a relação de pai e filho com o professor. "Após ela morrer, parece que ele sentiu a necessidade de me amparar de alguma forma. Eu fiquei feliz. Senti que foi feita uma concretização de uma reparação emocional. E me senti amparado e alegre por ser reconhecido de forma aberta, com registro e tudo documentado", completa.

Exame de DNA da DPE-BA

Para ter acesso gratuito a um exame da ação cidadã 'Sou Pai Responsável', é preciso residir na Bahia e não ter registro do nome do pai na certidão de nascimento da criança a quem se deseja reconhecer. Neste caso, será necessário apresentar RG, CPF, comprovantes de residência da mãe e do suposto pai, e certidão de nascimento do filho. Com esses documentos, basta procurar a Defensoria ou checar os horários para agendamento on-line.

Os exames de DNA são realizados gratuitamente pela Defensoria Pública da Bahia durante todo o ano e, em especial, no mês de agosto. Analeide Accioly faz um apelo para que mais baianos aproveitem o serviço. "É importante que as pessoas nessa situação procurem a Defensoria e os horários de agendamento no nosso site. Tudo para regularizar a paternidade e também fazer valer os diversos direitos dos filhos, que são fundamentais", indica.

O reconhecimento de paternidade pode ser feito em qualquer cartório se houver concordância do pai, basta ir ao local com os documentos oficiais com foto. Não é necessário exame de DNA. Se o pai não concorda, aí é preciso entrar na Justiça para requerer os exames comprobatórios tanto para os menores quanto para os maiores de 18 anos. Se houver a discordância do pai, deve-se solicitar o exame de DNA para verificação da paternidade.

Mães solo

O aumento do reconhecimento paternal não tem representado uma queda no número de mães solo. De 2019 para cá, a porcentagem de mulheres que criam filhos sozinhas saiu de 6,24% para 6,72%, segundo dados da Arpen-BA. Em 2021, das 179.300 pessoas nascidas na Bahia, 12.047 contavam apenas com mãe como responsável. A fotógrafa Ester dos Santos, 32, faz parte da estatística.

Casada na época em que ficou grávida, o ex-marido rompeu o relacionamento quando ela estava com dois meses de gestação. Apesar de ter registrado Henri dos Santos, 4, o pai nunca quis se relacionar com a criança. "Ele pediu para eu passar um tempo na casa da minha mãe e depois terminou em definitivo. Isso me abalou muito, tive depressão. Superei, tive Henri e crio ele da melhor forma possível. Todo esse tempo e ele [o pai] nunca quis saber do filho, é totalmente ausente", conta.

A única conexão entre eles se dá pela pensão que o pai paga que, segundo Ester, não cobre nem metade das despesas de Henri. Ainda assim, ela diz que ele não arca com o valor por afeto. "Ele não quer saber, não tem nenhum interesse. Última vez que o vi foi quando Henri tinha um ano e oito meses. Só é presente para dar pensão para ter respaldo jurídico e não ser preso lá na frente", afirma Ester.

Para Adriana Santana, 27, a história é bem parecida. Mãe aos 13, passou a gestação e o primeiro ano do filho, Breno Santana, 14, sem ver o pai do menino, que sumiu. Quando apareceu, registrou a criança e prometeu fazer parte da vida do filho, mas tudo ficou na conversa. "A falta que um pai faz é muito grande. Ter que explicar para ele que, apesar da ausência, era uma criança rodeada de amor, foi o que procurei fazer. Sempre fui verdadeira com ele, nunca pintei o pai de mal. Mas disse que ele preferiu viver outra realidade, não participar", relata.

A fisioterapeuta Danielle Cruz, 29, foi criada por mãe solo. Ela não chegou a conhecer o pai, não tem o nome dele no registro e nem sabe quem ele é. Foi criada em Alagoinhas, com mãe e avós. "Ela [mãe] acabou cuidando de mim e de meus avós, foi dona de casa, cuidadora de idosos, tinha muitas atividades que ela acumulou. Foi bem difícil. Não sinto falta [do pai], não passei por abandono, já nasci não fazendo ideia de quem era, porque, quando ele abandonou minha mãe, eu estava na barriga dela", explica.

Ela conta ainda que, em casa, o assunto sempre foi um tabu desde a sua infância porque o laço entre eles se rompeu de forma muito abrupta. Ela diz pensar sobre quem pode ser seu pai. "Eu tenho curiosidade, mas, se eu visse na rua, ia seguir minha vida. Mas, para procurar e fazer questão de ter o nome dele na minha identidade, não", garante.

Psicóloga explica importância da figura paterna

A psicóloga Silvia Fleming, mestra em psicologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Terapeuta do Esquema [tipo de abordagem terapêutica integrativa], explicou a importância da figura paterna durante a vida de uma criança e como o abandono pode impactar na vida do futuro adulto. Confira:

Qual a importância da presença do pai na formação de uma criança?

A presença dos cuidadores primários, pai e mãe, é fundamental para a constituição da identidade da criança. Dessa pessoa que um dia será um adulto. Então, quando um dos pais se recusa a exercer o seu papel e a conviver com o indivíduo, fica uma marca de falta, de abandono e de ausência, que pode sim trazer repercussões importantes para a formação de personalidade. A pessoa pode ter cuidadores substitutos, secundários, mas sempre vai ficar na sua história a marca de uma ausência e de um abandono. A presença dos pais é fundamental porque os nossos modelos de vínculo inicial de amor e de cuidado, as primeiras pessoas que nos ensinam que nós merecemos ser amadas e cuidadas são os nossos pais e quando um deles se exime dessa função fica uma marca.

Qual o impacto do abandono na vida da criança, do adolescente e do adulto?

Tem pessoas que podem acabar repetindo padrões de abandono em suas próximas relações, nas suas relações adultas. Tem pessoas que podem ter muito medo de abandono e muito medo de rejeição. Quando adulto, alguns podem evitar relacionamentos para evitar o abandono. Eles também podem ter ansiedade de separação mesmo quando adultos. Então, a marca desse abandono vai acontecer, mas de que forma isso vai aparecer para cada sujeito vai depender dessa história que vai sendo construída. Tudo depende de como esse abandono foi feito, que circunstâncias e como o cuidador que ficou lidou com a situação.

De que forma esse reconhecimento paternal afeta a vida de uma pessoa?

O reconhecimento da paternidade não deixa de ser uma reparação importante. A marca de abandono de alguma forma foi feita, mas é sempre possível reparar. Claro que quanto mais cedo isso for feito, menor o dano. Mesmo que não haja uma reparação na convivência com aquela criança, que seria o ideal, é uma reparação no exercício do papel paterno e há uma reparação no sentido de identidade daquela criança, que tem um nome registrado ali no seu documento, o nome de um pai. Então, esse reconhecimento paterno, mesmo que posteriori, é muito importante para diminuir os danos dessa parentalidade que parece que começou de maneira muito conturbada com o abandono paterno.

É mais fácil assimilar o reconhecimento paternal na infância ou quando já adulto?

A relação de pai e mãe com criança e adolescente é uma relação unilateral. Pai e mãe cuidam da criança e do adolescente, suprem. Quando a gente está falando de uma relação de parentalidade com adulto já é diferente, porque o adulto já é capaz de se prover, de se cuidar e de correr atrás e dar suporte para aquilo que ele mesmo precisa. Então, são processos distintos. O sujeito adulto que tem um reconhecimento de paternidade já tem condição de decidir, de escolher qual caminho para essa relação com esse pai, caso ele deseje. No caso da criança e do adolescente é sempre importante ouvi-los sobre a chegada desse pai caso o reconhecimento de paternidade aconteça para além de um registro de documento. É sempre importante ouvir o quão essa criança e adolescente tem interesse e abertura de receber essa figura que lá atrás abandonou e agora retorna. Isso deve ser feito com muita calma, com muita cautela e com muito respeito a essa pessoa que passou por esse abandono. Se for do interesse dessa criança e desse adolescente que esse espaço seja retomado nessa relação, aí sim a aproximação deve ser feita, mas sempre ouvindo muito essa criança e adolescente, já que eles são a parte hipossuficiente, a parte mais frágil, e principalmente que é a parte que precisa ser cuidada, eles devem ser os protagonistas nesse processo.

 

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O IBGE vai selecionar 206.891 servidores temporários para o Censo 2022, sendo 183.021 recenseadores, 18.420 agentes censitários supervisores (ACS) e 5.450 agentes censitários municipais (ACM).

Na Bahia, há um total de 14.173 vagas, sendo 1.202 para ACS, 486 para ACM e 12.485 para recenseadores.

Os recenseadores atuam diretamente na coleta das informações, entrevistando os moradores dos domicílios. Já o ACM gerencia o trabalho do posto de coleta, enquanto o ACS, subordinado ao ACM, tem como principal função orientar os recenseadores durante a execução dos trabalhos de campo.

Para ocupar as vagas de recenseador, é preciso ter o ensino fundamental completo. O profissional ganha por produção. Já ACS e ACM precisam ter o ensino médio completo, e os salários são de R$ 1,7 mil e R$ 2,1 mil, respectivamente.

Prova
Serão aplicadas neste domingo (10) as provas do processo seletivo simplificado do Censo Demográfico 2022. Os candidatos às vagas de recenseador farão a prova no período da manhã; e os candidatos a agente censitário municipal e agente censitário supervisor, no período da tarde.

O cartão de confirmação da inscrição com o local de prova estará disponível para consulta ainda nesta segunda (4), no site da Fundação Getúlio Vargas (FGV), empresa organizadora da seleção.

Dos 1,1 milhão de inscritos para o processo seletivo em todo o Brasil, 621.228 tiveram a inscrição confirmada, sendo 349.437 candidatos a recenseador e 271.791 candidatos a ACM/ACS. Há vagas em 5.297 municípios do país.

No dia da prova, os candidatos devem levar o comprovante de inscrição, um documento de identidade original com foto e caneta esferográfica de cor preta ou azul, fabricada em material transparente. O IBGE recomenda conhecer o local com antecedência e chegar pelo menos uma hora antes do início da prova.

Os candidatos deverão seguir os protocolos sanitários contra a Covid-19 estabelecidos por cada município e informados no cartão de confirmação da inscrição. Quem descumprir as orientações previstas no edital será eliminado/a do processo seletivo.

A prova para recenseador será aplicada às 9h (horário de Brasília) e terá três horas de duração. Será uma prova objetiva, de caráter eliminatório e classificatório, com 50 questões.

Já os candidatos a ACM e ACS farão as provas no período da tarde. Elas serão aplicadas às 14h30 (horário de Brasília) e terão duração de três horas e trinta minutos. O exame terá 60 questões.

Os gabaritos preliminares serão divulgados no dia seguinte à aplicação das provas, na segunda (11), no site da FGV. O resultado final está previsto para 20 de maio.

Levantamento
A partir de 1º de agosto, cerca de 213 milhões de habitantes, em pouco mais de 70 milhões de domicílios, serão visitados pelos recenseadores nos 5.570 municípios do país.

O Censo revelará as características dos domicílios, identificação étnico-racial, nupcialidade, núcleo familiar, fecundidade, religião ou culto, deficiência, migração interna ou internacional, educação, deslocamento para estudo, trabalho e rendimento, deslocamento para trabalho, mortalidade e autismo.

Realizada a cada dez anos, a pesquisa é a principal fonte de referência sobre as condições de vida da população em todos os municípios do país.

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A prefeitura de Porto Seguro, no extremo sul da Bahia, e de Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, emitiram decretos desobrigando o uso de máscaras em locais fechados. A medida de flexibilização acontece devido à queda dos números de casos e óbitos decorrentes da covid-19 nos dois municípios.

Em Porto Seguro, o decreto entra em vigor no próximo sábado (02) e, devido a queda nos números da pandemia, a prefeitura realizou a desmobilização do Hospital Municipal destinado ao internamento de pacientes e 90.873 pessoas, entre adultos, adolescentes e crianças, já receberam, pelo menos, duas doses da vacina contra a doença.

A possibilidade para não usar máscaras em locais abertos em Porto Seguro já existia desde o dia 11 de março de 2022, através do decreto nº 16.659/22. Com isso, o uso de máscaras nas escolas municipais, unidades de saúde, transporte coletivo, exceto balsa, continua sendo obrigatório.

Na quinta-feira (31), foram registrados 122 casos ativos e um paciente do município e dois de outros municípios estão internados na UTI da rede hospitalar, nenhum paciente internado nos leitos clínicos, representando ocupação de 10% dos 30 leitos da Unidade de Terapia Intensiva disponíveis no município do extremo sul da Bahia.

Em Vitória da Conquista, o decreto entrou em vigor na quinta (31) e o uso de máscaras de proteção contra covid-19 será obrigatório apenas no transporte coletivo urbano e rural, em agências bancárias e locais destinados à prestação de serviços de saúde. Nos demais locais, abertos ou fechados, o uso da máscara é facultativo.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Vitória da Conquista, houve uma diminuição da média semanal de casos ativos da covid-19 no município pela sexta semana consecutiva. Neste momento, a média diária está em 3,57, quando em fevereiro chegou a ser registrado uma média diária de 268,57 de casos confirmados.

Nos dois municípios, a SMS continuará fazendo o monitoramento dos indicadores da covid-19 e caso o cenário epidemiológico mude a medida poderá ser revogada ou modificada. A população das cidades deve continuar mantendo os cuidados na prevenção, com a higienização constante das mãos, o distanciamento e, mais essencial para evitar adoecimento grave, tomar todas as doses da vacina.

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A guerra entre a Rússia e a Ucrânia acendeu as discussões sobre a dependência brasileira de fertilizantes. Um dos produtos que podem ser utilizados para diminuir a importação de fertilizantes, em grandes quantidades, são os remineralizadores de solo. A técnica consiste em aplicar ao solo rochas moídas compostas por minerais que contribuem para a melhoria da fertilidade do solo, possibilitando seu rejuvenescimento.

Atualmente, 25 produtos desta categoria estão registrados no país, dentre eles o Vulcano - primeiro remineralizador do norte-nordeste com registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Com composição típica de rochas silicáticas basálticas, a matéria-prima do produto vem de mina própria, situada em Salvador-BA, próxima ao Terminal Portuário de Cotegipe.

Indicado para todos os tipos de cultura e solos, o remineralizador é um produto natural e sustentável, menos agressivo ao meio ambiente e que não contamina rios e lençóis freáticos. “Acreditamos que através da revitalização dos solos, com técnicas de manejo sustentável e de baixo impacto ambiental, eles se tornarão mais férteis e mais produtivos, ajudando a aumentar a produção de alimentos mais saudáveis”, relata o sócio-fundador da Vulcano, Vitor Almeida.

A sustentabilidade dos remineralizadores é uma das vantagens da prática, que deve crescer ainda mais nos próximos anos. Pesquisas com este tipo de material apontam que a técnica gera resultados a médio e longo prazo. A remineralização aumenta a eficiência na absorção dos fertilizantes, o que leva à redução gradativa do seu uso ao longo dos ciclos. Além disso, a prática reduz o consumo de água nas plantações por gerar plantas com sistema radicular (responsável pela conexão entre as plantas com o solo) mais eficientes.

A técnica é uma das opções do Plano Nacional de Fertilizantes 2050, lançado em 11 de março, e que prevê a utilização dos remineralizadores como uma das opções para reduzir a dependência nacional dos fertilizantes. De acordo o Plano, “a cadeia emergente dos remineralizadores (REM) constitui-se em uma oportunidade de o Brasil diminuir a dependência externa de aquisição de fertilizantes, uma vez que potencializa a eficiência de uso de nutrientes e a melhoria dos solos agrícolas”.

Para o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antonio Carlos Tramm, o incentivo à pesquisa de soluções que diminuam a dependência dos fertilizantes estrangeiros são sempre bem vindos. Investimentos como os que estão sendo feitos pela CBPM, na produção de fosfato, por exemplo, são de grande importância para a ampliação da produção de fertilizantes, e também outras técnicas que possam substituí-los. “Essa dependência brasileira é inadmissível e insustentável e precisamos reverter essa situação investindo políticas públicas - de médio e longo prazo - eficientes, em pesquisa, em tecnologia e aproveitando de forma sustentável a nossa diversidade mineral”, pontuou Tramm.

Na Bahia, por exemplo, estudos de realizados pelo CPRM (Serviço Geológico do Brasil), no projeto da Agrominerais da Região de Irecê- Jaguarari-BA, constatou a presença de potássio e outros multinutrientes indicados para a remineralização de solo, na região e Campo Formoso e Pindobaçu, situado no centro-norte baiano. No entanto, são necessárias pesquisas complementares para verificar a viabilidade mercadológica e técnica sobre os possíveis locais e culturas que poderiam ser beneficiadas.

Outras alternativas

Além dos remineralizadores, outras soluções estão sendo estudadas para reduzir a dependência brasileira dos fertilizantes, como por exemplo a utilização de turfas. O produto é um composto orgânico, decomposto na natureza, encontrado principalmente em áreas com solos hidromórficos (alta concentração de água nas partículas).

Utilizado para melhorar as propriedades do solo, a turfa, através das substâncias húmicas (ácidos húmicos e fúlvicos) agem diretamente no solo ajudando a liberação dos nutrientes imóveis os tornando móveis e assimiláveis pelas plantas. Além disso, o produto pode potencializar o efeito dos remineralizadores.

De acordo com o especialista em estudo de solos e desenvolvimento da turfa e suas derivações, Maurício Carnevali, estudos realizados por ele mostraram que associada com o pó de rocha a turfa acelerou o processo de assimilação dos nutrientes do pó de rocha, aumentou o CTC (Capacidade de trocas Catiônicas), melhorou retenção hídrica e dentre outras coisas também diminuiu o uso de fertilizantes químicos. ‘

“Hoje com a crise de fertilizantes do mercado mundial, a procura por alternativas viáveis e economicamente mais baratas já estão sendo aplicadas. E, a mais eficaz que temos são a associação Organomineral da turfa com pó de rocha, podendo conter associação biológicas como a Trichoderma o qual combate alguns fitopatógenos nocivos às culturas, dentre outros biológicos que aumentam a disponibilidade do nitrogênio do solo e etc. São inúmeras as possibilidades reais, com preços acessíveis e com resultados satisfatórios onde se diminui a dependência química de fertilizantes e das importações dos macronutrientes principalmente nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K)”, ressalta Maurício Carnevali.

Além disso, de acordo com o presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm, tais iniciativas também trarão benefícios econômicos. “Com isto, poderemos reduzir a sangria de dólares com a importações de fertilizantes”, destaca.

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Até fevereiro deste ano, de acordo com os dados mais recentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 54.754 jovens baianos de 16 e 17 anos possuíam título de eleitor. O número representa apenas 11,2% da população total da Bahia nesta faixa etária, segundo estimativa do IBGE de 2019, e é 54% menor do que os 119.256 títulos do mesmo período de 2018, ano da última eleição presidencial. Os jovens têm até o dia 4 de maio para fazer o documento e poder votar nas eleições de 2022, que acontecem em outubro.

Se fizermos mais cálculos, os dados preocupam mais ainda. O número deste ano é o menor desde, ao menos, 2004, ano limite em que o TSE fornece dados de fevereiro separados por faixa etária, para possibilitar uma comparação equivalente. Você pode estar se questionando se a queda da quantidade de títulos entre eleitores jovens não faz parte de uma queda generalizada, mas a resposta é não. De 2018 para 2022, a queda de títulos, se consideradas todas as faixas etárias, é de apenas 4,8%.

E é preciso lembrar que o fato de o jovem tirar o título de eleitor nessa faixa etária não significa que ele irá, de fato, votar, já que o voto só é obrigatório a partir dos 18 anos. O estudante Lucas Gomes, de 16 anos, por exemplo, vai tirar o título este ano, mas ainda não sabe se irá votar. “É bom ter logo o documento para garantir e, como posso tirar online, é tranquilo. Mas ainda não decidi se irei votar, não tenho nenhum candidato. Alguns amigos meus também estão pensando assim, a gente não costuma falar muito de política”, diz ele.

Lucas se mostra desacreditado da capacidade dos governantes de mudar o país e confessa o desinteresse pela política. “Utilizo meu tempo livre para fazer coisas de lazer como ler livros, assistir séries e sair com os amigos, não costumo pesquisar sobre política. Eu acho que o voto é algo para ser utilizado para mudar o país, mas está tudo monótono, quem está no poder nunca muda as ações e sempre são roubos atrás de roubos ficando difícil votar em alguém confiando na sua capacidade”, acrescenta o estudante.

Por que os jovens não querem votar?

A resposta de Lucas passa pela análise que faz o cientista político Cláudio André de Souza, professor e pesquisador da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). “Essa queda pode ser um desinteresse fruto dos recentes casos de corrupção, que tratam a política como um grande problema, mas também pode ter relação com a polarização odiosa entre grupos políticos, o que fragiliza o entendimento da importância da política quanto aos governos e suas ações que influenciam bastante o nosso dia a dia”, coloca.

O presidente da Comissão Especial de Direito Eleitoral da OAB Bahia, Tiago Bianchi, acrescenta que a falta de incentivo das escolas é um fator adicional à explicação. “A falta desta discussão desde o ambiente escolar, quando os jovens são preparados para ingresso na vida adulta, com assunção de direitos e deveres, pode ser uma das causas de explicação desta participação tênue dos jovens nas eleições”, opina.

Para Bianchi, os jovens têm um potencial político que está sendo desperdiçado. “Os jovens têm sentimento de pertencimento, de sede de mudança, de questionamento, características peculiares e intrínsecas ao próprio sistema democrático brasileiro. Acredito que ao incentivar esses sentimentos, a possibilidade de acréscimo do número de menores participantes no pleito tende a aumentar”.

A advogada, professora de Direito Eleitoral da Universidade Federal do Ceará (UFC) e membro do Instituto Cearense de Direito Eleitoral (ICEDE), Raquel Ramos, ressalta que as discussões políticas podem até acontecer, mas o desafio é levá-las para as urnas. “Nós temos intensificado o debate político, temos até aumentado a intolerância política, mas a efetiva participação nas urnas tem caído. E não pode ser assim. A gente discute, discute, tem uma forte polarização e o que vai ‘resolver’ isso é o resultado nas urnas. As mesmas pessoas que passam horas discutindo política no WhatsApp ou em outros ambientes, são as mesmas que, muitas vezes, não vão votar ou acabam votando branco ou nulo”, aponta.

Para ela, atingir os jovens é um dos maiores desafios que as campanhas políticas têm pela frente. “Os jovens têm uma linguagem mais dinâmica, pensamentos diferentes, na maioria dos casos, do que pessoas mais velhas, é uma outra geração, com novas pautas. Eles têm ideias e demandas particulares que podem expressar e fazer diferença nas urnas, mas, para isso, as propagandas políticas vão precisar identificar isso e saber se adequar a esse público. As redes sociais são importantes nessa equação. Na verdade, hoje, o candidato que estiver fora das redes, está fora do jogo eleitoral”, acrescenta Raquel.

Por que o voto dos jovens é importante?

Rafaela Brito, de 17 anos, já tirou o título de eleitor e sabe bem da importância do voto. "Acredito que com o meu voto eu posso ajudar a mudar o cenário no qual vivemos. Se eu estou insatisfeita, eu preciso me mobilizar. Se todos nós trabalharmos juntos e entendermos a importância do voto consciente, esse cenário se modificará mais rápido", diz a estudante, que também incentiva os colegas a votarem.

E a conexão de Rafaela com a política não fica restrita ao voto, desde cedo, ela participa de movimentos estudantis e sociais e coloca em prática o que defende. "Sempre conversei muito sobre política com meus pais, então é algo que vem de casa", conta a jovem, que integra o Movimento Popular da Juventude e a União Municipal dos Estudantes Secundaristas.

“O voto representa a efetiva voz do cidadão, que vem sendo ampliada cada vez mais ao longo do século XX. Tivemos a inclusão do voto feminino, inclusão dos analfabetos e das pessoas com deficiência e, em 1988, a inclusão dos jovens entre 16 e 18 anos. Para além dessa inclusão formal, também tivemos o crescimento da percepção da importância do voto para a eleição dos representantes. Quanto mais amplo, no sentido qualitativo, o quadro de eleitores, mais amplo vai ser o quadro de governantes”, defende a advogada e professora Raquel Ramos.

O cientista político Claúdio André de Souza concorda e ressalta que os jovens têm características e pautas específicas que só tendem a somar ao ambiente político. “A participação dos jovens é fundamental para renovar quadros e lideranças na política a longo prazo. Outra questão é que a presença dos jovens garante mais atenção dos governantes com as pautas de interesse da juventude, tais como geração de emprego, acesso à universidade, políticas culturais, etc.”.

Nas redes sociais, artistas como Zeca Pagodinho, Juliette e Larissa Manoela iniciaram uma campanha nacional espontânea para incentivar os jovens de 16 e 17 anos a tirar o título e votar. Segundo o TSE, em fevereiro deste ano 835 mil jovens brasileiros com 16 e 17 anos tiraram o título de eleitor, o menor número da história. Até o momento, 13,5% das pessoas nessa faixa etária estão com o documento. Em fevereiro de 2018, o percentual era de 23,3%.

A cantora Anitta publicou no Twitter: “Então agora é isso hein... me pediu foto quando me encontrou em algum lugar? Se for maior de 16 eu só tiro a foto se tiver foto do título de eleitor”.

Onde tirar o título?
Atendimento presencial no TRE-BA

Desde o início de março, o TRE-BA retomou o atendimento presencial. Os cartórios eleitorais de todo o estado estão abertos para o público mediante agendamento, que pode ser feito pelo portal do TRE-BA ou por telefone (71) 3373-7000.

Atendimento online

Para além do atendimento itinerante e do agendamento para acesso presencial aos cartórios, os serviços online permanecem disponíveis e os eleitores podem contar com o auxílio do Núcleo de Atendimento Virtual ao Eleitor (NAVE), que pode ser acessado pelo site do TRE-BA (www.tre-ba.jus.br), pelo Telegram (@maiatrebot) e pela central telefônica (71) 3373-7000, de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h.

Saiba como tirar o primeiro título online

Segundo o artigo 14 da Constituição Federal, o voto é facultativo para jovens de 16 e 17 anos, mas passa a ser obrigatório a partir dos 18 anos. Por isso, se você já tem idade para participar de uma eleição, não perca tempo: confira os passos para solicitar a primeira via do documento pela internet.

Desde o ano passado, como forma de prevenir o contágio pelo novo coronavírus, é possível fazer a emissão do título de forma online, por meio do sistema TítuloNet, utilizando computador, tablet ou celular. Basta acessar o sistema, selecionar a opção “não tenho” na guia “Título de eleitor” e preencher todos os campos indicados com dados pessoais, como nome completo, e-mail, número do RG e local de nascimento.

Além dessas informações, é preciso anexar pelo menos quatro fotografias ao requerimento para comprovação da identidade. A primeira delas é uma fotografia (selfie) segurando um documento oficial de identificação. As duas seguintes são da própria documentação utilizada para comprovar a identificação da primeira foto.

Por fim, é necessário juntar um comprovante de residência. Homens com idade entre 18 e 45 anos devem enviar ainda o comprovante de quitação com o serviço militar. As imagens devem estar totalmente legíveis. Caso contrário, a solicitação pode ser negada pela Justiça Eleitoral.

O pedido de emissão do documento também pode ser acompanhado pela internet: basta acessar a guia “Acompanhar Requerimento” e informar o número do protocolo gerado na primeira fase do atendimento.

Após o processamento dos dados – caso não haja pendências –, pode-se baixar o aplicativo e-Título no celular e, assim, utilizar a versão digital do documento, dispensando o título em papel. O app permite o acesso fácil e rápido às suas informações pessoais armazenadas no banco de dados da Justiça Eleitoral.

Quantidade de jovens de 16 e 17 anos com título de eleitor (Fonte: TSE)

*Em negrito estão os anos que tiveram eleições presidenciais

Fevereiro de 2022 - 54.754
Fevereiro de 2020 - 171.508
Fevereiro de 2018 - 119.256
Fevereiro de 2016 - 120.886
Fevereiro de 2014 - 124.888
Fevereiro de 2012 - 136.012
Fevereiro de 2010 - 109.092
Fevereiro de 2008 - 161.053
Fevereiro de 2006 - 154.861
Fevereiro de 2004 - 202.035

Ranking nacional de quantidade de títulos entre jovens de 16 e 17 anos (Porcentagens obtidas a partir de dados do TSE de fevereiro de 2022 e do IBGE de 2019)

Estado Quantidade de títulos Percentual
Piauí 20.589 20,50%
Amazonas 27.034 18,30%
Goiás 35.143 17,50%
Pará 54.873 17,50%
Maranhão 45.035 17,10%
Paraíba 24.063 17%
Roraima 3.351 16,70%
Rio Grande do Norte 15.796 16,20%
Ceará 45.020 16,10%
Sergipe 11.904 15,80%
Tocantins 8.493 15,40%
Pernambuco 45.566 14,60%
Paraná 43.135 14,50%
Rio de Janeiro 54.070 13%
Santa Catarina 23.913 12,70%
Amapá 4.257 12,50%
Minas Gerais 72.379 12,10%
Alagoas 14.401 11,80%
Rio Grande do Sul 33.697 11,30%
São Paulo 141.668 11,30%
Bahia 54.754 11,20%
Mato Grosso do Sul 9.150 11,20%
Mato Grosso 10.487 10,20%
Rondônia 5.600 10%
Acre 3.344 9,80%
Distrito Federal 9.764 9,80%
Espírito Santo 10.846 9,60%
Brasil 834.986 13,50%

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Os médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) seguiram o movimento dos servidores e entraram em greve em todo país, nesta quarta-feira (30). As perícias programadas nas agências da Previdência Social da Bahia foram suspensas por tempo indeterminado.

Os peritos reivindicam reajuste salarial de 19,9% para repor perdas inflacionárias desde 2019 e a fixação de no máximo 12 atendimentos presenciais por dia. Além disso, eles também pedem a distribuição igualitária de agendamentos entre os profissionais dos turnos da manhã e da tarde, direito a feriados e recessos e o fim de espaços na agenda.

"Durante muito tempo, a categoria se esforçou para desenvolver o diálogo e para oferecer alternativas menos onerosas do que a paralisação total, mas não recebeu tratamento semelhante por parte do governo, circunstância essa que acarreta, nesse momento, a adoção dessa medida extremamente grave", declarou a Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP), em nota.

A greve nacional acontece desde o último dia 23 e, na segunda (28), os servidores INSS iniciaram uma greve por tempo indeterminado em toda a Bahia. A categoria suspendeu os atendimentos em todas as sete gerências e 140 postos de atendimento do estado. De acordo com o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social no Estado da Bahia (Sindprev), Edivaldo Santa Rita, na quinta-feira (31), a categoria vai fazer um ato nacional em todo o país. Em Salvador, a manifestação acontece em frente ao Ministério da Economia, no Comércio, às 6h, para fazer uma atualização da greve.

O INSS nacional ainda não se posicionou sobre a situação e o regional da Bahia afirmou que só se emitirá nota após posicionamento oficial por parte do Instituto.

Santa Rita explica que a greve acontece por tempo indeterminado. "Já tivemos uma primeira sinalização de conversa com o presidente do INSS e com o ministro da Economia, mas não avançamos", disse o coordenador do Sindprev.

Segundo a Portaria nº 922, de 06 de setembro de 2021, nos casos que o atendimento não possa ser realizado por indisponibilidade nas agências, como no caso de greves, o INSS deve reagendar automaticamente, sem a necessidade de solicitação por parte do usuário.

A advogada previdenciária do INSS Carla Vitória explica que a orientação dos advogados aos clientes estava sendo procurar as agências, mesmo com os servidores em greve, porque ainda estavam ocorrendo as perícias médicas, mas agora a única saída é recorrer ao Poder Judiciário. "Temos que aguardar, infelizmente, para saber quais serão as possibilidades que o INSS vai oferecer pra gente, se vai voltar a ter a perícia remota, que foi o que aconteceu durante a pandemia. As pessoas não podem ficar prejudicadas", disse a advogada.

Mesmo com a greve, os usuários podem reagendar atendimentos pelo site no aplicativo ou site “Meu INSS” e pela central 135 para tentar agendar ou realizar um serviço antes de procurar uma agência.

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A delimitação no mapa, os registros em documentos públicos e nos livros de história, possuir serviços essenciais e a conexão com um estado. Estes podem ser elementos de uma cidade, mas sem gente fica difícil defender a ideia de urbe. Uma capital como Salvador, culturalmente rica, diversa e única, duvidosamente seria o que é hoje, 29 de março de 2022, quando completa seus 473 anos, não fossem os povos que a mantiveram de pé.

Terra de hospitalidade e resistência indígena, orgulhosa primeira capital do então território colonial português e já tendo sido, lamentavelmente, o maior porto para a chegada de pessoas negras escravizadas das Américas, a Salvador do presente se conecta com seu povo do passado através de costumes e tradições que se mantêm, renovam-se e se cruzam.

Nas ruas, as contribuições desses grupos étnicos se apresentam e chegam a se misturar. O vestido de renda tradicionalmente português é usado pela baiana que vende os quitutes de herança africana; os nomes de muitos bairros da capital mantêm vivas línguas indígenas; a paisagem urbana ora remete às ruas de Lisboa, em Portugal, e em outros momentos transporta para Lagos, cidade do sudoeste da Nigéria.

“Salvador é enriquecida por não estarmos fechados em uma cultura somente. Somos uma mistura de povos e essa diversificação é saudável. Você tem a culinária e o falar indígena, a cultura africana e costumes de diversos continentes dentro de um lastro que é o da colonização portuguesa.”
Ele próprio conta vivenciar o clima português em Salvador atestado pela família de origem portuguesa. Senna lembra que já morou no bairro da Saúde em um sobrado, um tipo de construção tipicamente portuguesa que é frequente ainda hoje naquela região do Centro Antigo.

Religiosa, Salvador é uma cidade que preserva e adapta procissões e festas católicas que se assemelham à religiosidade europeia, assim como consegue unir folhas, indumentárias, ritos e filosofias indígenas e africanas em tantas feiras de rua e espaços de culto. Para o antropólogo e babalorixá Vilson Caetano, as contribuições da religiosidade de matriz africana são tantas que chega a ser difícil distinguir onde começam e terminam.

“A questão da religiosidade perpassa tudo. A concepção de espaço sagrado, da comida sagrada e a ideia de cura que está presente nesta cidade”.

Nascido em Valença, capital do Baixo Sul baiano, Caetano vive há cerca de 30 anos em Salvador. “Aqui é uma cidade mágica, a gente sente a presença dos ancestrais muito próxima. A gente vê África em cada esquina e é justamente isso que nos ajuda a enfrentar as contradições da cidade de Salvador, porque embora seja a cidade mais negra fora do continente africano ainda é uma cidade onde nós homens e mulheres negras não temos lugar”, afirma o professor da UFBA.

A cultura indígena carece de preservação. Combates, doenças e fugas por sobrevivência quase extinguiram os povos indígenas da capital, sobretudo os Tupinambás, que eram em maior número. Professor da disciplina A História dos Povos Indígenas do Brasil da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Fabricio Lyrio olha para trás para lembrar como a receptividade inicialmente dirigida aos portugueses, o conhecimento estratégico do território ‒ das áreas de defesa à alimentação local, além do próprio suor e trabalho são características indígenas que merecem atenção.

“Esses povos não acabaram, eles continuam existindo. Muitos precisaram se deslocar para outras regiões, mas essa não é uma história do passado, os indígenas seguem no processo de resistência e de luta por direitos”.

Conheça cinco áreas em que costumes e tradições indígenas, negros e portugueses se cruzam
1) Sistema métrico e ordenamento da venda na rua

Em Salvador, “um litro” de cajá pode corresponder a uma lata de óleo ou parte de uma garrafa pet. Na feira, também dá para comprar “uma mão” de camarão, sem esquecer de pedir uma quebra. De acordo com o professor Vilson Caetano, essa informalidade e o modo como a cidade historicamente se abastece de alimento são característicos e têm uma origem: a forma como os negros organizam a venda de alimentos na cidade no passado.

“Vários autores chamam a atenção para o fato de só termos um celeiro público no final do século 19. Então, como a comida chegava às pessoas? Você tinha os armazéns, com os portugueses e depois os espanhóis, ou na rua mesmo com uma ativa participação dos africanos, das quitandeiras, das mulheres que compravam todo o peixe da praia e levavam o preço lá para cima”, ilustra Vilson.

O professor lista que o modo como a cidade vende e compra seus alimentos é fortemente influenciado pela cultura africana. “As permutas, um feirante que não tem um produto, mas pega na mão de outro para não deixar o cliente ir embora, as medidas que são diferentes do sistema métrico, uma mão de seriguela, por exemplo, tem também o modo de mercar gritando”.

O fato de alimentos para o corpo e para a alma se encontrarem em um só lugar, como na Feira de São Joaquim, também vem daí. “O africano não separa o sagrado do cotidiano. A gente vê isso aqui em Salvador, assim como em algumas áreas como nas feiras de Angola e Benin”, compara.

2) O quitute da África com a indumentária de Portugal

Tem um tanto de Portugal na tradicional indumentária da baiana de acarajé. É o que defende o pesquisador Francisco Senna. Para o professor aposentado da UFBA, a influência dos bordados é um dos exemplos da presença da arte portuguesa na cidade, incluindo a pintura, especialmente nas igrejas, além da prataria e ourivesaria na cidade com forte influência lusitana.

“O traje da baiana não é o traje da africana. O traje da africana é aquele vestido pintado, muito colorido, muito bonito, longilíneo e amarrado no corpo. Já o traje da nossa baiana é um traje de influência mista Portugal e África, mas com dominância muito grande dos tecidos portugueses, dos bordados, da barafunda portuguesa, toda aquela estrutura de saias rodadas que vem de Portugal e não de África, porque da África vem o traje mais esguio com aquele pano da costa muito elegante"

3) Inspirações portuguesa e africana têm elementos materiais e simbólicos no urbanismo

Cidade alta, cidade baixa. Essa é uma das divisões geográficas mais características de Salvador. Para além dessas imposições geográficas de uma cidade que cresceu a partir das estratégicas fortificações à beira do mar, há aspectos culturais de origem africana e portuguesa.

A comparação entre o centro antigo de Salvador e as cidades Lisboa e Porto, em Portugal, é recorrente. “Nossa arquitetura é essencialmente lusitana. Isso está presente nas nossas igrejas, conventos, sobrados, edifícios públicos, nas fortificações…”, enumera o Francisco Senna. Já para o professor Vilson Caetano, há uma outra comparação possível e que não é apenas por semelhança arquitetônica.

“Da mesma forma como se compara Lisboa e o Pelourinho, quem vai em algumas cidades do continente africano, em cidades como Lagos, na Nigéria, vai sentir que somos muito parecidos na maneira como nós organizamos o território. Falo a nível de organização, de otimização de espaço, de demarcação de alguns espaços como sagrados”, explica.

Piatã, Paripe, Pituaçu, Pernambués. Para além do P, esses são bairros de Salvador que trazem palavras de origem indígena. Narandiba, Tororó e Itapuã são outros exemplos de como a cultura indígena é presente na divisão do território da capital.

4) A comida do dia-a-dia portuguesa e a comida festiva e religiosa africana

Sexta-feira é dia de comida baiana, assim como muitas ocasiões festivas em Salvador pedem uma comida de dendê, com fortes influências africanas. Mas a nossa comida do dia-a-dia está ligada muito mais com os legados da colonização portuguesa, segundo o professor Francisco Senna.

"A culinária luso baiana é aquilo do cotidiano da mesa das famílias baianas. O arroz, o feijão, um ensopado, na janta você tem a sopa, o pão com café com leite. São costumes trazidos da mesa portuguesa e que em Salvador vai ser muito forte ao lado da tradição africana”.

Para o pesquisador, bolos, tortas e doces apreciados na capital baiana são um capítulo à parte, também com forte inspiração na doceria e confeitaria portuguesa.

Por outro lado, para o professor e babalorixá Vilson Caetano, os cultos de matrizes afro-brasileiras preservaram pratos que teriam se perdido não fosse a tradição religiosa, que os mantiveram como comida ritual, como é o caso do aluá ou aruá (bebida fermentada de origem afro-indígena), acaçá (espécie de manjar com milho e leite de coco servido na palha de bananeira) e o ekuru (uma espécie de farofa de feijão fradinho), além da própria maneira de fazer o acarajé e outros elementos da chamada comida baiana, fartamente consumida na capital.

Os usos e diferentes formas de manipulações de raízes, como a mandioca, são parte da contribuição da cultura indígena, que também se mistura na comida baiana, como no bobó. Os povos indígenas deram grandes contribuições sobre quais alimentos eram consumíveis. “Como diz Ailton Krenak, não fosse os índios, os portugueses nem saberiam que um caju dava para comer”, comenta o historiador Fabricio Lyrio.

5) Negros e indígenas contribuíram como o modo como lidamos com as doenças

Um banho de folha, um chá, uma ida à igreja de São Lázaro para fazer uma promessa. Para o antropólogo Vilson Caetano, o modo como os soteropolitanos ainda hoje lida com as enfermidades também é uma contribuição da comunidade negra para a cidade. “O cuidado com a saúde na colônia foi um dos grandes desafios. Africanos e africanas empregaram diferentes saberes milenares, das suas culturas, para acudirem a cidade em vários momentos, sobretudo nos momentos de epidemia”, pontua.

A relação entre saúde e fé com práticas religiosas tem seu diferencial na capital. “Você tem cultos a santos católicos na cidade de Salvador que, se você for olhar, no fundo, no fundo, são cultos a vodus, ancestrais ou orixás africanos que estão ali representados”, acredita. Além de São Lázaro, o culto a São Cosme e Damião invocados também como santos médicos são exemplos dessas referências para o pesquisador.

Fonte: G1/Bahia

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