Terça, 05 Novembro 2024 | Login
Bahia com Tudo

Bahia com Tudo

Os professores da rede municipal de Feira de Santana, a cerca de 100 km de Salvador, não retornaram às salas nesta segunda-feira (11), mesmo com uma determinação judicial que ordenava a retomada das aulas.

Segundo o Sindicato dos Professores do Estado da Bahia (APLB), a categoria segue sem ser notificada dessa decisão da Justiça. Os trabalhadores estão em greve desde 31 de março. A categoria pede reajuste salarial, pagamento integral do salário e melhores condições de trabalho.

A decisão liminar de retorno foi publicada pela Justiça na última sexta-feira (8). No documento, a Justiça determina uma multa no valor de R$ 10 mil em caso de descumprimento e autoriza a prefeitura descontar, na folha de pagamento, os dias não trabalhados pelos grevistas.

Sem a notificação ao sindicato, no entanto, ainda não há informações se essa multa poderá ser aplicada. Nesta segunda-feira, a Prefeitura de Feira de Santana ainda não se manifestou com relação ao não retorno dos professores às salas de aulas. Com o impasse, estudantes também não procuraram as escolas municipais.

Ocupação da sede

Parte dos professores da rede municipal de Feira de Santana ocuparam a sede da prefeitura do município no dia 31 de março, após decidirem pela greve. O grupo deixou o local um dia depois após uma liminar da Justiça.

Na manhã do dia 1º de abril, os professores divulgaram novas imagens da confusão envolvendo guardas municipais, que agiram de forma truculenta contra os grevistas. Apesar da ação, que tentava retirar professores do prédio, cerca de 30 professores seguiram no interior do prédio.

Além disso, muitos professores ficaram do lado de fora da prefeitura. Mesmo com as imagens de testemunhas que estavam dentro da sede da prefeitura, a gestão municipal informou que não houve excessos por parte da Guarda Municipal, e que os agentes teriam agido da forma que deveriam.

No site oficial, a prefeitura ainda divulgou a imagem de um agente da guarda municipal que teria sido agredido com uma cotovelada no rosto durante a ação contra os professores.

De acordo com a prefeitura, o suspeito de agredir o agente seria assessor do vereador Jhonatas Monteiro. Ainda de acordo com a gestão municipal, o homem foi conduzido para delegacia, onde foi prestada queixa.

 

“Segurança pública, saúde e educação são políticas do povo, da população, e não do Estado. Os interesses políticos não podem prevalecer ao interesse público, em especial nessas três áreas”, declarou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, durante a inauguração da Delegacia da Polícia Rodoviária Federal em Paulo Afonso (BA), realizada nesta quinta-feira (7).

Com investimento de R$ 1,5 milhão, essa é uma das 95 obras autorizadas pelo Governo Federal para o fortalecimento da Polícia Rodoviária Federal. “O meu compromisso com o presidente Jair Bolsonaro é cuidar e reaproximar a justiça brasileira do Ministério da Justiça e Segurança Pública, é fazer uma transformação, uma revolução na segurança pública do nosso Brasil. Hoje, vemos um exemplo disso”, afirmou o ministro Anderson Torres.

Durante o evento, Anderson Torres, o diretor-geral da PRF, inspetor Silvinei Vasques e o superintendente substituto da PRF na Bahia, Sérgio Freitas, ainda assinaram um termo de autorização para dar início às obras das Unidades Operacionais da PRF. Serão contempladas as cidades baianas de Bendegó, Correntina, Rafael Jambeiro, Simões Filho e a atual sede estadual da Superintendência da PRF, em Salvador.

De acordo com Silvinei Vasques, a PRF já realizou mais de 40 obras no ano passado e o Governo Federal tem reforçado os investimentos. “Desde 2019, o fortalecimento da Polícia Rodoviária Federal tem gerado resultados expressivos. Já são quase 2 toneladas de drogas apreendidas, 120 mil criminosos presos, 31 mil veículos recuperados, entre outros. Valorização do profissional e fortalecimento dos órgãos de segurança pública são prioridades da nossa gestão”, enfatizou.

O ministro da Cidadania, Ronaldo Vieira Bento, também destacou a importância do trabalho do profissional da segurança pública, principalmente no combate à criminalidade no país. “Por ser um ministro da área da segurança pública, Anderson Torres tem se comprometido com a valorização do policial. Por isso, temos, cada vez mais, índices da segurança pública dando orgulho para nós, enquanto nação”, destacou.

Ao que tudo indica, relação entre Shirley da Silva Figueredo e Maqueila Santos Bastos vai muito além de uma simples amizade. Em uma foto publicada em um perfil no Instagram, Maqueila exibe no braço direito uma aliança dourada contendo a letra "s" e o nome de Shirley tatuado ao lado do desenho de um coração.

A imagem está no perfil de uma página no Instagram que, ao que tudo indica, não foi criada por Maqueila, mas por alguém que vem acompanhando o envolvimento dela na morte do empresário e ex-detento Leandro Troesch, marido de Shirley. Leandro foi encontrado com um tiro na cabeça no dia 25 de fevereiro, em um dos quartos da luxuosa Pousada Paraíso Perdido, em Jaguaribe, região do baixo sul do estado.

As fotos vieram à tona um dia após a Polícia Civil recuar da decisão de retirar o delegado Rafael Magalhães do caso. Magalhães, que está desde o início da apuração, soube, então, que não estava mais à frente do inquérito durante o interrogatório de Maqueila, inclusive seu substituto teve o nome publicado no Diário Oficial, assim como a sua saída. No entanto, no final da noite, a PC divulgou nota voltando atrás, mantendo Magalhães no caso.

Tatuagem
A tatuagem no braço de Maqueila tem a data do dia 6 de outubro do ano passado, período em que a ex-presidiária já era abrigada por Shirley na pousada. As duas se conheceram no Presídio Feminino, em Salvador, quando a mulher de Leandro passou a cumprir pena por extorsão e sequestro. Pouco depois, as duas deixaram a detenção praticamente juntas e foram para Jaguaripe.

Meses depois, foi a vez de Leandro deixar o Complexo Penitenciário da Mata Escura, junto com Marcel Silva, o Billy, que passou a trabalhar na pousada com o retorno de Leandro na direção do empreendimento. No entanto, o empresário não aceitava a aproximação entre Shirley e Maqueila, ao ponto de expulsar a ex-presidiária da Paraíso Perdido. Dez dias depois, Leandro foi encontrado morto.

Um áudio que circulou nesta semana, mostra um diálogo que seria entre Maqueila e Leandro. A conversa teria ocorrido 15 dias antes da morte do empresário. No diálogo ele revela irregularidades na conta da pousada e fala que estava fazendo um tratamento com um psiquiatra.

A reportagem repercutiu as imagens com o atual advogado de Maqueila, João Alves. Ele confirma que a cliente tem mesmo o nome de Shirley tatuado no corpo. "Existe uma relação de amizade mais próxima. Isso é normal, uma homenagem entre pessoas que são muito amigas. Quantos não fazem isso ? Se houve amor ou paixão, só Maqueila poderá falar", respondeu ele, dizendo que nunca fez perguntas a cliente sobre sua vida pessoal, mas, que diante de tanta repercussão, irá peguntá-la.

Antes de João Alves, o advogado de Maqueila era Paulo Pires, que, segumdo ele, optou deixar o cargo. "A minha decisão foi por divergência de honorários. Falta de pagamento", explicou.

'Alagamento aqui é coisa do passado', garantiu o prefeito Bruno Reis após inaugurar a segunda etapa da requalificação da Avenida Milton Santos (antiga Adhemar de Barros), em Ondina. Segundo ele, a obra de drenagem realizada vai acabar com um problema histórico da região.

"É mais do que uma obra urbanística. Investimos em drenagem aqui. Era comum essa via ficar alagada e esse problema foi resolvido completamente, e vai resolver também o problema de alagamento da Garibaldi. Estamos investindo R$18 milhões", explicou o prefeito.

As melhorias foram realizadas em 700 metros e envolveram pavimentação, drenagem, iluminação em LED, paisagismo, passeios em concreto, ciclofaixa, elementos de acessibilidade, rebaixamento das redes de telecomunicações, travessias elevadas de pedestres e áreas de convivência social, dentre outros itens.

No local também foi instalado um busto do geógrafo Milton Santos, que batiza o nome da avenida. "Estamos fazendo uma justa homaenagem ao geógrafo Milton Santos colocamos um busto, reconhecendo a trajetória, principalmente a sua formação, pelo intectual que era, influenciando a sua geração e as gerações futuras", disse o prefeito.

Com 2,10 metros de altura, a peça foi feita em resina com fibra de vidro e está assentada sobre pedestal de forma geométrica em granito, com traços de desenho moderno. A obra foi colocada na entrada principal do campus da Ufba e tem criação da artista plástica, escultora e professora da Escola de Belas Artes da universidade, Márcia Magno.

O projeto foi desenvolvido pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF) e executado pela Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), por meio da Superintendência de Obras Públicas (Sucop).

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, registrou taxa de 1,62% em março deste ano. O indicador ficou acima dos observados no mês anterior (1,01%) e em março do ano passado (0,93%). Essa é a maior taxa para um mês de março desde a implantação do Plano Real, em 1994, ou seja, a maior nos últimos 28 anos.

O dado foi divulgado hoje (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPCA acumula taxa de 3,20% no ano. Em 12 meses, o acumulado chega a 11,30%, acima dos 10,54% de fevereiro.

O principal impacto na inflação de março veio dos transportes, que subiram 3,02% no mês. A taxa foi puxada pela alta nos combustíveis, que subiram 6,70% no período. A gasolina foi o item de maior impacto no IPCA de março (6,95%).

Outros combustíveis com alta de preços foram o óleo diesel (13,65%), gás veicular (5,29%) e etanol (3,02%). Também tiveram aumento itens como transporte por aplicativo (7,98%), seguro voluntário de veículo (3,93%) e conserto de automóvel (1,47%).

Em seguida, aparecem os alimentos, com alta de 2,42%, puxada por itens como tomate (27,22%), cenoura (31,47%), leite longa vida (9,34%), óleo de soja (8,99%), frutas (6,39%) e pão francês (2,97%). A refeição fora de casa subiu 0,65%.

Oito dos nove grupos tiveram alta de preços: vestuário (1,82%), habitação (1,15%), saúde e cuidados pessoais (0,88%), despesas pessoais (0,59%), artigos de residência (0,57%) e educação (0,15%). O único com queda foi comunicação, com -0,05%.

O governador Rui Costa (PT) se posicionou sobre a desobrigação de máscaras em ambientes fechados na Bahia. A liberação em locais abertos está valendo desde o dia 2 de abril. Segundo o governador, a redução de casos ativos a uma margem abaixo de mil é uma marca essencial para mais um passo nas liberações.

“Estamos hoje com 1.200 pessoas contaminadas na Bahia e cerca de 90 pessoas internadas em UTIs. Pretendo, assim que a gente baixar esse número para menos de mil contaminados, aí a gente libera máscaras em ambientes fechados. Eu diria que estamos perto”, comentou o gestor durante agenda no município de Araci .

Rui ainda reforçou o pedido para que a população complete o calendário vacinal. “A recomendação maior é que todo mundo se vacine. A vacina protege. A vacina salva vidas”, completou.

Salvador
Em Salvador, a Prefeitura já autorizou o uso facultativo de máscaras em alguns ambientes fechados. Na manhã de hoje, o prefeito Bruno Reis (União Brasl) fez questão de ressaltar que não desrespeitou qualquer decreto estadual com a medida.

“Eu apenas adequei os decretos da prefeitura aos estaduais. O estadual estabelece um rol de locais em que é proibido [não usar máscara]. Eu mantive isso nos decretos e revoguei os decretos para os locais onde não existe essa proibição por parte do governo, somente isso", afirmou.

De manhã, tarde e noite, 24 horas por dia, a qualquer momento que acessar um meio de comunicação lá estão as notícias mais importantes para deixar a sociedade atualizada sobre Educação, Esporte, Mundo, Política, Cidades, Entretenimento... mas, para que a informação chegue à população, ela passa pela apuração de um jornalista. Nos bastidores da notícia, os profissionais de imprensa se veem cansados e desafiados a manter boa saúde mental em meio ao contato diário com diferentes histórias - muitas delas negativas e envolvendo tragédias.

Ninguém está imune às consequências de ter a sanidade afetada por transtornos, tampouco os profissionais da imprensa. Na frente das câmeras ou atrás de um computador, trabalhar com ocorrências factuais também gera impacto no psicológico desses profissionais. Enquanto ser humano, com suas limitações e sensibilidade, a verdade é que ninguém está preparado para testemunhar tragédias tão de perto, entrevistar pessoas em situação de vulnerabilidade ou anunciar fatos desoladores em tempo real.

Enquanto muitas pessoas têm a opção de ver televisão na hora que quiserem, mudar de canal e escolher o que leem ou ouvem, os jornalistas precisam estar conectados a todo momento com as notícias. E isso tem suas consequências. A ciência confirma que profissionais da imprensa estão mais expostos a situações que podem gerar gatilhos para traumas, ansiedade, Síndrome de Burnout, estresse e outros transtornos mentais.

Em situações de tragédia ou violência, o jornalista assume o papel de testemunha da história, demonstrando sentimentos como angústia, desespero e indignação. “O profissional da imprensa pode sofrer danos psicológicos em três diferentes estágios do seu trabalho: como testemunha ou participante do evento; ao comunicar e demonstrar compaixão para as vítimas; e ao contar suas histórias para o público”, explicou a doutora Cait MacMahon, diretora do Dart Center for Journalism and Trauma em entrevista para o site Global Investigative Journalism Network.

Em uma palestra internacional sobre notícias e saúde mental, Jessica Gold, professora assistente de psiquiatria da Universidade de Washington, comparou o trabalho dos jornalistas com o dos psicólogos quando o profissional escuta as dores do entrevistado, dá suporte emocional e ouve todo tipo de história, mas com uma grande diferença entre as duas profissões. Os terapeutas são preparados ainda na faculdade para lidar com emoções e saber ouvir o outro sem que isso interfira no seu emocional. Já os jornalistas não recebem esse cuidado, por isso, muitas vezes, não sabem lidar com a situação e levam para casa as angústias de mais um dia pesado de trabalho.

Há quem pense que vida de jornalista é só glamour, acesso livre a eventos culturais e sociais, ter fama, conhecer celebridades e se tornar amigo de autoridades. Na realidade, o profissional que lida com a notícia tem um dia corrido para apurar e produzir conteúdo de temáticas diversas em um curto espaço de tempo, muitas vezes sob pressão para não cometer erros, ser ágil e desinibido.

Diferentemente do que muitas pessoas pensam, a maioria que trabalha nessa profissão não é rica, recebe um salário compatível com a classe média brasileira. Não raramente, eles precisam fazer várias jornadas de trabalho para complementar a renda e, diante de tudo que foi exposto, ainda sofrem com diferentes tipos de intimidações e agressões.

Jornalista que ficou entre tiroteio Ao Vivo conta o que motivou a deixar a TV

15 de janeiro de 2022. Era para ser mais um dia de trabalho cumprindo pauta de reportagem para uma emissora de TV da capital baiana, quando o jornalista Dinho Júnior, 28 anos, ficou em meio a um tiroteio em uma das estações de transbordo mais movimentadas de Salvador. Toda a cena foi transmitida Ao Vivo.

O ocorrido foi um dos motivos que levaram o jornalista a deixar a desejada carreira na TV para se dedicar ao radiojornalismo. Todo o estresse do trabalho, para ele, já não valia mais a pena. “Desde quando comecei a trabalhar em TV, há cinco anos, minha rotina sofreu grande mudança. Fui desafiado a acordar às 5h para estar na televisão às 6h. Tinha uma jornada de seis horas na televisão, que é estar na rua gravando matérias, fazendo Ao Vivo... sempre fiz três ou quatro matérias. Então, o trabalho era bastante desgastante. Isso com o tempo me trouxe algumas consequências físicas e emocionais. Antes da televisão eu era um cara que treinava, participava de campeonato de Crossfit, gostava de ter uma vida mais ativa. No momento que entrei na TV, larguei a dieta, parei de treinar por um tempo por causa da carga de estresse altíssima”, explica Dinho.

O jornalista chegou a ser alertado pela sua médica sobre as consequências que o estresse estava causando na sua saúde. “Em apenas um ano de trabalho na TV, tive uma crise de enxaqueca que nunca havia tido. Segui por cinco anos por causa do sonho de trabalhar nessa área. Eu me dividia em quatro funções diariamente: repórter na TV pela manhã, à tarde assumia como coordenador artístico de uma rádio, fazia apresentação do programa e ainda gravava conteúdos para a internet. Porém nos últimos dois anos já estava pensando em sair da TV”, pontua.

Para Dinho, investir em terapia foi importante para aprender a lidar com o desgaste emocional da profissão. “Quando aconteceu aquele tiroteio para mim foi um aviso. Acredito muito no processo energético da vida, eu estava insatisfeito com a rotina e com a carga de trabalho que eu tinha, então precisava escolher entre um trabalho e outro”, comenta o jornalista.

Ele lembra que a sua estreia na TV foi cobrindo um duplo homicídio no bairro onde morava. “Falar sobre um homem e uma mulher que levaram 40 tiros mexeu muito comigo. Nessa realidade dura do Hard News, eu entendi que precisava de um suporte emocional. A terapia me ajudou muito nesse processo. Agora, longe da TV, estou voltando a me exercitar, já consigo treinar boxe, pedalar, caminhar e correr”, celebra.

Quando questionado sobre o que considera mais desgastante na profissão, Dinho destaca a sobrecarga emocional. “Para mim, a pior consequência da atividade do jornalista é o estresse, principalmente para quem trabalha na televisão porque está o tempo inteiro sendo cobrado a ser rápido nas locações, entregar logo a matéria, a criar uma boa narrativa, render no Ao Vivo... então, é um desgaste absurdo. Quando o jornalista está na rua é como se o cérebro fosse condicionado a trabalhar de uma maneira muito mais rápida, intensa, e isso causa um estresse muito grande, é uma pressão para estar o tempo todo atento a todas as demandas que são necessárias para entregar a melhor notícia e com a velocidade que o jornalismo cobra”, avalia Dinho Júnior.

Pesquisas confirmam que jornalistas estão mais estressados

Além da dificuldade para gerir as emoções da carga de trabalho, a falta de apoio psicológico para o profissional, de estrutura adequada e baixa remuneração salarial têm impactado na saúde mental dos jornalistas. No quesito financeiro, muitos profissionais da área têm que acumular funções e trabalhar em mais de um veículo de comunicação para aumentar a renda, ocasionando em mais sobrecarga.

Nos últimos anos, houve piora nos sintomas psicológicos apresentados pela maioria dos profissionais do jornalismo. O Instituto Reuters confirmou que, por causa do exercício da profissão na pandemia, 70% dos jornalistas entrevistados apresentaram algum sofrimento psicológico; 26% apresentaram Transtorno de Ansiedade Generalizada e 11% sofriam de Transtorno de Estresse Pós-Traumático.

A pesquisa Jornalismo em Tempos de Covid-19 concluiu que 77% dos jornalistas entrevistados relataram algum tipo de estresse relacionado ao trabalho — 57% disseram ter tido a produtividade afetada; 44% identificaram piora no relacionamento com família e amigos; e 59% disseram ter se sentido deprimidos ou ansiosos em algum momento.

O amapaense Chico Terra há 21 anos trabalha com Jornalismo e, atualmente, mantém o site Amazônia Brasil Rádio Web. Ele sente sintomas nítidos de estresse relacionados à profissão e acredita que os profissionais da área precisam de suporte psicológico. O jornalista Gustavo de Abreu Carvalho, que também está na área há 21 anos e atualmente escreve para o Folha 1, no Rio de Janeiro, concorda que a profissão se tornou ainda mais pesada nos últimos tempos. “Principalmente no período de pandemia, são muitas notícias ruins ao mesmo tempo”, avalia.

À Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), jornalistas relataram como se sentiram trabalhando durante a pandemia, a exemplo de Bibiana Garrido, cofundadora e editora do Jornal Dois: “Ao vivenciar tais experiências, ao testemunhar, a cada semana, a cada mês, o número de famílias em barracos aumentando, dizendo que não tinham mais jeito de continuar, assentamentos sob ameaça de reintegração de posse em meio ao caos da covid-19, famílias tentando reconstruir suas vidas ou apenas sobreviver, pessoas morrendo, amigos morrendo, professores em greve para tentar salvar as vidas da comunidade escolar longe das aulas presenciais, negacionismo da administração pública, trabalhadores de mãos atadas. É um baque. O choro veio, certamente, veio", disse.

Como cuidar da saúde mental na profissão

No seminário Self-Care and Peer Support for Journalists During, Cait McMahon, doutora em Psicologia e diretora do Dart Center Ásia-Pacífico, deu algumas dicas para melhorar a saúde mental dos jornalistas. Confira:

1. Experimento mental: crie em sua mente um lugar seguro, com sensações auditivas e físicas. Mantenha a imagem desse espaço e visite-o por 5 ou 10 minutos todos os dias. O cérebro precisa deste distanciamento psicológico do trauma que se está cobrindo para poder funcionar.

2. Seja um bom colega: utilize qualquer rede social ou aplicativo de videochamada para ficar em contato com seus companheiros de trabalho ao início de cada jornada. Mantenha-se alerta sobre o estado de ânimo de seus colegas. Leve em conta que para algumas pessoas é difícil pedir ajuda.

3. Disciplina com o autocuidado: mantenha rotinas de autocuidado com o apoio dos diretores e editores do seu meio de comunicação.

4. Limites e distâncias: estabeleça um plano de trabalho e siga-o. Exercite-se, ainda que seja uma aula curta de 10 minutos de yoga. Descanse durante a cobertura ou produção da história para voltar ao trabalho com o olhar renovado. Considere mudar ocasionalmente o lugar de trabalho na casa.

5. Propósito claro: acredite em seu papel como jornalista em meio à crise para lidar com o estresse de uma melhor maneira. Escreva uma frase na qual sua missão esteja clara. Isso te ajudará a lembrar do teu trabalho de divulgar histórias claras, precisas e éticas.

07 de abril: Dia do Jornalista

O Dia do Jornalista é celebrado anualmente no dia 07 de abril. Conta-se que a data faz alusão à morte de João Batista Líbero Badaró, médico e jornalista, brasileiro de origem italiana, que foi assassinado por inimigos políticos, em São Paulo, no dia 7 de abril de 1830, durante uma passeata de estudantes em comemoração aos ideais libertários da Revolução Francesa.

Desde então, a data passou a marcar homenagear profissionais formados em Jornalismo, que atuam na apuração de fatos para levar informação sobre os acontecimentos locais, regionais, nacionais e internacionais nos mais diversos meios de comunicação.

Mesmo em meio a pandemia, idas e vindas nas restrições sanitárias e um cenário confuso, 2021 pode ser considerado um ano de crescimento para o setor turístico em terras baianas. Pelo menos, é isso que indica um estudo feito a partir de diversos dados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), que apontou uma expansão de 47,3% na área, a maior entre estados brasileiros.

Autarquia vinculada à Secretaria do Planejamento em parceria com Secretaria do Turismo do estado, a SEI chegou ao resultado após registrar que o volume das atividades turísticas na Bahia se ampliou em 43,9% no 4º trimestre do ano passado comparado ao mesmo trimestre de 2020. No Brasil, o crescimento das atividades do turismo foi de 27,6% no 4º trimestre e 22,1% em 2021 como um todo.

Em termos gerais, todas as 12 unidades da Federação que foram investigadas avançaram, com destaque para Bahia (47,8%), que registrou a variação positiva mais expressiva entre as unidades da Federação, seguida por Pernambuco (44,9%), depois Goiás (40,5%), Rio Grande do Sul (38,5%), e Espirito Santo (36,7%).

Ao avaliar os motivos para que o setor turístico baiano mostrasse essa evolução, Armando Castro, Diretor-Geral da SEI em exercício, disse que a forma com que o estado lidou com o combate à covid-19 foi fundamental para o resultado.

“A Bahia ter sido o estado que mais cresceu no turismo em 2021, com ganhos econômicos e forte expansão de emprego na área, corrobora as decisões de preservação da saúde pública e vacinação como estratégias eficientes quando associadas a uma liberação paulatina e controlada das atividades. Os números colocam a Bahia como o estado mais eficiente na condução do equilíbrio saúde/economia”, afirmou

”Crescimento irreal”

No entanto, nem todo mundo considera o crescimento registrado pela SEI como uma prova de expansão no setor. Silvio Pessoa, presidente da Federação Baiana de Turismo e Hospitalidade do Estado da Bahia (Febha-BA), afirma que a comparação deixa os números irreais.

"Dizer que há um aumento em 2021 sobre 2020 é um negócio irreal. Em fevereiro de 2021, fechou todo o comércio e passamos três ou quatro meses com a economia fechada. Por isso, comparação com 2020, quando estava tudo parado, fica irreal. Precisamos de comparações com números pré-pandemia. O restante é propaganda enganosa", diz Silvio.

AInda de acordo com o presidente da Febha, mesmo com a retirada de restrições, não é possível dizer se teremos uma expansão para o setor em 2022. Para ele, mais ações precisam ser colocada em prática, principalmente no marketing.

"Só dá para saber no final do ano. As coisas costumam melhorar a partir de julho, mas infelizmente a passagem aérea subiu 20% nesta semana. E sem promoção, só entregando fita do Bonfim em feiras e sem uma campanha de marketing não estamos concorrendo com outros estados do Nordestes", aponta o presidente.

Onde está o crescimento registrado pela SEI?

Para chegar ao dado de crescimento, a SEI consultou diversas informações. Uma delas estava na conta de luz. É que o consumo ativo faturado (kWh) de energia elétrica nas Atividades Características do Turismo (ACTs) também apontou crescimento. De acordo com dados da Coelba sistematizados pela SEI, o avanço foi de 12,9% na Bahia no 4º trimestre de 2021 contra o mesmo momento de 2020. Estatística puxada, principalmente, pelo excelente desempenho em Hotéis (37,2%). O consumo geral em 2021 cresceu 7,9% impulsionado também por Hotéis (15,9%).

Outro dado que mostrou melhora foi o de fluxo de passageiros em voos domésticos e internacionais nos principais aeroportos de Salvador, Porto Seguro, Ilhéus e Vitória da Conquista. Esse número cresceu 71,8% no 4º trimestre de 2021 contra o 4º trimestre de 2020, impulsionado pela significativa expansão registrada nos quatro aeroportos do estado. Seguindo o mesmo comportamento, o fluxo de passageiros nos aeroportos da Bahia fechou o ano de 2021 com expansão de 49,7%.

A arrecadação de ICMS das atividades características do Turismo na Bahia também encerrou o ano de 2021 com expansão nominal de 7,8%, impelido principalmente pelas atividades de Locação de automóveis sem condutor (79,3%), taxa superior àquele registrado no ano passado (-7,8%).

Outro ponto que indicou crescimento foi o Sistema Ferry-Boat. Mais de 2,8 mil veículos passaram na travessia São Joaquim-Bom Despacho no 4º trimestre de 2021, representando uma ampliação de 1,2% em relação ao mesmo trimestre de 2020. Esse resultado contribuiu para o fluxo de veículos fechar o ano de 2021 com expansão de 18,5% ante a variação negativa de 22,2% em 2020.

De acordo com as informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), de responsabilidade do Ministério do Trabalho e Previdência, sistematizadas pela SEI, no acumulado de janeiro a dezembro de 2021, o saldo de empregos formais do setor de turismo baiano se revelou positivo, indicando uma geração líquida de 12.487 postos de trabalho, decorrente de 52.186 admissões e 39.699 desligamentos. Um cenário, portanto, muito melhor do que o observado no conjunto dos 12 meses do ano de 2020, quando o referido setor registrou uma perda líquida de 17.972 vagas de trabalho em território baiano.

Dos subsetores econômicos do turismo, Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas e Hotéis e similares foram os de maiores expansões no ano de 2021, com mais 6.082 e 4.284 novos vínculos, respectivamente. Enquanto isso, Transporte rodoviário de passageiros com eliminação de 206 postos, foi o subsetor com menor saldo no mencionado período.

No recorte por zonas turísticas, no acumulado dos 12 meses de 2021, houve geração de 11.661 postos de trabalho. Com mais admissões do que desligamentos no conjunto, todas as 13 regiões exibiram resultados positivos. No caso, a ampliação do nível de emprego formal foi maior nas zonas da Baía de Todos-os-Santos (+3.564 postos), Costa do Descobrimento (+2.537 postos) e Costa dos Coqueiros (+1.365 postos).

Em seguida, com uma geração líquida relativamente menor, vieram Costa do Cacau (+1.094 empregos formais), Costa do Dendê (+765 postos), Caminhos do Sertão (+684 postos), Caminhos do Oeste (+351 vagas), Caminhos do Sudoeste (+320 vínculos), Chapada Diamantina (+301 vagas), Vale do São Francisco (+205 vagas), Costa das Baleias (+195 empregos), Lagos e Canyons do São Francisco (+167 vínculos) e Caminhos do Jiquiriçá (+113 vínculos).

Em toda carteira de identidade, sempre há espaço para o nome de duas pessoas: o do pai e o da mãe. Mas, nem toda criança tem a paternidade reconhecida assim que nasce. Na Bahia, no entanto, esse dever tem engajado mais homens e crescido, exponencialmente, nos últimos três anos. Entre 2019 e 2021, mais de três mil pessoas incluíram a ascendência paterna no registro civil. Nesse período, o reconhecimento paterno aumentou mais de 10 vezes – ou 952,9%. Os dados são de um levantamento da Associação dos Registradores Civis das Pessoas Naturais do Estado da Bahia (Arpen-BA).

A advogada Paula Faria, da Pedreira Franco Advogados e associados, especializada em direito de família e sucessões, explica que o serviço do registro paterno começou a ser pauta na Justiça mais intensamente a partir de 2012. “Em 2012, o Conselho Nacional de Justiça editou um provimento que determinava que os tribunais e tabelionatos realizassem um procedimento mais simples, dizendo que, se o pai concordasse, bastava se dirigir ao cartório civil, com os documentos, e se fazia o registro”, explica Paula.

Um ano depois, em 2013, surgiu o projeto Pai Presente, do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), que auxilia pessoas a fazerem exame de DNA, para identificar o parentesco entre pais e filhos. “Isso facilitou muito, porque não há custo, é uma parceria entre o Tribunal com os laboratórios. A pessoa se dirige ao Centro Judiciário de Solução Consensual de Conflitos (Cejusc), solicita o serviço, e é direcionado para onde realizar o exame”, orienta.

Sete anos antes, em 2007, a Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE-BA) já havia lançado a ação cidadã 'Sou Pai Responsável', que concede até hoje, anualmente, exames gratuitos de DNA para reconhecimento de paternidade. Desde lá, a Defensoria realizou 21 mil atendimentos do tipo. Um trabalho que tem visto a resposta nos números dos últimos anos. Depois de registrar 155 reconhecimentos em 2019, a Bahia teve 1.276 paternidades reconhecidas em 2020 e 1.632 em 2021, quando foi responsável por 40% dos reconhecimentos em todo o Nordeste, que teve 4.068.

Defensora pública e coordenadora da Especializada de Família da DPE-BA, Analeide Accioly destaca alguns dos principais benefícios oriundos do reconhecimento paternal. "São inúmeros os benefícios. O primeiro é o reconhecimento à sua ancestralidade, saber de onde vem, quem são seus antepassados. Isso por si só é um referencial enorme. [...] Além, é claro, de assegurar direitos como pensão alimentícia e convivência com a família paterna", afirma a defensora. A DPE-BA não tem o levantamento de quantos dos 21 mil atendimentos terminaram em reconhecimento paternal.

Filho de direito

Apesar do número de reconhecimentos ser desconhecido, a própria Defensoria afirma que é seguro dizer que milhares de vidas foram transformadas pelos testes de DNA. Um exemplo disso é o professor de educação física Antônio Bispo, 41 anos, que viveu até 2021 com a linha para o nome do pai nos documentos em branco. Isso mudou na ação cidadã 'Sou Pai Responsável' do ano passado.

Agora, filho reconhecido de Basílio Bispo, 63, o professor conviveu com o pai desde pequeno. No entanto, Basílio só reconhecia a paternidade da irmã mais velha de Antônio. "Ele ia lá em casa, mas me tratava como um primo da minha irmã. E foi assim até eu completar 25 anos. Quando conversamos na época, ele justificou falando que morava na casa dos pais e não poderia reconhecer mais um filho e levá-lo para casa", explica Antônio, que perdoou o pai e passou a conviver com ele.

Depois da morte da mãe de Antônio, Basílio resolveu oficializar a relação de pai e filho com o professor. "Após ela morrer, parece que ele sentiu a necessidade de me amparar de alguma forma. Eu fiquei feliz. Senti que foi feita uma concretização de uma reparação emocional. E me senti amparado e alegre por ser reconhecido de forma aberta, com registro e tudo documentado", completa.

Exame de DNA da DPE-BA

Para ter acesso gratuito a um exame da ação cidadã 'Sou Pai Responsável', é preciso residir na Bahia e não ter registro do nome do pai na certidão de nascimento da criança a quem se deseja reconhecer. Neste caso, será necessário apresentar RG, CPF, comprovantes de residência da mãe e do suposto pai, e certidão de nascimento do filho. Com esses documentos, basta procurar a Defensoria ou checar os horários para agendamento on-line.

Os exames de DNA são realizados gratuitamente pela Defensoria Pública da Bahia durante todo o ano e, em especial, no mês de agosto. Analeide Accioly faz um apelo para que mais baianos aproveitem o serviço. "É importante que as pessoas nessa situação procurem a Defensoria e os horários de agendamento no nosso site. Tudo para regularizar a paternidade e também fazer valer os diversos direitos dos filhos, que são fundamentais", indica.

O reconhecimento de paternidade pode ser feito em qualquer cartório se houver concordância do pai, basta ir ao local com os documentos oficiais com foto. Não é necessário exame de DNA. Se o pai não concorda, aí é preciso entrar na Justiça para requerer os exames comprobatórios tanto para os menores quanto para os maiores de 18 anos. Se houver a discordância do pai, deve-se solicitar o exame de DNA para verificação da paternidade.

Mães solo

O aumento do reconhecimento paternal não tem representado uma queda no número de mães solo. De 2019 para cá, a porcentagem de mulheres que criam filhos sozinhas saiu de 6,24% para 6,72%, segundo dados da Arpen-BA. Em 2021, das 179.300 pessoas nascidas na Bahia, 12.047 contavam apenas com mãe como responsável. A fotógrafa Ester dos Santos, 32, faz parte da estatística.

Casada na época em que ficou grávida, o ex-marido rompeu o relacionamento quando ela estava com dois meses de gestação. Apesar de ter registrado Henri dos Santos, 4, o pai nunca quis se relacionar com a criança. "Ele pediu para eu passar um tempo na casa da minha mãe e depois terminou em definitivo. Isso me abalou muito, tive depressão. Superei, tive Henri e crio ele da melhor forma possível. Todo esse tempo e ele [o pai] nunca quis saber do filho, é totalmente ausente", conta.

A única conexão entre eles se dá pela pensão que o pai paga que, segundo Ester, não cobre nem metade das despesas de Henri. Ainda assim, ela diz que ele não arca com o valor por afeto. "Ele não quer saber, não tem nenhum interesse. Última vez que o vi foi quando Henri tinha um ano e oito meses. Só é presente para dar pensão para ter respaldo jurídico e não ser preso lá na frente", afirma Ester.

Para Adriana Santana, 27, a história é bem parecida. Mãe aos 13, passou a gestação e o primeiro ano do filho, Breno Santana, 14, sem ver o pai do menino, que sumiu. Quando apareceu, registrou a criança e prometeu fazer parte da vida do filho, mas tudo ficou na conversa. "A falta que um pai faz é muito grande. Ter que explicar para ele que, apesar da ausência, era uma criança rodeada de amor, foi o que procurei fazer. Sempre fui verdadeira com ele, nunca pintei o pai de mal. Mas disse que ele preferiu viver outra realidade, não participar", relata.

A fisioterapeuta Danielle Cruz, 29, foi criada por mãe solo. Ela não chegou a conhecer o pai, não tem o nome dele no registro e nem sabe quem ele é. Foi criada em Alagoinhas, com mãe e avós. "Ela [mãe] acabou cuidando de mim e de meus avós, foi dona de casa, cuidadora de idosos, tinha muitas atividades que ela acumulou. Foi bem difícil. Não sinto falta [do pai], não passei por abandono, já nasci não fazendo ideia de quem era, porque, quando ele abandonou minha mãe, eu estava na barriga dela", explica.

Ela conta ainda que, em casa, o assunto sempre foi um tabu desde a sua infância porque o laço entre eles se rompeu de forma muito abrupta. Ela diz pensar sobre quem pode ser seu pai. "Eu tenho curiosidade, mas, se eu visse na rua, ia seguir minha vida. Mas, para procurar e fazer questão de ter o nome dele na minha identidade, não", garante.

Psicóloga explica importância da figura paterna

A psicóloga Silvia Fleming, mestra em psicologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Terapeuta do Esquema [tipo de abordagem terapêutica integrativa], explicou a importância da figura paterna durante a vida de uma criança e como o abandono pode impactar na vida do futuro adulto. Confira:

Qual a importância da presença do pai na formação de uma criança?

A presença dos cuidadores primários, pai e mãe, é fundamental para a constituição da identidade da criança. Dessa pessoa que um dia será um adulto. Então, quando um dos pais se recusa a exercer o seu papel e a conviver com o indivíduo, fica uma marca de falta, de abandono e de ausência, que pode sim trazer repercussões importantes para a formação de personalidade. A pessoa pode ter cuidadores substitutos, secundários, mas sempre vai ficar na sua história a marca de uma ausência e de um abandono. A presença dos pais é fundamental porque os nossos modelos de vínculo inicial de amor e de cuidado, as primeiras pessoas que nos ensinam que nós merecemos ser amadas e cuidadas são os nossos pais e quando um deles se exime dessa função fica uma marca.

Qual o impacto do abandono na vida da criança, do adolescente e do adulto?

Tem pessoas que podem acabar repetindo padrões de abandono em suas próximas relações, nas suas relações adultas. Tem pessoas que podem ter muito medo de abandono e muito medo de rejeição. Quando adulto, alguns podem evitar relacionamentos para evitar o abandono. Eles também podem ter ansiedade de separação mesmo quando adultos. Então, a marca desse abandono vai acontecer, mas de que forma isso vai aparecer para cada sujeito vai depender dessa história que vai sendo construída. Tudo depende de como esse abandono foi feito, que circunstâncias e como o cuidador que ficou lidou com a situação.

De que forma esse reconhecimento paternal afeta a vida de uma pessoa?

O reconhecimento da paternidade não deixa de ser uma reparação importante. A marca de abandono de alguma forma foi feita, mas é sempre possível reparar. Claro que quanto mais cedo isso for feito, menor o dano. Mesmo que não haja uma reparação na convivência com aquela criança, que seria o ideal, é uma reparação no exercício do papel paterno e há uma reparação no sentido de identidade daquela criança, que tem um nome registrado ali no seu documento, o nome de um pai. Então, esse reconhecimento paterno, mesmo que posteriori, é muito importante para diminuir os danos dessa parentalidade que parece que começou de maneira muito conturbada com o abandono paterno.

É mais fácil assimilar o reconhecimento paternal na infância ou quando já adulto?

A relação de pai e mãe com criança e adolescente é uma relação unilateral. Pai e mãe cuidam da criança e do adolescente, suprem. Quando a gente está falando de uma relação de parentalidade com adulto já é diferente, porque o adulto já é capaz de se prover, de se cuidar e de correr atrás e dar suporte para aquilo que ele mesmo precisa. Então, são processos distintos. O sujeito adulto que tem um reconhecimento de paternidade já tem condição de decidir, de escolher qual caminho para essa relação com esse pai, caso ele deseje. No caso da criança e do adolescente é sempre importante ouvi-los sobre a chegada desse pai caso o reconhecimento de paternidade aconteça para além de um registro de documento. É sempre importante ouvir o quão essa criança e adolescente tem interesse e abertura de receber essa figura que lá atrás abandonou e agora retorna. Isso deve ser feito com muita calma, com muita cautela e com muito respeito a essa pessoa que passou por esse abandono. Se for do interesse dessa criança e desse adolescente que esse espaço seja retomado nessa relação, aí sim a aproximação deve ser feita, mas sempre ouvindo muito essa criança e adolescente, já que eles são a parte hipossuficiente, a parte mais frágil, e principalmente que é a parte que precisa ser cuidada, eles devem ser os protagonistas nesse processo.

 

Uma pesquisa inédita do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da Universidade de São Paulo (USP) aponta que o consumo excessivo de pipoca de micro-ondas que tenha diacetil, composto responsável por dar o aroma e o gosto amanteigado, pode causar Alzheimer.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores avaliaram cérebros de ratos que consumiram o composto por 90 dias seguidos.

Após esse período, os cientistas do instituto identificaram moléculas associadas ao Alzheimer no cérebro dos animais, além de outras alterações que reforçam a tese de que o consumo regular e em altas concentrações do diacetil pode gerar danos cerebrais.

“Nós observamos que realmente existe a tendência do diacetil causar danos ao cérebro. De 48 proteínas cerebrais que avaliamos após a exposição dos animais ao produto, 46 sofreram algum tipo de desregulação ou modificação em sua estrutura por conta do consumo prolongado do composto. Nós identificamos o aumento da concentração de proteínas beta-amiloides, que normalmente são encontradas em pacientes com Alzheimer. Além disso, outras alterações verificadas no cérebro dos ratos podem estar relacionadas ao surgimento de demência e câncer”, afirmou o doutorando do IQSC Lucas Ximenes, autor da pesquisa.

Segundo o pesquisador, o diacetil afetou tanto os cérebros de ratos machos quanto os de fêmeas, sendo que algumas regiões do órgão foram mais comprometidas, como o hipotálamo.

O estudo é inédito, segundo Ximenes. "Até então, não se sabia exatamente quais os possíveis efeitos e modificações que o composto poderia gerar no cérebro de organismos vivos, existem poucos estudos nesse sentido. Além disso, alguns trabalhos utilizam quantidades absurdas do composto, até 50 vezes maiores que a que é utilizada nos produtos. O que nós fizemos foi utilizar concentrações de diacetil mais próximas do que seria um consumo diário normal”, afirmou.

Os cérebros dos ratos foram avaliados com a ajuda de dois equipamentos. Um deles, chamado espectrômetro de massas, faz a leitura e gera mapas de calor dos órgãos, formando uma espécie de impressão digital dos cérebros. Com isso, é possível observar como e em quais regiões certas proteínas e o diacetil estão distribuídos.

Em uma segunda etapa, outro aparelho, chamado cromatógrafo, ajudou a determinar se essas proteínas sofreram alterações, como o aumento de sua concentração ou alguma mudança estrutural preocupante.

Os testes foram realizados com um total de 12 ratos, sendo que metade foi o grupo controle (que tomou placebo) e a outra metade ingeriu o diacetil. Agora, os pesquisadores do IQSC pretendem realizar novos testes com um número maior de animais.