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Bahia com Tudo

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A guerra entre a Rússia e a Ucrânia acendeu as discussões sobre a dependência brasileira de fertilizantes. Um dos produtos que podem ser utilizados para diminuir a importação de fertilizantes, em grandes quantidades, são os remineralizadores de solo. A técnica consiste em aplicar ao solo rochas moídas compostas por minerais que contribuem para a melhoria da fertilidade do solo, possibilitando seu rejuvenescimento.

Atualmente, 25 produtos desta categoria estão registrados no país, dentre eles o Vulcano - primeiro remineralizador do norte-nordeste com registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Com composição típica de rochas silicáticas basálticas, a matéria-prima do produto vem de mina própria, situada em Salvador-BA, próxima ao Terminal Portuário de Cotegipe.

Indicado para todos os tipos de cultura e solos, o remineralizador é um produto natural e sustentável, menos agressivo ao meio ambiente e que não contamina rios e lençóis freáticos. “Acreditamos que através da revitalização dos solos, com técnicas de manejo sustentável e de baixo impacto ambiental, eles se tornarão mais férteis e mais produtivos, ajudando a aumentar a produção de alimentos mais saudáveis”, relata o sócio-fundador da Vulcano, Vitor Almeida.

A sustentabilidade dos remineralizadores é uma das vantagens da prática, que deve crescer ainda mais nos próximos anos. Pesquisas com este tipo de material apontam que a técnica gera resultados a médio e longo prazo. A remineralização aumenta a eficiência na absorção dos fertilizantes, o que leva à redução gradativa do seu uso ao longo dos ciclos. Além disso, a prática reduz o consumo de água nas plantações por gerar plantas com sistema radicular (responsável pela conexão entre as plantas com o solo) mais eficientes.

A técnica é uma das opções do Plano Nacional de Fertilizantes 2050, lançado em 11 de março, e que prevê a utilização dos remineralizadores como uma das opções para reduzir a dependência nacional dos fertilizantes. De acordo o Plano, “a cadeia emergente dos remineralizadores (REM) constitui-se em uma oportunidade de o Brasil diminuir a dependência externa de aquisição de fertilizantes, uma vez que potencializa a eficiência de uso de nutrientes e a melhoria dos solos agrícolas”.

Para o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antonio Carlos Tramm, o incentivo à pesquisa de soluções que diminuam a dependência dos fertilizantes estrangeiros são sempre bem vindos. Investimentos como os que estão sendo feitos pela CBPM, na produção de fosfato, por exemplo, são de grande importância para a ampliação da produção de fertilizantes, e também outras técnicas que possam substituí-los. “Essa dependência brasileira é inadmissível e insustentável e precisamos reverter essa situação investindo políticas públicas - de médio e longo prazo - eficientes, em pesquisa, em tecnologia e aproveitando de forma sustentável a nossa diversidade mineral”, pontuou Tramm.

Na Bahia, por exemplo, estudos de realizados pelo CPRM (Serviço Geológico do Brasil), no projeto da Agrominerais da Região de Irecê- Jaguarari-BA, constatou a presença de potássio e outros multinutrientes indicados para a remineralização de solo, na região e Campo Formoso e Pindobaçu, situado no centro-norte baiano. No entanto, são necessárias pesquisas complementares para verificar a viabilidade mercadológica e técnica sobre os possíveis locais e culturas que poderiam ser beneficiadas.

Outras alternativas

Além dos remineralizadores, outras soluções estão sendo estudadas para reduzir a dependência brasileira dos fertilizantes, como por exemplo a utilização de turfas. O produto é um composto orgânico, decomposto na natureza, encontrado principalmente em áreas com solos hidromórficos (alta concentração de água nas partículas).

Utilizado para melhorar as propriedades do solo, a turfa, através das substâncias húmicas (ácidos húmicos e fúlvicos) agem diretamente no solo ajudando a liberação dos nutrientes imóveis os tornando móveis e assimiláveis pelas plantas. Além disso, o produto pode potencializar o efeito dos remineralizadores.

De acordo com o especialista em estudo de solos e desenvolvimento da turfa e suas derivações, Maurício Carnevali, estudos realizados por ele mostraram que associada com o pó de rocha a turfa acelerou o processo de assimilação dos nutrientes do pó de rocha, aumentou o CTC (Capacidade de trocas Catiônicas), melhorou retenção hídrica e dentre outras coisas também diminuiu o uso de fertilizantes químicos. ‘

“Hoje com a crise de fertilizantes do mercado mundial, a procura por alternativas viáveis e economicamente mais baratas já estão sendo aplicadas. E, a mais eficaz que temos são a associação Organomineral da turfa com pó de rocha, podendo conter associação biológicas como a Trichoderma o qual combate alguns fitopatógenos nocivos às culturas, dentre outros biológicos que aumentam a disponibilidade do nitrogênio do solo e etc. São inúmeras as possibilidades reais, com preços acessíveis e com resultados satisfatórios onde se diminui a dependência química de fertilizantes e das importações dos macronutrientes principalmente nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K)”, ressalta Maurício Carnevali.

Além disso, de acordo com o presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm, tais iniciativas também trarão benefícios econômicos. “Com isto, poderemos reduzir a sangria de dólares com a importações de fertilizantes”, destaca.

O rendimento real habitual do trabalhador caiu 8,8% no trimestre encerrado em fevereiro deste ano, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Com isso, o valor passou de R$ 2.752 em fevereiro de 2021 para R$ 2.511 um ano depois.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada hoje (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A pesquisa também mostrou que a taxa de desemprego atingiu 11,2% no período e o número de desempregados chega a 12 milhões de pessoas.

Tipo de emprego
Os empregados com carteira assinada no setor privado aumentaram em 1,1% em relação ao trimestre anterior e em 9,4% na comparação anual (ou seja, com o trimestre encerrado em fevereiro de 2021).

Já o número de empregados sem carteira assinada no setor privado apresentou estabilidade em relação ao trimestre anterior, mas teve alta de 18,5% no ano.

Os trabalhadores por conta própria caíram na comparação com o trimestre anterior (-1,9%), mas subiu na comparação anual (8,6%), enquanto a quantidade de trabalhadores domésticos manteve estabilidade na comparação trimestral e subiu 20,8% no ano.

A taxa de informalidade foi de 40,2% da população ocupada, ou 38,3 milhões de trabalhadores informais. No trimestre anterior, a taxa havia sido de 40,6% e, no mesmo trimestre do ano anterior, 39,1%.

Subutilização
A população subutilizada, ou seja, os que estão desempregados, aqueles que trabalham menos do que poderiam e as pessoas que poderiam trabalhar mas não procuram emprego, ficou em 27,3 milhões, 6,3% abaixo do trimestre anterior e 17,8% menor do que um ano atrás.

A taxa composta de subutilização foi de 23,5%, abaixo dos 25% do trimestre anterior e dos 29,2% do trimestre encerrado em fevereiro de 2021.

A população desalentada, ou seja, aqueles que não procuraram emprego por vários motivos, mas que gostariam de ter um trabalho e estavam disponíveis para trabalhar na semana de referência, chegou a 4,7 milhões de pessoas. O número manteve-se estável em relação ao trimestre anterior e caiu 20,2% na comparação anual.

O percentual de desalentados na força de trabalho ou desalentada (4,2%) registrou estabilidade frente ao trimestre anterior e queda ante o trimestre encerrado em fevereiro de 2021 (5,5%).

Já a população fora da força de trabalho chegou a 65,3 milhões de pessoas, alta de 0,7% quando comparada com o trimestre anterior e queda de 5% na comparação anual.

O avanço da imunização da população carcerária contra a covid-19 e a redução do número de casos e de óbitos causados pelo novo coronavírus motivou o Ministério da Justiça e Segurança Pública a autorizar o retorno das visitas presenciais nas penitenciárias federais brasileiras, entre eles os estabelecimentos carcerários que abrigam alguns dos presos de maior periculosidade do Brasil, incluindo alguns apontados como líderes de organizações criminosas.

O gradual retorno das visitas por cônjuges, companheiros, parentes ou amigos de presos custodiados nas cinco unidades do Sistema Penitenciário Federal (Brasília; Campo Grande; Catanduvas (PR); Mossoró (RN) e Porto Velho) foi regulamentado por portaria publicada no Diário Oficial da União de hoje (31).

Assinado pelo diretor do Sistema Penitenciário Federal, José Renato Gomes Vaz,

É obrigatória a aferição da temperatura dos visitantes, uma vez que a crise sanitária decorrente da pandemia ainda “requer o emprego de medidas de prevenção e controle de riscos à saúde dos servidores, prestadores de serviço, colaboradores, autoridades e presos”, segundo a portaria.

Cada visitante adulto tem o direito de estar acompanhado por até duas crianças ou adolescentes. Os encontros presenciais ocorrerão exclusivamente no parlatório, onde um vidro impede o contato físico entre presos e visitantes, que se comunicam por meio de interfone.

A portaria mantém as visitas virtuais e limita a presença de advogados nos estabelecimentos federais a quatro atendimentos diários, com duração de até 30 minutos, também em parlatório.

As atividades de educação e de assistência religiosa aos presos estão autorizadas. Já as escoltas dos custodiados continuam suspensas, exceto quando requisitadas pela Justiça ou em casos de transferências emergenciais.

Até fevereiro deste ano, de acordo com os dados mais recentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 54.754 jovens baianos de 16 e 17 anos possuíam título de eleitor. O número representa apenas 11,2% da população total da Bahia nesta faixa etária, segundo estimativa do IBGE de 2019, e é 54% menor do que os 119.256 títulos do mesmo período de 2018, ano da última eleição presidencial. Os jovens têm até o dia 4 de maio para fazer o documento e poder votar nas eleições de 2022, que acontecem em outubro.

Se fizermos mais cálculos, os dados preocupam mais ainda. O número deste ano é o menor desde, ao menos, 2004, ano limite em que o TSE fornece dados de fevereiro separados por faixa etária, para possibilitar uma comparação equivalente. Você pode estar se questionando se a queda da quantidade de títulos entre eleitores jovens não faz parte de uma queda generalizada, mas a resposta é não. De 2018 para 2022, a queda de títulos, se consideradas todas as faixas etárias, é de apenas 4,8%.

E é preciso lembrar que o fato de o jovem tirar o título de eleitor nessa faixa etária não significa que ele irá, de fato, votar, já que o voto só é obrigatório a partir dos 18 anos. O estudante Lucas Gomes, de 16 anos, por exemplo, vai tirar o título este ano, mas ainda não sabe se irá votar. “É bom ter logo o documento para garantir e, como posso tirar online, é tranquilo. Mas ainda não decidi se irei votar, não tenho nenhum candidato. Alguns amigos meus também estão pensando assim, a gente não costuma falar muito de política”, diz ele.

Lucas se mostra desacreditado da capacidade dos governantes de mudar o país e confessa o desinteresse pela política. “Utilizo meu tempo livre para fazer coisas de lazer como ler livros, assistir séries e sair com os amigos, não costumo pesquisar sobre política. Eu acho que o voto é algo para ser utilizado para mudar o país, mas está tudo monótono, quem está no poder nunca muda as ações e sempre são roubos atrás de roubos ficando difícil votar em alguém confiando na sua capacidade”, acrescenta o estudante.

Por que os jovens não querem votar?

A resposta de Lucas passa pela análise que faz o cientista político Cláudio André de Souza, professor e pesquisador da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). “Essa queda pode ser um desinteresse fruto dos recentes casos de corrupção, que tratam a política como um grande problema, mas também pode ter relação com a polarização odiosa entre grupos políticos, o que fragiliza o entendimento da importância da política quanto aos governos e suas ações que influenciam bastante o nosso dia a dia”, coloca.

O presidente da Comissão Especial de Direito Eleitoral da OAB Bahia, Tiago Bianchi, acrescenta que a falta de incentivo das escolas é um fator adicional à explicação. “A falta desta discussão desde o ambiente escolar, quando os jovens são preparados para ingresso na vida adulta, com assunção de direitos e deveres, pode ser uma das causas de explicação desta participação tênue dos jovens nas eleições”, opina.

Para Bianchi, os jovens têm um potencial político que está sendo desperdiçado. “Os jovens têm sentimento de pertencimento, de sede de mudança, de questionamento, características peculiares e intrínsecas ao próprio sistema democrático brasileiro. Acredito que ao incentivar esses sentimentos, a possibilidade de acréscimo do número de menores participantes no pleito tende a aumentar”.

A advogada, professora de Direito Eleitoral da Universidade Federal do Ceará (UFC) e membro do Instituto Cearense de Direito Eleitoral (ICEDE), Raquel Ramos, ressalta que as discussões políticas podem até acontecer, mas o desafio é levá-las para as urnas. “Nós temos intensificado o debate político, temos até aumentado a intolerância política, mas a efetiva participação nas urnas tem caído. E não pode ser assim. A gente discute, discute, tem uma forte polarização e o que vai ‘resolver’ isso é o resultado nas urnas. As mesmas pessoas que passam horas discutindo política no WhatsApp ou em outros ambientes, são as mesmas que, muitas vezes, não vão votar ou acabam votando branco ou nulo”, aponta.

Para ela, atingir os jovens é um dos maiores desafios que as campanhas políticas têm pela frente. “Os jovens têm uma linguagem mais dinâmica, pensamentos diferentes, na maioria dos casos, do que pessoas mais velhas, é uma outra geração, com novas pautas. Eles têm ideias e demandas particulares que podem expressar e fazer diferença nas urnas, mas, para isso, as propagandas políticas vão precisar identificar isso e saber se adequar a esse público. As redes sociais são importantes nessa equação. Na verdade, hoje, o candidato que estiver fora das redes, está fora do jogo eleitoral”, acrescenta Raquel.

Por que o voto dos jovens é importante?

Rafaela Brito, de 17 anos, já tirou o título de eleitor e sabe bem da importância do voto. "Acredito que com o meu voto eu posso ajudar a mudar o cenário no qual vivemos. Se eu estou insatisfeita, eu preciso me mobilizar. Se todos nós trabalharmos juntos e entendermos a importância do voto consciente, esse cenário se modificará mais rápido", diz a estudante, que também incentiva os colegas a votarem.

E a conexão de Rafaela com a política não fica restrita ao voto, desde cedo, ela participa de movimentos estudantis e sociais e coloca em prática o que defende. "Sempre conversei muito sobre política com meus pais, então é algo que vem de casa", conta a jovem, que integra o Movimento Popular da Juventude e a União Municipal dos Estudantes Secundaristas.

“O voto representa a efetiva voz do cidadão, que vem sendo ampliada cada vez mais ao longo do século XX. Tivemos a inclusão do voto feminino, inclusão dos analfabetos e das pessoas com deficiência e, em 1988, a inclusão dos jovens entre 16 e 18 anos. Para além dessa inclusão formal, também tivemos o crescimento da percepção da importância do voto para a eleição dos representantes. Quanto mais amplo, no sentido qualitativo, o quadro de eleitores, mais amplo vai ser o quadro de governantes”, defende a advogada e professora Raquel Ramos.

O cientista político Claúdio André de Souza concorda e ressalta que os jovens têm características e pautas específicas que só tendem a somar ao ambiente político. “A participação dos jovens é fundamental para renovar quadros e lideranças na política a longo prazo. Outra questão é que a presença dos jovens garante mais atenção dos governantes com as pautas de interesse da juventude, tais como geração de emprego, acesso à universidade, políticas culturais, etc.”.

Nas redes sociais, artistas como Zeca Pagodinho, Juliette e Larissa Manoela iniciaram uma campanha nacional espontânea para incentivar os jovens de 16 e 17 anos a tirar o título e votar. Segundo o TSE, em fevereiro deste ano 835 mil jovens brasileiros com 16 e 17 anos tiraram o título de eleitor, o menor número da história. Até o momento, 13,5% das pessoas nessa faixa etária estão com o documento. Em fevereiro de 2018, o percentual era de 23,3%.

A cantora Anitta publicou no Twitter: “Então agora é isso hein... me pediu foto quando me encontrou em algum lugar? Se for maior de 16 eu só tiro a foto se tiver foto do título de eleitor”.

Onde tirar o título?
Atendimento presencial no TRE-BA

Desde o início de março, o TRE-BA retomou o atendimento presencial. Os cartórios eleitorais de todo o estado estão abertos para o público mediante agendamento, que pode ser feito pelo portal do TRE-BA ou por telefone (71) 3373-7000.

Atendimento online

Para além do atendimento itinerante e do agendamento para acesso presencial aos cartórios, os serviços online permanecem disponíveis e os eleitores podem contar com o auxílio do Núcleo de Atendimento Virtual ao Eleitor (NAVE), que pode ser acessado pelo site do TRE-BA (www.tre-ba.jus.br), pelo Telegram (@maiatrebot) e pela central telefônica (71) 3373-7000, de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h.

Saiba como tirar o primeiro título online

Segundo o artigo 14 da Constituição Federal, o voto é facultativo para jovens de 16 e 17 anos, mas passa a ser obrigatório a partir dos 18 anos. Por isso, se você já tem idade para participar de uma eleição, não perca tempo: confira os passos para solicitar a primeira via do documento pela internet.

Desde o ano passado, como forma de prevenir o contágio pelo novo coronavírus, é possível fazer a emissão do título de forma online, por meio do sistema TítuloNet, utilizando computador, tablet ou celular. Basta acessar o sistema, selecionar a opção “não tenho” na guia “Título de eleitor” e preencher todos os campos indicados com dados pessoais, como nome completo, e-mail, número do RG e local de nascimento.

Além dessas informações, é preciso anexar pelo menos quatro fotografias ao requerimento para comprovação da identidade. A primeira delas é uma fotografia (selfie) segurando um documento oficial de identificação. As duas seguintes são da própria documentação utilizada para comprovar a identificação da primeira foto.

Por fim, é necessário juntar um comprovante de residência. Homens com idade entre 18 e 45 anos devem enviar ainda o comprovante de quitação com o serviço militar. As imagens devem estar totalmente legíveis. Caso contrário, a solicitação pode ser negada pela Justiça Eleitoral.

O pedido de emissão do documento também pode ser acompanhado pela internet: basta acessar a guia “Acompanhar Requerimento” e informar o número do protocolo gerado na primeira fase do atendimento.

Após o processamento dos dados – caso não haja pendências –, pode-se baixar o aplicativo e-Título no celular e, assim, utilizar a versão digital do documento, dispensando o título em papel. O app permite o acesso fácil e rápido às suas informações pessoais armazenadas no banco de dados da Justiça Eleitoral.

Quantidade de jovens de 16 e 17 anos com título de eleitor (Fonte: TSE)

*Em negrito estão os anos que tiveram eleições presidenciais

Fevereiro de 2022 - 54.754
Fevereiro de 2020 - 171.508
Fevereiro de 2018 - 119.256
Fevereiro de 2016 - 120.886
Fevereiro de 2014 - 124.888
Fevereiro de 2012 - 136.012
Fevereiro de 2010 - 109.092
Fevereiro de 2008 - 161.053
Fevereiro de 2006 - 154.861
Fevereiro de 2004 - 202.035

Ranking nacional de quantidade de títulos entre jovens de 16 e 17 anos (Porcentagens obtidas a partir de dados do TSE de fevereiro de 2022 e do IBGE de 2019)

Estado Quantidade de títulos Percentual
Piauí 20.589 20,50%
Amazonas 27.034 18,30%
Goiás 35.143 17,50%
Pará 54.873 17,50%
Maranhão 45.035 17,10%
Paraíba 24.063 17%
Roraima 3.351 16,70%
Rio Grande do Norte 15.796 16,20%
Ceará 45.020 16,10%
Sergipe 11.904 15,80%
Tocantins 8.493 15,40%
Pernambuco 45.566 14,60%
Paraná 43.135 14,50%
Rio de Janeiro 54.070 13%
Santa Catarina 23.913 12,70%
Amapá 4.257 12,50%
Minas Gerais 72.379 12,10%
Alagoas 14.401 11,80%
Rio Grande do Sul 33.697 11,30%
São Paulo 141.668 11,30%
Bahia 54.754 11,20%
Mato Grosso do Sul 9.150 11,20%
Mato Grosso 10.487 10,20%
Rondônia 5.600 10%
Acre 3.344 9,80%
Distrito Federal 9.764 9,80%
Espírito Santo 10.846 9,60%
Brasil 834.986 13,50%

Os médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) seguiram o movimento dos servidores e entraram em greve em todo país, nesta quarta-feira (30). As perícias programadas nas agências da Previdência Social da Bahia foram suspensas por tempo indeterminado.

Os peritos reivindicam reajuste salarial de 19,9% para repor perdas inflacionárias desde 2019 e a fixação de no máximo 12 atendimentos presenciais por dia. Além disso, eles também pedem a distribuição igualitária de agendamentos entre os profissionais dos turnos da manhã e da tarde, direito a feriados e recessos e o fim de espaços na agenda.

"Durante muito tempo, a categoria se esforçou para desenvolver o diálogo e para oferecer alternativas menos onerosas do que a paralisação total, mas não recebeu tratamento semelhante por parte do governo, circunstância essa que acarreta, nesse momento, a adoção dessa medida extremamente grave", declarou a Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP), em nota.

A greve nacional acontece desde o último dia 23 e, na segunda (28), os servidores INSS iniciaram uma greve por tempo indeterminado em toda a Bahia. A categoria suspendeu os atendimentos em todas as sete gerências e 140 postos de atendimento do estado. De acordo com o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social no Estado da Bahia (Sindprev), Edivaldo Santa Rita, na quinta-feira (31), a categoria vai fazer um ato nacional em todo o país. Em Salvador, a manifestação acontece em frente ao Ministério da Economia, no Comércio, às 6h, para fazer uma atualização da greve.

O INSS nacional ainda não se posicionou sobre a situação e o regional da Bahia afirmou que só se emitirá nota após posicionamento oficial por parte do Instituto.

Santa Rita explica que a greve acontece por tempo indeterminado. "Já tivemos uma primeira sinalização de conversa com o presidente do INSS e com o ministro da Economia, mas não avançamos", disse o coordenador do Sindprev.

Segundo a Portaria nº 922, de 06 de setembro de 2021, nos casos que o atendimento não possa ser realizado por indisponibilidade nas agências, como no caso de greves, o INSS deve reagendar automaticamente, sem a necessidade de solicitação por parte do usuário.

A advogada previdenciária do INSS Carla Vitória explica que a orientação dos advogados aos clientes estava sendo procurar as agências, mesmo com os servidores em greve, porque ainda estavam ocorrendo as perícias médicas, mas agora a única saída é recorrer ao Poder Judiciário. "Temos que aguardar, infelizmente, para saber quais serão as possibilidades que o INSS vai oferecer pra gente, se vai voltar a ter a perícia remota, que foi o que aconteceu durante a pandemia. As pessoas não podem ficar prejudicadas", disse a advogada.

Mesmo com a greve, os usuários podem reagendar atendimentos pelo site no aplicativo ou site “Meu INSS” e pela central 135 para tentar agendar ou realizar um serviço antes de procurar uma agência.

O cenário eleitoral da Bahia segue com reviravoltas com aliados que até poucos dias eram adversários e vice-versa. O nome do presidente da Câmara Municipal de Salvador, Geraldo Júnior (MDB) passou a liderar as apostas para ser indicado como pré-candidato a vice-governador na chapa do PT. O vereador é aliado do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, e integra a base do atual prefeito Bruno Reis.

Há pouco mais de 15 dias, o vice-governador da Bahia, João Leão (PP), rompeu com a gestão estadual do PT para ser pré-candidato ao senado na chapa da oposição liderada por ACM Neto (União Brasil),

Em entrevista à Rádio Metrópole, na manhã desta quarta-feira (30), o governador Rui Costa fez elogios a Geraldo Júnior e disse que o nome do vereador e presidente da Câmara seria uma excelente opção para compor a chapa que terá Jerônimo Rodrigues (PT) como candidato ao governo do Estado e Otto Alencar (PSD) como candidato ao senado.

 

"Com o Geraldo eu tenho uma relação pessoal. Ele é presidente da Câmara, e como eu já fui vereador de Salvador, a gente se fala periodicamente, por telefone ou pessoalmente. Ele é um jovem trabalhador que tem desejos de realizar pelo seu povo. Eu diria que é um excelente nome porque Jerônimo é de Aiquara, de Jequié, do interior da Bahia, e Geraldo de Salvador, então seria um excelente casamento", disse o governador após ser questionado pelo apresentador Mário Kertész.

Na terça-feira (29), Geraldo Júnior (MDB) foi reeleito presidente da Câmara de Vereadores de Salvador, após votação na tarde desta terça-feira (29). A eleição para o biênio 2023-2024 deveria acontecer no ano que vem, mas foi antecipada após publicação da convocação feita pelo presidente no Diário Oficial de terça-feira.

O governador elogiou a reeleição de Geraldo Júnior e disse que falou com o presidente da Câmara após o pleito. Rui Costa reforçou que o nome do vereador seria uma excelente opção para compor a chapa.

"Ontem eu até liguei para ele e parabenizei, até pelo placar elástico (da eleição). Ele teve 35 votos (o vereador foi eleito em chapa única). Foi uma vitória com uma esmagadora maioria dos votos. É um nome que conhece muito Salvador e todos os bairros, por isso seria um bom casamento essa boa dobradinha com Jerônimo", disse o governador.

Rui Costa disse ainda que existe a possibilidade das negociações pelo nome do pré-candidato a vice avancem ainda mais nesta quarta. O governador afirmou que se depender de sua vontade, o nome dos três integrantes da chapa, que já tem Jerônimo Rodrigues e Otto Alencar, deve ser anunciado em um evento nesta quinta-feira (31) em Salvador, com a presença do ex-presidente Lula.

"Vamos ver se ao longo do dia de hoje teremos essa novidade. Seria uma boa ter a chapa completa amanhã com o presidente Lula. Se depender de minha opinião e meu esforço, amanhã teremos o governador, o vice e o senador para essa foto emblemática", disse Rui Costa.

Nas imagens oficiais divulgadas pelo Partido dos Trabalhadores, o evento de quinta-feira com o presidente Lula formalizará a aliança entre, pelo menos, sete partidos. Além do próprio PT, que terá o candidato ao governo do Estado, e do PSD, de Otto Alencar, pré-candidato ao senado, PSB, PCdoB, PV, Avante e Patriota estarão no mesmo palanque.

Caso Geraldo Júnior integrante a chapa petista, ele deve levar o MDB para a aliança. O governador também confirmou que há negociações pela entrada de novos partidos na coligação.

"Estamos avançando e nessa semana podemos ter novidade de mais partidos", disse Rui.

Já a principal candidatura de oposição já anunciada, do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil) já teve confirmado o apoio de quatro partidos, PP, Cidadania, Solidariedade e Podemos.

Ao menos 11 cidades da Bahia já desobrigaram uso de máscaras em espaços abertos. No entanto, apesar da medida flexível, até esta quarta-feira (30) estes mesmos municípios não haviam alcançado 50% de vacinados com a dose de reforço da Covid-19.

Os dados compilados pelo g1 Bahia são da Central Integrada de Comando e Controle da Saúde, da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Dentre os locais já liberados, Itanagra – a cerca de 130 km de Salvador – é a que tem o maior percentual do público alvo vacinado com reforço.

A cidade de Boninal, que fica na região da Chapada Diamantina, por exemplo, já vacinou todo o público alvo com a terceira dose, e também excedentes. No total, eram estimados 10.693 e as vacinas foram aplicadas em 11.768 pessoas. É o único município baiano que já atingiu 100% de cobertura.

Salvador, que ainda não desobrigou o uso de máscaras em locais abertos ou fechados, mas já iniciou o debate entre prefeitura e governo, tem 49,59% do esquema vacinal de terceira dose completo.

O primeiro município a anunciar a não obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes abertos foi Porto Seguro, cidade do sul do estado. De todas as cidades que já flexibilizaram a medida, esta é a segunda com o pior esquema vacinal em terceira dose, ficando atrás apenas de Conceição do Coité, com 16,87%. [Veja lista abaixo]

Cidades que já desobrigaram o uso de máscaras em locais abertos

Cidades Percentual de vacinação em 3ª dose
Conceição do Coité 16,87%
Cruz das Almas 34,63%
Eunápolis 29,89%
Feira de Santana 44,33%
Itabuna 30,44%
Itanagra 48,67%
Mata de São João 47,40%
Pojuca 47,29%
Porto Seguro 25,83%
Santo Antônio de Jesus 47,49%
São Gonçalo dos Campos 37,67%
Vitória da Conquista 37,46%
Fonte: Sesab

O Ministério da Saúde afirmou nesta quarta-feira (30) que não pretende decretar o "fim da pandemia" de Covid-19 no Brasil nos próximos dias. A declaração vai contra a expectativa declarada pelo presidente Jair Bolsonaro, que citou em evento na Bahia que havia estudos para que isso ocorresse até 31 de março.

Em evento em Brasília, representantes da pasta esclareceram que não está na competência do ministério decretar o fim da pandemia, mas sim estipular a validade do decreto que instituiu "emergência sanitária nacional" por causa da Covid-19, em fevereiro de 2020.

Segundo a Lei 13.979/2020, que trata de medidas de enfrentamento da pandemia, um "ato do Ministro de Estado da Saúde disporá sobre a duração da situação de emergência de saúde pública" sobre o qual trata a legislação.

Para decretar o fim da emergência pública, segundo Queiroga, é preciso que ao menos três fatores estejam contemplados (entenda mais abaixo). Além disso, o ministro disse que Bolsonaro pediu "prudência", na análise da questão. A declaração de pandemia foi feita em 11 de março de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Depois disso, países regulamentaram leis para determinar como seria o enfrentamento à doença.

Três pontos
Segundo Queiroga, para determinar o fim de emergência em saúde pública, é preciso fazer análises. Ele citou três pontos:

Cenário epidemiológico
Estrutura do sistema hospitalar
Ter à disposição determinados medicamentos que podem ter ação eficaz no combate à Covid-19 na sua fase inicial

"Precisamos analisar o cenário epidemiológico que, felizmente, cada dia ruma para um controle maior, com queda de casos sustentada na última quinzena, queda de óbitos. A segunda condição é a estrutura do nosso sistema hospitalar, sobretudo das UTIs. O terceiro ponto é ter determinados medicamentos que podem ter ação eficaz no combate à Covid-19 na sua fase inicial para impedir que essa doença evolua para a forma grave", explicou o ministro.

O fim da Emergência em Saúde Pública, no entanto, impacta em mais de cem medidas e portarias, que deixarão de valer com o fim da pandemia.

"Eu tenho a caneta, mas tenho que usar de maneira apropriada. O presidente pediu prudência. Não pode ser interrompida nenhuma politica pública que seja importante e fundamental ao combate da Covid-19", completou Queiroga.

De pandemia para endemia
Endemia é o status de doenças recorrentes, típicas, que se manifestam com frequência em uma determinada região, mas para a qual a população e os serviços de saúde já estão preparados.

Nas últimas semanas, o ministro da Saúde chegou a falar sobre o rebaixamento de pandemia para endemia, assim como o presidente Jair Bolsonaro. Em 16 de março, Bolsonaro afirmou que pretendia alterar, até 31 de março, o status da Covid-19 no Brasil.

"A tendência do Queiroga, que é autoridade nesta questão, tem conversado na Câmara de Deputados, parlamentares, também o Supremo, que é o órgão federal. A ideia é que até o dia 31, é a ideia dele, passar de pandemia para endemia e vocês vão ficar livres da máscara em definitivo", disse Bolsonaro.

Em 18 de março, Queiroga disse em Belo Horizonte que a pandemia deveria ser rebaixada para endemia até o início de abril.

"Estamos bem próximos de fazer isso, né? O presidente tem uma expectativa que isso aconteça agora no final de março, começo de abril. Precisamos ver a questão epidemiológica. O presidente Bolsonaro dá a nós, do Ministério da Saúde, autonomia muito grande para nós trabalharmos e os resultados destas políticas estão aí", disse Queiroga.

Desde março de 2020 a Organização Mundial de Saúde classifica como pandemia o cenário da Covid-19 no mundo. Em janeiro deste ano, o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, emitiu alerta aos líderes mundiais de que a pandemia de Covid-19 "não está nem perto do fim".

Em sessão extraordinária , na tarde de terça-feira (29), a Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), aprovou o Projeto de Lei nº 24.362/2021, alterando a Lei nº 2.929, de 11 de maio de 1971, que enquadra a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) no novo Marco Legal do Saneamento. O PL, oriundo do poder executivo, foi aprovado com 26 votos da bancada governista e oito contrários da oposição.

Com a aprovação do 24.362/2021, será acrescido à Lei 2.929 o Artigo 15-A, que estabelece como objeto social da empresa a prestação de serviços de saneamento básico no estado da Bahia e em todo o país, compreendendo as atividades de abastecimento de água e esgotamento sanitário, bem como seus subprodutos de forma adequada à saúde pública e em quaisquer outras correlatas que guardem relação direta ou indireta com o setor.

O deputado Hilton Coelho (PSOL) afirmou que o Projeto de Lei significa o “esquartejamento da Embasa”, com o objetivo de privatizá-la. Para o deputado Carlos Geílson (PSDB), um projeto de tamanha importância não poderia ser votado sem uma ampla discussão. Já o líder do governo, deputado Rosemberg Pinto (PT), garantiu que o PL “não tem uma linha sobre privatização ou abertura de capital da Embasa”.

A delimitação no mapa, os registros em documentos públicos e nos livros de história, possuir serviços essenciais e a conexão com um estado. Estes podem ser elementos de uma cidade, mas sem gente fica difícil defender a ideia de urbe. Uma capital como Salvador, culturalmente rica, diversa e única, duvidosamente seria o que é hoje, 29 de março de 2022, quando completa seus 473 anos, não fossem os povos que a mantiveram de pé.

Terra de hospitalidade e resistência indígena, orgulhosa primeira capital do então território colonial português e já tendo sido, lamentavelmente, o maior porto para a chegada de pessoas negras escravizadas das Américas, a Salvador do presente se conecta com seu povo do passado através de costumes e tradições que se mantêm, renovam-se e se cruzam.

Nas ruas, as contribuições desses grupos étnicos se apresentam e chegam a se misturar. O vestido de renda tradicionalmente português é usado pela baiana que vende os quitutes de herança africana; os nomes de muitos bairros da capital mantêm vivas línguas indígenas; a paisagem urbana ora remete às ruas de Lisboa, em Portugal, e em outros momentos transporta para Lagos, cidade do sudoeste da Nigéria.

“Salvador é enriquecida por não estarmos fechados em uma cultura somente. Somos uma mistura de povos e essa diversificação é saudável. Você tem a culinária e o falar indígena, a cultura africana e costumes de diversos continentes dentro de um lastro que é o da colonização portuguesa.”
Ele próprio conta vivenciar o clima português em Salvador atestado pela família de origem portuguesa. Senna lembra que já morou no bairro da Saúde em um sobrado, um tipo de construção tipicamente portuguesa que é frequente ainda hoje naquela região do Centro Antigo.

Religiosa, Salvador é uma cidade que preserva e adapta procissões e festas católicas que se assemelham à religiosidade europeia, assim como consegue unir folhas, indumentárias, ritos e filosofias indígenas e africanas em tantas feiras de rua e espaços de culto. Para o antropólogo e babalorixá Vilson Caetano, as contribuições da religiosidade de matriz africana são tantas que chega a ser difícil distinguir onde começam e terminam.

“A questão da religiosidade perpassa tudo. A concepção de espaço sagrado, da comida sagrada e a ideia de cura que está presente nesta cidade”.

Nascido em Valença, capital do Baixo Sul baiano, Caetano vive há cerca de 30 anos em Salvador. “Aqui é uma cidade mágica, a gente sente a presença dos ancestrais muito próxima. A gente vê África em cada esquina e é justamente isso que nos ajuda a enfrentar as contradições da cidade de Salvador, porque embora seja a cidade mais negra fora do continente africano ainda é uma cidade onde nós homens e mulheres negras não temos lugar”, afirma o professor da UFBA.

A cultura indígena carece de preservação. Combates, doenças e fugas por sobrevivência quase extinguiram os povos indígenas da capital, sobretudo os Tupinambás, que eram em maior número. Professor da disciplina A História dos Povos Indígenas do Brasil da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Fabricio Lyrio olha para trás para lembrar como a receptividade inicialmente dirigida aos portugueses, o conhecimento estratégico do território ‒ das áreas de defesa à alimentação local, além do próprio suor e trabalho são características indígenas que merecem atenção.

“Esses povos não acabaram, eles continuam existindo. Muitos precisaram se deslocar para outras regiões, mas essa não é uma história do passado, os indígenas seguem no processo de resistência e de luta por direitos”.

Conheça cinco áreas em que costumes e tradições indígenas, negros e portugueses se cruzam
1) Sistema métrico e ordenamento da venda na rua

Em Salvador, “um litro” de cajá pode corresponder a uma lata de óleo ou parte de uma garrafa pet. Na feira, também dá para comprar “uma mão” de camarão, sem esquecer de pedir uma quebra. De acordo com o professor Vilson Caetano, essa informalidade e o modo como a cidade historicamente se abastece de alimento são característicos e têm uma origem: a forma como os negros organizam a venda de alimentos na cidade no passado.

“Vários autores chamam a atenção para o fato de só termos um celeiro público no final do século 19. Então, como a comida chegava às pessoas? Você tinha os armazéns, com os portugueses e depois os espanhóis, ou na rua mesmo com uma ativa participação dos africanos, das quitandeiras, das mulheres que compravam todo o peixe da praia e levavam o preço lá para cima”, ilustra Vilson.

O professor lista que o modo como a cidade vende e compra seus alimentos é fortemente influenciado pela cultura africana. “As permutas, um feirante que não tem um produto, mas pega na mão de outro para não deixar o cliente ir embora, as medidas que são diferentes do sistema métrico, uma mão de seriguela, por exemplo, tem também o modo de mercar gritando”.

O fato de alimentos para o corpo e para a alma se encontrarem em um só lugar, como na Feira de São Joaquim, também vem daí. “O africano não separa o sagrado do cotidiano. A gente vê isso aqui em Salvador, assim como em algumas áreas como nas feiras de Angola e Benin”, compara.

2) O quitute da África com a indumentária de Portugal

Tem um tanto de Portugal na tradicional indumentária da baiana de acarajé. É o que defende o pesquisador Francisco Senna. Para o professor aposentado da UFBA, a influência dos bordados é um dos exemplos da presença da arte portuguesa na cidade, incluindo a pintura, especialmente nas igrejas, além da prataria e ourivesaria na cidade com forte influência lusitana.

“O traje da baiana não é o traje da africana. O traje da africana é aquele vestido pintado, muito colorido, muito bonito, longilíneo e amarrado no corpo. Já o traje da nossa baiana é um traje de influência mista Portugal e África, mas com dominância muito grande dos tecidos portugueses, dos bordados, da barafunda portuguesa, toda aquela estrutura de saias rodadas que vem de Portugal e não de África, porque da África vem o traje mais esguio com aquele pano da costa muito elegante"

3) Inspirações portuguesa e africana têm elementos materiais e simbólicos no urbanismo

Cidade alta, cidade baixa. Essa é uma das divisões geográficas mais características de Salvador. Para além dessas imposições geográficas de uma cidade que cresceu a partir das estratégicas fortificações à beira do mar, há aspectos culturais de origem africana e portuguesa.

A comparação entre o centro antigo de Salvador e as cidades Lisboa e Porto, em Portugal, é recorrente. “Nossa arquitetura é essencialmente lusitana. Isso está presente nas nossas igrejas, conventos, sobrados, edifícios públicos, nas fortificações…”, enumera o Francisco Senna. Já para o professor Vilson Caetano, há uma outra comparação possível e que não é apenas por semelhança arquitetônica.

“Da mesma forma como se compara Lisboa e o Pelourinho, quem vai em algumas cidades do continente africano, em cidades como Lagos, na Nigéria, vai sentir que somos muito parecidos na maneira como nós organizamos o território. Falo a nível de organização, de otimização de espaço, de demarcação de alguns espaços como sagrados”, explica.

Piatã, Paripe, Pituaçu, Pernambués. Para além do P, esses são bairros de Salvador que trazem palavras de origem indígena. Narandiba, Tororó e Itapuã são outros exemplos de como a cultura indígena é presente na divisão do território da capital.

4) A comida do dia-a-dia portuguesa e a comida festiva e religiosa africana

Sexta-feira é dia de comida baiana, assim como muitas ocasiões festivas em Salvador pedem uma comida de dendê, com fortes influências africanas. Mas a nossa comida do dia-a-dia está ligada muito mais com os legados da colonização portuguesa, segundo o professor Francisco Senna.

"A culinária luso baiana é aquilo do cotidiano da mesa das famílias baianas. O arroz, o feijão, um ensopado, na janta você tem a sopa, o pão com café com leite. São costumes trazidos da mesa portuguesa e que em Salvador vai ser muito forte ao lado da tradição africana”.

Para o pesquisador, bolos, tortas e doces apreciados na capital baiana são um capítulo à parte, também com forte inspiração na doceria e confeitaria portuguesa.

Por outro lado, para o professor e babalorixá Vilson Caetano, os cultos de matrizes afro-brasileiras preservaram pratos que teriam se perdido não fosse a tradição religiosa, que os mantiveram como comida ritual, como é o caso do aluá ou aruá (bebida fermentada de origem afro-indígena), acaçá (espécie de manjar com milho e leite de coco servido na palha de bananeira) e o ekuru (uma espécie de farofa de feijão fradinho), além da própria maneira de fazer o acarajé e outros elementos da chamada comida baiana, fartamente consumida na capital.

Os usos e diferentes formas de manipulações de raízes, como a mandioca, são parte da contribuição da cultura indígena, que também se mistura na comida baiana, como no bobó. Os povos indígenas deram grandes contribuições sobre quais alimentos eram consumíveis. “Como diz Ailton Krenak, não fosse os índios, os portugueses nem saberiam que um caju dava para comer”, comenta o historiador Fabricio Lyrio.

5) Negros e indígenas contribuíram como o modo como lidamos com as doenças

Um banho de folha, um chá, uma ida à igreja de São Lázaro para fazer uma promessa. Para o antropólogo Vilson Caetano, o modo como os soteropolitanos ainda hoje lida com as enfermidades também é uma contribuição da comunidade negra para a cidade. “O cuidado com a saúde na colônia foi um dos grandes desafios. Africanos e africanas empregaram diferentes saberes milenares, das suas culturas, para acudirem a cidade em vários momentos, sobretudo nos momentos de epidemia”, pontua.

A relação entre saúde e fé com práticas religiosas tem seu diferencial na capital. “Você tem cultos a santos católicos na cidade de Salvador que, se você for olhar, no fundo, no fundo, são cultos a vodus, ancestrais ou orixás africanos que estão ali representados”, acredita. Além de São Lázaro, o culto a São Cosme e Damião invocados também como santos médicos são exemplos dessas referências para o pesquisador.

Fonte: G1/Bahia