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Bahia com Tudo

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Um passageiro do metrô de Salvador ficou com a perna presa no vão entre o trem e a plataforma de embarque na Estação Retiro, na noite do domingo (20).

O momento foi filmado pelos presentes. Um vídeo mostra um agente da CCR Metrô tentando retirar a perna do homem do espaço.

A CCR Metrô Bahia informou que os Agentes de Atendimento e Segurança foram acionados. De acordo com a concessionária, o homem recebeu os primeiros socorros, mas recusou o encaminhamento para uma unidade de saúde, após o atendimento.

A concessionária reforçou que realiza campanhas de conscientização sobre os cuidados durante o embarque, a viagem e o desembarque dos trens.

A ministra da Igualdade Racial Anielle Franco lamentou, nesta sexta-feira (18), a morte de Mãe Bernadete, ialorixá e liderança quilombola, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador.

"Já conhecia a mãe Bernardete e tive a oportunidade de encontrá-la em julho deste ano - tão forte, bonita e emocionante - em Salvador, quando lançamos o Encontros Abre Caminhos pelo Brasil", escreveu a ministra.

Ela reforçou que uma comitiva liderada pela pasta vem para a Bahia acompanhar o caso.

"É muito doloroso ver nosso povo sendo levado de formas tão cruéis, por crimes motivados também por ódio. Uma comitiva liderada pelo MIR está indo à Bahia para garantir a proteção e defesa do território e de seus povos", escreveu. "Que os orixás acolham Mãe Bernardete. Toda a solidariedade aos familiares . E nosso profundo compromisso com todo o povo de axé!"

A Ordem dos Advogados do Brasil, seção Bahia, também divulgou nota lamentando o crime. "Mãe Bernadete foi morta quando seus filhos e filhas do Candomblé se preparavam para liturgias que seriam realizadas nos próximos dias, numa dupla violação ao direito constitucional à proteção aos locais de culto e aos territórios de comunidades tradicionais", diz o texto.

A OAB presta solidariedade aos familiares da ialorixá e à comunidade e pede apuração do caso. "A OAB-BA conclama o Governo da Bahia e o Governo Federal a empreenderem todos os esforços necessários para identificar, julgar e condenar os assassinos de Mãe Bernadete e seu filho Binho do Quilombo e trazer justiça e paz ao Território Quilombola de Pitanga dos Palmares", diz, lembrando o filho de Mãe Bernadete, Flávio Gabriel Pacífico, o Binho do Quilombo, morto a tiros em 2017.

Duas semanas antes de ser executada a tiros em Simões Filho na quinta-feira (17), Mãe Bernadete pediu por mais segurança ao Supremo Tribunal Federal (STF) através da Ministra Rosa Weber, com quem esteve em evento no dia 26 de julho. Na ocasião, ela lembrou a falta de resolução no caso do assassinato de seu filho, Binho do Quilombo, em 2017, e relatou ameaças que sofria na região e uma realidade em que vivia 'monitorada'.

"Recentemente, perdi um outro amigo e amiga de quilombo também. É o que nós recebemos: ameaças. Principalmente, de fazendeiros e de pessoas da região. É o que nós recebemos. Hoje vivo assim: não posso sair que tô sendo revistada, minha dela casa é toda cercada de câmera, me sinto até mal com um negócio desse", disse Mãe Bernadete em desabafo para a Ministra.

No Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, em Salvador, onde trata da liberação do corpo de Mãe Bernadete, Wellington Pacífico, filho da líder quilombola, lembrou o pedido da mãe. "Ela falou, pediu por mais segurança e eu estava presente no dia. Nós somos perseguidos, as nossas lideranças são mortas. Eu perdi meu único irmão há seis anos e, agora, perco minha mãe da mesma forma, através de execução", falou, expressando revolta com o caso.

A presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, Rosa Weber, se manifestou sobre a morte de Mãe Bernadete e cobrou esclarecimentos. Ela relembrou o encontro que teve com a líder quilombola.

Confira a nota na íntegra:

"Lamento profundamente a morte de Maria Bernadete Pacífico, do Quilombo Pitanga dos Palmares, com quem me encontrei há menos de um mês juntamente com outras lideranças no Quilombo Quingoma, na Bahia.

Mãe Bernardete, que me falou pessoalmente sobre a violência a que os quilombolas estão expostos e revelou a dor de perder seu filho com 14 tiros dentro da comunidade, foi morta em circunstâncias ainda inexplicadas.

As autoridades locais devem adotar providências para o urgente esclarecimento e reparação do acontecido, a fim de que sejam responsabilizados aqueles que patrocinaram o covarde enredo e imediatamente protegidos os familiares de Mãe Bernardete e outras lideranças locais.

É absolutamente estarrecedor que os quilombolas, cujos antepassados lutaram com todas as forças e perderam as vidas para fugir da escravidão, ainda hoje vivam em situação de extrema vulnerabilidade em suas terras. Assim como é direito de todos os brasileiros, os quilombolas precisam viver em paz e ter seus direitos individuais respeitados."

Wellington lembrou ainda que a mãe é figura de liderança nacional para o povo quilombola e travava diversas lutas para defender o direito dos quilombos em Salvador, na Bahia e no Brasil. "Minha mãe é coordenadora nacional dos Quilombos, do Conaq. Ela lutava por recursos, melhorias e direitos dos quilombolas. E toda pessoa que luta dessa forma é eliminada pelo sistema. A história está aí para provar", ressaltou.

O corpo de Mãe Bernadete vai ser liberado no Instituto Médico Legal às 10h30 dessa sexta-feira. Ela vai ser velada no Quilombo Pitanga de Palmares durante a noite e a madrugada, sendo sepultada no início da manhã no quilombo.

Investigação

Equipes das polícias Militar, Civil e Técnica estão em diligências para investigar o assassinato da ialoxirá e líder quilombola Mãe Bernadete. A informação foi divulgada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), nesta sexta-feira (18).

Na nota, a SSP informa que "após tomarem conhecimento do fato, iniciaram de imediato as diligências e a perícia no local para identificar os autores do crime". A secretaria pede que pessoas que tenham pistas sobre os autores informem à polícia, em sigilio, através do telefone 181.

A delegada Andréa Ribeiro, diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), disse em coletiva nesta sexta-feira (18) que dois homens estão sendo procurados pela morte de Mãe Bernadete, executada ontem à noite em Simões Filho. A polícia ainda não sabe se há câmeras que podem ajudar na investigação, mas está à procura.

A delegada diz que a Polícia Civil ainda não tem conhecimento sobre o programa de proteção que Mãe Bernadete fazia parte. "Se por ventura ela integrava algum programa de proteção à testemunha isso será trazido aos autos e levado em consideração na investigação",

Ela diz também que a busca de imagens que possam ajudar na investigação é algo rotineiro em casos de homicídio. "Nesse momento não tenho informações que a gente já tem imagens sendo analisadas, mas nossas equipes já estão em busca disso, dessas imagens, desse possível trajeto que foi feito pelos executores. Informação que temos é que o crime teria sido cometido por duas pessoas a bordo de uma motocicleta", explica.

A delegada falou da possibilidade do crime ter ligação com conflitos por terra - a líder quilombola vinha sofrendo ameaças, segundo advogado da família, por parte de pessoas envolvidas em extração ilegal de madeira. "A gente não descarta essa hipótese, assim como não descarta a hipótese de ameaça, ou outras que possam estar relacionadas à atuação do tráfico de drogas na localidade". Ela também disse que não é possível falar no momento se houve relação do crime com intolerância religiosa.

Ela garantiu que a Polícia Civil está focada na investigação. "A vítima era uma pessoa querida na comunidade. Desempanhava papel importante naquela comunidade quilombola. Infelizmente foi brutalmente assassinada dentro de sua residência, uma senhora de 72 anos. Todos os esforços estão sendo feitos para dar uma resposta o quanto antes".

Mãe Bernadete foi morta com uma arma de calibre 9mm. Ela foi assassinada na presença de familiares.

Ameças

Mãe Bernadete sofria ameaças constantes. As mais recentes, segundo o advogado da família David Mendez, eram relacionadas à extração ilegal de madeira na área do Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, que está em uma Área de Proteção Ambiental (APA).

"As mais recentes ameaças diziam respeito à extração ilegal de madeira. Lá é uma APA e dentre as muitas brigas que Dona Bernadete capitaneava, ela era uma espécie de delegada da comunidade, com autoridade moral. Então ela não deixava que nenhuma bandidagem ou que nada eerrado se criasse. Ela batia de frente com facção criminosa, batia de frente com extração ilegal", disse o advogado.

Ele ressaltou ainda que a líder atuava "no vácuo do poder público". "Caberia a ela esse papel? Uma senhora de 72 anos? Ou caberia à Polícia Militar, Secretaria de Segurança Pública? Porque ela fazia isso no vácuo do poder público", questionou.

Ainda segundo ele, Mãe Bernadete tinha uma medida protetiva,executada pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do estado, desde que o filho Flávio Pacífico foi morto em 2017, mas que a segurança tinha falhas. "Só que era uma proteção falaciosa. Como é uma proteção sem polícia militar? Sabe como era a proteção? Uma viatura ia lá em horário indeterminado, às vezes de manhã, às vezes de tarde, e falava: "Oi, dona Bernadete, tudo bem com a senhora?". Uma proteção para inglês ver", reclamou.

O CORREIO entrou em contato com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos para saber detalhes sobre essa medida protetiva citada pelo advogado, mas não recebeu retorno até a publicação desta matéria.

A prova de conceito das bodycams que serão usadas por policiais foi iniciada na manhã desta sexta-feira (18) com a empresa que vai fornecer os equipamentos. A empresa ficou na segunda colocação da licitação.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, as especificações do equipamento serão minuciosamente testadas para garantir o atendimento a todas as necessidades determinadas no edital. Em caso de aprovação do equipamento, haverá novo prazo para recurso, antes da contratação. Nesta etapa serão testas qualidade de imagem e som e resistência das câmeras.

A análise do equipamento é realizada pela Superintendência de Gestão Tecnológica e Organizacional (SGTO), no Centro de Operações e Inteligência (COI), com apoio da Superintendência de Telecomunicaçôes (Stelecom). A segunda etapa da avaliação acontecerá na próxima segunda-feira (21).

"A empresa fará a demonstração prevista no edital, desde a parte tecnológica até a operacional, com fixação do equipamento nos profissionais e testes externos" explicou o major Jurandilson Nascimento, diretor de Videomonitoramento da SGTO

O oficial disse ainda que a ferramenta deverá ser capaz de resistir a água, poeira, queda, entre outras intercorrências. "A qualidade de áudio e imagem, armazenamento e toda a parte que envolve a atividade dos profissionais da Segurança Pública também serão testadas", completou Jurandílson.

Uma estudante de 13 anos morreu após bater a cabeça contra um poste quando estava a bordo de um ônibus em movimento, na cidade de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro.

Fernanda Pacheco Ferraz estava sentada no fundo do veículo e colocou a cabeça para fora para acenar para colegas que estavam na calçada.

A jovem estava saindo do colégio onde estudava e embarcou em um ônibus operado pela empresa Novafaol.

Em nota ao Extra, a viação informou que o motorista, com mais de 10 anos de serviço na empresa, foi avisado do acidente por outros passageiros e que ele “imediatamente estacionou o veículo, acionando os órgãos públicos pertinentes e a própria gerência operacional” da Novafaol. A empresa também lamentou “profundamente a inesperada e trágica situação.”

As aulas no colégio onde ela estudava foram suspensas esta semana e só retomarão na próxima segunda-feira.

O hacker Walter Delgatti Netto prestará novo depoimento à Polícia Federal nesta sexta-feira (18). À Rádio Nacional, o advogado do hacker, Ariovaldo Moreira, confirmou a convocação e afirmou que os esclarecimentos serão prestados na sede da PF, em Brasília. Ele, entretanto, não confirmou o horário da nova oitiva.

Na última quarta-feira (16), ele prestou depoimento à corporação afirmando que recebeu R$ 40 mil da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para invadir sistemas do Judiciário brasileiro e inserir falsos documentos e alvarás de soltura. A deputada nega as acusações.

Hoje, o hacker compareceu à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos de 8 de janeiro e afirmou que recebeu do ex-presidente Jair Bolsonaro a promessa de indulto caso assumisse a autoria de um suposto grampo contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O indulto significa o perdão da pena, efetivado mediante decreto presidencial.

O radialista e apresentador Gominho, que deixou Salvador para cuidar da amiga Preta Gil, revelou nesta quinta-feira (17) que a cirurgia da cantora ocorreu tudo bem.

Ela, que está internada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, passou pela cirurgia para retirada do câncer de intestino, que descobriu em janeiro deste ano após passar mal em casa, no Rio de Janeiro.

Na gravação publicada no Instagram, Gominho comenta que estava com muitas mensagens no WhatsApp, então resolveu conversar com todo mundo pelas redes sociais sobre o estado de saúde da filha de Gilberto Gil.

"Bom dia, gente! Bom dia! Estou vindo aqui falar porque meu WhatsApp está sendo invadido de mensagem, então não vou falar muita coisa, porque não sou médico. Mas o que eu posso falar é que a cirurgia foi um sucesso, os médicos falaram que foi tudo superbem, Pretinha está bem. Falei com ela hoje de manhã pelo Facetime, está sedada ainda, porque foi uma cirurgia longa. Já está em pé fazendo fisioterapia. E agora é dia após dia, curada e tudo vai dar certo. Ela está na UTI ainda por questões médicas. Ela está firme e forte", contou.

Já Flora Gil, esposa de Gilberto, também falou que a cirurgia ocorreu bem, e que a cantora já está recebendo visita da família. "Vim do Rio para vê-la na volta da cirurgia e fiquei muito feliz com o relato dos médicos".

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, anunciou, nesta quinta-feira (17), uma nova licitação para implantar o VLT do subúrbio de Salvador. Na quarta-feira (16), o Estado decidiu romper o contrato com a Skyrail, concessionária que era responsável pelo serviço.

"Eu espero que a gente possa fazer as tratativas do total desligamento diante desse aspecto do VLT e nós estaremos abrindo a licitação. O prazo que eu tenho na minha mesa é final deste mês, início do outro, para que a gente possa dialogar", disse o governador da Bahia.

Jerônimo Rodrigues afirmou que o Estado não chegou a comprar os trens e que apesar da decisão de romper o contrato, não há desperdício de orçamento público.

"Tudo que foi investido pelo Estado com relação ao VLT, a gente não perde nada. A construção que foi feita na região do Comércio é do Estado e nós vamos continuar fazendo", contou.

"Não chegamos a comprar os trens, portanto os investimentos que foram feitos não são desperdícios de orçamento público", pontuou Jerônimo Rodrigues.
O gestor do estado afirmou que o rompimento do contrato está sendo tratado pela Companhia de Transportes da Bahia (CTB), Casa Civil e Secretaria de Infraestrutura da Bahia (Seinfra).

Com o anúncio da suspensão do contrato, algumas pessoas questionaram a relação do governo com a empresa chinesa, que anunciou no mês passado implantação das fábricas de veículo no estado.

"Essa saída foi dialogada com o Tribunal de Contas, com o Ministério Público e com a empresa. Então não foi feito qualquer relacionamento com a BYD, que pudesse ferir nossa relação", explicou o governador.

Jerônimo Rodrigues contou ainda que vai se reunir com representantes de uma empresa, na tarde desta quinta, em São Paulo, em busca de investimentos na área de equipamentos aéreos, fabricos de avião e manutenção de aeronaves.

Impactos causados
Os trens do subúrbio foram desativados há dois anos para a instalação do VLT na região. No entanto, as obras não avançaram. A população dos bairros tem sofrido sem essa opção de transporte.

Atualmente, os moradores contam apenas com os ônibus e micro-ônibus que circulam nessa área da cidade, já que o metrô ainda não chega na região;
Os moradores, que gastavam R$ 0,50 pelo serviço nos trens, sentem falta de uma alternativa mais barata de transporte público, já que a passagem do ônibus custa R$ 4,90, um custo que representa 880% a mais em cada passagem no bolso do consumidor.

Rompimento do contrato
Segundo o governo da Bahia, a expectativa é de que a rescisão seja bilateral, ou seja, de forma amigável.

Entenda alguns pontos da suspensão do contrato:

A decisão ocorreu depois que a Procuradoria Geral do Estado da Bahia (PGE-BA) apontou a rescisão como saída diante da urgência de solução para a continuidade da implantação do sistema de transporte;
Uma proposta de reequilíbrio contratual chegou a ser apresentada pela Skyrail, mas não foi aceita;
Com a suspensão do contrato, o governo busca alternativas para dar continuidade ao projeto;
Ao notificar a concessionária Skyrail, o governo estadual diz reconhecer os esforços empregados para manutenção do contrato em inúmeras tratativas desenvolvidas entre as partes nos últimos meses;
Além disso, a gestão enxerga a inviabilidade atual de reconhecer reequilíbrio econômico-financeiro sem estudos complexos ou garantia de que o contrato manteria a sua capacidade de execução, ou seja, não comprovada a vantajosidade da proposta da empresa;
O governo informou ainda que a empresa respondeu formalmente a notificação concordando com o distrato.

O que diz a empresa
Em nota, a empresa informou que vai cumprir a recomendação da Sedur para rescindir de forma amigável o contrato. Ainda de acordo com a empresa, as obras de implantação do Contrato de Concessão foram prejudicadas pela pandemia da Covid-19.

A BYD Brasil, ao qual pertence o projeto de Skyrail Bahia, informou também que pretende alocar todos os colaboradores em outras unidades de negócios do grupo.

Procurador já tinha sinalizado possibilidade de rescisão

Durante uma sessão do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA) em 25 de julho deste ano, o procurador Ubenilson Santos, da Procuradoria Geral do Estado (PGE), já havia informado da grande possibilidade do governo rescindir o contrato do VLT do Subúrbio de Salvador.

"As medidas que poderão ser tomadas passam pela imediata execução ou rescisão, com grande possibilidade de ocorrer a rescisão ou distrato bilateral em curto espaço de tempo", afirmou na época.

O projeto do VLT foi assinado em 2019, com o Consórcio Skyrail, formado pela chinesa Build Your Dreams (BYD) e Metrogreen. O transporte substituiria os trens do subúrbio da capital baiana, que foram desativados em 2021. Na época, a expectativa era que um trecho do VLT estivesse funcionando em 2023, o que não ocorreu.

Quando citou a possibilidade de destrato, o procurador geral do estado também havia informado que o processo administrativo que trata o caso já estava em fase de finalização de parecer jurídico na PGE.

"O distrato resolveria a questão para o estado, e poderia dar fim, inclusive, as controvérsias judiciais e aos processos que tramitam no TCE acerca do VLT", explicou durante a sessão em julho.

Ordem cronológica
O projeto do VLT foi apresentado em 2017 e licitado em 2018 pelo governo baiano. Quando o contrato foi assinado com o consórcio chinês, o valor estimado do investimento para a obra seria de R$ 1,5 bilhão, com prazo para conclusão em 36 meses a partir da assinatura do contrato;

No mesmo ano, a obra teve ordem de serviço autorizada e o governo chegou a divulgar que o projeto estaria 100% concluído no segundo semestre de 2024;

O trem fez sua última viagem em 13 de fevereiro de 2021. Desde então, milhares de pessoas que usavam o serviço todos os dias foram obrigadas a adotar outras alternativas de deslocamento;

Quatro anos depois, a realidade virou outra. A obra sofreu diversas alterações de prazos de entrega, de traçado e principalmente de valores.

Dos iniciais R$ 1,5 bi para a conclusão do VLT, o valor atual já passa de R$ 5,2 bilhões, um aumento de 246%. A mudança no mapa de traçado do VLT do Subúrbio é apontada como uma das causas dos reajustes.

“Não vendi nem água.” Este é o relato de Ciro Gonzaga, proprietário da Cafeteria Lacerda Café e um dos comerciantes afetados pela interrupção no fornecimento de energia que atingiu 25 estados brasileiros e o Distrito Federal nesta terça-feira (15). Vinte minutos após a abertura do estabelecimento, localizado no bairro do Comércio, ele e a única funcionária do local foram surpreendidos com o apagão, responsável por impactar diretamente no faturamento do dia.

De acordo com uma projeção da Fecomércio, o apagão pode ter gerado perda de vendas, por hora parada, de R$ 2,2 milhões. Segundo o presidente do Sindicato de Lojistas do Estado da Bahia (Sindilojas-BA), Paulo Motta, a interrupção "desorganizou a operação do sistema produtivo e as perdas são imensuráveis para o comércio de bens".

O relógio marcava 12h quando Ciro conversou com o CORREIO e, até esse horário, o fornecimento não havia sido restabelecido no bairro. No período de baixa estação, Ciro vende entre R$ 1.200 e R$ 1.300 diariamente. Com o apagão, a cafeteria não produziu e, consequentemente, nada vendeu, o que configura uma perda de 100% das vendas diárias.

“As máquinas que utilizamos não funcionam sem energia. Foi um dia perdido, porque o maior movimento acontece pela manhã. Não conseguimos recuperar”, explicou.

As mesas do estabelecimento Churrascaria e Pizzaria Modelo também estavam vazias, sem sinal de cliente à vista até as 12h30. O dono, Márcio Santos, disse que a queda no faturamento foi total. Diariamente, o restaurante recebe entre 60 e 80 pessoas para almoço, com o maior pico entre 11h30 e 12h. “A perda é imensurável”, afirmou o proprietário, que não estabeleceu um valor do prejuízo.

O bar Recanto do Gino era um dos poucos estabelecimentos próximos ao Mercado Modelo e ao Elevador Lacerda que tinham clientes nas mesas – poucos, mas tinha. Apesar disso, o administrador do local, Gino Dias, estimou uma redução de mais de 80% nas vendas diárias por causa do apagão. “Estamos vendendo o que conseguimos. Não consegui tirar nem o dinheiro da gasolina para chegar até aqui”, afirmou. Nesta época do ano, o estabelecimento fatura entre R$ 500 e R$ 2.000. Até as 12h, Gino não havia vendido nem R$ 100.

No Depósito de Bebida do Vissor, ainda na região do Comércio, o proprietário Wilson Bispo destacou uma redução de 50% nas vendas durante o horário em que foi afetado pelo apagão, de 9h às 13h, e teve que recorrer às lanternas de celulares e velas para faturar alguma coisa pela manhã: "Foi complicado, porque o movimento maior é pela manhã. Não foi um dia jogado no lixo porque chegou a tempo", explicou Wilson.

Na Avenida Sete, nada diferente: queixas de proprietários e funcionários que recebem comissão por venda, além de dezenas de lojas fechadas. Rute Navarro, proprietária da Artesanato Carinho e Arte, vendeu uma peça durante toda a manhã – a média diária é de 30 peças. Já Jackson Sacramento Junior, funcionário da Kasa Andrade, que tira entre R$ 60 e R$ 70 por comissão diariamente, terminou a manhã zerado.

Quanto aos shoppings centers, o coordenador da Associação Brasileira de Shoppings Centers na Bahia (Abrasce-BA), Edson Piaggio, afirmou que os centros comerciais que possuem geradores não foram prejudicados pelo apagão. A organização, no entanto, não teve como informar quais shoppings possuem o equipamento, nem quais foram os prejuízos.

Transtornos com Pix e pagamento no cartão

Para Roberto Neder, proprietário da loja de jeans Aduana, na Avenida Sete, o maior problema é a forma do pagamento. De acordo com o empresário, 99% das pessoas realizam as compras por meio do cartão de crédito ou da transferência via Pix, processos que ficaram fora do ar por causa da interrupção.

"Não conseguimos fazer venda nenhuma. Estamos aqui zerados", afirmou Roberto, às 12h50, minutos antes do restabelecimento do sistema na Avenida Sete. O empresário vende, em média, 30 peças por dia.

Motorista da Saúde do município de Santa Cruz da Vitória, no interior baiano, Lauro Dias aproveitou que estava em Salvador a serviço para realizar compras na Avenida Sete, mas foi pego de surpresa com o apagão. "É uma turbulência. Estamos com esse problema de passar o cartão na máquina e de encontrar lojas abertas", afirmou Lauro Dias.

Motoristas peregrinam em busca de combustível

Quem teve o azar de ficar com o combustível na reserva na manhã de terça-feira (15), precisou enfrentar filas nos postos de gasolina para conseguir abastecer. Foi o caso de Jorge Baptista, de 64 anos. O aposentado tentou abastecer em três postos diferentes, mas em nenhum deles as máquinas de cartão estavam funcionando.

“Eu passei por uma consulta no hospital e lá fiquei sabendo do apagão, a luz chegou a cair duas vezes. Agora, o carro está na reserva e preciso abastecer para voltar para Brotas”, disse enquanto aguardava na fila em um posto na Avenida Paralela. Alguns postos de gasolina visitados pela reportagem durante a manhã tinham geradores, o que garantiu o funcionamento.

Em um posto próximo à Estação Pernambués, no entanto, mais de dez carros aguardavam o serviço ser restabelecido por volta das 11h. Apesar do fornecimento de energia ter sido retomado, os frentistas aguardavam o processo de automação, que consiste na integração das bombas de combustível com o caixa. “Temos que esperar cerca de meia hora para voltar a funcionar e tem muita gente esperando porque o carro está na reserva e não tem como sair”, disse o frentista Lázaro Lopes.

Entre os que aguardavam na fila estava André, que já havia passado em três postos de gasolina e estava atrasado para o trabalho. “Esse apagão atrapalhou tudo. Estou atrasado para o serviço, mas não posso sair daqui antes de abastecer ou o carro vai parar no meio da rua”, afirmou.

Indústrias

De acordo com o superintendente geral do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), Mauro Pereira, a produção no Polo parou por um tempo, que não foi especificado. Os dados sobre uma possível perda produtiva ainda serão apurados. "Não é possível saber [sobre perdas], porque a queda foi geral", explicou Mauro.