Sexta, 01 Novembro 2024 | Login

O presidente Jair Bolsonaro definiu que o atual advogado-geral da União, André Mendonça, será indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na vaga de Marco Aurélio Mello. Segundo apurou o Estadão com aliados do governo, Bolsonaro comunicou sua escolha a ministros em reunião na manhã desta terça-feira, 6, no Palácio da Alvorada, da qual Mendonça também participou. O encontro não estava na agenda do presidente O nome ainda deve ser oficializado pelo Palácio do Planalto e a indicação precisa passar pelo aval do Senado.

Com Mendonça, Bolsonaro cumpre a promessa feita à sua base eleitoral de indicar um nome "terrivelmente evangélico" para o cargo. Pastor da Igreja Presbiteriana Esperança de Brasília, o advogado-geral da União enfrenta resistências no Senado, mas o presidente avalia que esse quadro é reversível.

Na noite desta segunda-feira, 5, em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, Bolsonaro repetiu a promessa de indicar um evangélico para a mais alta instância do Judiciário. "Vou indicar um evangélico agora", disse ele ontem, ao conversar com apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada. "Quem conseguir se eleger em 22 (2022), no primeiro semestre de 23 (2023) indica mais dois (nomes). Se for uma pessoa que tem o seu padrão de comportamento e de vida, vão ser duas pessoas do padrão de vocês para lá. E vai mudando, pô!", completou. Desde o início de seu mandato, Bolsonaro indicou apenas um ministro para o STF: Kassio Nunes Marques. A promessa feita por ele, ainda no ano passado, era de que a segunda vaga seria para um nome "terrivelmente evangélico".

O presidente conversou com Mendonça nesta segunda, no Palácio do Planalto, e o aconselhou a deflagrar nova ofensiva para se aproximar dos senadores. Cabe ao Senado sabatinar o indicado do presidente para atestar o seu notório saber jurídico e votar em duas sessões, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário, a aprovação ou rejeição do indicado ao cargo de ministro do STF.

Logo após a reunião no Planalto, Mendonça colocou a estratégia em prática e foi almoçar no gabinete do senador Wellington Fagundes (PL-MT). Também participam do encontro parlamentares do DEM, PSDB, PL e PSC.

O ministro disse aos senadores que "ficou sabendo" sobre a escolha do seu nome para o Supremo. Ele, porém, evitou confirmar que realmente será indicado à vaga. No almoço no Senado, Mendonça declarou estar fazendo uma "peregrinação".

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O governo decidiu que a privatização dos Correios será por meio de um novo modelo, vendendo toda a estatal em leilão único, ou seja, para um único comprador.

As mudanças foram enviadas para a Câmara dos Deputados pelo Ministério da Economia, que prevê que a União se desfaça de 100% do capital da empresa.

Com certame previsto para março, a estatal será vendida a um único comprador caso o Congresso aprove as mudanças.

Conforme informou ao O Globo o secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, o que se pretende é a venda integral da companhia, no formato de leilão tradicional, “com aberturas de envelopes.

O modelo difere dos planos para a Eletrobras e do que recentemente foi feito na BR Distribuidora (Petrobras). Com informações da Exame.

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Cinco meses após o início da vacinação contra o coronavírus ter sido iniciada em Salvador, o prefeito Bruno Reis foi imunizado contra a doença nesta quinta-feira (1°), na Unidade da Saúde da Família (USF) de Plataforma. O gestor recebeu a primeira dose da vacina Oxford/AstraZeneca.

Nascido em 17 de maio de 1977, o chefe do Executivo municipal passou a integrar a faixa etária do público-alvo inserido na estratégia realizada na cidade, que abrange a partir de hoje pessoas com idade igual ou superior a 43 anos, além de cidadãos de diversos grupos prioritários que ainda não receberam a primeira dose da vacina.

Na ocasião, o prefeito agradeceu aos profissionais da unidade e brincou com os presentes sobre a imunização. "Conversem aqui comigo para eu me distrair", disse rindo. Após a aplicação da dose, afirmou: "Até nisso dei sorte – a vacinadora é minha xará", referindo-se à Bruna Simões, coordenadora de Imunização do Distrito Sanitário do Subúrbio Ferroviário.

Demais públicos – Além das pessoas a partir de 43 anos de idade, a vacinação contra a Covid-19 também é realizada hoje para os moradores de 18 anos na Ilha de Maré; e para as pessoas em situação de rua; pessoas com comorbidades; e categorias profissionais consideradas como prioridade na imunização. A aplicação da segunda dose foi suspensa nesta sexta (1°).

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Em sua fala inicial na CPI da Covid, o empresário Carlos Wizard negou que tenha participado ou tenha conhecimento do chamado "gabinete paralelo" de assessoramento ao presidente Jair Bolsonaro em assuntos da pandemia. Ele afirmou também que nunca fez "qualquer movimento" para a compra de medicamentos para enfrentamento à covid-19 ou financiamento de comunicação sobre o tema. Logo após as afirmações, Wizard comunicou aos senadores que, com amparo na decisão do ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), ficará em silêncio durante o resto da oitiva.

"A minha disposição de servir o país, combater a pandemia e salvar vidas faz com que seja acusado de pertencer a um suposto gabinete paralelo, afirmo que jamais tomei conhecimento de qualquer governo paralelo. Se porventura esse gabinete paralelo existiu, eu mais tomei conhecimento ou tenho informação a respeito. Jamais foi convocado, abordado, para participar de qualquer gabinete paralelo, é mais a pura expressão da verdade", afirmou Wizard, que alegou ainda não ter tido qualquer encontro particular com o presidente Jair Bolsonaro.

Sobre o tratamento precoce, que não tem eficácia comprovada para tratar a covid-19, Wizard alegou que, no início da pandemia, havia uma "compreensão sobre o uso de alguns medicamentos", mas que com o passar do tempo e aprofundamentos dos estudos, hoje existem "posições contrárias" a esse método. "Atualmente há posições contrárias ao tratamento preconizado no passado, a despeito da conduta médica adotada, a ciência compra que a vacinação é elemento essencial para controle da pandemia, sempre apoie a imunização, a ponto de querer doar vacinas ao povo brasileiro", disse.

Ele negou também que tenha participado de tratativas de aquisição da vacina Convidecia, do Laboratório CanSino. "A imunização de rebanho é outro tema que escapa aos domínios do meu conhecimento. Esclareço por fim que não fiz qualquer movimento para compra de medicamentos para combate da covid-19 e nem tampouco financiei qualquer espécie de comunicação nesse sentido, inclusive a empresa Belcher em nota pública declara expressamente não ter qualquer vínculo de minha parte na tratativa da aquisição das vacinas Convidecia", afirmou o empresário.

Logo após essas afirmativas, Wizard comunicou aos senadores que ficará em silêncio. "Por fim, feitos esclarecimentos, por orientação dos meus advogados e em conformidade doravante vou permanecer em silêncio", disse.

'Quem não deve, não teme'
A líder da bancada do PSOL na Câmara, a deputada Talíria Petrone (RJ), criticou, no Twitter, a postura de Carlos Wizard em depoimento à CPI da Covid. O empresário utiliza do direito a silêncio e nega responder as perguntas feitas. "Quem não deve, não teme", avaliou Talíria.

Wizard chegou ao Senado carregando um cartaz com um versículo do Velho Testamento, Isaías 41:10. O versículo diz: "Não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei; eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa". Em fala inicial à comissão, o empresário negou a existência do "gabinete paralelo" e financiamento a remédios.

"Carlos Wizard, o bilionário fundamentalista religioso, mente na #CPIdaCovid e usa de uma suposta fé para se blindar", repudiou a deputada no Twitter.

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O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira, 28, que desconhecia os detalhes sobre o contrato de compra da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde e voltou a sustentar que não existam irregularidades no negócio. "São 22 ministérios, não tenho como saber o que acontece, vou na confiança em cima de ministros e nada fizemos de errado", disse a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.

Bolsonaro foi acusado pelo deputado Federal Luis Miranda (DEM-DF) de ignorar alertas para supostas irregularidades no contrato de aquisição do imunizante, como superfaturamento e favorecimento indevido à empresa responsável pela intermediação. O irmão do Parlamentar, Luis Ricardo Miranda, é chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, é o autor da denúncia. Em depoimento à CPI da Covid, o servidor de carreira da Pasta, disse ter informado ao presidente três nomes de pessoas que o pressionaram a efetuar a importação da Covaxin.

Segundo relatos, o presidente teria dito que o líder do governo na Câmara, deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), seria o responsável pela condução das tratativas de compra da vacina.

Em contra-ataque, o presidente afirmou que integrantes da comissão liberaram recursos por meio de emendas parlamentares para a compra da Covaxin. "As emendas para a Covaxin vieram deles, do Randolfe, que é o relator, do irmão do Renan e do próprio Omar Aziz", disse. "Na época falaram que tinha que comprar em qualquer momento, independente do preço."

Eleições
O presidente também voltou a comentar sobre sua filiação a um partido político para concorrer ao pleito de 2022. Sem citar o Patriota, que se preparava para recebê-lo antes de conflitos internos, afirmou que deve entrar em uma sigla pequena e que os membros de sua base que optarem por segui-lo não vão ter "televisão nem dinheiro".

Bolsonaro espera que seus apoiadores o sigam para o novo partido, mas, segundo ele, os deputados ainda não podem acompanhá-lo por questões de fidelidade partidária. "Vão ter um momento difícil pela frente", disse sobre apoiadores que se filiarem em referência a questões envolvendo o fundo partidário

O tema, segundo o presidente, não é uma preocupação para ele. "Alguns falaram inclusive que eu estava de olho no fundo partidário. Uma caneta Bic, uma caneta que eu mudei em dezembro, R$ 20 bilhões. Eu estou preocupado com os R$ 8 milhões de fundo partidário? Não tenho preocupação com isso", disse, se referindo ao valor mensal recebido pelo PSL, sua antiga legenda.

Bolsonaro descarta uma possível volta ao PSL, pois, segundo ele, "o PSL tem bastante dinheiro e bastante televisão", mas "uma minoria lá fazendo besteira. Eu tive que sair de lá, porque um vereador fez uma besteira no canto. O culpado era eu. Nem sabia quem era aquele vereador", afirmou.

 

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A CPI da Covid aprovou nesta quarta-feira (23) a convocação de representantes das plataformas Google, Facebook e Twitter para falar à comissão. O colegiado quer que essas empresas prestem esclarecimentos sobre a veiculação e exclusão de conteúdos falsos ou desinformativos que circulam por suas redes. Por trás da iniciativa, que partiu do vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), está a tentativa de enquadrar o presidente Jair Bolsonaro e os materiais sobre a pandemia do novo coronavírus postados por ele nessas plataformas.

Quando os requerimentos foram apresentados na semana passada, senadores reforçaram as críticas às falas do chefe do Planalto durante transmissão nas redes sociais com informações contrárias a evidências científicas no combate à covid-19. A aposta na imunidade de rebanho por meio da infecção, alinhada à demora na compra de vacinas, é uma das linhas de investigação da CPI.

Em "live" transmitida na quinta-feira passada (17), Bolsonaro afirmou que "todos que contraíram o vírus estão vacinados" e que a contaminação é mais eficaz do que a própria vacinação porque "pegou o vírus para valer".

"Recentemente, estamos vendo o movimento de interrupção de exclusão de conteúdos falsos ou desinformativos pelas plataformas da empresa, de modo que é essencial que representante da empresa Facebook, que gerencia uma série de plataformas de compartilhamento de conteúdo, compareça a esta Comissão para esclarecer os motivos para a mudança de comportamento. Com efeito, apesar dos notórios esforços promovidos pela empresa, sabemos que muito ainda precisa ser feito para combater essa avalanche de desinformações sobre a pandemia e garantir que as informações corretas cheguem à população", afirmou Randolfe no pedido de convocação.

 

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Em sua fala inicial na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, a microbiologista e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) Natalia Pasternak adotou um tom crítico ao uso de medicamentos sem a eficácia comprovada para o tratamento precoce da covid-19. A especialista, que foi ao colegiado munida de uma apresentação, apontou erros na defesa da cloroquina contra covid devido à falta de evidências científicas a favor do medicamento e afirmou que o fármaco nunca teve a probabilidade de funcionar contra a doença.

A especialista foi enfática ao defender que a ciência não é uma questão de opinião, mas que a mesma funciona por meio de fatos. Ao comentar sobre a cloroquina, Pasternak afirmou que o medicamento não tem "plausibilidade biológica" para funcionar, tendo sido testado e falhado na tentativa de atribuir imunidade a outras viroses, como zika, dengue e a chikungunya.

Pasternak afirmou que testes pré-clínicos realizados com o medicamento em animais, feitos normalmente em camundongos e macacos, não funcionou. "Não funciona em células do trato respiratório, não funciona em camundongos, não funciona em macacos e também já sabemos que não funciona em humanos", disse, afirmando que foram esgotadas as opções de testes para o medicamento. "A gente só não testou em emas porque elas fugiram", provocou Pasternak em menção a um episódio em que o presidente Jair Bolsonaro foi fotografado correndo atrás do animal com uma caixa do medicamento.

A microbiologista enfatizou que a insistência no medicamento é uma "mentira orquestrada pelo governo federal", afirmando que os estudos apresentados são suficientes para descartar a ideia de uso do medicamento para o tratamento da doença. "Estamos pelo menos seis meses atrasados em relação ao resto do mundo, que já descartou cloroquina", disse.

A "evidência anedótica", afirmou Pasternak, comentando sobre casos em que pessoas tomam o medicamento e apresentam uma melhora, "não são evidências científicas", sendo apenas casos, disse. "O plural de evidências anedóticas não é evidência científica, é só um monte de evidências anedóticas", afirmou. "Não interessa quantas pessoas a gente conhece que usaram cloroquina e se curaram, isso não se transforma em evidência científica, isso precisa ser investigado", afirmou.

Para ilustrar que causa não é efeito, a especialista apresentou um gráfico, baseado em fatos reais, que mostram que existe uma correlação entre o consumo de queijo mussarela nos Estados Unidos e o número de bolsas de estudos concedidas para Engenharia Civil. "Se a gente for olhar a correlação da cloroquina assim, a gente pode concluir que o problema das bolsas de estudo com a graduação é muito fácil de se resolver, é só as pessoas comprarem mais queijo".

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Bandeira do presidente Jair Bolsonaro, o voto impresso nas eleições deve ser aprovado na comissão que analisa o tema na Câmara com aval não apenas de governistas. Levantamento do Estadão/Broadcast com os atuais 32 deputados do colegiado mostra que 21 são favoráveis e apenas quatro se opõem. Outros sete afirmaram ainda estar indecisos. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, passou nesta quarta-feira, 9, quatro horas debatendo o assunto com os parlamentares, afirmou que a medida representa um "retrocesso", mas que, uma vez aprovado, o novo sistema será adotado.

Adversários do governo veem na impressão do voto uma possibilidade de auditoria para frear o discurso de fraude eleitoral adotado por Bolsonaro. O PT e a Rede são os únicos partidos que se colocaram contrários à medida na comissão. A aprovação no colegiado é o passo mais importante para a proposta, sem a qual a discussão não chegaria aos plenários da Câmara e do Senado.

Ontem, em evento com líderes evangélicos em Anápolis (GO), o presidente repetiu que a disputa de 2018, quando se elegeu, foi fraudada; caso contrário, teria vencido no primeiro turno. "A fraude que existiu me jogou no segundo turno. Tenho provas materiais disso", disse Bolsonaro. Apesar de ter prometido, ainda em março de 2020, apresentar as provas de irregularidades, o presidente nunca mostrou qualquer evidência.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em discussão na Câmara é da deputada Bia Kicis (PSL-DF), uma das aliadas mais próximas ao presidente. O texto não acaba com a urna eletrônica, mas obriga a impressão de comprovantes físicos de votação, que devem ser depositados automaticamente em uma caixa de acrílico acoplada ao equipamento. Com isso, o eleitor poderá conferir se o recibo em papel coincide com o que digitou, mas não poderá levar o comprovante com ele.

Em audiência ontem na Câmara para tratar sobre o tema, Barroso defendeu o sistema atual de votação sob o argumento de que nunca houve qualquer caso de fraude comprovada na urna eletrônica desde que foi adotada, em 1996.

"A introdução do voto impresso seria uma solução desnecessária para um problema que não existe com o aumento relevante de riscos", afirmou. "O que nós fizemos com o sistema eletrônico de votação foi derrotar um passado de fraudes que marcaram a história brasileira no tempo do voto de papel", disse o presidente do TSE.

Segundo Barroso, uma vez aprovada, haverá dificuldades operacionais para colocar o novo formato em prática já na disputa de 2022, mas que a Justiça Eleitoral, responsável por organizar as eleições nos 5.570 municípios do País, fará o possível para cumprir o que os parlamentares decidirem. "Se passar, teremos de fazer uma licitação para comprar as urnas. Não é procedimento banal, não é fácil. O tribunal tem boa fé e vai tentar cumprir, se for essa decisão, que eu torço para que não venha, mas se vier vamos tentar cumprir (em 2022)", disse o ministro, que estima um custo de R$ 2 bilhões para substituir todos os atuais equipamentos.

Brizola
Além de Bolsonaro, desde o mês passado o PDT passou a defender o voto impresso nas eleições. Invocando a memória do ex-governador Leonel Brizola (1922-2004), fundador da sigla, que costumava atacar a urna eletrônica, o presidente da legenda, Carlos Lupi, argumentou que a possibilidade de "recontagem" inibe eventuais fraudes. "Essa é uma bandeira histórica do PDT e que nada tem a ver com o Bolsonaro, que vai tentar tumultuar o processo eleitoral de qualquer forma", afirmou o deputado Paulo Ramos (PDT-RJ).

Outro integrante da oposição, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) defende um modelo em que nem todos os votos seriam impressos, apenas uma amostra entre 5% a 10% das urnas de cada município. "Isso não iria encarecer tanto o sistema e seria razoável. Quem tem medo de auditagem é quem quer fazer coisa errada", argumentou o parlamentar.

O cientista político Jairo Nicolau, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), vê no modelo de amostragem uma solução política para coibir discursos de fraude. "Por mim, não precisaria de nada, mas seria uma concessão política a um movimento que está deslegitimando o processo eleitoral no Brasil", afirmou ele.

Atualmente, o TSE já faz auditorias, mas Nicolau afirma que há descrença na apuração eletrônica, embora não veja sentido na desconfiança. "É igual querer ir ao banco para ver se o dinheiro está lá mesmo", disse o cientista político.

Carolina de Paula, diretora executiva do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ (Data IESP), aponta alguns problemas que a PEC pode trazer para o sistema eleitoral, como morosidade e possibilidade de erros no processo. "Não existe nenhuma comprovação de fraude e a urna eletrônica é muito mais segura do que o processo que tínhamos antes dela. O que poderia ser feito, na verdade, é aumentar essas auditorias de segurança, como, por exemplo, sortear um número maior de urnas para ser auditada para gerar mais segurança na população", afirmou Carolina.

Caso a proposta em discussão avance, não será a primeira vez que o Congresso aprova a adoção do voto impresso. O mesmo sistema defendido hoje foi usado de forma experimental nas eleições de 2002. Um relatório do tribunal concluiu que a experiência "demonstrou vários inconvenientes", em "nada agregou em termos de segurança ou transparência" e o pior: criou problemas. O tribunal apontou que nas seções com voto impresso foram observados filas maiores e um maior porcentual de urnas com defeito. O modelo foi, então, abandonado.

Propostas similares, no entanto, voltaram a ser aprovadas pelo Congresso em 2009 e em 2015, mas nas duas vezes foram barradas pelo Supremo Tribunal Federal, que as considerou inconstitucionais. As informações são do jornal O Estado de S Paulo.

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O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados recomendou nesta terça-feira (8), por 16 votos a um, a perda do mandato da deputada Flordelis (PSD-RJ) por quebra de decoro parlamentar. A deputada ainda pode recorrer da decisão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

A decisão final pela cassação de Flordelis caberá ao plenário da Câmara. Para que a deputada perca o mandato, são necessários os votos de, pelo menos, 257 deputados em votação aberta e nominal.

Flordelis responde a processo por quebra de decoro parlamentar, acusada de ser a mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019, na casa da família em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro.

Os deputados acataram o parecer do relator do processo no conselho, deputado Alexandre Leite (DEM-SP), para a perda do mandato. O parlamentar argumentou que a deputada não conseguiu provar sua inocência, tentou usar o mandato para cooptar um de seus filhos para assumir a autoria do crime, era a única da família com recursos para comprar a arma do crime e também teria abusado de prerrogativas parlamentares.

Defesa
A deputada Flordelis voltou a negar que tenha sido a mandante do assassinato de Anderson do Carmo e apelou para que os parlamentares aguardassem seu julgamento pela Justiça, antes de tomar uma decisão.

“Venho perante vocês pedir que não cassem o meu mandato, pois o efeito dessa cassação viria de imediato tirar o sustento da boca da minha família, abrir para que meus detratores me mandem para a prisão, fazer com que eu perca minha capacidade de defesa. A Constituição diz que, para o crime de que sou acusada, os juízes competentes me julguem. Os juízes competentes que têm que me julgar são os jurados do Tribunal do Júri”, disse a deputada.

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Depois de ser desmentido pelo Tribunal de Contas da União (TCU), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que "errou" ao atribuir à corte uma tabela que circula questionando 50% das mortes por covid-19 no Brasil. "O TCU está certo, eu errei quando eu falei tabela, o certo é acórdão", disse, admitindo que foi ele quem fez a tabela. Ontem, o TCU negou ter feito um documento que circula com esses números nas redes sociais.

Nesta terça-feira (8), Bolsonaro insistiu em conversa com apoiadores que há indícios de supernotificação das mortes por coronavírus no país. O presidente disse que solicitou que a Controladoria-Geral da União verifique o assunto. Ele não apresentou nenhum indício que corrobore o que ele falou, citando apenas "vídeos no WhatsApp".

Ele citou uma lei de 2020 que determina que parte dos recursos federais repassados aos estados e municípios seguiria o critério de taxa de incidência na doença. Um documento do TCU diz que essa prática poderia levar à supernotificação, mas não afirma que há nenhum indício de que isso ocorreu. "O próprio TCU dizia que essa Lei Complementar poderia incentivar uma prática não desejável de supernotificação de covid para aquele estado ter mais recurso. A tabela quem fez fui eu, não foi o TCU", afirmou.

Mesmo dizendo hoje que fez a tabela, que indica o valor de 50% de casos erroneamente notificados, ontem Bolsonaro falou em "relatório", e não em "tabela". No documento em que fala da lei de repasse de verbas federais por conta da covid, não há nenhum número, já que o TCU trata da situação de maneira hipotética, segundo ministros do tribunal.

Além de não questionar o número oficial de mortes pela covid no país, o documento do TCU indica em outros trechos que, pelo contrário, é possível que tenha havido subnotificação da doença no país.

Bolsonaro divulga 'relatório'
Ontem, também em conversa com o 'cercadinho' de apoiadores, Bolsonaro afirmou que o TCU concluia em uma relatório, ainda preliminar, que o país tinha 50% de mortes por covid que haviam sido notificadas erroneamente. "Em primeira mão aí para vocês. Não é meu. É do tal de Tribunal de Contas da União. Questionando o número de óbitos no ano passado por covid. E ali o relatório final não é conclusivo, mas em torno de 50% dos óbitos por covid ano passado não foram por Covid, segundo o Tribunal de Contas da União", disse ele, sem citar tabela.

Ele diz então que havia conversado com três jornalistas "que são pessoas sérias" para repassar as informações. "Esse relatório saiu há alguns dias. Lógico que a imprensa não vai divulgar. Eu tenho três jornalistas que eu converso, não vou falar o nome deles, que são pessoas sérias, né. E já passei para eles. E devo divulgar hoje à tarde. E como é do Tribunal de Contas da União, ninguém queira me criticar por causa disso", disse.

A notícia saiu no portal R7, atribuindo a um documento do TCU obtido com "fontes do Planalto", de que "apenas quatro em cada dez óbitos (41%) registrados por complicações da doença seriam efetivamente resultado da contaminação do vírus", aumentando ainda mais o valor citado pelo presidente.

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