Na CPI, Teich diz que pediu demissão por discordância sobre a cloroquina
O ex-ministro da Saúde Nelson Teich expôs logo no início de seu depoimento à CPI da Covid nesta terça-feira (5) que saiu da pasta em maio do ano passado após ter percebido que não teria autonomia na sua gestão e pelas divergências sobre o uso da cloroquina em pacientes da covid-19. "As razões são públicas, se devem a constatação de que eu não teria autonomia, eram divergências com governo sobre eficácia da cloroquina", afirmou Teich na apresentação que fez aos senadores, antes do interrogatório, quando lamentou sua "passagem curta" pelo ministério.
Teich destacou a divergência de posição entre ele e o presidente Jair Bolsonaro sobre o uso da cloroquina. O ex-ministro destacou que o presidente decidiu ouvir outras pessoas, e não a ele, tendo sido o mandatário amparado até mesmo pela posição do Conselho Federal de Medicina (CFM).
"Minha convicção pessoal era baseada em estudos. Existia entendimento diferente por parte do presidente, amparado até na opinião e outros profissionais, até do Conselho Federal de Medicina, que naquele momento autorizou a extensão do uso, e isso foi o que motivou a minha saída. Sem a liberdade de conduzir o ministério optei por deixar o cargo", disse Teich.
O ex-ministro comentou ainda que durante sua gestão foi iniciado um programa de controle de transmissão, envolvendo testagem e avaliação de distanciamento social. Além disso, Teich citou as negociações envolvendo a vacina da Astrazeneca e as conversas com a empresa Moderna.
Nelson Teich também disse que não participou das discussões sobre o aumento da produção de cloroquina pelo Exército. "Eu não participei disso. Se aconteceu alguma coisa, foi fora do meu conhecimento", respondeu a questionamentos feitos pelo relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL).
Teich também comentou que nunca lhe foram passadas informações sobre se estava havendo distribuição do medicamento sem eficácia comprovada para a população indígena. "Se aconteceu a distribuição sem eu saber, pode ter acontecido, mas nunca sobre a minha orientação. Minha orientação era contrária. Sempre é possível acontecer alguma coisa, é uma máquina muito grande, mas não era do meu conhecimento, e se tivesse sabido, não deixaria fazer", afirmou o ex-ministro.
Camaçari: reconhecimentos públicos e melhorias de infraestrutura pautam 14ª sessão ordinária
A 14ª Sessão Ordinária do Primeiro Período Legislativo, realizada na manhã desta terça-feira (4/5), foi marcada por solicitações de melhorias de infraestrutura, reconhecimentos por trabalhos relevantes protagonizados por cidadãos camaçarienses e moções de pesar por personalidades e entes queridos que partiram.
O Projeto de Lei Nº 026/2021, de autoria do presidente da Câmara, vereador Júnior Borges (DEM), instituindo o Programa de Fornecimento de Absorventes Higiênicos nas escolas públicas do município, abriu a ordem do dia, sendo encaminhado para as comissões de Constituição e Justiça; Educação e Assistência Social; e Saúde.
A iniciativa partiu de uma situação mostrada em um programa de TV, que, ao apresentar o problema, também evidenciou a atitude da diretora da Escola Cosme de Farias, Edicleia Pereira Dias, demonstrando preocupação e buscando atender à necessidade das alunas, para evitar a evasão escolar. Além do Projeto de Lei, o chefe do Legislativo Municipal também propôs a Moção de Aplausos Nº 034/2021, reconhecendo a nobreza e a sensibilidade da gestora escolar, matéria prontamente aprovada pelos pares.
Houve ainda a Moção de Aplausos Nº 028, direcionada ao pesquisador Diego Copque, parabenizando-o pelo lançamento do livro “Do Joanes ao Jacuípe – uma história de muitas querelas, tensões e disputas locais”. Também foram apreciadas e aprovadas indicações que solicitavam ao Poder Executivo melhorias em vias urbanas, intervenções estruturais em praças e campos, construções de equipamentos públicos visando ampliação dos serviços à população, além da criação do Programa de Lotes Urbanizados, visando beneficiar a população de baixa renda que carece de moradia.
As moções de pesar, propostas por todos os vereadores da casa, lamentaram o falecimento do senhor Evandro Silva, diretor e fundador da Fanfarra Estudantil de Camaçari (Fanesc), bem como a partida do senhor Luiz Geraldo, empreendedor muito conhecido na cidade e pai de uma servidora da Casa, momento em que a Câmara se mostrou solidária à dor dos amigos e familiares.
Depoimento de ex-ministro Pazuello na CPI da Covid é adiado por 15 dias
O depoimento do ex-ministro da saúde, Eduardo Pazuello, na CPI da Covid, será adiado por 15 dias. Durante a reunião desta terça-feira (4), o presidente da Comissão, Omar Aziz (PSD-AM), leu o comunicado do Exército a respeito do depoimento do ex-ministro que estava marcado para esta quarta-feira (5).
Pazuello afirmou que teve contato com duas pessoas que testaram positivo para Covid-19 e sugeriu duas opções: manter o depoimento para esta quarta-feira (5), mas de forma virtual, ou remarcá-lo.
Aziz sugeriu adiar o depoimento para o dia 19 e a sugestão foi aprovada.
Covid-19: Alba vai renovar decreto de calamidade pública em 23 cidades
A Assembleia Legislativa (Alba) vai renovar o reconhecimento da ocorrência de calamidade pública por causa da pandemia da Covid-19 em mais 23 municípios baianos. A informação foi divulgada nesta terça-feira (4).
Segundo a Alba, a renovação vai acontecer em Abaíra, Acajutiba, Adustina, Barro Alto, Cabaceiras do Paraguaçu, Cafarnaum, Canudos, Cordeiros, Filadélfia, Ibirapuã, Ibotirama, Itarantim, Lamarão, Mucugê, Muniz Ferreira, Muritiba, Ouriçangas, Piatã, Quijingue, Salinas da Margarida, Sítio do Quinto, Curaçá e Jaguarari.
O dispositivo suspende a contagem de prazos, dispensa o cumprimento de metas fiscais, limites e condições na contratação de operação de crédito e recebimento de transferências voluntárias de recursos de outros entes federativos.
Os integrantes da Mesa Diretora afirmaram que a renovação do decreto de calamidade pública se deu por causa do alto número de infectados pela Covid-19 e óbitos causados pela doença.
Os parlamentares acrescentaram que o reconhecimento do estado de calamidade pública dos municípios é necessário para a dispensa do atingimento das metas fiscais e limitações de empenho estabelecidas na Lei de Responsabilidade Fiscal.
A Assembleia Legislativa (Alba) vai renovar o reconhecimento da ocorrência de calamidade pública por causa da pandemia da Covid-19 em mais 23 municípios baianos. A informação foi divulgada nesta terça-feira (4).
Segundo a Alba, a renovação vai acontecer em Abaíra, Acajutiba, Adustina, Barro Alto, Cabaceiras do Paraguaçu, Cafarnaum, Canudos, Cordeiros, Filadélfia, Ibirapuã, Ibotirama, Itarantim, Lamarão, Mucugê, Muniz Ferreira, Muritiba, Ouriçangas, Piatã, Quijingue, Salinas da Margarida, Sítio do Quinto, Curaçá e Jaguarari.
O dispositivo suspende a contagem de prazos, dispensa o cumprimento de metas fiscais, limites e condições na contratação de operação de crédito e recebimento de transferências voluntárias de recursos de outros entes federativos.
Os integrantes da Mesa Diretora afirmaram que a renovação do decreto de calamidade pública se deu por causa do alto número de infectados pela Covid-19 e óbitos causados pela doença.
Os parlamentares acrescentaram que o reconhecimento do estado de calamidade pública dos municípios é necessário para a dispensa do atingimento das metas fiscais e limitações de empenho estabelecidas na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Rui Costa cobra mais proatividade da Anvisa para análise da Sputnik
O governador da Bahia, Rui Costa, cobrou mais proatividade da Agência Brasileira de Vigilância Sanitária (Anvisa) com relação à análise da vacina russa Sputnik V. Nesta sexta-feira (30), Rui sugeriu que a agência brasileira realizasse testes ou buscasse informações técnicas nos mais de 60 países que já aprovaram a aplicação do imunizante em sua população, a exemplo da Argentina e do México.
Ele disse ainda que, caso o imunizante seja autorizado, vai vacinar a população baiana com a Sputnik, incluindo ele mesmo e sua família.
“Não conseguimos entender, lá no ano passado, início da pandemia, quais foram os padrões científicos que a Anvisa usou para entrar na Justiça para impedir estados e municípios de monitorar quem possivelmente estivesse contaminado, nos aeroportos, medindo a temperatura e oferecendo teste de Covid. Me pareceu à época um parâmetro muito mais de defesa da corporação que um padrão técnico”, disse.
Ele reforçou que não entende a postura da agência e pediu mais testes para entender os riscos apontados. “Eu não sou cientista, mas assisti agora um vídeo da Comitê Nacional de Biossegurança que legitima o uso da vacina. É um órgão federal, responsável por biossegurança no Brasil. O que espero da Anvisa é que teste a vacina para ver se temos vírus replicante, como eles disseram. Queremos que tenha boa vontade para analisar. Mais de 20 milhões de pessoas já tomaram essa vacina, alguém iria reportar se algum fato importante tivesse acontecido”, argumenta Rui Costa.
O governador destacou como atitude acertada o fato de a Anvisa não suspender o uso da Aztrazeneca, como muitos países europeus fizeram, pelo risco de tromboses. “Concordo com agência que os benefícios nesse caso são muito maiores que os riscos”. Questionado sobre críticas à transparência do fabricante russo da vacina, Rui cobrou maior proatividade da Anvisa, como buscar informações com os países que já usam o imunizante. “Desde cedo aprendi um ditado: quem quer fazer arruma um jeito, quem não quer, arruma desculpa”, lembrando que só houve votação da Anvisa recente sobre aprovação da vacina porque o Supremo Tribunal Federal determinou. “Se não fosse isso, até hoje não teríamos uma opinião pública da agência sobre a vacina.
Ainda sobre os critérios técnicos da Anvisa que diz seguir os principais países da Europa e Estados Unidos, Rui ressaltou que, hoje, 80% dos defensivos agrícolas aprovados pela agência no país foram proibidos ou banidos pela FDA (Food and Drug Administration), entidade americana correspondente. “Então, que tal aprovar os padrões do DFA para o uso de defensivos agrícolas também?”, questionou.
Camaçari: Presidente da Câmara encaminha LP que prevê atração de investimentos para a cidade
A Câmara de Camaçari recebeu o Projeto de Lei No 1026/2021, de autoria do Poder Executivo, que trata da criação do Programa Municipal de Atração, Manutenção e Ampliação de Investimentos para o Desenvolvimento de Camaçari, batizado de Invista em Camaçari. A Mensagem No 009/2021, que encaminhou a matéria, foi lida durante a 13ª Sessão Ordinária desta quinta-feira (29/04), realizada virtualmente. O projeto foi encaminhado às Comissões Permanentes da Casa para análise e elaboração de parecer e voltará ao plenário para votação.
A destinação adequada dos resíduos sólidos produzidos no município também esteve entre as preocupações do Legislativo. O vereador Deni de Isqueiro (DEM) apresentou a Indicação No 384/2021, que pede a implantação do Sistema de Gestão Integrada, Gerenciamento, Tratamento e Destinação de Resíduos Sólidos. “A vida útil do nosso aterro sanitário, que hoje recebe cerca de 700 toneladas de lixo por dia, está prevista para dois anos. Precisamos buscar a criação de um sistema que gerencie esses resíduos e que garanta uma destinação adequada e ambientalmente responsável em atendimento ao que determina a legislação específica. Esse gerenciamento também pode criar renda para a cidade”, explicou.
Outra proposta que ganhou apoio de todos os parlamentares foi a realização de uma Live Junina Solidária, organizada pelo Poder Executivo, que possibilite auxiliar os músicos do município que tiveram a renda afetada durante a pandemia. Apresentada pelo vereador Dr. Samuka (Cidadania), a Indicação No 393/2021 foi considerada como fundamental para fomentar a contratação de artistas locais durante os festejos juninos. “A classe artística tem sofrido desde o início da pandemia. Essas lives representam oportunidade de geração de renda para nossos artistas e ainda teriam como resultado alimentos para serem doados”, declarou.
O vereador Tagner (PT) reforçou a importância da iniciativa, mas apontou também outras demandas. “É importante que a gente não esqueça da necessidade de criação de um auxílio emergencial para a classe artística de Camaçari. Essa é uma medida urgente e precisamos trabalhar para garantir isso”, contrapôs.
Na oportunidade, o presidente da Casa, vereador Júnior Borges (DEM), informou que em breve deve ser enviado à Câmara um projeto de lei, de autoria do Poder Executivo, que trata da criação desse auxílio emergencial destinado à classe. “Os caminhos já foram definidos pelo governo municipal. Chegando aqui, votaremos o projeto de forma célere, para que o benefício chegue logo aos profissionais”, pontuou.
Outro destaque que fomentou debate durante a sessão foi a Indicação No 174/2021, de autoria da Bancada da Oposição e do vereador Ivandel Pires (Cidadania) que pede a realização de manutenção de toda a infraestrutura do Centro Comercial de Camaçari. Para o vereador Vavau (PSB), que compõe a bancada de oposição, a situação da feira demanda melhorias urgentes. “Essa é uma reclamação recorrente tanto dos nossos feirantes que trabalham ali todos os dias, como da população que frequenta o local. Em visita à feira, vimos que são muitas as reclamações. O poder público tem a obrigação de atender às necessidades desse setor tão importante para nosso município, que inclusive colabora financeiramente para garantir a manutenção correta do local”, afirmou.
CPI da Covid elege Aziz como presidente e Randolfe, vice; Renan é relator
Os nomes definidos para presidir e relatar a CPI confirmam as dificuldades que o governo Jair Bolsonaro terá para influenciar os trabalhos. Sem maioria governista, aliados do Planalto lançaram a candidatura avulsa do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), mas o parlamentar, que se diz "independente", obteve apenas três votos.
Foram mais de duas horas tentando barrar o acordo. Após a eleição, governistas voltaram a pedir a suspeição de Renan. Aziz indeferiu os pedidos e criticou a insistência na estratégia. "É justo as pessoas não terem a segunda dose para vacinar?", disse, em resposta ao senador Marcos Rogério (DEM-RO). "É medo da CPI ou do senador Renan?", complementou.
'Kit obstrução'
Antes de a votação ser iniciada, como estratégia para tentar adiar a instalação da comissão, senadores governistas apresentaram uma série de questionamentos, sem sucesso. Com o chamado "kit obstrução", parlamentares tentaram evitar a eleição do presidente, do vice e, sobretudo, a designação de Renan como relator, além de inviabilizar a participação de alguns dos integrantes.
Até mesmo Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente e senador que não integra a CPI, compareceu à reunião para tentar postergar a instalação da comissão. Segundo o parlamentar, o "senador que estiver na CPI e quiser subir no caixão dos quase 400 mil mortos pela pandemia para atacar o presidente e antecipar a eleição será conhecido da população".
Flávio ainda questionou os colegas sobre quantas vacinas a CPI iria aplicar nos braços dos brasileiros. "O presidente Rodrigo Pacheco está sendo irresponsável porque está assumindo o risco de senadores e assessores morreram pelos trabalhos presenciais "
Desde o início da reunião, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), aliado ao presidente Bolsonaro, tentou postergar a instalação da CPI alegando que alguns senadores indicados pelos partidos para compor a comissão já participavam de outros colegiados do tipo, o que seria vetado pelo regimento do Senado. Mas, apesar da postura, votou em Aziz para presidente.
Jorginho Mello (PL-SC), também próximo ao Planalto, seguiu na mesma linha de Nogueira e citou o regimento interno do Senado para destacar que Renan Calheiros, que é pai do governador de Alagoas - um dos alvos do colegiado -, não poderia participar da comissão, muito menos relatar os trabalhos, pela relação parental.
Renan, que avisou sobre a intenção de se abster de votar ou de se posicionar em algum fato que envolva seu Estado e o governo de seu filho, foi tema das principais discussões travadas na CPI antes da votação do presidente. Flávio Bolsonaro criticou diretamente o colega alagoano por não ter "bom senso" e por provocar uma batalha judicial em função de sua insistência em ser relator. O filho mais velho do presidente ainda deixou claro a intenção dos governistas de seguirem apelando à Justiça contra a indicação dele.
Durante o processo de votação, Renan classificou todos os argumentos apresentados contra a indicação de seu nome para assumir a relatoria, como "censura prévia". Ele ainda ressaltou que o Estado de Alagoas não é investigado por desvios no uso de recursos federais.
Justiça
Na manhã desta terça, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região suspendeu uma decisão liminar da Justiça do DF de barrar a indicação de Renan para o cargo de relator. A decisão do desembargador Francisco de Assis Betti, vice-presidente do TRF-1, acatou pedido da Advocacia do Senado, feito na madrugada desta terça-feira. "Vislumbra-se a possibilidade de grave risco de dano à ordem pública, na perspectiva da ordem administrativa, diante de uma interferência do Poder Judiciário no exerci´cio de prerrogativa conferida pelas normas regimentais internas das Casas Legislativas e que são inerentes ao exercício da própria atividade parlamentar", diz o texto.
Senadores presentes na sessão da CPI comemoraram o anúncio da suspensão, feito durante a reunião. A decisão divulgada na noite de segunda só havia acirrado os ânimos. O presidente Rodrigo Pacheco e o próprio Renan, consideraram a determinação da Justiça do DF uma interferência no trabalho legislativo.
"Falar que o Renan ou outro qualquer não pode participar da CPI porque tem interesses? Queria saber quem é que não tem interesses aqui? Se for por essa questão, o presidente Otto não deveria nem deixar o Flávio Bolsonaro entrar aqui porque ele é filho do homem", disse o líder do PT, Paulo Rocha (PA).
As tentativas de obstrução feitas por Nogueira e Mello foram rebatidas por Eduardo Braga (MDB-AM), que ressaltou o fato de o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), não ser alvo de investigação, diferentemente do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), que foi até mesmo denunciado pela Procuradoria-Geral da República.
"Não é questão mais de investigação, vejam bem. E isso ocorre no meu Estado. Não devo então participar? Quero me manifestar contrariamente ao pedido do senador Jorginho. Não elegemos nem o presidente nem o relator. Não é hora", disse Braga.
Randolfe Rodrigues complementou; "O que foi argumentado aqui para impedir a designação de algum senador (para a relatoria) ou a participação dele chega a ser ridículo. Questão de ordem descabida, que tem como argumentos dispositivos de tratamentos diferentes. Seria um absurdo deliberarmos pelo impedimento de algum colega no exercício de seu mandato."
Líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE) afirmou que a CPI deve "compreender" todo o esforço do governo ao longo da pandemia e avaliar, sem paixão, os erros que, porventura, foram cometidos. "Eles não foram deliberados ou propositais. O presidente Bolsonaro tem se empenhado pessoalmente para acelerar as entregas de vacinas", disse, pedindo aos colegas que a CPI não tome o caminho da criminalização. Segundo Bezerra, nenhum ato doloso de omissão foi cometido.
Com a CPI mirando erros e omissões do governo no combate à pandemia, Bolsonaro passou a reforçar nos últimos dias ameaças de uso das Forças Armadas para reverter medidas de isolamento social tomadas por governadores para conter a propagação da doença. Ao mesmo tempo, o governo já se prepara para se defender das eventuais acusações a serem levantadas pela CPI. A Casa Civil enviou um e-mail para ministérios enumerando 23 afirmações com as quais os aliados podem ser confrontados e pedindo informações para rebater cada ponto. Trata-se de uma lista de erros do governo destacados pela oposição.
Na Bahia, Bolsonaro diz que está chegando hora de 'novo grito de independência'
O presidente Jair Bolsonaro chegou sem máscara à inauguração de um trecho da duplicação da BR-101, em Feira de Santana, na manhã desta segunda-feira (26). Ele cumprimentou apoiadores e, em seguida, se dirigiu ao palco, onde colocou a máscara de proteção. O uso da máscara em ambientes públicos é obrigatório na Bahia por decreto estadual.
O avião presidencial chegou ao aeroporto de Salvador por volta das 10h. A comissão seguiu de helicóptero até Conceição do Jacuípe e depois foi de carro para Feira. Nesse último trajeto, Bolsonaro ficou com o porta aberta e o corpo para fora do carro, o que é uma infração grave de trânsito, prevista no artigo 235 do Código Brasileiro de Trânsito.
Bolsonaro pediu que os apoiadores que estavam no evento se aproximassem do palco. Neste momento, as pessoas, que usavam camisas verde e amarelo, se aglomeraram na grade de proteção. Muitos gritaram "mito, mito, mito".
"Pedi pra liberar o povo para vir, porque um evento desse sem povo não existe. Vejo uma placa ali que o povo está comigo... É o contrário. Eu quem estou com o povo! Vocês dão o norte sempre", afirmou o presidente, ao subir no palco. "Satisfação estar na Bahia, onde nasceu o Brasil".
Bolsonaro criticou medidas de fechamento de comércio tomadas em vários estados, inclusive na Bahia, para evitar a disseminação do covid-19. "Tá chegando a hora do Brasil dar um novo grito de independência. Não podermos admitir alguns pseudo governadores quererem impor a ditadura no meio de vocês, usando do vírus para subjugá-los. Nós tratamos a questão do vírus com muita responsabilidade, mas sempre disse que além do vírus tínhamos que nos preocupar com o desemprego. Não foi o governo federal que obrigou vocês a ficar em casa, que fechou o comércio, que destruiu milhões de empregos. Podem ter certeza: esse suplício está chegando ao fim. Brevemente voltaremos à normalidade", disse ele.
Durante a visita, o presidente atacou uma repórter do SBT, que o questionou sobre a foto em que ele aparece com uma placa escrito "CPF cancelado" (expressão popularizada para falar sobre mortes de suspeitos de crimes). "Você não tem o que perguntar não? Você é idiota?", respondeu o presidente à jornalista.
Bolsonaro estava acompanhado do ministro Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, pasta responsável pela obra, e do ministro da Cidadania, João Roma. A inauguração é de um trecho de 22 km, ligando Feira a Esplanada. As obras de duplicação do trecho de Feira a Sergipe, que tem 165 km, foram iniciadas ainda em 2014, na época do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Ameaçada de morte, 1ª mulher prefeita de Cachoeira teme pela família e passa a ser escoltada
"Eu tenho certeza que se eu não tivesse a minha pele negra, se eu não tivesse vindo da família que eu venho, de baixa renda, que representa uma categoria de trabalhadores, porque nós somos militantes sindicais, representando a agricultura familiar, isso não estaria acontecendo", disse a prefeita de Cachoeira, cidade do recôncavo da Bahia, Eliana Gonzaga de Jesus (Republicanos), após ter recebido ameaças de morte.
Por causa das ameaças, uma reunião entre a prefeita e o secretário da de Segurança Pública da Bahia (SSP), Ricardo Mandarino, decidiu que a prefeita vai receber escolta policial.
Eliana Gonzaga de Jesus é a primeira mulher negra a ser eleita prefeita de Cachoeira. Ela afirma que não tem inimigos e acredita que as ameaças são causadas por racismo ou motivações políticas.
"Não é normal, não é natural que uma mãe de família deixe sua casa sem nenhum motivo, sem nenhuma justificativa, só a títulos de ameaças sem fundamentação alguma", disse a prefeita.
A prefeita de Cachoeira teve que se mudar de cidade por causa das ameaças que vem recebendo. O carro que ela anda é blindado e a prefeita anda escoltada por policiais e seguranças particulares.
O clima de insegurança começou em Cachoeira em novembro do ano passado, quando um dos apoiadores, que trabalhou na campanha de Eliana de Jesus, foi assassinado com dez tiros, dois dias depois da eleição. Ivan Passos morreu no dia 17 de novembro, próximo à delegacia da cidade.
"A cidade foi inundada com uma conversa de uma suposta lista onde constava diversos nomes de militantes nossos, dizendo que Ivan era o primeiro apenas da lista, onde constava o meu nome, o do meu marido, o do meu filho e de diversos companheiros de luta na nossa trajetória", explicou a prefeita.
Depois desse assassinato, a prefeita começou a receber ameaças e prestou queixa na polícia.
"No dia 2 de dezembro, eu recebei uma ligação. Quando eu atendi, foi uma rajada de metralhadora". afirmou.
Por precaução, pessoas ligadas a Eliana de Jesus se mudaram para outras cidades. Uma delas foi Georlando Silva, que foi candidato a vereador nesta última eleição também pelo partido Republicanos.
Georlando Silva não foi eleito, mas assumiu o cargo de coordenador de obras da prefeitura de Cachoeira. Ele também recebeu ameaças e chegou a postar um vídeo nas redes sociais contando a situação.
No dia 7 de março deste ano, o militante foi assassinado com 19 tiros na cabeça no meio da rua, perto do centro de Cachoeira.
Apesar da situação, Eliana de Jesus diz que vai resistir às ameaças e continuar exercendo o cargo de prefeita.
"Nós temos o sangue de guerreiros, que gritaram o grito da independência aqui em Cachoeira. Nós não vamos envergonhar os nosso ancestrais. Nós temos a honra, o dever e a obrigação de honrar todos os sangues dos nossos antepassados que foram derramados por essa liberdade"
Um homem morreu e outro foi preso durante uma operação realizada em Cachoeira, no dia 19 de março deste ano, pelo Departamento de Polícia do Interior (Depin). A SSP-BA informou que eles são suspeitos de envolvimento nas ameaças feitas à prefeita.
Ainda de acordo com a SSP-BA, o homem que morreu é suspeito de homicídio em Cachoeira e possuía mandado de prisão em aberto. Ele morreu após troca de tiros com os policiais. Com ele, foram apreendidos um revólver e munições.
Já o outro homem foi preso em flagrante em um imóvel no município, também com revólver e munições, além de porções de crack e cocaína. As identidades de ambos suspeitos não foram divulgadas.
Racismo
Em nota, a União dos Municípios da Bahia (UPB), entidade representativa dos gestores municipais, repudiou as ameaças sofridas pela prefeita de Cachoeira. Nesta quarta-feira (21), o presidente da entidade, Zé Cocá, manifestou preocupação com a segurança de Eliane de Jesus e afirmou que situações como essa precisam ser coibidas para garantir a liberdade do voto na Bahia e no Brasil.
A UPB afirmou que acionará à Secretaria Estadual de Segurança Pública sobre a necessidade de apuração dos fatos e culpados.
A União de Negras e Negros pela Igualdade Racial (UNEGRO), o Bloco Afro Ilê Aiye e o Instituto de Mulheres Negras Luiza Mahin também se manifestaram sobre o caso.
Em nota, as entidades do movimento negro e social manifestaram seu repúdio e extrema preocupação com as ameaças cotidianamente recebidas pela prefeita Eliana de Jesus.
As entidades consideram "um absurdo inaceitável que uma mulher negra democrática e legitimamente eleita, seja mais uma vez alvo da violência de grupos autoritários e violentos que não aceitam a vontade do povo expressa pelo voto. Repudiamos as ameaças de mortes, os ataques racistas e misóginos, conclamamos as autoridades competentes a apurarem e punirem os culpados. Não podemos permitir que o feminicídio político de mulheres negras que vitimou Marielle Franco se torne cotidiano no país”.
Sem recursos no Orçamento, governo confirma que Censo 2021 não vai ocorrer
O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Walderly Rodrigues, confirmou nesta sexta-feira (23) que o Censo Demográfico será adiado porque o Orçamento de 2021 não traz verbas para realização da pesquisa. "Não há previsão orçamentária para o Censo, portanto ele não se realizará em 2021. As consequências e gestão para um novo Censo serão comunicadas ao longo desse ano, em particular em decisões tomadas na Junta de Execução Orçamentária", afirmou, segundo o G1.
"As razões do adiamento foram colocadas no momento em que o Censo não teve o recurso alocado no processo orçamentário e, como falado aqui, novas decisões sobre alocação e realização do Censo têm a fase preparatória, serão comunicadas, sempre atentando para as orientações que, do ponto de vista da saúde, vierem determinadas pelo Ministério da Saúde", acrescenta o secretário.
No Congresso, a verba do Censo já tinha sido cortada de R$ 2 bilhões para R$ 71 milhões. Com esse valor, a realização da pesquisa era inviável, já havia dito o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável por conduzir o Censo. No início do mês, o IBGE já havia suspendido a realização de provas do concurso que selecionaria os recenseadores.
A direção do IBGE afirmou em março que sem o Censo 2021 as ações do governo para o pós-pandemia ficam fragilizadas. "Sem o Censo em 2021, as ações governamentais pós-pandemia serão fragilizadas pela ausência das informações que alicerçam as políticas públicas com impactos no território brasileiro, particularmente em seus municípios", afirma a presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, e o diretor de Pesquisas, Eduardo Rios-Neto, em artigo publicado pelo jornal "O Globo" e reproduzido na página do órgão.